História Sentimentos adormecidos - As frustrações de uma jovem médica

Sentimentos Adormecidos – Capítulo 2 – As Frustrações De Uma Jovem Médica

– Quantos anos fazem?

Sakura ouviu a voz de sua mestre lhe questionar, a Godaime estava claramente alterada e com a face ruborizada por consequência do álcool.

– Sete... Sete loooooongos anos.

A kunoichi enfatizou o tempo em que estava longe de Sasuke esperando por um: Até a próxima vez que nunca chegou.

Sete anos... Sete malditos anos esperando por alguém que não dá sinais de vida... Sete anos de juventude desperdiçada, de pretendentes dispensados, sete anos de uma solidão profunda e agonizante... Assistiu um a um seus amigos começarem um relacionamento, casarem, terem filhos, constituir uma família completa... E ela continuava a espera de alguém que nunca, sequer, pediu-lhe por isso.

Sakura sentia-se uma tola... Uma idiota por ter esperado tanto por Sasuke. Ele não demonstrava que se importava de maneira especial com a kunoichi. O máximo que fazia era enviar-lhe um bilhete em seus aniversários dizendo Parabéns. (Coisa que também fazia no aniversário de Naruto) Nenhuma palavra a mais. Não dizia sua localização, não pedia para lhe encontrar, não dizia que sentia saudades... Nada. Ele não lhe dava nada!

A sequência de escolhas erradas da kunoichi era tão absurda que Sakura tinha vontade de se socar por cada erro, por cada vez que pensou estar acertando e só piorou ainda mais as coisas...

– Vai acabar perdendo sua juventude... Aí é que ninguém irá lhe querer.

As palavras duras e impensadas de Tsunade também deviam-se a quantidade absurda de  álcool em seu organismo.

– Tsk... Eu sei, eu sei... Mas quem? Até o Naruto casou... Eu vou ficar solteira para sempre.

Sakura bebeu mais um copo de saquê lastimando-se de sua situação atual, enquanto Tsunade ria da expressão de desespero que sua discípula fazia.

– Você deixou escapar suas melhores opções.

Aquela afirmação não era para machuca-la, era uma constatação feita à base de álcool e muita sinceridade.

– Maldito Sasuke-kun... Maldito, maldito, maldito...

Praguejou em tom mimado e choroso, triste pelas oportunidades que perdeu por espera-lo. Claro, no fundo Sakura não poderia odiá-lo mais do que se odiava, a final, Sasuke nunca lhe pediu nada, foi à própria que se ofereceu de bom grado para espera-lo, mesmo sem qualquer sinal claro de afeto do Uchiha. Mas naquele momento, envolvida pelo vago conforto do álcool, a kunoichi se permitiu jogar a culpa toda sobre ele.

– Mas você ainda pode escolher o Shino.

Tsunade sugeriu pensativa, listando as opções de Sakura e tirando-a de sua autoflagelação interna. Mas sua discípula não pareceu muito animada com a opção oferecida pela Godaime.

– Argh, não. O Shino me dá arrepios.

Disse franzindo o cenho, repugnando a sugestão de sua superior que ria da expressão de Sakura.

– Dependendo do ponto de vista, isso é algo positivo.

Tsunade soluçava e ria ao mesmo tempo de sua piada infeliz, enquanto Sakura demonstrava indignação.

– Tsk... Velha pervertida, você sabe do que estou falando!

Exclamou horrorizada com a insensibilidade de sua sensei. A final, Sakura estava expondo sua tristeza e Tsunade ria de sua miséria.

Que tipo de amiga faz isso?

– Tudo bem, então... Que tal o Lee? Ele está solteiro e que eu saiba, gosta muito de você.

Disse demonstrando empolgação, mas Sakura rapidamente negou com a cabeça e sua mestre lhe questionou o porquê?

– Porque... Porque ele é... Ele é o Lee, eu gosto dele. Gosto de verdade, mas não dessa maneira.

Tentou desajeitamente se justificar sobre a falta de atração por seu amigo de infância. Ela realmente presava muito o afeto de Rock-Lee, mas não se sentia fisica ou emocionalmente atraída por ele. Lee estava classificado na mente de Sakura como um bom amigo, nada mais que isso.

– Tsk... E quem você gosta dessa maneira? Seu precioso Sasuke-kun?

Imitou o tom usado pela kunoichi quando entonava o nome do antigo companheiro de equipe.

Sakura assentiu lentamente. Ela realmente o via como um homem para se amar, mas ele não correspondia, nem dava sinais de vida.

– Tenho uma má notícia para você, ele pode estar com outra nesse exato momento.

A Godaime aponta para Sakura enquanto a kunoichi sente seus olhos lacrimejarem com as duras palavras cruéis de sua sensei. Precisou recorrer a outro gole de saquê para encarar a dura realidade.

– Shannaro, como eu sou idiota... Eu ainda me importo... Não por ele, mas por mim, por que fiquei esperando por alguém que pode nunca mais voltar... Ele... Ele retornou quando levaram a Hinata para a Lua, o que custava ficar um pouco mais? Eu o esperei a vida toda, por que ele não podia esperar alguns dias para dizer um oi? E quando lutei com Kido, p-por que ele não voltou para ver se eu estava bem? Eu lutei por ele, para defender seu nome e não recebi nem um bilhete dizendo obrigado, Sakura, ou reconhecendo minhas habilidades, meu esforço... C-como ele nunca enxergou que eu o amava? Que precisava dele? Sempre precisei!

A kunoichi era um misto de indignação, embriaguez e tristeza... Muita tristeza pelo tempo de solidão e espera.

– É por isso que você deve considerar outras opções... Para não ficar como eu, sozinha, solitária... Tente seguir sua vida.

Sakura se mostrou emburrada e alheia ao conselho óbvio de Tsunade, por este motivo, a Godaime resolveu provoca-la no auge de sua embriaguez.

– E que tal o Kakashi?

Espanto era uma boa palavra para descrever Sakura naquele exato momento.

– Ka-ka...Kakashi-sensei?

Gaguejou antes de soltar um grito surpreso com a ideia de sua sensei, que ria escandalosamente da reação de sua discípula. Sakura ficou vermelha de vergonha com aquela simples ideia... Não sabia se Kakashi era um homem bonito por trás da mascara... Na verdade, se acostumou com o pensamento de que seu sensei usava máscara justamente para esconder dentes enormes ou lábios protuberantes... Argh. Ela simplesmente não conseguiu disfarçar a feição de espanto, surpresa e incredulidade com o pensamento.

– Não, Kakashi-sensei não!

Sakura gostava muito de seu sensei, mas de uma forma fraterna. Não como alguém que via com interesse amoroso.

– Eu estava brincando... Era só para ver essa sua cara de espanto.

A feição emburrada de Sakura voltou assim que ouviu a risada estridente de sua superior. Não achou graça na brincadeira, mesmo que estivessem sob efeito do álcool.

– Tsk, velha pervertida.

Resmungou irritada.

– Não seja mal-humorada... E não faça essa cara, ou quer espantar os poucos pretendentes que ainda lhe restam?  

A expressão de Sakura suavizou levemente, mas logo a curiosidade lhe fez esquecer-se da brincadeira de Tsunade.

– Godaime-sama... A senhora considerou o Jiraya-sama quando seu noivo faleceu?

Tsunade cogitou desviar do assunto, mas não tinha por que não falar sobre seu falecido amigo e companheiro de equipe.

– Um par de vezes... Mas eu sou uma bruxa amaldiçoada... Uma bela bruxa amaldiçoada. Todos que eu amei se foram, achei que se mantivesse ele como amigo nada lhe aconteceria.

Disse em tom melancólico. Sentia falta de Jiraya, sentia muita falta daquele homem irritante e pervertido.

– Bem, pelo menos ele viveu muuuuuito.

Sakura gesticula e volta a encher seu copo com saquê, engolindo de uma só vez o liquido espeço.

Internamente Tsunade se perguntava a que preço?  Tanto ela quanto Jiraya foram feridos e tiveram suas cicatrizes expostas por muito tempo. Mas ela foi feliz ao lado de Dan, por pouco tempo, mas foi. Seu amigo não teve a mesma sorte... E no fundo, ela se arrependia de não tê-lo correspondido. 

– Mas eu cogitei o Naruto também.

Sakura confessou como se estivesse contando um segredo a sua superior, tirando Tsunade de seu martírio interno.

– Cogitou?

A kunoichi assentiu novamente.

– Ele se tornou atraente depois que ficou mais alto que eu... E tem um sorriso que me dá arrepios... Aquele tipo de arrepio bom.

Sakura corou apenas pelo o pensamento, ou talvez pela quantidade de bebida alcoólica que ingeriu. Não sabia distinguir por qual dos dois.

– O Naruto sempre foi apaixonado por você... Lembro que ele me trouxe de volta a Konoha para salvar o Sasuke e te deixar feliz.

Sakura sorriu lembrando-se das incontáveis provas de amor que Naruto lhe deu e ela rejeitou por que... Por que era errado ama-lo quando sempre foi apaixonada por Sasuke.

– Go-godaime-sama... Vou te contar um segredo.

Sussurrou para sua mentora que simplesmente assentiu, chegando mais perto, para escuta-la melhor.

– Acho que eu amei o Naruto...

– VOCÊ O QUE?

– Shhh, fala baixo, se esqueceu que ele é o Hokage agora?

Repreendeu a atitude escandalosa de sua amiga e sensei, temendo que mais alguém tomasse conhecimento de seu sentimento por seu melhor amigo.

– E-eu disse que acho que eu o amei.

Sakura parecia uma criança contando que fez algo errado, suas bochechas estavam coradas, seus olhos grandes estavam baixos e seus lábios estavam retos, selados, esboçando seu desconforto.

– Isso certamente foi uma surpresa!

Afirmou com o olhar vidrado na expressão triste de sua pupila.

– Mas eu o rejeitei e hoje ele está casado... Neji está morto. Sasuke desaparecido... E eu vou morrer solteira.

Diz em um fio de voz, desesperada com a possibilidade de ficar sozinha para sempre. Para piorar sua situação, a Godaime concorda com Sakura, oferecendo um brinde antes de dizer.

– Vai!

Sakura começou a chorar copiosamente pela sequencia de erros que cometeu durante sua vida. A felicidade parecia tão distante da kunoichi que não tinha nem esperanças de que algo bom viesse para sua vida...

Enquanto Sakura chorava de frustração e a aldeia comemorava, Naruto começava a despertar do golpe que sofreu. Olhou para todos os lados do cômodo escuro tentando assimilar onde estava, sabia que estava em Konoha, aquela casa tinha o formato das casas mais arcaicas da vila... Sabia que estava deitado em uma cama, mas não conseguiu identificar amarras que prendessem seu corpo... Também sabia que já tinha anoitecido.

A identificação simultânea de Naruto foi cortada quando avistou uma silhueta se aproximando. O atual Hokage trancou os dentes em sinal de fúria... Tentou se mexer e sair daquele lugar para acabar com o ser covarde que lhe atacou pelas costas, mas não conseguia se mover, ou pelo menos não do pescoço para baixo.

– Finalmente acordou... Acho que deveríamos ter te acertado com menos força.

Era uma voz grave, um homem, Naruto não identificou o timbre de imediato, mas quando outro som ecoou pelo cômodo quase vazio, Naruto entrou em pânico.

– Ele está machucado?

A voz feminina perguntou com uma preocupação incomum para uma sequestradora...

Aquela voz melodiosa era a mesma que conversava com Naruto antes da inconsciência... Naruto desacreditou de sua situação, aquilo parecia uma piada de muito mau gosto... O que ela estava fazendo ali? O que ele estava fazendo ali imobilizado? Será que fizeram mal a ela?

– O-o que está acontecendo aqui?

Foi tudo o que conseguiu perguntar diante da confusão de sua própria mente, ouviu seu sequestrador soltar um pigarro antes de respondê-lo.

– Hm... Vou deixa-los a sós.

Disse se distanciando. Aquilo parecia até uma confirmação não proposital para as perguntas internas de Naruto.

Viu a mulher se aproximar pouco a pouco e sua silhueta tornar-se mais visível. Quanto mais sua sequestradora se aproximava, mais perplexo Naruto ficava.

O que no inferno ela está fazendo aqui?

– Hi-Hinata?

Perguntou em um misto de surpresa e incredulidade quando avistou a plenitude de sua esposa que sentou a seu lado na cama, lhe encarando fixamente.  

– Olá querido.