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História Sentimentos de Gaara - Gaanaru - Estranho; confuso


Escrita por: AyyPaninini

Notas do Autor


Quem é vivo sempre aparece... Não é mesmo?

Capítulo 4 - Estranho; confuso


Gaara se odiava. Odiava seu corpo, a cor vermelha de seus cabelos — que o fez sofrer por tantos anos —, sua personalidade, seu jeito "estúpido" de agir quando alguém se aproximava... Odiava tudo em si.

Há apenas uma coisa, ou melhor dizendo, duas coisas, que o faz feliz: ler e escrever. Livros são seus encantos, sua maior arma e melhor qualidade. Sua miserável vida resumia-se a correr atrás de palavras, formular e redigir incontáveis parágrafos; apesar de não apreciar o que escreve.

Gostava da arte que é escrever, porém acredita ter falhado miseravelmente nesta questão. Isso o frustrava.

Neste momento, andava pelo corredor segurando um livro de capa azul: "As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino." Adorava aquele autor, e possuía uma admiração enorme por este. Como de costume, seguiu até sua sala com os olhos recônditos e inexpressivos — nem ele sabia os significados destes. Abaixo de seus olhos azul piscina, um arroxeado de suas olheiras fundas e marcantes.

Surpreendeu-se quando encontrou um loiro sorridente sentando ao lado de sua carteira, seu sorriso poderia tapar até mesmo o sol com tamanha luminosidade. Suspirou indo até seu lugar, ignorando totalmente aquele Uzumaki estúpido.

— Vou poder ir na sua casa hoje, né? — questionou, apoiando o rosto nas mãos; mantendo seu sorriso irritante.

— Não — disse um tanto frio, encarando o livro.

— Por que?

— Acho que não gostaria de lá — pontuou, virando a página

— Não vou saber até ir — sorriu abrindo sua mochila, tirando uma sacola desta. — Trouxe um café pra você — entregou o copo pro ruivo, que o observou perplexo.

— T-Tem certeza disso? — perguntou, com um olhar imbróglio.

— Claro! Eu comprei pra você — riu.

Gaara segurou o copo um tanto trêmulo. Mil pensamentos rondavam sua mente e tomavam canta de seu âmago. Seus olhos azuis estavam enormes e surpresos.

Levou sua boca até o copo, derramando um pouco da bebida por sua garganta, saboreando o gosto quente e gostoso que este possuía. Estava feliz... Por incrível que pareça, estava feliz. Era um sentimento estranho de se assimilar... Mal sabia como senti-lo ou o que era realmente. Apenas mantinha seu coração aquecido.

— Obrigado. — foi a única coisa, a palavra mais verdadeira e genuína, que disse.

— De nada! — falou, sorrindo. — Ah, eu já avisei a minha mãe que irei dormir na sua casa. — E foi assim que Gaara quase cuspiu sua bebida.

— V-Você o que?!

— Acho que não tem problema, né? Se seus pais não estiverem de acordo, eu posso cancelar.

"Se seus pais estiverem de acordo", sentia uma vontade de rir e chorar com aquela frase. Desde quando seus pais se preocupavam com alguma coisa referente a ele? Era um mero estranho nascido de um casal de jovens irresponsáveis e cruéis.

— Temo que me odeio com o passar do tempo. — O Sabaku ditou, deixando o café sobre a mesa.

— Por que o faria?

— Não sei — disse, com sinceridade. — As pessoas costumam me odiar por motivos que desconheço — suspirou. Por que estava dizendo isso? — Não percebe como eles me olham? Com desdém e nojo, o que é normal para um monstro como eu... As pessoas são prosaicas e arrogantes, por quê seria diferente com você?

— Talvez, algumas pessoas o encarem desta forma por não lhe conhecer direito... Você é uma pessoa legal Gaara, apenas um pouco recluso... O que não é errado — argumentou. — Você não é um monstro por isso, as pessoas que são.

"Ele realmente não entende", pensou o ruivo, voltando a encarar o livro.

— Você é estupidamente ingênuo para entender — falou. — Todos tem um lado obscuro, enquanto seres humanos medíocres e soberbos, teremos para sempre uma sombra demoníaca e cruel nos rondando — o encarou pelo canto do olho. — Até você, tão sorridente, possui. Não me surpreenderia se descobrisse que só se aproximou de mim para magoar-me, ou que saia correndo neste mesmo minuto. — terminou.

— Eu nunca faria isso com um amigo meu. — E foi assim que Naruto desmoronou Gaara com somente uma frase.

O avermelhado sentia-se estranhamente confuso. Seus sentimentos estavam aflorados e embaralhados. Seus olhos enormes encaravam o Uzumaki estagnados. "Ele é um idiota", pensou.

Sua alma foi trazida de volta quando um pálido de cabelos cumpridos adentrou a sala: Orochimaru, professor de artes. Fechou o livro, voltando seus olhos para o homem de aparência questionável. Seu corpo ainda estava gelado e inquieto, e Naruto não colaborava para que isso não acontecesse.

O Uzumaki, por outro lado, estava feliz por ter dado um passo tão importante com o ruivo, mas ainda assim desejava conhecê-lo mais... Entendê-lo. Gaara era um mar misterioso, era como a linha tênue do horizonte marítimo: parece que terminou ali, entretanto continua por uma imensidão de azul (cor que remetia aos seus olhos)

Sorriu, começando a prestar atenção no conteúdo que o professor passava.

***

O intervalo havia chegado. Naruto, neste momento, conversava com Neji, Sakura, Ino e Sasuke. Havia os encontrado a caminho do refeitório.

— Ouvi dizer que você anda conversando com o garoto estranho. — Sakura ditou, bebendo suco.

— Ele não é estranho — Naruto refutou. — Apenas não gosta de interagir... Isso não o torna estranho.

— Pois ele é — Sasuke completou.

— Falou a pessoa mais normal do universo — Naruto provocou, recebendo um tapa no ombro como resposta.

Ele e o Uchiha estavam sempre em pé de guerra. Brigavam por qualquer mero motivo e, ainda assim, continuam amigos.

— Dizem que ele não fala com os irmãos — Ino comentou.

— Exatamente: "dizem". Podem ser apenas boatos. — O loiro falou.

— Não sei não — Neji pontuou, com seu semblante sereno. — Dizem que ele é agnóstico e já tentou se matar diversas vezes — comentou. — Por isso está sempre com roupas cumpridas: pra esconder as marcas dos cortes.

— Não acho que seja verdade... — Naruto disse, com certa preocupação. — E se for, não cabe à nós julgar. Devemos ajudá-lo... Depressão é algo sério, não pode ser banalizado.

— Se qualquer forma, ele é estranho. — Neji pontuou, e todos, com exceção de Naruto, concordaram.

***

Gaara não fazia idéia de como isso foi acontecer. Não fazia idéia do porquê deixou aquele loiro estúpido — detalhe, que mal havia acontecido — ir em sua casa.

Agora, estavam saindo da escola. Naruto o acompanhava com um sorriso enorme que mal cabia no rosto. O Sabaku, por outro lado, mantinha a feição irritada e inexplicável. Caminhavam em silêncio, e isso não os deixava constrangidos, pelo contrário: aproveitavam para estudar o comportamento alheio.

Naruto era alegre e espontâneo, além de ser um cabeça-oca (isso já se pode notar logo de cara). Apesar disso, é esforçado, pelo que Gaara pôde notar. Seus olhos azuis — embora "sejam da mesma cor que os seus" — possuem uma tonalidade diferente: um azul cristalino, encantador eu diria. Seus cabelos loiros e bagunçados deixava-o com um ar despojado e ainda assim bonito. Era um rapaz estúpido e estranhamente curioso.

Naruto percebeu que Gaara era reservado e o considerava tímido — não que ele, necessariamente, fosse —. Seus olhos azuis eram um tanto acinzentados, mas possuíam um pouco de brilho (mesmo que seja bem no fundo). A questão debatida entre ele e seus amigos mais cedo martelava em sua cabeça: "Ele é um garoto estranho e depressivo" — era a única coisa que ouvia a respeito do ruivo. Talvez, a parte dele sofrer problemas psicológicos não seja mentira... Porém, por quê estranho?

Suspirou, colocando seus braços por trás da cabeça, aproveitando a música que escutava pelos fones. Eram muitos pensamentos... e hipóteses deixavam sua cabeça dolorida.

— Sua casa é muito longe? — questionou.

— Um pouco. — respondeu.

Os lábios de Gaara estavam secos e sua visão nublada, sentia seu corpo dormente e inebriado. Era uma sensação horrível que ele entendia bem. — ou melhor, conhecia. Pois seus sentimentos eram inexplicáveis até para si próprio. Não era como se ele soubesse o que sentir. As pessoas que passavam pareciam andar em câmera lenta para o ruivo, seus rostos eram borrões que o deixava tonto.

Sentia que o grupo de pessoas que passava estava dando risada da cor de seu cabelo, ou do seu jeito estranho. Achava que os olhares de todos estavam direcionados a si: julgando-o, culpando-o, praguejando-o...

Engoliu em seco, sentindo sua garganta doer e seus lábios estremecerem por um breve momento. As vozes de todos eclodiram em seus ouvidos... As risadas o matava por dentro.

Ele tinha medo daquelas pessoas, queria distância delas. Elas certamente o faria mau. Naruto percebeu a inquietação de Gaara assim que cruzaram os portões.

— O que foi? — perguntou, com uma expressão confusa.

— Nada.

***

Não demorou para que chegassem na casa do Sabaku. Destrancou a porta com mãos trêmulas, ainda anestesiado com aquelas vozes perturbadoras.

Assim que abriu a porta, Naruto dirou os sapatos antes de entrar, deixando o avermelhado curioso.

— O que está fazendo?

— Tirando os sapatos.

— Não precisa.

— Minha mãe diz que é deselegante entrar na casa das pessoas com os calçados sujos — entrou.

Gaara bufou, revirando os olhos.

Naruto examinou a casa. Era pequena e levemente bagunçada.

— Onde estão seus pais? — questionou, genuinamente.

— Não sei. — respondeu, subindo as escadas. — Eu moro sozinho há um tempo.

— Que legal! Você é tipo um adulto, né? — disse, um tanto eufórico.

— Pode se dizer que sim — falou, passando o último lance da escada, deixando o Uzumaki na sala.

Adentrou o banheiro rapidamente, ligando o chuveiro e se enfiando na água gelada, deixava-a escorrer por todo seu corpo. Apesar disso, não sentia-se limpo. A sensação de estar sujo... Esta nem trilhões de litros de água consegue lavar. A água faz bem pra alma, é verdade, porém não consegue deixá-la totalmente límpida. O ódio, o medo e o rancor humano estará sempre maculado em nossa alma.

Saiu minutos depois, vestiu uma roupa qualquer e foi em direção a seu quarto. Seu plano era trancar-se lá e esperar até que Naruto fosse embora. Entretanto, não contava que o loiro estaria sentado em sua cama, esperando-o.

— Eu tomei banho no banheiro de baixo... Espero que não se importe — sorriu. — Então... Você prometeu que iria me ensinar as palavras... Não foi?


Notas Finais


Digo logo que o próximo vai demorar um pouco pra sair kqiabskaba
Espero que tenha gostado!
Motive o autor! Diga-nos o que achou do capítulo :)

Passe no meu perfil e leia a minha SasoDei tambem... É uma das melhores que já escrevi.


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