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História Seoul: Good Fathers - Intersecção


Escrita por: Nishka

Notas do Autor


Devido à falta de combustível, hoje o Jimin não vai longe demais.

Capítulo 13 - Intersecção


Fanfic / Fanfiction Seoul: Good Fathers - Intersecção

Tentei não pensar em como era fofo Namjoon estar secando o chão do meu banheiro e joguei os pedaços de carne na panela. Ouvi um toque de celular distante e, aos poucos, ele se aproximou até aquele cara surgir na porta da cozinha com uma expressão “azeda”.

— Seu amigo está ligando. De novo.

Revirei os olhos e corri pegar o aparelho.

— Hoseok-ah!

— “Jin hyung! Tudo bem? Liguei várias vezes. Aconteceu alguma coisa?”

Senti meu rosto ficar vermelho, mas óbvio que não era a isso que Hoseok se referia, então ignorei as caretas de Namjoon e fui para a sala.

— Desculpe por isso, estava cuidando do Jinwoo.

— Mentira! Estava cuidando do Namjoon! – riu o idiota parado no meu corredor, sorrindo — E cuidou muito bem. – tentei lhe acertar uma almofada, mas ele desviou e lhe dei as costas

— “Então está tudo bem? Quer que vá até aí? Tem comido direito, hyung?”

— Sim, não se preocupe. E não precisa vir, está tarde. Obrigado por sempre se preocupar.

— “Não precisa agradecer. Então nos vemos amanhã?”

— Com certeza!

Desliguei e voltei depressa para a cozinha, encontrando Namjoon que espiava de longe a carne na panela.

— Se tem medo dela, sinal de que está muito cru. – brinquei, empurrando-o para o lado com o quadril.

— Sua comida é muito melhor do que a minha. Jin?

— Hum?

— Seu nariz não dói?

— Ah, até tinha me esquecido dele. Não dói nada. Foi só na hora.

— O que aconteceu?

— Tentei segurar o Jungkook e ele me acertou.

— E o que mais?

Não queria olhar para o lado e ver seu rosto. Respirei fundo, pesado. O que eu deveria dizer? Contar tudo que aconteceu? Virei os pedaços de carne na panela e finalmente o encarei, mandando se sentar com um sinal de cabeça. Ele ali, em pé, me dava agonia.

— Esse cara... Ravi. O que acontece entre ele e Taehyung?

O rosto de Namjoon imediatamente ficou sério, quase podia ver as sombras debaixo dos seus olhos, e apertou as mãos sobre a mesa.

— Não acontece mais. Mas antes... Tae comprou drogas dele, algumas vezes, logo depois de ser expulso de casa. Ele só tinha quinze anos. Eu não o culpo por nada disso.

Tentei imaginar aquele garoto, que ainda não passava de uma criança, tendo que se virar sozinho tão jovem, e senti meus olhos ficarem marejados. Namjoon torcia as mãos como se pudesse torcer também o pescoço de alguém.

— Eu conhecia o Ravi porque foi ele quem me indicou o primeiro lugar onde fui cantar. Ele era um cara legal. Era louco, viciado, todos nós sabíamos. Mas ele é carismático, com aquele sotaque americano de merda, e sempre tinha comida. Eu também daria qualquer coisa por um almoço decente naquela época. Meus pais tinham acabado de morrer e eu estava para ser despejado de casa. Então, Ravi me ajudou. Me disse, hey, boy, você pode cantar? Foi exatamente isso que ele disse. Que eu tinha “pinta” de quem sabia cantar.

— E você sabia cantar?

— Não! – Namjoon riu, relembrando aquele passado que quase não conseguia imaginar — Mas eu disse que sim. E quando cheguei lá, Yoongi já era muito bom. Foi ele quem me ajudou a começar. Então ele ficou famoso e eu pensei, caramba, eu posso viver mesmo disso? E as coisas começaram a melhorar, sabe. Eu e Yoongi, dava certo. Um tempo depois, logo que ele lançou o primeiro álbum, eu lembro que era inverno. Aquele foi um inverno terrível, nevava sem parar. Então, eu saí da gravadora com ele, nós iríamos comer carne para comemorar, e bem ali, debaixo da marquise, estava o Tae. Ele era um pouco mais baixo, na época, eu sabia que ele era muito novo porque nós também ainda não éramos adultos e ele parecia menor. Ele estava esfregando as mãos pra esquentar, porque não tinha luvas – Namjoon imitou o gesto sem se dar conta e eu acompanhei a maneira como ele parou de sorrir e ficou distraído — Ele olhou para nós dois e sorriu, como se estivesse tudo bem e perguntou: “Tem um isqueiro, hyung?”. Por que é tão fácil lembrar disso?

— Porque ele é importante para você.

Namjoon sorriu, agradecido, e mexi a comida na panela, sem deixar de prestar atenção nele.

— Nenhum de nós tinha um isqueiro, mas o Yoongi arrastou ele para comer com a gente. Eu juro por deus, nunca vi alguém tão feliz quanto Taehyung naquele dia. Ele não comia muito, talvez por medo de que a gente fosse estranhar, e não queria ser mal agradecido. Mas uma vez, ele me disse que, naquele dia, ele realmente não sabia o que fazer, porque não tinha dinheiro nenhum para comer.

— Ele estava morando na rua?!

— Basicamente. Ou com Ravi. O que eu imagino que seja pior.

Um arrepio correu pela minha espinha e tentei não pensar em Jimin. Eu não o odiava a ponto de querer que morresse.

— Depois de comer, o Yoongi perguntou diretamente onde ele estava morando. E Taehyung foi bem sincero. Eu queria fazer alguma coisa por ele, mas já estava morando de favor, então, não podia pedir nada, sabe. Ai o Yoongi só perguntou se ele tinha alguma coisa pra pegar e nós fomos com o garoto até onde ele estava ficando. Fomos andando até lá e o Tae chorou o caminho todo.

— E ai? – arrumei os pratos na mesa, ansioso pela continuação.

— E aí que Ravi estava lá. Ele disse aquelas coisas todas que você deve imaginar: o garoto me deve, ele tem que pagar, ele trabalha pra mim, eu salvei ele das ruas…

— Mas isso é mentira!

— Não que importe – deu de ombros — Yoongi disse que ia pagar, mas... O valor era ridículo. Ele deve ter chutado a quantia mais absurda que pode, só para ver a gente desistir, mas o Yoongi desafiou ele. Se ganhasse no mano a mano, teria que diminuir o valor pela metade. Claro que Ravi aceitou.

— Yoongi-ssi lutou com Ravi?!

Namjoon concordou com a cabeça, sério. Tinha medo de perguntar como foi.

— Ele ganhou?

— Não. Yoongi perdeu. De propósito – endireitou as costas com um suspiro — Tenho medo de pensar o que aconteceria com o Tae se ele ganhasse. Mas depois, Ravi fez seu discurso de humildade e aceitou a metade do valor. Ele não ganharia mais do que isso, de toda forma, Taehyung não era tão especial assim. Para o Tae, nós dissemos que ele bater no Yoongi foi o suficiente, ele ficaria se culpando por termos de pagar tanto. Então, ainda estamos saldando a “dívida” do Tae.

— Quanto falta?

— Muito pouco. O suficiente para não ir atrás do Ravi e começar outra confusão.

Sorri, compreensivo. Aqueles garotos tinham passado por muita coisa. Bem mais do que eu. E ali estava, envolvendo eles nos meus problemas.

— Mas por que perguntou? Você o conhece?

— Ãh?

— Ravi. Você o conhece?

— Não. – sorri, culpado pela mentira. Larguei a comida na mesa e busquei qualquer outro assunto para desviá-lo de Ravi — Por que Yoongi-ssi não mora mais com vocês?

— Ah, ele comprou uma casa, logo que começou a trabalhar como analista.

— Isso é tão maduro da parte dele.

— Yoongi é um tipo romântico. Eu sei que ele comprou aquela casa porque quer se casar.

— É mesmo? Qual é a história do Yoongi?

— Nem eu sei. Quando o conheci, ele já era misterioso demais para compreender.

— Mas... tem alguma coisa por trás, não? Aquela aura de autoridade e... Bem, você sabe.

Ficamos os dois em silêncio, por um momento, então Namjoon riu, um pouco nervoso – Você me fez lembrar de coisas muito antigas hoje!

— Certo, já chega de recordar! Pode acordar o Jinwoo?

Observei Namjoon se afastar e tirei o celular do bolso, pressentindo o incômodo antes mesmo de ler a mensagem que chegara momentos antes.

“Precisamos conversar. Jimin.”

Realmente, estávamos lembrando de coisas muito antigas.

 

 

 

Namjoon trouxe um Jinwoo amuado de sono e nos sentamos ao redor da mesa. Servi a tigela colorida, mas foi o paizão que o ajudou a comer, me deixando um pouco orgulhoso. Namjoon era esforçado, talvez motivado por tudo de difícil que já havia passado na vida. Ignorei aquela mensagem idiota e não me preocupei mais, afinal, Jimin não era louco de aparecer de novo, ainda mais com Namjoon por perto. Ravi não ficaria feliz de perder sua fonte de dinheiro, certo?

— Mas e você e o Hoseok?

Levantei os olhos devagar ao ouvir o nome do meu melhor amigo. Namjoon com certeza tinha um problema com ele. E ainda nem desconfiava que tinha aqueles sentimentos estranhos por Hoseok. Certo que não eram estranhos antes de Namjoon aparecer, mas agora, precisava delimitar exatamente o que eu estava sentindo e – o mais importante – por quem!

— O que tem o Hoseok?

— Como vocês se conheceram?

— Estudamos juntos.

— Só isso?

— Como “só isso”? Ele sempre me ajudou muito. Se não fosse pelo Hoseok-ah, teria desistido de estudar, depois de tudo. É muito mais difícil do que eu pensei que seria. E passei tantos anos longe da escola. Eu sou mais velho, mas Hoseok se tornou meu amigo desde o primeiro dia.

— Ah, Jinnie tem essa mania de apaixonar as pessoas à primeira vista.

— Você está muito engraçado hoje – reclamei com certo incômodo. Havia passado o semestre todo garantindo a mim mesmo que não podia ficar tão interessado no meu amigo, obviamente, não era hora dele me dizer que talvez Hoseok sentisse a mesma coisa — Ah, sobre o que falamos hoje mais cedo. Não acho necessário que alguém fique aqui. Sério. Não quero causar mais problemas.

— Nós realmente vamos discutir de novo pela mesma coisa?

— Ah!

O grito de Jinwoo nos fez calar e olhar para o garoto. Ele nos encarava, sério, mas voltou a comer quando conseguiu atenção. Mordi os lábios para não rir, mas Namjoon parecia confuso.

— O quê? O que foi isso?

— Coma tudo antes que esfrie – disse para a criança, ignorando o adulto confuso.

Senti meu celular vibrar e ouvi o de Namjoon apitar ao mesmo tempo. Nos entreolhamos e colocamos ambos os aparelhos sobre a mesa, cada qual verificando o seu.

“Você foi adicionado ao grupo Operação de Busca e Apreensão da mãe do Jinwoo.”

“RM foi adicionado.”

“Yoongi alterou o nome do grupo para Operação Alguém Controle o Tae.”

“Jk – Posso me oferecer?”

“Tae – ㅋㅋㅋ”

“Tae – Hyung é mau!”

A risada de Namjoon me fez olhar para cima, mas em seguida Jinwoo me puxou pelo braço, curioso, e mostrei a tela à ele.

— Sabe o que é? São mensagens. Os amigos do appa estão mandando mensagens.

Ele continuou a olhar sério para a tela e eu deixei, porque ele ainda não sabia ler mesmo.

“Jin – Favor não mandar fotos impróprias, Jinwoo está acompanhando a conversa.”

Namjoon riu de novo.

“RM – Jin cozinha bem demais. Acho que ‘tô apaixonado ♥”

Chutei Namjoon por debaixo da mesa e ele riu ainda mais, me mandando um beijo com a mão. Sorri, sem jeito, e voltei a ler as mensagens novas.

“Tae – Jin hyung, por favor, adicione o número do Hoseok hyung.”

“RM – Não.”

Chutei Namjoon de novo e dessa vez ele quase se desequilibrou e caiu. Olhei feio para ele e me respondeu com uma careta birrenta.

“Jk –ㅋㅋㅋㅋㅋ”

“Yoongi adicionou Hoseok ao grupo Operação Alguém Controle o Tae”

“RM - ◕‿◕”

Dessa vez fui eu quem riu, na verdade, gargalhei, porque a expressão de Namjoon era idêntica ao símbolo. Era óbvio que ele não estava feliz e se seguiu uma longa lista de risadas pela tela.

— Namjoon…

— Yoongi faz de propósito!

Aquilo também era óbvio.

“Jin – d4jfh7 54ds”

“Tae - ?”

“Jk – O que vocês estão fazendo ai, hyungs?”

Peguei o celular do menino e vi aquele “Hoseok está digitando”.

“Jin – Jinwoo tentou se comunicar.”

“Tae – Oi, Jinwooooo!”

“Hoseok – Rap Monster está com você, hyung?”

Olhei para Namjoon do outro lado da mesa, sentindo o que viria a seguir.

— Rap Monster está com você, hyung? – imitou exageradamente afetado e ergui a mão, sinalizando que ia soca-lo se não parasse.

“Jin – Sim, ele veio ficar com o Jinwoo.”

“Jk – ‘Jinwoo’.”

“Tae – ‘Jinwoo’.”

“Tae – Nossa, Kook! Sai dos meus pensamentos!”

“Jk – Nem se eu quisesse!”

“Yoongi – Se eu ouvir qualquer barulho vindo desse quarto, vou ai matar vocês.”

Espiei a expressão de Namjoon enquanto ajudava Jinwoo descer para o chão, mas não consegui decifrar nada. Mordeu a boca, mas sequer comentou. Ele estava dando um desconto ao Tae, depois daquele dia difícil?

A notificação de mensagem me fez olhar de novo para o celular.

“Yoongi – Hoje não tivemos nenhuma resposta, mas amanhã vou procurar aqueles dois nomes da lista.”

“Tae – Nosso primeiro nome deu errado.”

“Jk – Posso ajudar depois da aula.”

“Tae – Jin hyung, o que quer fazer?”

Pensei por um momento. Eu estava me tornando um ótimo mentiroso.

“Jin – Por favor, não se preocupem. Vamos procurar uma pessoa por vez.”

“Yoongi – Então podemos ir juntos.”

“Jk – Okay.”

“Tae – Yeaaah!”

“Hoseok – Combinamos amanhã na aula, hyung.”

“Jin – Obrigado!”

“RM – Entendido!”

Bloqueei o celular e dei um suspiro, olhando para Namjoon. Ele se ergueu e começou a recolher a mesa. Eu queria acabar com aqueles problemas todos de uma vez, mas sentia que só o arrastava comigo para uma montanha de confusão!

— Você não quer brincar com o Jinwoo? Deve estar cansado e... Lavar louça me relaxa.

— Tudo bem! Não vou insistir para tentar lavar a louça – Namjoon riu e me beijou antes de ir para a sala.

Esperei ele se sentar de costas para mim, no sofá com Jinwoo, antes de pegar meu celular.

“Você criou o grupo Secret Line*.”

“Você adicionou Tae ao grupo Secret Line.”

“Você adicionou Jk ao grupo Secret Line.”

“Tae – Wow!”

“Tae – Isso é um grupo secreto?”

“Tae – Nós vamos aprontar, hyung?”

“Jk – O nome é Secret Line, provavelmente é secreto, amor.”

Sorri para o pequeno diálogo, um pouco encantado com os dois.

“Jin – Desculpe envolver vocês dois nisso, mas no momento, são os únicos que podem me entender um pouco.”

“Jk – Quer dizer que não vamos impedir você?”

“Tae – Impedir o quê?”

“Jin – Talvez.”

“Tae – Impedir o que, gente?!”

“Jin – Estou preocupado com o Jinwoo nessa história.”

“Jin – Preciso que mantenham ele e o Namjoon ocupados.”

“Tae – Ocupados como?”

“Tae – Ninguém vai me responder, mesmo?!”

“Jk – O que vai fazer, hyung?”

Olhei a tela das mensagens e soprei o ar pelo nariz, decidindo se aquilo podia dar certo ou não. Tinha como dar muito errado? Tinha. Mas talvez encurtasse nossas buscas. Tentei calcular as estatísticas e só fiquei muito confuso. Definitivamente, não era tão bom com números.

“Tae - ?”

“Jin – Acho que Ravi sabe de alguma coisa.”

“Tae – E?”

“Jin – Quero falar com ele.”

“Tae – NEM FODENDO!”

“Jin – Olha o respeito!”

“Tae – NEM FODENDO, HYUNG!”

“Jk –ㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋ”

“Jin – Eu ‘tô falando sério!”

“Tae – Eu também!”

“Tae – Eu vou contar para o Namjoon!”

“Jk – Para, Tae.”

“Tae – Para o caralho! Vocês não conhecem ele! Não viram hoje?!”

“Jk – Eu sei, amor, desculpa, mas o hyung deve ter um motivo.”

“Jk – Tem, não é?”

“Jin – Eu tenho a sensação de que o Jimin pode tentar fazer alguma coisa com o Jinwoo.”

“Jin – Na verdade, eu tenho a certeza.”

“Tae – Sim, e o Ravi também pode. Como pode fazer uma coisa COM O HYUNG SE FOR FALAR COM ELE!”

“Jin – É um risco.”

“Tae – É UMA CERTEZA!”

“Jk – Chega de caixa alta, Tae, e para de me chutar enquanto digita!”

“Tae – Diz isso aqui na minha cara, então.”

Revirei os olhos e não evitei rir, mas me contive quando lembrei de Namjoon. Ele estava se divertindo com Jinwoo, os dois desenhando sobre a mesa de centro na sala.

“Jin – Eu só preciso que vocês distraiam o Namjoon enquanto eu vou até lá e garantam que ele vai ficar bem. Por favor!”

“Jk – E se você se machucar?”

“Tae – Pode começar a contar isso como uma certeza.”

“Tae – E se acontecer alguma coisa pior?”

“Jk – Tae...”

“Tae – Hyung, por favor. Não.”

“Jin – Você vai ficar mais tranquilo se eu disser que vou pensar de novo sobre isso?”

“Tae – Só um pouco.”

Minha ideia era procurar Ravi o mais rápido possível, mas o receio de Taehyung me deixava nervoso. Não queria fazer mais uma coisa que pudesse deixar o garoto se sentindo culpado.

“Jin – Ok. Plano cancelado até segunda ordem.”

“Tae – Espero que cancelado para sempre, hyung.”

“Jin – Mas se o Jimin aparecer, eu vou atrás do Ravi.”

“Tae – Isso não vai funcionar.”

“Jin – Mas eu vou tentar.”

“Jk – Não se preocupem tanto, eu ainda posso socar aquele baixinho.”

Dei um suspiro. Sim, Jungkook realmente poderia. Mas talvez Jimin já não tivesse apenas os punhos para lhe defender. A lei de controle de armas não chegava até os confins daquele emaranhado de codinomes e negócios obtusos.

“Jin – Obrigado, de toda forma.”

“Jk – Não agradeça ainda!”

“Tae – É.”

“Tae alterou o nome do grupo para Troublemaker Line**.”

 

 

 

Hoseok parecia tranquilo enquanto olhava para nossa maquete bem feita, balançando a cabeça. Sim, ele estava satisfeito. Eu também estava, mas os olhos dele brilhavam quando olhava aquilo.

— Hyung, vamos fazer uma promessa? – ergui a cabeça da mesa, onde estava parcialmente deitado, e o encarei.

— Promessa? Que tipo de promessa? – ele sorriu, fazendo meu coração aquecer um pouco, apesar do cansaço .

— Vamos construir esse projeto um dia.

Olhei a maquete e sorri também, entendendo o que ele queria dizer. Era nosso primeiro projeto juntos, nosso primeiro projeto da faculdade, era como se fosse um filho. A analogia talvez não fosse boa, mas serviria.

— Vamos! – estendi a mão sobre a mesa e ele olhou para ela, pensativo.

— Hum, deveria cuspir na mão?

— Nem pensar!

Hoseok riu alto e apertamos as mãos, solenes, enquanto a professora entrava na sala, animada. Cumprimentamos ela e esperamos, ansiosos, enquanto andava entre os projetos, analisando, elogiando, criticando de forma gentil, porque a maior intenção dele era nos melhorar. Quando parou ao lado do meu melhor amigo, já estava suando frio.

— Hum, eu reconheço essas linhas – comentou com um aceno de cabeça – Inspirados na OUJAE3?

Hoseok concordou com um sorriso. Ele estava feliz em ver aquela reação positiva da professora. Eu também estava, claro, mas ainda estava nervoso.

— Ótimo, isso aqui... Ah, um espelho d’água! Interessante – balançou a cabeça, em aprovação – Vejo que trabalharam bem a inspiração. Tem um toque pessoal, também. Parabéns, meninos, está muito bem feito. A área verde está muito harmônica.

Nos inclinamos depressa, agradecidos, e assim que ela se afastou, Hoseok se permitiu pular no mesmo lugar, comemorando. Bati na sua mão e me larguei na cadeira, aliviado. Estava feliz de conseguir ir bem em alguma coisa.

— A área verde não foi o Taehyung quem montou?

— Foi? – perguntei com curiosidade. Estalei a língua no céu da boca, pedindo que se aproximasse com um aceno — Eu fiquei pensando nele. Acho que ele devia tentar estudar. O que acha? – Hoseok riu, sentando-se ao meu lado.

— Hyung não consegue deixar a vida das outras pessoas para lá.

— Aish…

— Tudo bem. Eu gosto – disse mais para si mesmo, olhando as mãos sobre o colo. — Não consigo deixar de pensar que foi justamente por isso que eu me apaixonei.

Um estalo na minha cabeça.

Meu coração perdeu um pouco o compasso.

Continuava suando frio, mas não tinha coragem de me mover para secar as mãos. Hoseok riu soprado, ajeitando o corpo na cadeira.

— Não pareça tão surpreso, por favor. Isso faz eu me sentir pior.

— Não, é que…

— Pensei que o hyung também pudesse sentir alguma coisa por mim.

— Eu sinto.

Assim que disse aquilo, senti que já podia morrer. Aquilo estava confuso, rápido demais, minha cabeça dando voltas. E eu tinha acabado de admitir que sentia alguma coisa por ele.

Eu sentia. Porque, por mais que houvesse Namjoon, o que eu sentia por Hoseok não tinha desaparecido. Era possível? Era possível que pudesse gostar dos dois da mesma forma? Respirei fundo, ansioso, e me levantei. Hoseok se ergueu também e fui obrigado a encará-lo, forçando um sorriso.

— Por favor, eu realmente preciso ficar um momento sozinho.

Hoseok sorriu fechado, voltando a se sentar, mas continuou me olhando enquanto caminhava para a porta. Podia sentir seu olhar em mim, do mesmo jeito que sentia meu celular vibrando no bolso. Peguei o aparelho no corredor e olhei: duas mensagens. Abri a primeira e o sorriso mínimo era involuntário. Namjoon enviara uma foto dele e Jinwoo com as bochechas pintadas com tinta colorida.

“Também quero!”

Fechei a mensagem e abri a segunda sentindo meu estômago gelar, como se congelasse por dentro, espalhando a sensação de pânico.

“Que horas a aula termina? Estou no portão sul. Nós precisamos conversar, Jin. Jimin.”

Aquilo só podia ser piada!

 

 

 

O cabelo acinzentado era jogado pelo vento, para lá e pra cá, mas ele mesmo não se importava com o frio. Estava usando apenas uma camiseta fina debaixo da jaqueta de couro. Era impossível não olhar para Jimin. Ele era bonito, muito bonito. O suficiente para fazer qualquer um se apaixonar. Jimin me dava ojeriza.

Continuei na janela por mais alguns segundos, observando a figura que não sabia que era vigiado. Ele tirou um maço de cigarros do bolso e acendeu, sem se importar com os olhares estranhos que recebeu. Jimin estava bem mais magro do que quando namorávamos. Por cima, imaginava uns dez quilos à menos. Não queria me preocupar com ele, por deus, queria que só desaparecesse! Mas não conseguia ignorar a sensação de que ele estava se matando.

Nunca quis isso.

Jimin pegou o celular com a mão livre e imediatamente senti ele vibrar no meu bolso. Olhei a tela e então para o cara no portão, inquieto. Ele não podia só ir embora? A ligação caiu e ele ligou de novo. Quando não atendi, Jimin prendeu o cigarro na boca e digitou a mensagem que chegou em instantes.

“Ainda está na aula? Não pode sair um momento?”

Abri a mensagem e escrevi uma resposta, irritado com aquela insistência.

“O que você quer? Não pode me deixar em paz?”

Assim que visualizou a mensagem, já estava escrevendo de novo.

“Posso te ligar?”

“Não.”

“Vem aqui fora conversar. Não posso falar por mensagem.”

“E eu não quero falar pessoalmente. Jimin, nós não temos nada para conversar. Vai embora!”

“Eu decido se temos ou não sobre o que conversar.”

“Você não decide nada!”

Enfiei o telefone no bolso, como se ele tivesse culpa de alguma coisa, e o novo vibrar insistente indicava outra ligação. Apenas conferi se era mesmo Jimin antes de sair gritando.

— Não me ligue mais! Não mande mensagem! Não quero saber de você! Só quero que desapareça e me deixe em paz!

— “Você não pode me ignorar, Seokjin.”

— Eu posso fazer muita coisa, Park.

— “Veremos.”

Desliguei sem esperar outra ameaça estúpida. Jimin nunca mudaria. Guardei o celular com a sensação de que meu peito estava sendo esmagado e voltei para a sala de aula, certo de que não prestaria mais atenção em nada. As coisas nunca iriam parar de se complicar?

 

 


Notas Finais


* Secret Line como uma linha secreta.
** Aqui é mais irônico, como se eles fosse a linha problemática do grupo.

Boatos de que o Jimin não sabe quando parar...

~comentários são amor <3


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