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História Separadas Pelo Casamento - É hora de acordar, bela adormecida


Escrita por: therockvato

Notas do Autor


Esse capítulo eu assumi e eu espero que gostem porque fiz com todo o meu coração. Aguardem POV Lauren para o próximo.

Capítulo 28 - É hora de acordar, bela adormecida


Camila's POV

Alguém me puxava da cama sem o meu consentimento e eu fui obrigada a me sentar sem estar completamente desperta ainda. Eu normalmente não demorava tanto tempo assim pra acordar de manhã, mas havia sido uma noite de sono tão boa que eu queria ficar dormindo pelo resto da vida. Se estivesse ao lado de Lauren.

-Mais cinco minutinhos. -Tentei empurrar os braços fortes que me apertavam.

-Levanta, sua vagabunda! -Disse uma voz masculina em um tom grosseiro.

Eu me forcei a abrir os olhos. Aquela voz com certeza não era da Lauren. E então eu encarei o homem na minha frente, devia ter mais de 50, mas seus cabelos já eram bem grisalhos. Ele até tinha um rosto amigável, mas sua expressão naquele momento era de completo desprezo. Eu não imaginava quem ele podia ser, mas sabia que coisa boa não era.

-O quê? Eu não... -Tentei empurrá-lo de novo.

O homem me puxou e me fez levantar. Lembrei que estava nua e tentei esconder algumas partes do meu corpo o máximo que pude, sem muito sucesso. Ele pareceu não se importar com a minha nudez, só me empurrou para fora do quarto da suíte e foi chutando as peças de roupa que achava que eram minhas. Fui recolhendo cada uma delas, uma por uma.

Coloquei minhas roupas íntimas e depois minhas calças e a camiseta de Lauren, que o homem achou que fosse minha. Ele pegou minha jaqueta que estava mais distante e jogou-a em cima de mim. Assim que eu acabei de colocá-la, ele me puxou pelo braço e nós saímos do quarto, caminhando para a parte social da suíte.

-De quanto você precisa? 500? 600? -Ele tirou a carteira do bolso e começou a tirar as notas de cem.- Vou te dar mil dólares se você prometer ficar quieta sobre isso, tudo bem?

Ele me entregou o pequeno bolo de dinheiro. Dei um tapa em sua mão e as notas voaram.

-O que você está pensando que eu sou? -Perguntei, indignada.

-Cristo, meu senhor! -Ele exclamou.- Pra uma prostituta, você é bem cara. Toma aqui mais 500 dólares e não falamos mais sobre isso.

Ele fez menção de me entregar mais dinheiro. Dessa vez, peguei.

-Você pode enfiar esses 500 dólares no seu cu. Quer que faça isso pra você?

Tentei enfiar o dinheiro em sua boca, mas ele me empurrou com facilidade e eu caí sentada no sofá. O homem me encarava como se eu fosse louca. Eu não sabia quem ele era e nem porque pensava que eu era uma prostituta. Com aquelas roupas? Como esse rostinho? Eu tinha uma cara limpa, não parecia nem um pouco indecente.

-Qual é o seu problema, menina? -Ele perguntou.

-Qual é o seu? -Rebati.- Eu não sou prostituta coisíssima nenhuma!

Ele me olhou confuso, as sobrancelhas franzidas.

-Então quem é você?

-Sou a organizadora do casamento da Lauren.

Minhas bochechas coraram naquele exato momento. Eu não era mulher de ficar envergonhada por pouca coisa, mas é óbvio que, quando alguém te encontra na cama com uma das noivas do casamento que você está organizando, você começa a se sentir meio abalada.

-Você é Camila Cabello? -Ele perguntou, incrédulo.

-Sim, sou. Quer ver minha identidade?

-O que você está fazendo aqui?

-Vim oferecer apoio moral pra noiva... Seu idiota, o que você acha que eu estava fazendo nua na cama da Lauren? Jogando batalha naval?

Ele me encarou como se eu tivesse passado dos limites e me puxou pelo braço.

-Eu não me importo com quem você é e nem com o que você fez, só sei que você vai embora agora!

Travávamos uma pequena batalha enquanto ele me puxava forte pelo braço e me arrastava pela suíte. Eu continuava sem saber quem ele era, mas agora já percebia que eu não estava com problemas. Se fosse algum funcionário de Cara, tudo estaria perdido. Mas ele parecia estar bem familiarizado com aquela rotina de tirar prostitutas do quarto de Lauren. Talvez eu realmente não a conhecesse, talvez ela tivesse mentido pra mim desde o início. De que importava agora? Um homem me carregava até a porta e ia me jogar pra fora da vida de Lauren, do jeito que deveria ser. Eu me decidi, de última hora, que queria pelo menos saber quem ele era. Então pisei no seu pé e me livrei de seu aperto.

-Só vou perguntar uma vez: quem é você? -Eu me virei de frente pra ele, que não tinha o mínimo jeito para segurança. Estava meio assustado comigo. Era um velhaco emburrado.

-Eu sou um dos assessores e produtores da Lauren. -Ele respondeu.- Você sabe, uma daquelas pessoas que realmente trabalham e não ficam fodendo a cliente.

Eu lhe dei uma bofetada na cara.

-Você me respeite! -Exigi.

-Você quer respeito, garota? Que tal começar a se respeitar primeiro? Acabou de dormir com uma mulher. Uma mulher que vai se casar. E a noiva não é você.

Bufei. Ele estava completamente certo, mas nada explicava seu comportamento ridículo e machista de antes, nada explicava ele tentar me tirar à força da suíte nem ter tentado me pagar, como se eu fosse alguma prostituta suja.

-Você não sabe nada sobre esse casamento! -Resmunguei.

-E você sabe? O que a Lauren te disse? Que ia largar a Cara pra ficar com você?

Desviei meus olhos dos dele e neguei com a cabeça. Doía pensar que não, que Lauren não havia me prometido nada e eu sabia que também não podia pedir para que ela a largasse por mim. Mas eu sabia de uma coisa que era suficiente para que o casamento fosse cancelado.

-Elas não se amam. -Murmurei.

-E ninguém se importa com isso! -Ele gritou de volta pra mim.

-Eu me importo, Lauren se importa. Ela merece ser feliz!

O homem começou a rir como se eu fosse uma garotinha de cinco anos tentando compreender o mundo dos adultos. O olhar que ele me mandou em seguida me fez abaixar a cabeça de novo. Era como se ele me dissesse pra não me meter com aquele casal. Era um olhar bem parecido com o que a minha mãe já havia me dado, um tempo atrás.

Intimidador, objetivo e certeiro.

-Você quer que eu te explique um pouco do mundo real ou vai aceitar ir embora desse hotel sem olhar pra trás, que é o melhor que você pode fazer?

Eu neguei com a cabeça.

-É por culpa de pessoas como você que Lauren se você obrigada a se casar. -Cuspi as palavras.

-Por culpa de pessoas como eu? -Ele riu.- Querida, não fui eu que obriguei ela a pedir Cara em casamento. Ela fez isso sozinha!

-Mas é você quem está obrigando Lauren a se casar.

Ele riu mais uma vez e negou com a cabeça.

-Eu não estou obrigando ninguém a fazer nada.

Ficamos em silêncio enquanto ele me deixava absorver aquela informação.

Lógico que uma parte de mim já sabia. Lauren e Cara eram adultas. Se vão se amavam mais, tinham todo o direito de cancelar o casamento e terminar o namoro. E, mesmo assim, não o fizeram. Mesmo depois de as duas terem sucumbido à traição, continuaram com a ideia do casamento. Era uma situação meio doentia e ilógica.

-Mas então... -Murmurei ainda confusa.

-Elas formam um bom casal juntas. -Ele disse, como se respondesse todas as minhas perguntas.

Eu ainda não entendia completamente. Como elas poderiam formar um bom casal se não se amavam? Por que nenhuma das duas dava o primeiro passo e se abria? Por que nenhuma das duas dava um basta naquela relação? Se não eram felizes, pra que continuar tentando?

Lauren me tinha e Cara tinha o pai de seu filho. Elas não precisavam seguir em frente com esse teatro.

-Você ainda não entendeu, não é? -Ele me encarou com os olhos cansados e eu neguei com a cabeça mais uma vez.- Elas são as queridinhas da América, o casal lésbico assumido que não liga para o preconceito e tem apoio mundial. É claro que são famosas separadamente, mas juntas, são um dos casais mais famosos do mundo. E ser um casal tão bom assim gera publicidade, o que aumenta as vendas de Lauren e o prestígio de Cara. Se elas quiserem parar de trabalhar, ainda serão ricas, porque pagam milhões, meu amor, milhões para qualquer ensaio com as duas. Elas são um sucesso juntas.

-Santo Deus! -Exclamei.

Eu devia ter imaginado que tinha algo a ver com dinheiro.

Para Cara e Lauren, ser um casal, mesmo que sem amor, era lucrativo.

-Agora você está me entendendo, querida? -Ele perguntou, como se eu fosse retardada.

-Estou. -Respondi, cerrando os dentes.- Só pensei que Lauren...

-Seu dever não era pensar em nada, era só organizar a porra do casamento. E você conseguiu foder com tudo. Literalmente.

Quase cuspi na cara dele, mas me controlei.

-O que eu faço ou deixo de fazer é problema meu.

-Realmente, é problema seu. Mas a partir do momento que você deixa Lauren Jauregui meter o dedo na sua xavasca, vira problema meu também. Eu não sei se você pretende tornar isso público, mas, se é isso que você quer, não vai conseguir porque ninguém vai acreditar em você e eu vou arruinar a sua vida. Mas se você esperava que Lauren desistisse do casamento pra ficar com você, espero que você desça de sua nuvem. Ela não vai fazer isso.

-Por que vão faria? -Eu o desafiei.- Ela... Ela gosta de mim.

-Gosta de você? Santo Deus, por que não me disse antes? -Ele disse, sarcástico.- Ela alguma vez disse que te ama, coração?

-Ela não disse, mas...

-Caso encerrado, então. Você pode tirar essa sua bunda da suíte e voltar para a sua casa.

-Você não sabe nada sobre a Lauren! Você não sabe nada sobre esse casamento ou esse casal! -Aumentei meu tom de voz.

-Eu não preciso saber de nada! -Ele aumentou seu tom de voz também.- Lauren não se importa se vai ter que passar o resto da vida com a Cara, contanto que os cheques continuem vindo. Ela não se importa em casar com alguém que não ama, porque ela só está preocupada com o dinheiro que ganha com isso. Você acha mesmo que depois de tanto tempo sendo tão rica ela vai se arriscar a sujar a imagem pra ficar com você? Eu tenho uma novidade pra você, menina: Ela não vai!

Soltei um grito raivoso pra ele, mas ele só continuou me encarando com indiferença.

Caminhei até uma das mesinhas de canto, que tinha um telefone antigo, e peguei o primeiro pedaço de papel que vi pela frente. Passei reto por ele e caminhei loucamente até encontrar uma caneta. Me inclinei para escrever no papel em outra mesa.

Espero que você aproveite seu casamento, já que vai ser pra vida toda.

P.S.: não se esqueça dos seus votos.

xoxo, Camila.

Voltei até onde o assessor, produtor, sei lá que porras mais ele era estava e, e com um tapa, coloquei o pedaço de papel em seu peito. Ele me encarou como se eu fosse louca de novo e segurou o recado com suas próprias mãos.

-Entregue isso pra Lauren. -Falei.

Eu me virei e me dirigi à saída da suíte.

-Espero que você não apareça no casamento hoje. -Ele avisou.

-Contanto que eu não tenha que ver essa sua cara de buldogue nunca mais, pode deixar.

Saí da suíte e entrei no elevador quase no mesmo instante. Quando as portas se fecharam, comecei a chorar feito uma criança. Eram 51 andares até o térreo, então eu me permiti aquele tempo de tristeza. Eu não conseguia acreditar que estava chorando por algo que sabia desde o início. Era muita burrice da minha parte.

Eu sempre soube que Lauren ia se casar. E não importava o que eu sentia por ela ou o que ela sentia por mim. Porra, eu nem mesmo sabia se a amava de verdade. Eu a desejava e o sexo era maravilhoso, mas e aí? Casamentos são feitos de mais do que isso. São feitos de ternura, carinho, compreensão, honestidade, fidelidade e, principalmente, amor.

Como eu pude esperar que, quando abrisse os olhos depois de uma noite dos deuses, tudo ia se resolver? Como eu pude esperavar que as coisas fossem tão simples? Elas não eram, nada era simples. Lauren não podia simplesmente dizer à Cara que não a amava mais, assim como ela também não podia simplesmente dizer que estava esperando um filho que não era do tratamento. Havia tantas outras variantes e incógnitas naquela equação que eu nem sabia como estava saindo daquilo tudo ilesa. Tantas outras pessoas envolvidas, tanta coisa em jogo.

Quando as portas do elevador se abriram, eu sabia o que devia fazer. Sabia que devia ir embora, sabia que não devia mais interferir. Meu único erro, todo aquele tempo, foi ficar insistindo em um sentimento banal. Um sentimento que surgiu de algo tão impuro como a minha relação com Lauren não podia trazer nada de bom para ninguém.

Caminhei pelo saguão e parei na calçada. Alguns paparazzi me reconheceram e começaram a tirar fotos de mim mas eu não dei a mínima. Foda-se o que iam pensar. Fora que ninguém podia me acusar de nada, não quando eu sabia que Lauren nunca deixaria que nossa história viesse à tona. Chamei um táxi e entrei, ignorando as ridículas câmeras.

Quando cheguei ao meu apartamento, parecia que cem anos haviam se passado. Eu não me sentia a mesma pessoa. Parecia que eu havia acabado de descobrir o mundo por trás das aparências e as razões pelas quais as pessoas lutavam tanto para manter sua imagem. Talvez eu fosse mais ingênua do que pensava. Talvez não tivesse vivido o suficiente.

Uma parte de mim sentia como se Lauren também fosse ingênua. Talvez só a parte que eu conhecia. Imediatamente lembrei da menininha que queria voar, na segunda vez que me encontrei com ela. Agora não havia mais chances pra nós duas.

Eu decidi que, mesmo que não fosse ficar com Lauren, pelo menos deveria fazer a coisa certa. Ela podia não se separar de Cara, pra mim não importava. Mas eu sabia que devia isso a ela. Ela merecia saber a verdade, mesmo que isso não mudasse nada. Pelo menos, minha consicência ficaria limpa. Por mais que minhas ações tivessem sido pecaminosas todo aquele tempo, aquela era a minha chance de me redimir.

Escrevi uma carta contando tudo. O que eu descobri e sobre a gravidez de Cara. Falei que não esperava que ela desistisse de tudo por mim e que aquela não era uma última tentativa para que nós ficássemos juntas. Era só algo que eu queria tirar do peito, porque estava me consumindo. Ela tinha todo o direito de fazer sua decisão e não me incluir no seu plano de vida. Eu lhe dava aquela escolha. Mas eu também deixava claro que ela tinha outras opções e eu era uma delas.

Arrumei minhas malas logo em seguida e dei um último olhar no meu apartamento. Eu não ia vê-lo por um longo tempo e só esperava que, quando eu voltasse, tudo estivesse diferente. Carreguei minhas duas malas pelo elevador e chamei um táxi quando cheguei na calçada.

-Aeroporto JFK, mas antes vamos fazer uma parada na Igreja St. Thomas. -Avisei o taxista depois que ele colocou minhas malas no porta malas.

Ainda era cedo, mas eu sabia que ele estaria lá. Quando chegamos na frente da igreja, Levi estava na frente de um grande caminhão e carregava um caderninho, provavelmente fazendo anotações. Alguns itens de decoração já deviam ter chegado, mas eles não podiam colocar tudo na igreja agora. Mas era bom conferir tudo antes. Ele mesmo tinha me ensinado aquilo.

-Levi! -Gritei seu nome enquanto saía do táxi.

Ele me encarou como se não pudesse acreditar em seus olhos.

-Camila? O que está fazendo aqui? -Perguntou.

-Estou indo embora. -Avisei.- Então não precisa se preocupar em avisar à minha amada mãe que passei aqui. Eu só quero te pedir um favor. Você disse que me respeitava. Se você estava falando a verdade, faça isso por mim.

-O que você quer que eu faça? -Ele perguntou.

Eu tirei a carta da minha bolsa e entreguei a ele.

-Entregue isso à Lauren. Só à Lauren, ouviu? Quero isso especificamente nas mãos dela, não dê a nenhum de seus assessores ou seguranças.

Levi assentiu, mas me olhou com cautela.

-Vou me arrepender disso?

-Provavelmente. -Murmurei.- Mas você sabe que eu não sei deixar um trabalho mal acabado. E isso aqui pode fazer com que esse casamento seja perfeito ou que seja destruído.

-Você colocou uma bomba aqui dentro? -Ele perguntou, brincando.

Soltei uma risada e neguei com a cabeça.

-Mais ou menos.

Voltei para o táxi, mas Levi me seguiu. Ele fechou a porta pra mim logo depois que entrei,

-Camila, falando sério. O que tem nisso aqui? Você não está fazendo nenhuma estupidez de novo, está?

-Acredite em mim, estou fazendo a coisa certa. -Respondi.- Aí dentro só estão as opções de Lauren. Ela que decide se vai apertar o detonador ou não.

Levi me encarou com desconfiança, mas depois balançou a cabeça e assentiu.

-Sua mãe não vai ficar sabendo disso e Lauren vai receber essa carta.

-Obrigada, Levi. Agora tenho que ir. Eu me inclinei para dizer ao taxista que podíamos prosseguir mas Levi me chamou de novo.

-Pra onde você vai? -Ele perguntou.

-Vou viver a minha vida. -Respondi, leve.

Avisei ao motorista para seguir em frente e ele dirigiu em direção ao aeroporto.



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