História Ser ou Parecer - Duas crianças (2 Temporada)

Anteriormente...

A jovem abriu a porta sem olhar através do olho mágico e se espantou com a presença da namorada.

- Valentina? - perguntou surpresa - Porque voltou? Aconteceu alguma coisa?

- Porque você disse que não.

- O quê? - indagou confusa.

- Você disse que não queria ir dormir no meu apartamento, então eu resolvi dormir na sua casa. - Melida abriu levemente a boca - Quer dizer, vou passar o final de semana no seu apartamento.

Narrador P.O.V

[PLAY] Dandelions - Ruth B

E antes mesmo que Melida pudesse dizer alguma coisa, Valentina entrou puxando uma mala de rodinha. Melida trancou a porta e correu atrás da namorada que já invadia seu quarto.

- Vou colocar minhas coisas no seu closet. - Melida ainda surpresa apenas assentia lentamente - Percebi que não tenho nada aqui, e isso é um absurdo. - Valentina retirava suas roupas da mala e guardava no closet - Eu li na internet que todo casal de namorados possuem ao menos uma peça de roupa na casa do outro. Você tem algumas peças na minha casa, mas eu não tenho nada na sua.

- Onde estão seus seguranças? - Melida conseguiu perguntar.

- Lá embaixo. - Mel franziu o cenho - Apenas o Gibson, ele vai dormir no carro.

- O quê? - indagou assustada - Não, claro que não. Pede para ele subir, ele pode dormir no quarto de hóspedes.

- Não sei porque se preocupa tanto com meus seguranças. - disse ainda arrumando suas coisas -O salário deles é maior que o seu, sabia?

- Só porque eles ganham bem, não significa que devam ser tratados de qualquer jeito. - Valen parou e encarou a namorada com uma sobrancelha arqueada. - São seres humanos.

- Acha mesmo que eu o deixaria dormir no carro? - perguntou retoricamente - Eles estão no edifício aí da frente, irão vigiar o perímetro de um dos apartamentos.

- Ah… Eu pensei..

- Que eu não me importo com meus funcionários?! Eu me importo, estão comigo desde que me mudei para Londres, são praticamente da família, principalmente o Gibson. - voltou a arrumar suas coisas - Mas enfim, eu repensei como você me mandou e ainda não encontrei o erro.

- Do que… Ah, sobre a situação do Nicolas. - Mel suspirou e pensou um pouco antes de falar - O erro está na forma em que você falou com a sua mãe, e em como debochou da situação do seu irmão. Mesmo que não os tenha perdoado, eles são e sempre serão sua família.

- Eu só respondi o que ela perguntou. - retrucou guardando a mala vazia - Queria que eu mentisse? Eu não vou assumir a empresa.

- Você nem sabe se é essa a proposta. - Melida falou cruzando os braços e encostando no batente da porta - Ela pediu para conversar, não propôs nada ainda.

- Eu conheço muito bem as mães que eu tenho. Ela vai querer que eu faça algo que me coloque em evidência para silenciar o retorno dele ao restaurante. - pegou uma escova de dentes e caminhou para o banheiro - Quando eu disse para isolá-los no meio do mato, eu não estava debochando. Infelizmente, ele é mimado e burro..

- Valen. - a repreendeu.

- O quê? Vai defender o seu amigo até quando? Ele é burro sim, nunca se esforçou em relação a nada. Olha onde a tentativa de se encaixar em um padrão hétero top o colocou. Você acha que vai levar quantos dias até que ele dê uma bola fora e a história vá parar nos veículos de fofocas? - a jovem empresária colocou pasta na escova - Afastá-lo neste momento é a melhor opção. Ela pode me nomear CEO da Jauregui Corporation, ainda sim, não vou conseguir manter as ações estáveis se algo assim explodir. Inclusive, seria até pior, pois iriam colocar a minha capacidade em questionamento se baseando nas ações dele, que tem a mesma idade que eu.

- Você podia ter falado isso a ela. - argumentou - Ela foi pega de surpresa, estava nervosa, não estava pensando direito. - se aproximou pegando uma escova também - Por mais que ele tenha errado.. - Valen revirou os olhos - Agora tem uma criança no meio, e ela não tem culpa de nada, deve ser preservada ao máximo. Vá a reunião e escute, mas também coloque seus pontos na mesa, ela vai te ouvir. Tenho certeza de que vocês podem entrar em um consenso.

- Pode ser. - deu de ombros antes de enxaguar a boca - Vamos ver quando ela marcar.

- Mas não vá preparada para atacar, lembre-se de que ela é sua mãe e você não a odeia. - Valen assentiu guardando a escova e se sentando sobre a tampa do vaso para esperar a namorada terminar - Então, agora diga a verdade. Porque voltou? Não estou reclamando, só quero saber se aconteceu alguma coisa.

- Você me disse para ter bons sonhos. - Mel assentiu enxugando as mãos e a boca - Eu só tenho bons sonhos quando você dorme comigo.

- Me sinto lisonjeada, mas eu acho que você deveria voltar a conversar com uma psicóloga. - estendeu a mão para ajudar Valen a se levantar e deixar o banheiro - É para o seu próprio bem, para que você tenha qualidade de vida, infelizmente não poderei dormir todos os dias com você.

- Eu sei. - disse ajudando Melida a arrumar a cama - E eu tenho uma proposta para te fazer. - Mel arqueou uma sobrancelha - Eu volto se você também começar a se consultar.

- Eu?

- Sim, você. - Mel tinha o cenho franzido - Você não está bem, não viveu o luto como deveria por minha causa, para me ajudar.

- Estou bem. - retrucou na defensiva.

- Não, não está. - Mel se sentou na cama e Valentina fez o mesmo - Minhas mães também perceberam e estão preocupadas com você. - Mel abaixou o olhar com tristeza - Lembra? Eu cuido de você, você cuida de mim. - apertou a mão da namorada - Vamos procurar ajuda juntas.

- E-eu.. Acho que tive dois ataques de pânico. - Valentina franziu o cenho - A primeira vez aconteceu na empresa algumas semanas atrás. Meus batimentos cardíacos aumentaram do nada, e de repente eu estava tendo a sensação de estar sofrendo asfixia. Eu fiquei com muito medo, mas não conseguia pedir ajuda até que minutos depois passou como se nada tivesse acontecido.

- E quando foi a outra? - Valentina estava preocupada, sua mãe tinha razão.

- Aqui em casa. - Valen assentiu para que ela prosseguisse - Eu acordei na madrugada com os mesmos sintomas, mas desta vez eu sentia um medo extremo, não tinha motivo aparente, eu acordei chorando.

- Sabe que isso pode se tornar algo mais grave, não sabe? - Mel assentiu - Vou falar com a minha antiga psicóloga na segunda-feira. Nós vamos superar tudo isso juntas, promete?

- Prometo. - afirmou sorrindo fraco.

- Agora vem, vamos dormir. - disse puxando Melida sobre si. - Você ainda tem que preparar sua aula, não pense que esqueci da história de andar nua pela rua.

Melida gargalhou se deixando cair sobre a namorada. Valentina também acabou rindo com a namorada. Valentina mordeu de leve a bochecha da namorada antes de a soltar para que ela se ajustasse ao seu lado.

- Você trouxe uma mala um pouco grande para passar apenas o final de semana. - comentou Melida se ajeitando para ficar de frente para Valen - Por acaso está pensando em morar aqui?

- Não, ainda não somos casadas. - respondeu também se virando para ficar de frente para Mel. - Mas talvez eu passe a semana.

- Pensa realmente em se casar comigo? - perguntou um pouco mais baixo.

- Mas é claro! - respondeu sem hesitar - Com quem mais eu me casaria?

- Não sei. Não te faltam pretendentes, desde empresários milionários a artistas. - Valentina arqueou uma sobrancelha - Você tem muitos fãs.

- Algum deles se chama Melida?

- Não. - respondeu soltando um riso nasal.

- Então não me interessam.

- Está comigo só pelo meu nome? - indagou cutucando o abdômen da outra.

- Não, estou com você pelo seu cérebro sexy.

- O quê? - Melida parou e perguntou sorrindo.

- Eu sou um Zombie, você não sabia? - respondeu como se estivesse contando um segredo - Eu cativo a minha vítima, e quando ela está bem apaixonada por mim, eu como o cérebro dela enquanto ela dorme.

Melida parou de rir e ficou encarando a namorada que falava com seriedade. Valentina sorriu de lado antes de assustar Melida ao pular sobre a jovem.

- Estou brincando, amor. - disse sorrindo e depositando inúmeros beijos pelo rosto da namorada - Este é basicamente o enredo do meu novo jogo.

- Você me assustou. - confessou apertando a cintura da namorada.

- Percebi. - disse sorrindo sapeca com a língua entre os dentes. - Amor?

- Hum?

- O que você acha de viajarmos no próximo final de semana? - questionou escondendo o rosto no pescoço da namorada - A gente vai na sexta à noite e volta na segunda de manhã. A empresa irá entrar em recesso mesmo.

- E para onde iríamos? - perguntou curiosa.

- Segredo. - respondeu sem se mover. - Mas não precisa se preocupar, sei que não gosta quando tento pagar algo. A casa é das minhas mães, não iremos ficar em nenhum hotel caro.

- Okay, vamos viajar então. - Valentina ergueu a cabeça para olhar nos olhos da namorada, e Melida pode ver os olhos da jovem brilharem. - O que foi?

- Sempre que olho para você, você parece ficar ainda mais bonita. - Mel corou com a resposta direta de Valentina. - Será a nossa primeira viagem juntas.

- Verdade.

- Agora vamos dormir, pois amanhã preciso começar a preparar nossa viagem. - a jovem empresária não saiu de cima da namorada, apenas voltou a descansar a cabeça no ombro da namorada - Terei que fazer algumas ligações.

- E você não vai sair de cima de mim? - Melida indagou confusa.

- Não, está confortável aqui. - respondeu se aninhando ainda mais sobre Melida - Assim é garantido que terei bons sonhos.

Melida até pensou em retrucar, pois tinha certeza que iria acordar com metade do corpo dormente, mas Valentina estava tão espontânea e feliz desde que chegou em seu apartamento que ela preferiu não dizer nada, apenas beijou a bochecha da outra e a apertou contra si desejando um “boa noite”, que foi respondido com um murmúrio.

And I've heard of a love that comes once in a lifetime… And I'm pretty sure that you are that love of mine

(E eu ouvi falar de um amor que vem uma vez na vida… E eu tenho certeza de que você é esse amor meu) Dandelions - Ruth B

No dia seguinte, Micaela acordou, realizou sua higiene pessoal e foi para a cozinha onde provavelmente sua irmã e sua cunhada já estavam tomando café. Ao chegar na cozinha notou algo estranho, pois ainda não tinha visto aquela cena desde que se mudou. Bea estava sentada no colo de Luna, com a cabeça apoiada no ombro da mãe.

-Bom dia! - cumprimentou.

- Bom dia, Mica! - apenas Emily e Luna responderam.

- Dormiu bem, Mica? - indagou Emily.

- Ah.. Sim, dormi sim. - pegou um pão e começou a colocar os frios - É.. você está sentindo alguma coisa, Bea?

- Ela está bem. - Luna respondeu ao que Bea não se manifestou. A menina tinha o pensamento longe e o olhar triste - Ela só não dormiu direito.

- Oh.. Às vezes eu tenho pesadelos também. - comentou inocente.

- Você quer achocolatado ou suco, Mica? - Emily tratou de mudar o rumo da conversa.

- Suco.

- Mamãe, podemos assistir “Como treinar o seu dragão”? - Bea perguntou baixinho.

- Claro, filha. - Luna concordou. - Pode ir colocando, eu já vou. - a menina assentiu antes de deixar o colo da mãe - Amor, liga para a Valen, por favor. Veja se ele está bem, se passará o dia sozinha.

- Pode deixar, amor. - Luna também deixou a mesa. Micaela não estava entendendo nada - Hoje o pai da Bea estaria fazendo aniversário.

- Oh..

- Ela fica muito emotiva nesta data. - Mica assentiu compreendendo - Sempre sonha com ele, mas às vezes sonha com o cativeiro…

- Cativeiro? - perguntou confusa.

- Ah, você não conhece a história. Vou te contar o que aconteceu. - enquanto Mica comia, Emily contava como se deu o sequestro de Bea e Valentina - E foi assim que a conhecemos e a adotamos.

- Wow.. Eu não sabia que ela tinha passado por algo assim. - confessou com tristeza - Ela é sempre tão alegre.

- Ela é, mas tem dias que ela sente muito a falta dele.

- A madrinha dela é aquela moça namorada da Melida? - indagou curiosa e Emily assentiu - Ah, ela também deve ficar triste as vezes, né? Ainda bem que ela tem a Mel, ela é muito legal.

- É.. Ela é legal sim. - concordou achando graça do comentário - Você se deu muito bem com a Mel, não é mesmo?

- Sim, ela é inteligente e gosta de acompanhar a nwsl. - Emily assentiu surpresa - Ela jogou futebol na universidade. Ela disse que não é muito boa, mas que se eu for posso conseguir uma bolsa para estudar de graça. Isso é legal, não é? Mamãe dizia que queria me ver na faculdade, mas que provavelmente não teríamos dinheiro para pagar. Uma bolsa resolve o problema.

- E o que você quer ser? - indagou surpresa com a revelação da menina.

- Jogadora de futebol. - Emily riu.

- Okay, mas além de jogadora. O que quer cursar? - Micaela franziu o cenho pensativa.

- Eu não sei, eu só quero jogar futebol. - a menina agora estava preocupada - Eu acho que não consigo ser médica igual vocês, eu não sou tão inteligente e não gosto de sangue.. Mas também não me vejo em um escritório, não gosto de lugares fechados.. - a menina divagava e Emily se divertia - Mas eu gosto de desenhar, talvez eu faça algo em que eu possa desenhar…

- Você terá muito tempo para se decidir. - a interrompeu - Mas se a sua primeira opção é o futebol, então você precisa começar a treinar. - Mica assentiu - As universidades só dão bolsas para aqueles que são realmente bons, que se destacam em campeonatos ao longo da vida escolar e isso deve andar junto com suas notas. - os ombros da menina caiu e Emily percebeu - Mas isso não será difícil desde que você mantenha o foco. Muitos pensam que vida de atleta é fácil, não é. É muito treino, viagens que exigem que você passe muito tempo longe da família. Não tem feriado, não tem aniversário, você vai viver em função da profissão. Mas se é isso que você realmente quer, então nós te apoiaremos.

- Obrigada, Em. - agradeceu verdadeiramente.

- Disponha. - disse se levantando - Eu vou ligar para a Valen, já volto.

Micaela assentiu e continuou comendo, algo que Luna e Emily já haviam reparado, a menina gostava de comer e não tinha frescura com comida. Não muito longe, Valentina e Melida também realizavam o desjejum, quando o celular de Valentina tocou.

Ligação On

- Bom dia! - atendeu a jovem. - A que devo a honra de sua ligação a essa hora, Mily?

- Bom dia, Valen. - respondeu Emily - Você dormiu bem? Está em casa?

- Dormi sim, estou na casa da Mel. - Emily suspirou aliviada - A Bea não está bem, não é?

- Não, teve pesadelo a noite e está tristinha agora. - Melida prestava atenção na namorada - Que bom que a Melida está com você.

- Sim. - sorriu para a namorada que retribuiu - Posso levar a Bea para passear mais tarde? Eu passo aí para pegá-la.

- Claro, vou falar para ela. - de longe Emily via Mica retirar a mesa - Até mais tarde, Valen.

- Até.

Ligação Off

- Aconteceu alguma coisa com a Bea? - indagou Melida.

- Hoje o Helts estaria fazendo aniversário. - Melida abriu a boca surpresa - Nesta data e quando se aproxima da data que fomos resgatadas, a Bea costuma sentir muita falta dele. - Melida enfim entendeu - É normal ela ter pesadelos nestas datas, e por algum motivo eu sempre sinto quando ela não está bem, e não durmo direito.

- Oh.. Por isso veio para o meu apartamento ontem. - concluiu Melida - Me desculpa, eu não sabia. Se eu soubesse teria ido dormir no seu apartamento.

- Está tudo bem. - afirmou a empresária - Pela primeira vez desde que tudo aconteceu, eu não tive pesadelos, dormi bem e nem estava me lembrando até ver o nome da Mily na tela do celular.

- Fico feliz por ter ajudado, mesmo que inconscientemente. - Valentina sorriu voltando a sorver de seu café - Você irá leva-la para passear?

- Não, nós iremos. - Melida abriu a boca para responder, mas Valen foi mais rápido - Vamos? A Micaela pareceu gostar muito de você, levamos elas ao parque e fazemos um piquenique. - Melida suspirou - Por favor?

- Okay, vamos ao parque fazer um piquenique.

- YES! - comemorou Valentina - Vou avisar o Gibson e pedir ele para comprar algumas coisas, já volto.

E antes que Melida pudesse falar alguma coisa, Valentina se levantou digitando freneticamente no celular. Melida sorriu negando com a cabeça, agora fazia sentido a invasão da namorada ao seu apartamento na noite anterior.

Horas mais tarde…

Gibson estacionou o carro na porta do edifício onde Emily e Luna moravam. Emily estava na calçada com Bea e Micaela. Valentina e Melida desceram para cumprimentar a médica e as duas meninas. Elas não se estenderam e logo entraram no carro, Valentina tinha pedido a Gibson que usasse o Mercedes-Benz GLB 200, pois o mesmo possui sete lugares, assim não precisaria usar dois veículos. O caminho até o parque escolhido não demorou, elas logo desceram e escolheram uma árvore para estender a toalha e se sentarem.

- Sério? - indagou Melida, erguendo uma toalha xadrez vermelha e branca.

- Os filmes retratam piqueniques assim. - respondeu dando de ombros. Melida sorriu negando com a cabeça.

- Mica? - Mel chamou a atenção da menina que admirava o lago. - Eu trouxe algo que você vai gostar, está no porta malas. Pede o Gib para pegar para você.

A menina franziu o cenho, mas acatou o pedido e caminhou até o segurança que estava encostado no carro. Os quatro seguranças não usavam terno para não chamarem muita atenção, porém se mantiveram sentados próximos, cada um em um local aumentando o campo de visão, afinal, Valentina não estava sozinha.

- É.. Oi. - Mica falou com receio - A tia Mel disse que tem algo para mim no porta malas.

- Então é para você, hã? - brincou o segurança - Imaginei que não fosse para a Bea, nunca a vi com uma. - o segurança retirou uma bola de futebol e estendeu para Mica - Aqui, divirta-se.

- O-Obrigado! - aceitou a bola com os olhos brilhando e logo correu em direção às outras.

- Oh, uma bola! - Bea falou apontando para Micaela que se aproximava sorrindo de orelha a orelha.

- Podemos jogar, tia Mel? - Micaela saltitava com a bola nas mãos - Vem, Bea, vamos brincar.

- Eu não sei jogar. - respondeu Bea se sentando ao lado de Valentina. - Prefiro olhar.

- Tia Mel? - indagou esperançosa.

- Vamos lá! - respondeu se levantando - Só não me humilhe muito.

Micaela correu na frente e Melida foi logo atrás. Bea pegou uma caixinha de suco e abriu, Valentina colocou os óculos de sol e pegou os morangos para comer. A brincadeira mal havia começado e já era possível notar a habilidade de Micaela com bola. Quando Valentina percebeu pegou o celular e fez uma vídeo chamada com Olívia.

Ligação On

- Oi, Valen. - atendeu Olívia - O que está aprontando?

- Oi, Liv. - disse acenando para a amiga - Olha só quem está aqui comigo. - ela virou o celular para Bea que sorriu e deu um tchauzinho para a loira. - Não estou aprontando nada.

- Você está em um parque? - perguntou observando o fundo da imagem.

- Sim. - respondeu sorrindo - Estamos fazendo um piquenique. - Olívia arqueou uma sobrancelha - E veja só o que eu descobri. - Valentina inverteu a câmera para gravar a namorada jogando com Micaela - A Micaela é mais apaixonada por futebol do que você.

- MENTIRA! - a mais velha gritou fazendo Bea rir do susto que sua madrinha levou - Ela joga bem pra caramba, Valen.

- Ela disse que quer ser jogadora quando crescer. - Bea falou rindo da empolgação da londrina.

- E adivinha que irá virar madrinha dela? - Valentina perguntou sorrindo e voltando a câmera para si.

- Não ouse, Valen. - exigiu a loira - Você já é madrinha da Bea.

- E quem disse que serei eu? - Bea estava se divertindo com a cara de revolta que Olívia estava fazendo. - Não viu, ela se deu muito bem com a minha namorada.

- É que ela não me conhece ainda. - disse balançando as sobrancelhas - Eu sou muito legal, e posso levá-la para assistir vários jogos.

- Mas a tia Melida é muiiiito legal. - Bea falou alfinetando Olívia - Ela vai dar aulas particulares de matemática para a Mica, e ela trouxe uma bola para ela brincar.

- Até você, Bea? - indagou incrédula fazendo Bea e Valentina gargalharem.

- Bem, agora a gente vai se divertir. - Valentina falou se despedindo. - Tchau, Liv.

Ligação off

E antes que Olívia respondesse, Valentina encerrou a chamada voltando a rir com Bea. Melida e Micaela continuavam brincando completamente alheias ao que estava acontecendo.

- Ei, que tal nos juntarmos a elas? - perguntou Valentina. - Tenho certeza de que podemos fazer duas equipes.

- Eu sou péssima jogadora, madrinha. - comentou Bea.

- Eu também sou. - disse se levantando - Mas será divertido.

Bea negou com a cabeça antes de se levantar. Valentina se aproximou da namorada e disse que queria jogar, Melida sugeriu fazerem dois times: Ela e Micaela, contra Bea e Valentina. A jovem empresária prontamente aceitou. Improvisaram as metas (Gol) usando os próprios sapatos. Melida deixou que a namorada iniciasse a partida, Valentina e Bea eram péssimas, não se entendiam e não sabiam para onde chutar. Micaela gargalhava da situação assim como Melida. O tempo foi passando e a vergonha aumentando, até os seguranças estavam rindo da situação da patroa (que se acertou a bola três vezes foi muito). Em um lance de sorte, Bea conseguiu pegar a bola, mas a menina não tinha habilidade para driblar ninguém e estava de frente com Melida. Valentina viu e fez a única coisa que julgou ser certa, correu em direção a namorada e se chocou contra ela, levando-as ao chão. Micaela parou e arregalou os olhos, assim como Gibson, pois a cena foi digna de futebol americano. Bea aproveitou e devagar conseguiu chegar ao gol.

- UHULL! - Bea pulava comemorando - NÓS CONSEGUIMOS, MADRINHA!

- AH-RA! - Valentina levantou-se rapidamente comemorando - Viu só, não perdemos de zero. - ela abraçou e girou Bea, Micaela parou ao lado de Melida que apoiava o corpo sobre os cotovelos - Pronto, agora podemos parar e comer.

- Que tombo feio, tia! - disse Micaela segurando o riso. Melida a encarou com uma sobrancelha arqueada - Ela te derrubou com uma facilidade.

- Acho que a senhora pegou pesado, madrinha. - comentou Bea parando ao lado de Valentina. - Vocês poderiam ter se machucado feio.

- Vem, amor. - estendeu a mão para ajudá-la a se levantar, Melida aceitou, mas a puxou sobre si - Ahhhh, filha da...

- Olha a boca, amor. - sorriu roubando-lhe um selinho, mas logo fez uma careta - Acho que dei um jeito nas minhas costas.

- Desculpa. - pediu culpada. - Vem, vamos nos hidratar.

Melida se levantou e gemeu de dor ao esticar a coluna. Micaela saiu andando na frente com Bea. Assim que todos se sentaram, Valentina abriu a cesta e retirou os mini sanduíches, sucos, e frutas.