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História SEMPRE FOI VOCÊ | SasuSaku - Anjos e Demônios


Escrita por: S0ULMATE

Notas do Autor


BOM DIAAAAA!

Finalmente chegou a atualização, e eu espero muito que vocês estejam gostando desse drama adolescente. Um conselho para quem está lendo: quando eu escrevi essa parte da história na qual estamos, eu me inspirei na música The Story Of Us, da Taylor Swift.

Espero que gostem e nos vemos na notas finais. <3

Capítulo 14 - Anjos e Demônios


CAPÍTULO 14 – ANJOS E DEMÔNIOS

ERA COMO SE ESTIVESSE PERDENDO ALGO QUE NUNCA LHE PERTENCEU. Ele estava indo embora mesmo sem ir a lugar nenhum.

Sakura esperava ter forças para encará-lo — pois era algo que teria que fazer cedo ou tarde —, mas a verdade é que ela não queria sequer vê-lo.

Ao longo de toda a sua vida não se sentia sozinha pois tinha Sasuke, de certa forma, ele sempre foi como sua família. Esteve presente em todos os seus aniversários, especialmente naqueles em que seus próprios pais haviam esquecido, ou estavam ocupados demais para estar com ela. O Uchiha também compartilhou seus sonhos e lhe apoiou em cada momento da sua vida, estando presente em cada pequena conquista. Dividiram todas as alegrias, ambições, tristezas, medos e preocupações. Eles eram literalmente o ponto de apoio e de impulso um do outro. A Haruno nunca imaginou que algum dia fosse se sentir tão sozinha, ao menos, não enquanto ele vivesse.

Seu coração havia se partido pela primeira vez — e ela já esperava que em algum momento isso fosse acontecer, afinal, todos passam por isso ao menos uma vez em suas vidas —, ela sempre achou que poderia contar com o moreno quando isso finalmente acontecesse, mas a garota nunca sequer imaginou que ele seria o responsável por quebrá-la em milhares de pedacinhos. Ela também nunca imaginou que pudesse doer tanto.

Sakura passou o restante do final de semana recolhida, angustiada com o fato de que logo seria segunda-feira e ela teria que enfrentar toda a situação da qual vinha se escondendo. Permaneceu durante todo o domingo trancada em seu próprio quarto, dedicando-se a ignorar todo tipo de contato que seus amigos tentavam fazer. Essa atitude deixou Sasuke frustrado, pois quanto mais tempo se passava, mais culpado ele se sentia. Mas a Haruno não poderia ignorá-lo para sempre, e de certa forma, isso o tranquilizava. Teriam aula no dia seguinte, e por bem ou mal, ela teria que encará-lo.

[...]

O UCHIHA ESPERAVA PELA GAROTA EM FRENTE A SUA CASA, ele estava ansioso para finalmente conversar com ela, esclarecer as coisas, e se tudo corresse bem, fazer as pazes, para que as coisas voltassem a ser como eram. Entretanto, suas expectativas foram arrasadas pelo fato de que Sakura não aparecia. Ela não é do tipo de garota que falta na aula ou se atrasa, então ele considerou a possibilidade de algo ter acontecido.

Suas esperanças terminaram de ser arrasadas pelo som de Obito deixando a sua casa. Era comum que o Uchiha mais velho acordasse mais tarde e fosse para a escola depois deles, que nunca o esperavam pois gostavam de chegar cedo. No entanto, o dia só poderia estar muito estranho para que Obito tenha saído de casa antes da Haruno. Seria algum tipo de realidade paralela?

O mais velho passou pelo garoto, mas ele não fez menção de segui-lo, apenas ficou parado esperando pela amiga.

— Ela já foi. — A voz de Obito cortou o silêncio quando ele percebeu que o primo estava esperando pela garota. Entretanto, Sasuke não respondeu, apenas ficou fitando o outro como se estivesse tentando compreender a informação que recebeu e checar a veracidade dela. — A Sakura. Ela já foi. — O mais velho disse pausadamente. Sasuke ergueu uma sobrancelha. Desde quando Obito estava por dentro da agenda da Sakura? — Ela me mandou uma mensagem dizendo que estava indo mais cedo, que nós não precisávamos esperar por ela. — Deu de ombros, e só então notou a expressão perplexa do primo. — Ela não te avisou?

Ok. Isso era realmente estranho. Até mesmo Obito percebeu que algo havia acontecido, afinal, em que mundo Sakura avisaria algo a ele e não ao Sasuke? Em um mundo normal, com certeza, não.

— Ela deve ter me mandado mensagem, mas eu não olhei meu celular. — Mentiu tentando soar convincente o bastante.

Mas era mentira. Ele sabia. Ela não havia lhe mandado mensagem alguma. E o Uchiha podia jurar que a Haruno saiu mais cedo apenas para não ter que cruzar consigo. Pelo menos, ele teria cinco períodos ao seu lado na sala de aula. Uma hora ela teria que ouvi-lo.

[...]

O MAIS ESTRANHO FOI CHEGAR NA SALA DE AULA E NÃO A ENCONTRAR LÁ. A garota havia saído mais cedo, já deveria estar ali. O que o moreno não sabia, é que ela havia se escondido na biblioteca até que a aula começasse, Sakura realmente não queria ficar ao lado dele por mais tempo do que o necessário.

Ela chegou na sala apenas alguns minutos antes da aula começar, e apesar de sempre se achar insignificante, naquele dia, havia um par de olhos negros parados sobre si, a fitando intensamente.

A Haruno passou seu orbes rapidamente sobre a sala. À sua frente, em um canto da sala, bem ao fundo, sentavam os repetentes, e havia uma dupla de mesas disponíveis na frente do lugar onde Deidara se sentava junto com Sasori, o loiro estava sozinho pois o Akasuna ainda não havia chegado. Na fileira do meio, bem ao fundo, sentavam alguns dos seus amigos, e mais para frente, as patricinhas esnobes que Sakura evitava encarar. Já, no fundo do outro canto da sala estavam Ino e Hinata conversando, Sasuke logo atrás a fitando ansioso, e por final, Suigetsu, disposto a arrancar o único fio de paciência que restava ao Uchiha.

A Haruno tentou juntar forças em suas pernas para mover seu corpo até o seu lugar, ao lado de Sasuke. Mas de repente, atravessar aquela sala parecia a coisa mais difícil que tinha que fazer. Inconscientemente, seus olhos pousaram sobre Shion, que conversava empolgada com as amigas e tinha um sorriso grande demais — diga-se de passagem — para uma manhã de segunda-feira. Mas é claro que Sakura sabia o motivo pelo qual a Hatake estava tão feliz. E foi com essa imagem em mente, que a Haruno criou coragem para dar os primeiros passos.

Entretanto, seu corpo a traiu. Como uma covarde, ela não teve forças para ir ao seu lugar. Não, uma dupla de mesas vagas bem a sua frente lhe pareceu mais interessante, e quando se deu conta, já estava sentada sozinha. Bem longe de Sasuke, do outro lado da sala, para ser mais exata.

Seus amigos a olharam confusos, mas Sakura desviou o olhar deles — apenas encolheu-se em sua mesa, esperando que a aula passasse o mais rápido possível —, tinha certeza de que Ino lhe cobraria explicações mais tarde, mas ainda não sabia o que diria a ela. Quando se deram conta de que a Haruno não retribuía seus olhares, eles se voltaram uns aos outros, esperando que alguém tivesse uma resposta capaz de justificar o que estava acontecendo.

Posso dizer que a Yamanaka lançou um olhar nada agradável em direção ao Uchiha, quase como se dissesse: “O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ À ELA?”.

— Acho que aconteceu alguma coisa com a Sakura-chan. — Naruto falou o óbvio, e em seguida, Neji, que estava ao seu lado, lhe deu um tapa na nuca.

— O que foi que eu perdi? — Suigetsu perguntou.

— A oportunidade de ficar calado. — Sasuke respondeu ríspido.

Mas antes que o Hozuki pudesse retrucar, ou que qualquer um dos amigos pudesse questioná-lo sobre o que houve — não por achar que ele tinha culpa, mas por imaginarem que o moreno sabia sobre o que estava acontecendo, afinal, era o melhor amigo de Sakura e se alguém soubesse de algo, seria ele —, o dono de uma cabeleira ruiva entrou na sala.

Agora, vocês imaginem quanta não foi a surpresa de Sasori ao perceber uma certa garota de cabelos cor de rosa sentada bem longe de onde costumava sentar-se, e completamente sozinha. A Haruno estava sentada justamente na dupla de mesas vagas que ficava exatamente na frente de onde ele se sentava com Deidara. Então, o Akasuna não pensou duas vezes antes escolher o lugar vago em frente ao seu. Ou seja, sentou-se ao lado da garota, que por sua vez, não esboçou a menor reação.

Os três primeiros períodos passaram voando, e mesmo que Sakura não estivesse prestando a menor atenção nas explicações dadas pelos professores, também não deixou brechas para que o ruivo tentasse qualquer tipo de contato. Entretanto, Sasori aproveitou para observá-la de perto. Havia uma profunda tristeza em seus olhos enquanto ela rabiscava atentamente algumas palavras em uma folha qualquer do caderno. Essa garota era um mistério que ele adoraria desvendar.

Quando o sinal soou anunciado que havia chego a hora do intervalo, a garota deixou a sala às pressas para não ter que cruzar com nenhum dos seus amigos. Ela não queria se afastar deles, mas precisava de um tempo para si. Sakura foi ao único lugar na escola inteira em que sabia que ninguém poderia encontrá-la, nem mesmo Sasuke. Debaixo da arquibancada da quadra de esportes, ela se permitiu chorar as lágrimas que segurou avidamente durante toda a aula.

A Haruno pensou estar sozinha, mas havia um par de olhos castanhos a analisando cuidadosamente. Sasori a havia seguido na intenção se de aproximar, mas ao presenciar um momento tão íntimo onde a garota liberava seus sentimentos de forma tão dolorosa, ele sentiu-se mal por estar, de alguma forma, invadindo a sua privacidade. Por mais que desejasse confortá-la, o Akasuna respeitou a sua vontade de ficar sozinha.

[...]

COMO SAKURA NÃO APARECEU DURANTE O ALMOÇO E SUAS AMIGAS NÃO TIVERAM SUCESSO AO PROCURÁ-LA — até mesmo dentro dos banheiros femininos da escola —, todos estavam se perguntando o que havia acontecido com ela.

— Anda logo, Uchiha. Desembucha! — Ino falou de uma forma brusca, ninguém nunca havia visto a linda garota loira com tanta fúria em seus olhos azuis. — O que você fez com a Sakura? — Perguntou diretamente, recebendo um olhar desinteressado de Sasuke.

— Ei, Ino. — Naruto saiu em defesa do amigo. — Por que você acha que o teme fez alguma coisa?

— É simples — a Yamanaka respondeu ao Uzumaki sem desviar o seu olhar do Uchiha nem por um segundo —, ele está exalando culpa. Eu sinto isso.

— Eu não sabia que você era algum tipo de cão farejador, Yamanaka. — O moreno sorriu cínico.

Arg, seu... — ela respirou fundo — eu não ligo para as suas gracinhas. Mas nós dois sabemos que você é o responsável pelo que quer que tenha feito a Sakura agir dessa forma.

— O que acontece entre Sakura e eu não te interessa. — Ele foi ríspido.

— Aí é que você se engana, qualquer coisa que envolva a Sakura, me interessa muito. — A loira o fuzilou com os olhos. — Você pode até ser o melhor amigo dela, mas eu — deu ênfase apontando para si mesma — sou a melhor amiga.

— Tsc. — O garoto respondeu com desdém. À essa altura, toda atenção da mesa estava voltada para a batalha de titãs entre Sasuke e Ino. — Se você é a melhor amiga dela, por que não vai perguntar para ela o que houve? — Alfinetou sarcástico.

— Você não vai querer entrar em uma briga comigo, Uchiha. Não agora. Principalmente quando eu sou a única que pode te ajudar a concertar seja lá o que tenha feito. — O Uchiha vacilou por um instante, mas logo voltou a sua postura habitual e deixou a mesa irritado, sendo seguido apenas por Suigetsu.

O moreno deixou o refeitório a passos rápidos e duros, seus punhos estavam fechados e sua mandíbula travada. Ele estava com raiva. Principalmente com o fato de ter que dar razão a Yamanaka, pois seja lá o que tenha acontecido com Sakura, a culpa era somente dele. Estava irritado pela loira estar certa, e mais do que qualquer outra coisa, estava irritado consigo mesmo por ter ferido sua melhor amiga. O garoto queria, mais do que qualquer coisa, resolver essa situação, mas a Haruno o estava evitando e tornando impossível que ele se aproximasse.

O Hozuki o seguia em silêncio, e Sasuke agradeceu por isso. Entretanto, não durou muito, pois quando já estavam longe o suficiente do refeitório, o platinado finalmente abriu a boca.

— Ei, Sasuke! — Ele chamou pelo amigo que andava sem rumo pelos corredores da escola.

— Agora não, Suigetsu. — O Uchiha rosnou.

— O que foi aquilo? — Suigetsu não obteve respostas, mas pôde ver o moreno levar as mãos aos cabelos e bagunçá-los impacientemente. — Por que a loira estava te acusando? — Indagou.

Sasuke então se virou jogando os braços no ar com um olhar desesperado.

— Porque eu sou um baita de um idiota. — Vociferou. — E eu preciso concertar as coisas antes que seja tarde. — O Hozuki nunca o havia visto tão transtornado.

— O que aconteceu? — Perguntou tentando amenizar o clima.

— Agora não. — O Uchiha voltou a dar as costas ao platinado. — Eu preciso achar a Sakura. — E então, o garoto saiu determinado.

[...]

SASUKE ANDOU POR TODOS OS CORREDORES DA ESCOLA,  procurando-a em todos os cantos em que Sakura poderia estar, mas não havia o menor sinal dela. Era como se ela tivesse sido engolida pela terra. Mas ele não desistiria até encontrá-la. No entanto, o intervalo estava próximo do fim, e o Uchiha sabia que se fosse pego fora da sala iria se meter em uma grande encrenca. Porém, valeria a pena.

Vagou pela escola desejando — desesperadamente — a cada passo que dava, encontrar a Haruno. Não sabia o que diria a ela, mas precisava encontrá-la e fazer com que o ouvisse.

— Oi, Sasukezinho. — Uma voz conhecida e irritante chamou a sua atenção.

E então, ela se aproximou dele. Com um sorriso irritantemente exagerado em seus lábios. Ali estava ela, a razão dos seus problemas.

— Agora não, Shion. — O moreno foi ríspido e nem sequer a olhou nos olhos, apenas apressou ainda mais os passos para se afastar da Hatake e voltar a se concentrar no que era realmente importante: encontrar Sakura.

Entretanto, ele não obteve sucesso. O sinal que indicava o final do intervalo logo soou, e tudo o que o garoto encontrou foi Naruto e Shikamaru vindo em sua direção, prontos para arrastá-lo até a sala de aula.

— Ei, teme. Não liga para o que a Ino disse. — O Uzumaki tentou confortá-lo. — Ela provavelmente estava exagerando, é claro que você não tem culpa de a Sakura estar agindo estranho. — Ah, Naruto... se você soubesse. Foi tudo o que conseguiu pensar. — Para falar a verdade, ela não é a única. — O loiro coçou a cabeça, perdido em seus devaneios. — A Hinata anda bem estranha ultimamente, vocês não acham?

— Mulheres são problemáticas. — O Nara disse bocejando. — Elas só devem estar em uns dias difíceis. — Deu de ombros. Naruto estava pronto para começar um monólogo quando Sasuke revirou os olhos e deu meia volta, se desvencilhando dos amigos.

— Espera teme — o Uzumaki chamou —, aonde você vai? A aula já vai começar. — Apontava em direção a sala de aula.

— Eu não tenho tempo, preciso achar a Sakura. — Mas antes que pudesse sair andando, o Uchiha sentiu seus braços serem puxados pelos amigos.

— Ela já deve estar na sala — o loiro falou —, você conhece a Sakura, nunca perde uma aula. — Explicou. — E vocês podem se falar depois. Se você for pego andando pelos corredores em horário de aula, provavelmente vai para a detenção. — O moreno bufou, mas não protestou.

Sendo seguido pelos amigos até a sala de aula, o garoto a viu assim que entrou. Sakura estava encolhida em um canto, parecendo perdida em seus próprios pensamentos. Ele desejou saber o que se passava em sua cabeça naquele momento. Mas antes que pudesse sequer pensar em usar esse momento ao seu favor — como uma oportunidade de se aproximar da garota e fazer com que ela o escutasse —, sentiu um forte esbarrão em seu ombro, e ao desviar os olhos de onde a Haruno estava, pôde ver um certo ruivo passar por si e direcionar ao lugar ao lado dela. Em resposta, Sasuke cerrou os punhos.

Os dois períodos seguinte passaram exatamente como os anteriores: Sakura continuou imersa em sua bolha de isolamento, alheia a tudo o que acontecia à sua volta. Ela não percebia o olhar de Sasori — bem ao seu lado — sobre si, nem ao menos se deu conta de que, mesmo do outro lado da sala, o Uchiha também não desviava seu olhar dela. A Haruno apenas continuava concentrada nas palavras que rabiscava tão avidamente na folha a sua frente — sem ao menos se importar com o fato de que não estava sequer copiando a matéria.

Quando o sinal soou, a garota guardou suas coisas tão rápido quanto era capaz e deixou a sala feito um foguete, para que não houvesse a menor possibilidade de alguém a interceptar. Entretanto, com a pressa de sair, ela não notou quando uma folha de papel se desprendeu do meio das suas coisas e caiu no chão, próxima ao lugar onde tinha sentado. O Akasuna não demorou a notar o pedaço de papel que caíra no chão, e imediatamente o pegou. Mas antes que pudesse chamar a atenção de Sakura, ela já havia desaparecido das suas vistas.

O ruivo notou que aquela era a mesma folha que a Haruno vinha rabiscando ao longo do dia, e naquele momento, sua curiosidade falou mais alto. Portanto, ele não hesitou em ler as palavras que estavam escritas em uma linda, delicada e desenhada caligrafia.

 

“O tempo é desleal, as malditas horas demoram a passar e dói a cada maldito segundo que passa como se fosse eterno. Os dias passaram a se parecer com semanas, e sei, que a partir de agora, cada se semana irá se parecer com um ano.

Olhar-me no espelho tornou-se extremamente impossível, é simplesmente horrível encarar a figura sem graça e sem vida ali refletida.

As palavras estão todas aqui, presas como nós em minha garganta e sufocando-me cada vez mais e mais. As lágrimas são como pesos acorrentados às minhas pernas e me levando sempre mais fundo, rumo ao afogamento. Quero gritar, mas não sai som algum.

Sentir-me sozinha é inevitável, milhões de pessoas a minha volta e nenhuma é capaz de ouvir o pedido de socorro silencioso que meus olhos gritam. Estou sufocando, é como se as paredes ao meu redor estivessem se fechando, onde, em breve, de mim, restará apenas o pó.

As vozes em minha cabeça não tendem a se calar nem por um segundo sequer, a cada batida do relógio, meu coração sussurra: ele não volta.”

 

Sasori se sentiu atordoado com as palavras escritas pela garota, ele jamais pensou que algo poderia tocá-lo dessa forma. Há quanto tempo ela vinha sofrendo sem que ninguém se desse conta? Sakura Haruno lhe parecia um mistério cada vez mais instigante.

Quando seus olhos caíram sobre ela no primeiro dia de aula, o Akasuna achou que fosse devido a peculiar cor de cabelo da garota, mas quanto mais tempo passava a observando, mais sentia que havia algo nela que puxava seus olhos para si. Quando se deu conta, estava cada vez mais difícil desviar os olhos de Sakura. Era magnetismo puro.

A Haruno estava sempre cercada dos amigos, e tinha um sorriso genuíno nos lábios — na maior parte das vezes. À primeira vista, parecia o tipo de pessoa que tem tudo, como se vivesse dentro da bolha de uma vida perfeita. Exatamente o tipo de garota superficial que o ruivo costuma desprezar. Por esse motivo, ele não entendia o que Sakura poderia ter que o tenha deixado tão fissurado.

Sasori procurava por algum traço de futilidade ou superficialidade na Haruno, mas a imagem da garota perfeita em seu mundo perfeito caiu por terra quando a destrancou daquele pequeno e escuro cômodo onde a viu chorando pela primeira vez. Naquele dia, ele teve a certeza de que aquela garota tinha algo a mais. De perfeita, sua vida não tinha absolutamente nada. O ruivo não sabia ao certo quais eram os problemas que assombravam sua vida, mas podia imaginar que alguns deles estavam ligados às garotas que as trancaram naquela sala.

Não demorou muito para que ele notasse que Sakura era constantemente perseguida e torturada por um grupo de garotas, que aparentemente, só a atacavam quando estava sozinha. Esse era o tipo de gente que Sasori conhecia muito bem; exploram os mais fracos utilizando de suas fraquezas para humilhá-los; usam e abusam do poder que acham que têm para torturar outras pessoas e tentar esquecer, por um segundo, o quão vazias são suas próprias vidas. Um bando de covardes, na opinião do Akasuna. No entanto, ele percebeu que Sakura nunca revidava; ela apenas aguentava tudo calada, sem nem ao menos desabar na frente daquelas garotas. Era incrivelmente forte.

Ao total, foram três as vezes em que o ruivo a viu chorar — e algo o levou a crer que talvez já tivesse visto mais esse lado dela do que qualquer outra pessoa —, mas hoje, fora a única vez em que ele se sentiu de alguma forma, invadindo a sua privacidade. A Haruno certamente não queria ser vista naquele momento.

Sasori ficou se perguntando quantos segredos mais ela poderia esconder, o quão profunda era sua alma e o que a fizera chorar daquela forma. Afinal, a garota sempre lhe pareceu tão cheia de vida, e estava sempre rodeada pelos amigos. Essa era outra coisa que havia observado sobre Sakura, ela raramente estava sozinha. Nas poucas vezes em que a viu desacompanhada, aquele garoto, o Uchiha, apareceu. Sasuke a cercava como um cão de guarda. Entretanto, hoje a Haruno optou por manter-se distante de todos os seus amigos, inclusive dele.

O Akasuna estava determinado a desvendar aquele mistério. Mas, após ler as palavras escritas naquela folha de papel, ele soube; ela era absolutamente boa demais para si. Sakura era boa demais para qualquer um. Seus sentimentos eram puros, seu sofrimento era genuinamente verdadeiro, e seu interior era tão belo e delicado quanto o exterior. Ele não a merecia, não estava à sua altura. A Haruno era a personificação de um anjo, e o ruivo era um demônio, afinal.

[...]

Sasuke não pôde deixar passar a sensação de frustração ao chegar no portão da escola e não encontrar nenhum sinal da amiga, ele teve a impressão de ter ido voando até lá, mas aparentemente, ela foi ainda mais rápida. Todo o plano de abordá-la no caminho para casa havia ido por água abaixo, do jeito que a garota estava determinada a lhe dar um gelo, o Uchiha não duvidaria que ela tivesse ido correndo por todo o caminho apenas para que ele não fosse capaz de alcançá-la.

E lá se vai mais um dia sem que o moreno conseguisse concertar as coisas, afinal, depois que se trancasse em casa, ele duvidava muito que Sakura fosse sair, ou que abriria a porta que ele pudesse entrar.

— Nossa, essa garota é rápida. — Suigetsu constatou. Ele obviamente percebeu que o motivo que fez o amigo sair praticamente correndo fora a tentativa de abordar a Haruno, mas como não havia sinal dela, o moreno havia falhado. — Você deve ter feito uma merda muito — ênfase no muito — grande para ela estar agindo assim. — Sasuke lhe lançou um olhar fulminante. — Qual é, cara? Ela está fugindo de você igual o diabo foge da cruz. — O Hozuki estava pronto para rir, mas parou assim que viu que o Uchiha não havia achado a menor graça. — Mas e aí, não vai me contar o que foi que você fez dessa vez?

— Tsc. — Foi tudo o que o moreno respondeu.

— Fala sério, se eu deixar de ser seu amigo quem é que vai ser? — Perguntou em deboche. — Pelo jeito que as coisas estão, daqui a pouco nem mesmo a Sakura você vai ter... — o platinado parou de falar assim que sentiu o amigo o fuzilando com os olhos. Foi mal, não ‘tá mais aqui quem falou. — Ergueu os braços em tom de rendição. — Mas agora me conta o que rolou. — Deu um leve soco no ombro de Sasuke o fazendo revirar os olhos e suspirar absurdamente fundo.

O Uchiha se rendeu e contou a Suigetsu o que havia acontecido, deixando apenas alguns detalhes — como o fato de ter passado o final de semana inteiro implorando por um segundo sequer da atenção de Sakura — de fora.

— Me parece que você está completamente fodido. — O Hozuki concluiu.

— Ah, é? — O moreno retrucou exalando cinismo. — Não me diga.

— Por sorte, eu tenho a solução para os seus problemas. — O platinado abriu um sorriso convencido deixando a mostra seus dentes assustadoramente brancos e pontudos.

— Caso você tenha se esquecido — Sasuke retrucou sarcástico —, foram as suas brilhantes ideias que me colocaram nessa situação.

— Alto lar — Suigetsu interveio —, meu amigo. A culpa de você estar nessa situação é somente sua e da sua incompetência. Meus planos são infalíveis — sorriu convencido outra vez —, se forem seguidos corretamente, é claro. Mas agora que você já está na “chuva” deveria “se molhar” — ele faria aspas com os dedos. Vendo que o Uchiha não entendeu nada, o Hozuki decidiu explicar claramente —, leva esse lance com a Shion adiante.

— Suigetsu — o moreno grunhiu irritado —, qual é o seu problema? Eu quero fazer com que a Sakura me perdoe, e não com que ela me odeie ainda mais.

— Meu caro amigo Sasuke — o platinado falava com convicção —, o ciúme é a melhor maneira de despertar o interesse de uma mulher. Vai por mim, quando você menos esperar estarão juntos. — Em resposta, Sasuke deferiu um tapa na nuca do amigo.

— Seria um bom plano se ela gostasse de mim, gênio. Ou você se esquece de que ela me vê apenas como amigo? Francamente Suigetsu, o que te leva a crer que a Sakura sentiria ciúmes de mim?

— Cara, ela está te evitando desde que viu aquele beijo. Ela ‘tá completamente na sua. O que mais poderia ser, se não ciúmes?

— Sei lá... talvez raiva? — O Uchiha debochou.

— É, você pisou na bola com o lance do festival. — Suigetsu parou para refletir por um instante. — Tudo bem — falou empolgado —, novo plano! Você vai se desculpar com a Sakura, e depois que estiver tudo bem entre vocês, você vai usar a Shion para ver se despertar algum ciúme nela. — Sasuke revirou os olhos.

— Como você pode ser tão imbecil? — Perguntou ríspido. — É claro que eu vou me desculpar, eu apenas não sei como fazer ela me ouvir. Eu nem sei porque eu fico aqui ouvindo conselhos de um cara que, além de não ter namorada, leva fora da mesma garota há anos.

— Eu já falei para você não envolver a Karin nisso. — Retrucou indignado. — Eu estou cuidando isso, quando você menos esperar BUMMM — o Hozuki mexeu os braços simulando uma explosão — ela será minha. — Falou confiante.

[...]

O UCHIHA ESTAVA TENTANDO ENCONTRAR UMA FORMA DE FAZER COM QUE SAKURA O OUVISSE, apenas precisava dar um jeito de se aproximar dela, o que iria dizer ele pensaria na hora. No entanto, com a Haruno praticamente trancafiada dentro de casa e recusando-se a abrir a porta e até mesmo a atender suas ligações, não havia muito que pudesse fazer. Mas o moreno estava decidido a não perder mais um dia sequer, se fosse preciso acordaria mais cedo para abordá-la antes que ela pudesse escapar outra vez.

— Sasuke? — Itachi deu um peteleco na testa do irmão mais novo durante o jantar, chamando sua atenção. — O que aconteceu com você? Estou te chamando há um tempo e você parece não ouvir.

— Liga não, Itachi. — Obito respondeu. — Isso se chama briguei com a Sakura. — Debochou.

— Você e a Sakura brigaram? — O mais velho parecia surpreso.

— Não. — Ele respondeu rapidamente.

— Não foi o que pareceu hoje... — Obito continuou — você sabe... quando ela se sentou do outro lado da sala apenas para não ficar perto de você. O que foi que você fez, ein?

— Tsc. — Estalou a língua no céu da boa. — Não se meta, Obito. — Foi ríspido. Entretanto, Itachi o olhava curioso. — Nós não brigamos, ela apenas está chateada.

— Seja lá o que você tenha feito — o mais velho falou —, concerte. Você não vai querer afastar a única pessoa te suporta.

Como se fosse fácil. Ele tem tentado concertar há dias, mas a garota não lhe dá brecha.

Uma movimentação diferente ocorria na casa ao lado, e Sasuke rapidamente pensou que aquela seria uma oportunidade de fazer com que Sakura o ouvisse.

[...]

A HARUNO ESTAVA EM SEU QUARTO. O dia não havia sido fácil para ela, evitar o Uchiha era tão difícil quanto encará-lo. Seu coração havia se partido no momento em que o viu beijando Shion, mas se partia mais e mais a cada vez que tinha que ignorá-lo. A garota estava experimentando um novo tipo de dor, e o fato de não poder contar com seu melhor amigo nesse momento só fazia com que doesse ainda mais.

Passou o dia em uma sala de aula lotada de gente, mas lá no fundo, sentia-se sozinha. Precisou ser muito forte para desligar-se do mundo a sua volta durante o horário de aula, ou então, desabaria em lágrimas ali mesmo, e ela não iria se permitir chorar na frente de todas aquelas pessoas.

Mas lá no fundo, Sakura desejava saber se a distância machucava Sasuke tanto quanto machucava a ela?

A Haruno queria, mais do que tudo, passar uma borracha sobre tudo o que aconteceu, desejava que tudo voltasse a ser como era. Ela seria capaz de suportar o envolvimento entre o Uchiha e Shion apenas para mantê-lo por perto. Queria, mais do que qualquer coisa, que ele fosse feliz. Entretanto, ainda precisava de um tempo para si. Mais alguns dias para poder digerir o que aconteceu e lidar com isso.

Seus pensamentos só foram interrompidos quando ela se deu conta de que não estava mais sozinha. Mesmo de costas, pôde sentir seu corpo queimando sob o olhar analítico do par de orbes ônix que a fitava da porta do seu quarto. Sakura sabia que devia a ele a chance de se explicar, mas ainda não estava pronta para o que quer que o moreno pudesse vir a dizer.

Droga, ela realmente não estava pronta!

— Como entrou aqui? — Ela perguntou sem nem ao menos se virar.

Sakura não sabia se seria capaz de encará-lo sem desabafar. Precisava de mais tempo. Mas não havia mais tempo. Ele estava ali. Agora. A hora de enfrentá-lo havia chegado.


Notas Finais


O que estão achando?

Primeira coisa, as palavras escritas pela Sakura no papel, na verdade, foram escritas por mim quando eu tinha cerca de dezesseis anos e passei por uma situação semelhante com o meu melhor amigo.

Segunda coisa, EU AMO O SUIGETSU. Sério. Eu tinha me esquecido do quanto eu amo o Suigetsu nessa fic, inclusive, essa foi a primeira fic em que eu introduzi SuiKarin como um casal (há quase três anos) e então, me apaixonei por eles.

Enfim, espero que tenham gostado. E gostaria muito que vocês me falassem o que estão achando e quais são as suas expectativas.


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