1. Spirit Fanfics >
  2. Separadas Pelo Casamento >
  3. Obrigação

História Separadas Pelo Casamento - Obrigação


Escrita por: therockvato

Capítulo 31 - Obrigação


Lauren's POV

-Onde está a Lauren? -Escutei a voz furiosa de Simon me despertar do sono conturbado.

A porta de meu quarto estava trancada e era de madeira maciça, mas a voz do homem era tão estridente que soou como se ele estivesse ao meu lado. Não me intimidei, porque independente do que ele dissesse, eu estava em minha razão.

-O que diabos houve, Simon? -Meu pai estava quase tão estressado quanto meu chefe.- O que aconteceu com a minha filha pra ela vir chorando pro meu quarto do hotel, do outro lado da cidade do lugar que ela estava, bem na noite do seu casamento? O que você e essa maldita gravadora exigiram dessa vez?

Sentei na cama e respirei fundo. Era agora que o inferno começaria.

Ontem a noite, depois da discussão com Cara, eu fui para a noite nova iorquina. Passei por no mínimo três boates para encher a cara, eu precisava daquilo, precisava colocar os pensamentos no lugar e entender melhor o que estava acontecendo. Acontece, que a bebida me faz refletir demais... Não demorou muito para que meus pensamentos seguissem até Camila, que estava Deus lá sabe onde, me odiando pelas minhas atitudes, provavelmente já sabendo do êxito da cerimônia que ela planejara. Eu não estava mais com raiva dela. Eu só conseguia pensar no quanto a queria aqui, no quanto fui estúpida por pensar somente na minha imagem e seguir em frente com esse maldito casamento, sendo que todas as evidências me levavam para a excêntrica cerimonial que me arrancava suspiros até à distância. Onde ela estaria? Era tudo que eu queria saber.

Eu não sou uma pessoa que tem muito autocontrole quando está com raiva. Paguei por duas prostitutas de uma só vez e segui para o Four Seasons, pedindo por uma nova suíte, sorrindo para todas as pessoas que me olhavam estranho, me apontavam e até para os flashes de papparazzi. Meu casamento estava acabado e não havia durado nem dez horas. Queria que todos soubessem em grande estilo. Porém, quando chegamos no quarto, eu fiz a merda de perguntar o nome de uma das garotas. Camila. Isso foi o bastante para que eu começasse a chorar compulsivamente - não me entenda mal, eu não sou sensível assim, foi por causa da bebida.

Deixei-as na suíte, aproveitando a noite luxuosa no hotel cinco estrelas e peguei um táxi para o hotel onde minha família estava hospedada. Quase corri para os braços de minha mãe, mas ela não estava em seu quarto, deve ter dormido com as minhas amigas, fofocando até tarde sobre a grande festa. Meu pai me recebeu desesperado, mas de braços abertos, mas eu, obviamente não consegui lhe dizer nada, apenas peguei no sono depois de muito chorar. Nem sei como vim parar nessa cama.

-Lauren perdeu o juízo, Michael. -Ouvi a voz de Cara e franzi o cenho no mesmo instante. A filha da mãe ainda tem a cara de pau de vir atrás de mim.

Levantei da cama no mesmo instante, abrindo a porta e cruzando os braços ao ver os três discutindo sobre mim. Pararam no instante em que me viram.

-O que você pensa que está fazendo, Lauren? -Simon berrou. O rosto vermelho e as veias do pescoço saltando como se fosse explodir.- Em que merda você estava pensando ontem quando saiu do Four Seasons e deixou Cara sozinha?

-Estava pensando em mim e na minha dignidade! -Respondi firme, berrando no mesmo tom. Meu pai fez cara de confusão.- Esse casamento acabou, Simon. Hoje mesmo entrarei em contato com meus advogados. -O queixo de meu pai caiu no mesmo instante, e ele parecia perdido como cego em tiroteio, revezando o olhar entre mim e Cara num ritmo frenético.

-Como assim o casamento de vocês acabou?! -Meu pai colocava a mão no peito, mostrando que estava tão alterado como sua expressão sugeria.

-Essa vadia me traiu! -Gritei, apontando pra Cara e meu pai arregalou os olhos.- Eu não passo mais nem um dia casada com essazinha. -Cara me fuzilou com os olhos. Meu produtor deu uma gargalhar cínica.

-E quem é você pra falar de traição, Lauren Jauregui?

-Você não fale assim da minha filha! -Meu pai peitou meu produtor, que ria.

-Então você não contou pro seu pai que eu tirei a organizadora do seu casamento da sua cama na manhã de ontem?

Olhei pro meu pai no mesmo instante. Ele ia acabar tendo um infarto.

-A organizadora do seu casamento? -Meu pai não podia estar mais assustado.

Eu maneei a cabeça, meio sem graça para ele mas logo voltei meu olhar furioso para Simon.

-Cara disse pra você que está esperando um bebê do fotógrafo da agência dela?

Desta vez todos da sala ficaram boquiabertos, assustados, espantados e indignados. Até Cara parecia não acreditar que eu tinha dito aquilo em voz alta. Mas eu disse e diria em quantas entrevistas fosse dar depois de anular meu casamento. A reputação dela ia pros infernos.

Simon fechou e abriu a boca diversas vezes, sem saber o que dizer. Andou em círculos pela sala da suíte e por fim, soltou um grunhido gutural de raiva e depois apontando pra mim.

-Você vai assumir essa criança. -Foi o que ele disse, soltando o ar pesadamente. Eu estava prestes à mandá-lo para a puta que pariu mas ele continuou.- Eu desembolsei mais de cem mil para que todas as evidências da sua noite de ontem desaparecessem. Esse casamento, Lauren, foi um deslanche pra sua imagem, se você quer repor esses cem mil e muitos milhões mais, você vai manter esse casamento e vai assumir essa criança. Vai falar que era uma surpresa, que mal podia esperar para ter uma família com a mulher da sua vida.

-Você casou pra manter imagem?! -Meu pai berrou e eu mordi o lábio inferior nervosamente, voltando para ele um olhar suave.

-Pai, a gente pode conversar sobre isso mais tarde. -Ele assentiu, incrédulo. Sabia que Simon estava ali por coisas mais urgentes. Voltei o olhar para o meu produtor.- Simon, eu não vou assumir o filho bastardo dessa vadia. L.A. vai providenciar pra mim os melhores advogados desse planeta, eu não quero saber da minha imagem. Eu tenho dignidade. Meu dinheiro dá pra alimentar um país inteiro, eu não preciso de imagem pra fazer música, meus fãs vão me apoiar e eu sei disso.

-Você não tem escolha! -Ele gritou pelos pulmões mas eu não me encolhi.

-Não tenho escolha por quê? Cara já contactou os advogados dela e eles vão me obrigar? -Dei uma risada sem humor.- Faça-me o favor! Eu faço o que eu quiser. Antes não tivesse casado, mas agora eu vou anular essa porra toda.

-Lauren, você não pode falar assim do nosso casamento! Estamos juntas agora e vamos manter uma a outra.

-Nem se você abortar esse projeto de gente!

-Eu nunca abortaria meu filho, sua monstra!

-Você é imunda, Cara! Nem trair alguém você sabe, tinha que ter sentado num pau, né? Puta merda! Uma criança, Cara! Você quer que eu assuma uma criança que não tem nada de meu! Gastei uma fortuna num tratamento pra engravidar você e então você dá pro primeiro que rossa o pau em você.

-Quem é você pra falar de infidelidade, Lauren?! Me traiu embaixo do meu nariz com a organizadora do nosso casamento!

-Traí! Traí mesmo e não me arrependo! Pelo menos ela não tinha um pênis pra gozar em mim e fazer um filho! Porque mesmo te traindo, eu sabia do tamanho das consequências. Mesmo te traindo, eu sabia do compromisso que tinha, mas você esqueceu disso, pelo visto.

-Você ia desistir do casamento por causa dela!

-Acabou a baixaria! -Simon socou o ar com raiva, se ponto entre mim e Cara.- Vocês duas não poderiam se separar nem se ambas concordassem com isso! Vocês assinaram um contrato pré-nupcial! -Ele revezou o olhar entre nós duas e Cara e eu nos encaramos sem entender bulhufas.

-Contrato pré-nupcial? -Eu, Cara e meu pai dissemos ao mesmo tempo.

-Vocês acham que vocês duas eram as únicas preocupadas com a imagem de vocês? Sem vocês, a gente fale. Foram reuniões e mais reuniões entre a Epic e a Storm, fizemos um contrato pré-nupcial para que vocês não arruinassem tudo, como prevemos.

-Eu não me lembro de ter assinado contrato pré-nupcial! -Coloquei as mãos na cintura.- Você se lembra, Cara? -Ela negou, tão espantada quanto eu.

-Estava junto com os papéis do civil. -Ele disse, passando as mãos pela testa suada.- Vocês assinaram na igreja mesmo, e agora têm um contrato que vai ser seguido à risca!

-Eu não vou seguir nenhum contrato que eu não tenha lido! -Cuspi as palavras.

-Você vai! -Ele apontou o dedo pro meu rosto.- Ou vai pagar uma multa de cinco milhões mensais por quatro anos pra Epic e a Storm Models.

-O quê? -Eu e meu pai gritamos ao mesmo tempo.

-Lendo ou não, vocês duas assinaram. O casamento tem que durar no mínimo um ano. Essa criança vai nascer, Lauren e você ainda vai ter um contrato pra cumprir. Vai colocar o seu sobrenome nela, querendo você ou não.

-Um ano?! -Gritei, sentindo meus olhos arderem indicando um choro que logo viria.- Eu não posso ficar um ano casada com essa mulher! Esse casamento já acabou pra mim, não tem condição...

-Você não pode forçá-las a cumprir um contrato que não leram... -Meu pai estava transtornado.

-Elas são maiores de idade, Michael. Elas assinaram, elas tem que cumprir com a responsabilidade. Agora não é questão de querer, é compromisso com a publicidade.

-Sabe com quem eu tenho compromisso, Simon? Eu tenho compromisso comigo! -gritei, batendo no meu peito.- Tenho compromisso com a minha dignidade. Tenho compromisso com a mulher que eu deixei fugir... Por que eu não li a maldita carta na hora certa? Isso não pode estar acontecendo... -Emaranhei meus dedos em meus próprios cabelos e me joguei no sofá, negando com a cabeça.

-Depois dos 365 dias estipulados, vocês façam o que vocês quiserem. -Simon revezou o olhar furioso entre mim e Cara.- Mas nesse período, sugiro que leiam o contrato e saibam como se portar. Entrem em contato com os advogados de vocês e terão acesso à tudo que precisam. Espero que se comportem feito adultas. Irei marcar uma coletiva pra anunciar isso. -Ele fez um sinal banal para a barriga de cara, mostrando total desprezo.- E quanto à você, Lauren -seu olhar foi fulminante.- nem pense em ir atrás daquela garota, senão eu acabo com a carreira dela e com a sua!

Dito isso, meu produtor saiu sem dizer mais nada, batendo a porta com tanta força que eu senti o chão tremer. Enterrei meu rosto nas mãos e senti as lágrimas escorrerem fora do meu controle. Eram de raiva. Eram de arrependimento.

Senti os braços de meu pai me envolverem de forma aconchegante, ele dizia que as coisas iriam tomar um jeito. Eu negava com a cabeça e pensava em diabos de situação eu fui me meter por causa de dinheiro.

-Lauren, as coisas vão ficar bem... -O tom de Cara era amenizador, mas só me fez sentir mais raiva.

-O que você ainda está fazendo aqui? -Levantei o olhar em sua direção. Ela mantinha as duas mãos na barriga, como se quisesse proteger a criança dentro dela.

-Temos que ficar juntas agora, Lauren. -iria protestar mas ela não deixou.- Eu entendo que você não queira mais esse casamento e que esse contrato me favoreceu, mas eu não sabia sobre ele e nunca quis te obrigar a nada. Temos que ficar unidas agora, pelo menos como amigas pra conseguir levar isso pra frente e...

-Cara. Eu não quero olhar pra você. E só vou fazer isso quando for obrigada. -Disse por entre os dentes.- Amanhã meus advogados procurarão os seus por volta da tarde, aí sim você dirija a palavra a mim.

Meu pai se levantou e murmurou algo para Cara que eu não fui capaz de escutar. Ele o guiou até a porta e ficaram um bom tempo numa discussão sussurrada que me irritaria se meus soluços não me deixassem impotente. Não sei quanto tempo eles ficaram se olhando feio e discutindo de forma que eu não podia ouvir. Poucas foram as vezes em que Cara alterou a voz, sendo repreendida por meu pai e mesmo assim eu não soube distinguir sobre o que falavam, mesmo sendo óbvio que era sobre mim.

Depois de um bom tempo, eu ouvi a porta bater. Meu pai suspirou pesadamentee se sentou na mesinha disposta no centro da grande sala da suíte, ficando de frente pra mim. Seu olhar era um misto de decepção, pena e preocupação. Eu me sentia um lixo sabendo que meu pai tinha conhecimento de tudo que estava se passando.

-Acho que agora seria uma boa hora pra você me explicar tudo, mocinha. -Ele disse num ar amigável, acariciando meus joelhos.

-Acho que você já entendeu. -Me encolhi e ele negou com a cabeça, me fitando de forma nostálgica.

-Eu nunca destrataria você por conta das suas atitudes, se é isso que você está pensando que eu vou fazer. -Ele segurou meu rosto.- Eu só quero que você me diga tudo que está acontecendo, do seu ponto de vista.

-É uma longa história. -Suspirei e ele cruzou os braços e esticou as pernas, dando a entender que tinha todo o tempo do mundo.- Eu não queria que você e mamãe ficassem sabendo. -Suspirei mais uma vez.- Cara e eu estávamos mantendo esse relacionamento por causa da imagem, pai. A Epic e a Storm mostraram que tínhamos muito mais lucro quando estávamos juntas e continuamos arrastando tudo até aqui, somos as queridinhas da América, eu posso parar de cantar e ainda vou ser rica se ficar saindo em revistas com a minha esposa perfeita na minha vida de casada perfeita, me entende? A pedi em casamento pra selar logo tudo isso e tornar definitivo, mas aí a Camila apareceu.

-A organizadora do seu casamento?

-É... -Disse pesarosa, sem conseguir encarar meu pai.- Cara e eu estávamos sem ter relações por causa do tratamento... -Fiz uns gestos com as mãos e ele assentiu.- Camila é uma mulher e tanto, então... A gente fez um acordo... -Meu pai arqueou as sobrancelhas.- Fazíamos sexo casual. -Fechei os olhos com força e ouvi um ruído de incredulidade do meu pai.

-Vocês o quê?! -Abri os olhos e vi um olhar quase cômico, porem repreensivo.

-A gente isso aí. -Comprimi os lábios e ele continuou me encarando com repreensão.- Ela era diferente de tudo que eu esperava, era doce as vezes até ingênua. Eu gostava de ficar perto dela, da companhia dela, gostava mais do que eu sequer gostei de estar com Cara um dia. Mas o nosso acordo era claro, não podíamos nos apegar psicologicamente, mas Camila se apegou a mim e eu, sem perceber me apeguei a ela. Ela foi embora antes do meu casamento, deixou uma carta que eu não li por raiva da sua covardia de ter me deixado, porque se ela estivesse do meu lado quando eu acordei, eu não casaria, pai... -Abaixei o olhar.- Quando cheguei no quarto com Cara, depois da festa, eu li a carta. Camila sabia que Cara estava grávida e eu sei que essa criança não é de tratamento nenhum. -As lágrimas já rolavam em meu rosto novamente.

-Puta que pariu... -Foi o que meu pai disse, se levantando para sentar ao meu lado, deixando que eu deitasse em seu colo.- Lauren, eu...

-Pai, a mamãe não pode ficar sabendo disso. Ninguém pode.

-Eu não vou contar pra ninguém, filha. E sugiro que você faça como Cara pretende. -O fitei sem entender.- Se aproximar dela facilitaria as coisas, vocês duas tem muito o que conversar e esclarecer uma pra outra. Precisam ler esse maldito contrato e ver como vão prosseguir. É o único jeito. Toda essa sujeira, fica entre nós, fingimos que ela nunca aconteceu.

-Eu não consigo fazer isso, pai. -Enterrei o rosto nas mãos novamente.

-Você não vai fazer isso sozinha. É um ano, filha. O que é um ano comparado aos cinco que ficou com ela?

-Eu não tinha a Camila antes. -Abaixei a cabeça e meu pai me encarou em dúvida.

-Você ama essa garota?

-Eu não sei. -Bati o pé com força.- Eu só sei que ela é a única pessoa com quem eu queria estar agora, eu queria saber dela, pelo menos onde ela está.

-Você precisa colaborar com a Cara. -Meu pai acariciou meus cabelos.- Quanto mais você parecer aberta a colaborar, menos eles ficarão em cima de vocês e você terá tempo de pensar em como encontrar a cerimonial, se é isso mesmo que você quer fazer. Vai ter tempo pra pensar e fazer sua música, você tem que dar um jeito de dar um pé na bunda do Simon antes de qualquer coisa. -Ele riu e eu deixei um riso escapar. Só meu pai mesmo pra entender essa situação.- Vamos dar um jeito, pequena.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...