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História Sentimentos de Gaara - Gaanaru - Fantasmas


Escrita por: AyyPaninini

Notas do Autor


Isso aqui é um especial de Halloween, mas como ele ainda não chegou e ainda irá demorar um pouco, resolvi postar.

Capítulo 7 - Fantasmas


Tudo ficou escuro, e o gosto de pântano, morte, putrefação e escuridão inundava o nariz e a boca. Nos poucos segundos que ficou sumerso, pôde experimentar o sabor do escuro. Quando emergiu, deu-se conta de que toda luz havia sumido.

A paisagem parecia enfeitiçada, os arbustos pareciam dedos que arranhavam sua pele como cegos querendo identificar um estranho, e apontavam para algum lugar.

Gaara mal havia caminhado alguns metros para o interior da floresta quando foi tomado por um silêncio intenso, irreal. Estar isolado do escuro por uma bolha de luz não lhe dava a sensação de segurança. A certeza de saber que era o objeto mais visível na floresta o fez sentir-se vulnerável, desprotegido.

Num instante, o ruivo sentiu: a sensação de estar sendo observado. A escuridão recaia sobre si como um cobertor. Ele prendeu a respiração e pensou: Não, o mal não é uma coisa, o mal não se incorpora. É o oposto disso, é um vácuo, a ausência do bem, uma lacuna. A única coisa a temer aqui sou eu mesmo.

Mas, de qualquer forma, não conseguia se livrar daquela sensação. Alguém cravava o olhar nele. Gaara tremeu. Congelou. Seu interior parecia estar dentro de um frizer. Buscava ar nos pulmões, mas a neve lhe fazia rarefeita. Correu, tão rápido quanto uma bala, contudo, parecia não sair do lugar. Era uma floresta sedutora, numa estação invernal.

Ele estava sozinho, e os dedos — galhos — pareciam levá-lo à morte.

[...]

Gaara acordou sobressaltado, ouvindo o som de seu celular tocando. Estava suado, pingando suor. Foi um pesadelo. Havia tempos em que não tinha um daqueles. Forçou-se a ir até o criado-mudo, pegando seu celular. Era Naruto; ligando às três da manhã.

Por algum impulso, deslizou o botão verde, atendendo a chamada.

— Ainda está acordado?

— Você me acordou. — Parecia um comentário pertinente, mas o Sabaku agradecia-o por tê-lo tirado de lá. — Aconteceu alguma coisa? — perguntou, tentando regular sua respiração para não sair ofegante.

— Eu havia prometido ir na sua casa depois da aula, mas não consegui, desculpe. Fiquei com Neji e Sakura na biblioteca, sabe, tentando estudar — riu. — Queria pegar alguns livros... E daí resolvemos comer alguma coisa, e ficamos conversando. Cheguei às 10 horas, tomei banho ouvindo as reclamações da minha mãe e acabei dormindo. Acordei agora e senti vontade de te ligar... Sei lá, talvez você estivesse me esperando.

— Hmm... — Gaara tinha uma vaga sensação de que deveria dar mais atenção ou mostrar mais interesse. Mas não tinha paciência. Ainda mais no meio da noite.

— Você... está bem? — questionou, receoso.

— Estou... quer dizer... — articulou aquela palavra, que parecia querer estourar seus neurônios. — Enfim, deixe para lá — deteve-se. — Todavia, não é como se eu estivesse morto ou algo assim.

— Para de dizer essas coisas... Atrai coisas ruins.

— Tipo o quê? Fantasmas? — ironizou.

— Idiota — riu.

Ser chamado de idiota por um idiota era o cúmulo.

— Vá dormir. Amanhã ainda teremos aula. E são 3 da manhã. — Gaara pontuou.

— Ta bom... E eu também estou o caco... Amanhã a gente se fala! — falou, em tom animado.

O avermelhado finalizou a chamada. Levantou da cama e caminhou em direção ao banheiro, iria tomar banho — para retirar aquele suor e para tentar aliviar um pouco sua inquietação.

Deixou a água escorrer por seu corpo, massageando os músculos tensionados. Gaara estava esperando por eles. Os Fantasmas. Aquelas criaturas invisíveis e assombrosas. Eles sempre apareciam em seus momentos de solitude — talvez para fazer-lhe companhia.

Saiu do banheiro e abriu a pequena gaveta em seu criado-mudo. Iria tomar o único remédio que lhe deixava mais calmo; lhe dopava, fazio-o dormir — mesmo que seja um adormecer falso — e amenizava sua dor de cabeça terrível: aspirina. O fantasmagórico espírito da falsa calmaria.

[...]

Gaara caminhava pelos corredores enquanto lia Frankenstein, de Mary Shelley. Amava aquele livro, e a escritora dele é bem peculiar. Gosta de livros com ficção científica, terror... Assim como adorava os Assombração da Casa da Colina, de Shirley Jackson.

Os olhares sobre si lhe incomodavam, claro — tinha quase a mesma sensação de estar sendo observado em seus sonhos — porém, os livros lhe distraiam e forçava-o a ignorar. Foi aí que Naruto chegou, quebrando todo seu silêncio.

— Bom dia! — falou.

— Bom dia. — Gaara ajeitou seu uniforme, pigarreou e retornou a ler.

— Mamãe gosta desse livro... da Mery sei lá o quê.

— Mary Shelley — corrigiu.

— Isso aí. Peguei alguns livros na biblioteca... Quero que você os leia para mim.

Gaara o encarou com os olhos perplexos.

— Não. Não vou ler e muito menos quero-o em minha casa novamente.

— Por que? Gosto da sua voz quando ler... É bonita! — O loiro exclamou. — E eu nem baguncei a sua casa! — Cruzou os braços.

O avermelhado soltou um suspiro, fechando o livro.

— Pare de me elogiar assim, do nada — pediu, sentindo-se constrangido. — E muito obrigado por não bagunçar, Naruto. — Rolou os olhos. — Mas sua presença me incomoda.

Adentraram a sala, e Gaara se sentou no lugar de costume — sendo seguido pelo loiro.

— Por que? — Ele questionou.

— Não sei. Pessoas me incomodam.

— Hmm — murmurou. — Você poderia ir na minha casa, algum dia.

— Não.

— Chato — disse de forma arrastada.

— Eu sei que sou, não precisa reafirmar.

— Por que não gosta de sair?

— Você está com muitos "Porquês" hoje.

— Desculpe. — Riu. — Neji, Sakura e Sasuke me chamaram para sair hoje. Quer ir também?

— Não, estou bem com meus livros — pontuou.

Não demorou muito para que a professora de Geografia chegasse, em seguida português, matemática, biologia...

[...]

Era hora de retornar para casa. Gaara caminhava calmamente pelos corredores brancos da escola. Seu olhar empermedido estava direcionado à sua frente, ignorando quem estivesse aos lados. Mesmo não conversando ou gostando do Sabaku, ninguém poderia negar: as íris azul piscianas do ruivo eram incrivelmente lindas; bem como seu cabelo vermelho.

Ao cruzar o portão, deu de cara com Naruto e mais três pessoas — que ele intuiu serem Neji, Sasuke e Sakura. Iria ignorá-los se o Uzumaki não o puxasse pelo braço.

— O que quer? — perguntou, censurando os outros que estavam ali.

— Tem certeza de que não quer sair conosco?

— Absoluta.

Naruto suspirou.

— Tudo bem então. — Sorriu nasalmente, soltando o rapaz.

Gaara voltou a caminhar e seguiu para casa — ou melhor, refúgio.

— Vamos logo. — Sasuke demandou.

No Starbucks, os três jovens conversavam sobre assuntos triviais — que oscilavam entre atividades escolares e relacionamentos amorosos. E, de alguma forma, o diálogo começou a ser sobre Gaara.

— Ele é uma pessoa legal. A voz dele é incrível. — Naruto falou.

— Ele me pareceu grosso. — Foi o que Sasuke disse.

— Falou a pessoa mais gentil do mundo. — O loiro soltou.

— Calem a boca. — Sakura berrou.

— Gaara não me pareceu ser alguém que gosta de contato com outras pessoas. — Neji pontuou.

— Naruto foi na casa dele ontem. — A rosada interveio.

— O que fizeram lá? — O Uchiha questionou. Sua pergunta havia um quê de curiosidade, mas também de ciúmes.

— Lemos, conversamos um pouco, dormimos, acordamos, tomamos café e eu vim para à escola.

— Por que ele não veio junto com você? — O Hyuuga quis saber.

— Disse que não estava se sentindo bem. Aliás, a casa dele é bem organizada, exceto o quarto. Quer dizer, não é totalmente bagunçado, mas há umas coisinhas fora do lugar; como vários papéis em cima da mesa e a cama desforrada.

— Como são os pais dele? — falou a Haruno.

— Eles não moram com Gaara, ele mora sozinho, eu acho.

— Por que? — Sasuke perguntou.

— Dá para vocês pararem com tantos "porquês"?! — falou, irritado.

Os três riram, mudando de assunto.

[...]

Gaara chegou em casa, seguindo para o banheiro. Tomou banho, vestiu algo confortável e foi para o quarto — junto com uma xícara de café. Ligou o computador e clicou no arquivo intitulado "Naruto". Parecia uma coisa meia estranha de se dizer, não queria parecer um "Stalker", porém, desde o dia em que a única coisa que conseguiu escrever foi "Na-ru-to", Gaara vem escrevendo sobre o rapaz.

Não era um romance, ou uma ficção, ou nada que envolvesse uma história em si. Ele só escrevia as características do garoto, e o que ele fazia — e o que aconteceu consigo quando ele fazia tais coisas. Ontem, passou boa parte da madrugada trabalhando naquilo, vendo o rosto diurno do rapaz.

Suspirou. Não era como se aquilo lhe desse alguma... felicidade, ele só queria entender aquele loiro sorridente. E, como se o universo lesse seus pensamentos, escutou o tinindo do celular. Uma mensagem de Naruto. Abriu o aplicativo de mensagens, vendo um "Oi!" brilhando na tela.

Gaara:

(Oi. Já chegou?)

Não era uma resposta com pretensões de vê-lo, apenas ficou surpreso por ele ter mandando mensagem tão cedo.

Naruto:

(Sim. Acabamos discutindo lanchonete, e daí todos retornaram para casa.)

Gaara sentiu vontade de rir, era bem a cara do loiro.

- Gaara:

(Hmm...

Por que me mandou mensagem?)

- Naruto:

(Não sei, achei que você estivesse se sentindo sozinho)

Aquilo foi surpreendente para o Sabaku. Ele já estava acostumado com a solidão — que ele prefere chamar de solitude — e o escuro do quarto.

- Gaara:

(Não é como se eu me importasse em estar sozinho)

- Naruto:

(Por que não faz amizade com outras pessoas, hum? É bom conhecer novos sujeitos)

- Gaara:

(Não quero. Sinto-me bem assim.

A escuridão também tem gosto, sabia?)

- Naruto:

(Isso é... estranho

Não há maneira de se comer o escuro)

- Gaara:

(Tem gosto de putrefação... pântano, morte)

- Naruto:

(Isso soa estranho, Gaara)

(Você tem certeza de que está bem?)

- Gaara:

(Sim. Há fantasmas para todos os lados)

- Naruto:

(Fantasmas?)

- Gaara:

(Daqueles que sufocam, e matam usando o psicológico)

O ruivo ouviu os passos conhecidos no andar de baixo.

- Naruto:

(Isso dá medo)

- Gaara:

(É bem pior do que os monstros em baixo da cama, eles são horripilantes)

Desligou o celular e, parados no vão da porta — com os braços cruzados e olhar recôndito — estavam seus fantasmas. Dois. Horríveis. Tanto que seus lábios tremiam. Eram seus pais.


Notas Finais


Hashuashua
Espero que tenhan gostado desa viajada
Oia, um capítulo seguido de outro ksusjsks


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