História Sentimentos - Jotaro Kujo. - Ela.

Durante todo o trajeto de volta ao Japão, Jotaro não conseguia tirar os olhos de Akemi, que tanto parecia sentir dor, mas permanecia quieta e seguindo a viajem de forma tranquila. Os olhos cansados, as olheiras, a expressão de desgaste, mas ainda assim, com um sorriso doce em seu rosto. Apesar de tudo, Akemi ainda conseguia contagiar à todos com seu otimismo.

De fato, aquela jornada até o Egito não havia sido nada fácil. Psicológicos foram destruídos, sorrisos foram apagados e amigos foram perdidos. Tudo isso em apenas 50 dias. Algumas vezes, durante a noite, Jotaro conseguia escutar os soluços de Akemi, denunciando o choro da asiática, que tanto tentava manter a pose de otimista do grupo, mas depois das coisas que a jovem havia presenciado, seria difícil.

一 As coisas foram difíceis, mas conseguimos cumprir nosso objetivo. Estou orgulhoso de vocês dois. 一 Disse o velho Joseph, sorrindo.

一 Na verdade, eu não fiz nada. O Jotaro quem resolveu tudo. 一 Protestou a garota, piscando para o moreno ao seu lado.

O rapaz não disse nada, apenas permaneceu em silêncio, típico de Jotaro Kujo.

Mas ele queria poder dizer algo para confortá-la e fazer com que ela não se sentisse uma inútil, o que estava claro que ela se sentia dessa forma. Akemi fez o que pôde para dar cobertura para que Dio não descobrisse que o rapaz ainda permanecia vivo, mesmo que aquilo lhe custasse a vida. Em desespero para encobrir Jotaro, a jovem acabou se colocando na frente de seu corpo caído, na esperança de protegê-lo, mas sendo Dio, um ser frio e cruel, o homem atravessou o estômago da mais nova, a fazendo cair para trás, já dando espaço para que Jotaro pudesse pôr seu plano em prática.

Um plano que não existia. Ele só conseguiu usar sua força por culpa do ódio que sentiu de Dio.

Um ódio que não poderia ser explicado.

Um ódio causado por ter visto todos os seus amigos terem sido mortos sem que ele pudesse fazer nada para impedir.

Iggy e Avdol com seus corpos perdidos na mansão de Dio, Polnareff inconsciente de um lado, seu avô caído do outro lado da rua, Kakyoin com seu corpo cravado em uma caixa d'água e Akemi com o estômago perfurado à sua frente.

Com Akemi “morta”, lá havia ido embora a sua última esperança.

Mas ele conseguiu. Ele derrotou Dio sozinho.

E por um milagre, Polnareff, Akemi e Joseph conseguiram se salvar, mesmo estando gravemente feridos.

一 Eu não teria conseguido sem a ajuda de todos vocês. Obrigado. 一 Depois de um tempo calado, Jotaro finalmente pôde pronunciar “lindas” palavras de agradecimento.

Chocados com a atitude do moreno, Joseph e Akemi sorriram para ele, na esperança de que um sorriso também fosse arrancado dele. O que não aconteceu.

[...]

Na escola, Akemi não era uma jovem popular ou que tinha amigos para passar o tempo, e por conta disso, a jovem sempre estava sozinha, mas ela não ligava pra isso. Afinal, ela já havia se acostumado com aquela solidão. Porém, algo lhe fazia falta, e ela não sabia dizer o quê.

Caminhando pelo pátio da escola, a asiática acabou esbarrando em algo, ou melhor, alguém. E era aquele alguém que ela tanto desejava encontrar outra vez.

一 Jotaro! Fazia um tempo que não nos víamos, não é? Eu não via você por aqui há dias... Achei até que havia trocado de colégio. 一 Disse Akemi, com seu sorriso de sempre.

一 Você deveria estar de repouso. 一 Falou ele, seco.

一 Eu sei, mas já me sinto melhor. E outra coisa, já está totalmente cicatrizado, não tem mais porquê ficar de cama. É bem chato, aliás... 一 Respondeu a jovem, coçando a nuca.

Mesmo sendo um delinquente seco e frio aos olhos de todos, Jotaro ainda se preocupava com o bem estar das pessoas ao seu redor. Principalmente quando essa pessoa era aquela garota da sala ao lado, Akemi Watanabe. Ela era uma garota desastrada e um tanto quanto otimista demais, chegando a ser irritante. Mas, por algum motivo em específico, Jotaro gostava do otimismo exagerado da garota e doía tê-la visto perder o brilho em seu olhar.

一 Eu precisei me segurar para não gritar de raiva quando vi o braço daquele maldito atravessar seu corpo. 一 Confessou o rapaz, olhando para o lado.

一 Ah, então você se preocupa comigo, não é? Que fofo, Jotaro! 一 Comemorou Akemi, sorrindo vitoriosa. Era difícil de acreditar que aquilo finalmente estava acontecendo.

一 Talvez. 一 Sussurrou ele, retirando um cigarro de seu bolso.

Juntos, eles foram até o terraço do colégio, onde poderiam dividir aquele cigarro sem que ninguém pudesse perturbá-los.

一 Quando algo ruim estiver acontecendo, não tente bancar a heroína. 一 Disse Jotaro, a repreendendo pelo o que havia acontecido algumas semanas atrás, quando ainda estavam no Egito.

一 Se não fosse por mim, você poderia ter sido morto de verdade. 一 Rebateu ela, dando de ombros.

一 Você é um pouco exibida, não? 一 Questionou o moreno, sorrindo de canto.

Akemi sabia o quão sortuda era por ter Jotaro ao seu lado e nunca iria deixar de agradecer por ter sido salva por ele, porque senão fosse por sua insistência em socorrê-la o mais rápido possível, talvez ela não estivesse ali, agora.

一 Eu já sei. 一 Sussurrou ela, pegando o cigarro das mãos de Jotaro.

一 Hm? 一 Murmurou o mais alto, curioso.

一 Eu já sei. Já sei do que eu estava sentindo tanta falta. Que coisa... 一 Disse Akemi, suspirando aliviada.

一 Ah, é? E do que você sentia tanta falta? 一 Perguntou Jotaro, enfatizando os sentimentos da amiga.

Na mesma hora, a garota sentiu seu rosto queimar pela vergonha e as borboletas em seu estômago se fizeram presentes naquele momento. Seria fofo se não fosse trágico.

一 Você. 一 Respondeu ela, virando o rosto, olhando para um canto qualquer.

一 Yare yare daze... 一 Murmurou Jotaro, abaixando seu quepe, que cobriu metade de seu rosto ruborizado.