História Será que eu realmente te amo? - Femanta - "...Lentamente, e de repente"

Samanta colocou a celular no ouvido enquanto esperava sua mãe atender. Não sabia se estava acordada aquela hora, mas se mandasse mensagem provavelmente não veria. Para sua sorte, sua mãe atendeu, já gritando querendo saber onde ela estava.

- Ma... Mãe. Mãe! Mãe, calma! Eu... eu tô bem! Mãe... sim, eu sei. Eu sei... - Samanta ficou muda, esperando o sermão de sua mãe diminuir e finalmente poder falar. - É eu sei... sim, eu sei. Eu...

- Você poderia ter vindo de Uber! - Ivone exclamou, brava, mas preocupada.

- Não dava! O bairro tá perigoso esses dias, o Uber deu área indisponível! E eu não queria ir de ônibus porque aí... eu poderia ser assaltada. - Respondeu Samanta. Ivone suspirou.

- Tudo bem... mas onde você está? - Ivone perguntou.

- Hã... na casa de um amigo... - Disse Samanta, meio incerta. - Eu meio que não tive escolha... - Disse Samanta, olhando para feio para o chefe que passava na sua frente.

- Tudo bem. Mas você está segura?! É seguro aí? - Ivone perguntou exasperada.

- Sim mãe, sim... - Samanta deu uma leve risada.

- Então tudo bem... você está segura, isso é o que importa! - Ivone suspirou, se acalmando. - Enfim, deixa eu voltar a dormir, fique bem viu filha? - Samanta sorriu.

- Tudo bem, mãe. - Disse Samanta. - Tchau...

- Tchau minha filha. - Disse Ivone, antes de desligar. Samanta suspirou, e deixou o celular sobre a mesa.

- E então? - Felipe se aproximou, com uma toalha vinho, algumas peças de roupas.

- Então o quê menino? - Samanta questionou, confusa.

- Ela gritou muito contigo? - Felipe brincou.

- Talvez... - Disse Samanta, não respondendo muito a pergunta de Felipe. Felipe franziu a testa confuso com a resposta sem sentido da morena.

- Enfim, aqui. - Felipe ergueu a toalha e as peças de roupas para morena. - Toalha, roupas e tem alguns produtos de higiene no próprio banheiro. Toma. -

Samanta pegou as peças e olhou. Blusa da coleção de Felipe (Para um leve alívio de Samanta), uma calça de moletom nova ( O que confundiu levemente Samanta) e uma tolha comum.

- Valeu - Samanta agradeceu, meio envergonhada. Aquela situação era desconfortável para a morena. Passaria a noite no casa do seu chefe. CONTRA SUA VONTADE! Isso se encaixaria em algum tipo de sequestro? Os dois ficaram num silêncio meio estranho.

- Eu... - Samanta começou, quebrando o silêncio estranho. - Eu... eu acho que vou tomar banho. - Disse Samanta, sem saber meio o que dizer.

- Ah, tudo bem... eu vou preparar a janta. - Disse Felipe. Samanta pressionou os lábios, tentando evitar a risada.

- Felipe, você não sabe cozinhar! Mais capaz de você colocar fogo no Rio de Janeiro! - Samanta brincou, tentando evitar a vontade de ri.

- Olha, não precisava esfregar isso na minha cara né?! Não tinha a menor necessidade, tá?! - Dizia Felipe, dramatizando uma cara de choro falso. Fazendo Samanta rir, deixando o clima um pouco mais leve.

- Eu só digo verdade, amadinho. - Disse Samanta, rindo.

[...]

Samanta terminou de se vestir. Uma das blusa da coleção de 2021, e a calça de moletom que conscientemente a coube perfeitamente. Samanta tinha que admitir, a versão masculina da blusa era realmente confortável, apesar de ser meio grande. Mas talvez fosse isso que o fizesse ser tão confortável. Juntamente ao seu cabelo preso para não molhar para não ter a necessidade de pentear já que não tinha uma escova de cabelo. Sentia como se realmente estivesse em casa! (Ironia)

Samanta pegou suas roupas, saiu do banheiro, e colocou dentro de sua bolsa em cima de sua cama. Queria sair do quarto, mas estava levemente envergonhada em sair com as roupas do Felipe como se não fosse nada. Maaas, não tinha muita escolha. Samanta caminhou até a porta, e foi em direção a cozinha onde viu Felipe procurando algo nos armários.

- Que que cê tá fazendo menino? - Samanta perguntou, vendo o chefe quase pendurado no armário.

Felipe que procurava algo em seu armario, virou sua cabeça em direção a morena. Sua expressão franzida se desfez quando viu a funcionária com suas roupas. Não eram justas para amostar o corpo da morena, mas as roupas levemente largas à fazia parecer tão... fofa?

- Tô procurando comida, já que tu não come quase metade dos alimentos existentes... - Provocou Felipe.

- Ei! - Samanta exclamou, fingindo estar ofendida. Felipe deu um leve sorriso de canto. Enquanto procurava, acabou achando milho para pipoca. Felipe teve uma ideia.

- Tive uma ideia... ô Samanta, - Felipe chamou a garota, que olhava o celular. A morena olhou para ele. - Que que tu acha de pipoca?

- Pipoca? - Samanta franziu a testa confusa.

- Filme? - Felipe sugeriu.

- Série? - Samanta sugeriu de volta.

- Brooklyn Nine-Nine? - Felipe sugeriu de volta.

- Tá bom. - Samanta encolheu os ombros. Felipe sorriu, descendo da cadeira.

- É... tu me ajuda? - Felipe perguntou. Samanta assentiu.

[...]

- "My name is Adelaide Van Hoyt" - Felipe repetiu, enquanto via a cena passando no grande telão de seu cinema.

- "I'm 89 years old" - Samanta repetiu em seguida, de repente, fazendo Felipe se assustar. Mas entrou na brincadeira.

- "And i'm here to report a crime." - Felipe repetiu.

- "Not a problem. We can help you." - Repetiu Samanta, dramatizando Amy.

- Ih, tu assiste mesmo." - Disse Felipe se afastando surpreso. 

- Eu te disse amadinho. Não quis acreditar em mim porque não quis! - Disse Samanta se ajeitando no sofá onde sentava.

- É verdade, não tava botando muita confiança...mas me surpreendeu.- Respondeu Felipe.

- Amadinho, só digo verdades! - Disse Samanta, se enfiando na coberta cobrindo os ombros.

- Exceto quando tu mente, né?! Maior mentirosa que eu conheço! - Felipe exclamou, colocando as mãos na cintura de forma falsamente indignada.

- Aham! Tá bom Felipe Neto! Mente na cara dura só para ganhar! - Samanta exclamou.

- Olha só, no jogo não existe amor tá legal? É cada um por si! - Disse Felipe tentando debater.

- "Não, eu não vou matar o Bruno não porque ele é o único me entende" - Samanta o remenda de forma debochada.

- E é verdade. Até tu também, me mata sem dó nem piedade! - Felipe exclamou.

- Mentira que eu tenho dó sim! Só não tenho piedade... - Disse Samanta. Felipe não respondeu nada, apenas a encarou.

- Welcome to the Máfia! - Disse Felipe, repetindo a fala da cena que passava. Samanta deu um empurrão no ombro de Felipe, rindo.

- Idiota! - Samanta murmurou.

- Ai ai, dodói... - Disse Felipe, esfregando o ombro que a morena praticamente o violentou. Samanta riu e balançou a cabeça. Felipe riu juntamente com a garota e se encostou no sofá novamente, deu um olhar a morena ao seu lado e deu um leve sorriso de canto.

[...]

- PERALTIAGO! - Samanta exclamou, de repente, fazendo Felipe se assustar.

- AI QUE SUSTO MULHER! - Felipe exclamou, assustado e com raiva.

- Peraltiago rapaz! Isso sim é casal! - Disse Samanta, dando uma fangirl.

- Meu deus... não estava preparado para a versão "Samanta fangirl" - Disse Felipe, zombando da garota.

- Moleque, vai me dizer que tu não tem nenhum casal que tu shippa?! -Samanta cerrou os olhos, desconfiando do amigo.

- Não... não como um fangirl como tu aí. - Felipe respondeu.

- Ai Felipe... eu tenho tanta dó de ti... eu tenho um milhão de série e filme para tu mudar isso... mas isso para depois. Acho melhor ir pro meu quarto... - Disse Samanta, se levantando do sofá.

- O quê?... - Disse Felipe, como se não acreditasse. Esses minutos com a morena, brincando, fazendo piadas sem graça, e rindo de coisa nada a ver foram tão bons. Um momento só deles que sinceramente, Felipe realmente apreciou.

- O quarto que você me "emprestou" para eu passar a noite, amadinho. - Disse Samanta. Embora também tivesse apreciado o tempo que passou a mais com o amigo, era levemente desconfortável aquele situação. Era como se ao mesmo tempo que quissesse, não quissesse Felipe por perto. Samanta tinha pensado em motivos do porquê disso, mas já na primeira opção, já rejeitou a possibilidade. Ela só queria estar em casa naquele momento...

- Eu sei, mas tu nunca dorme antes da três. - Disse Felipe, tentando convencer a morena ficar por mais alguns minutos. - Não, fica aí, assistir uns negócios. Se o problema é você se sentir meio desconfortável porque não está na sua casa, só está eu e você aqui. - Disse Felipe. Samanta apertou os dedos.

- Não sei não... - Samanta murmurou.

- Não... vai embora não... - Disse Felipe, preguiçosamente.

- Nova skin desbloqueada: Felipe Neto carente. É outro nível! - Samanta riu.

- Se tu for, eu ou fazer cosquinha. - Disse Felipe, eu um tom sério. Mas Felipe estava numa posição tão... relaxado que não dava para o levar a sério.

- Felipe, vai dormir vai. - Disse Samanta riu, dando de costas começando a andar. Felipe pegou no pulso da garota e a trouxe de perto, fazendo cosquinha na região da área da cintura. A morena tentou relutar, sair das garras do chefe, mas não consegiu. A mesma caiu no sofá, se debatendo ao som de suas risadas.

- F-Felipe... para! - Tentou dizer Samanta em meio as suas risadas. Após alguns segundos praticamente torturando a funcionária, Felipe tirou as mãos da amiga, a deixando finalmente respirar.

- Eu... nunca mais... apareço na sua casa... de novo. - Disse Samanta ofegante recuperando o ar perdido a sua risada. Felipe riu.

- O problema que eu você não apareceu na minha casa, eu meio que te sequestrei... - Disse Felipe dando uma risada no final.

- Tá fazendo igual fez com a Laura Caixão Muleque! Saí! Não quero homem tóxico perto de mim não! - Brincou Samanta.

- Eu não tive culpa se ela se apaixonou por mim! - Felipe debateu.

- É... se chama "Síndrome de Estocolmo" - Disse Samanta, o olhando.

Estavam praticamente deitados sobre o outro. Felipe estava espatifado no sofá, e a morena praticamente deitava sobre ele. Com as mãos sobre sua barriga, encaixada entre Felipe e o encosto do sofá.

- Era só um jogo menina! Jogo não tem problema não - Disse o mais pálido. Samanta de repente começou a rir.

- Lembrei da menina que fez sexo assistindo seu vídeo. - Disse Samanta, rindo.

- Nossa... me lembra disso não, eu me senti tão sujo, sei lá. - Disse Felipe, torcendo o nariz. Samanta riu ainda mais.

- Aí amadinho, isso vai estar cravado no seu cérebro para sempre. - Disse Samanta.

- Argh! - Felipe grunhiu, se relaxando mais ainda no sofá. Samanta riu.

Oa dois continuaram naquele mesma posição por horas. Conversando, fazendo piadas ruins, falando sobre Botafogo, falando sobre o canal, as aulas de natação de Samanta... foram realmente horas apreciativa e divertida pelos dois. Um momento de intimidade genuína. O desconfortável que Samanta sentia momentos atrás simplesmente desapareceu. A sensação de conforto de perto do Felipe era genuíno. Sentia que podia ficar ali conversando com o chefe, que parecia que nunca acabaria assunto. O quê fez pensar que o desconforto mais cedo, era realmente apenas por não estar em casa. Mas agora, era estranho já que parecia que se sentia... tão... em casa...

E Felipe, bom... talvez tivesse uma resposta.

Talvez...

"Eu me apaixonei como você dorme: Lentamente, e de repente" - John Green.