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História Serendipidade - Os moleques do internato (Parte 2)


Escrita por: Luondo

Notas do Autor


...oi?
não sei se ainda há algum leitor original por aqui, mas... voltei hhehe..
desculpa
não tenho muito oq dizer
anos se passaram e eu resolvi que ia (tentar ao menos) concluir isso aqui
espero que gostem do cap
qlqr dúvida, comente...

Capítulo 3 - Os moleques do internato (Parte 2)


Sasuke nem sempre gostava da Suigetsu, mas bem, ele nem sempre gostava de muitas coisas mas as tolerava por benefícios incluídos. Já havia aceitado aquela regra da humanidade: nada nunca será perfeito. Ele gostava de usar essa analogia de forma bem abrangente, tanto para pessoas como para negócios. 

Pessoalmente, não era alguém de muitas furtividades ou papas na língua, se algo não estava de acordo com o planejado, era dito. Não gostava de assuntos não resolvidos e, como um bom filho de Fugaku Uchiha, não tinha lá muita paciência para endoçar suas falas. 

Fora criado por um homem direto e havia se tornado um homem direto. 

Isso não era diferente para com ninguém. Muito menos Suigetsu. 

— Ei, Sasuke, você esta ouvindo? – saiu do transe momentâneo ao ouvir a voz do platinado ao lado – Caralho, a cada ano que passa você se torna mais insuportável. 

— E você já foi melhor nisso – comentou, sem querer ser ofensivo realmente, apenas como quem quer apontar um erro – Devia parar de beber tanto, esta prejudicando seu desempenho. 

O outro levantou a sobrancelha e bebeu mais um gole do sake posto na mesa ao lado da cama. Riu, com escárnio. 

— Desaparece por anos e volta me criticado, mauricinho filho da puta – bradou – Vai achar outro pra comer então! 

Sasuke suspirou. 

— Não me entenda mal, só não quero que morra de cirrose antes dos trinta – comentou, enquanto vestia as roupas. 

O outro não respondeu nada. E ele já esperava pelo silêncio.

Suigetsu, assim como ele, não era assumido. Uma mínima quantidade de pessoas (em geral seus amantes) sabiam de sua real preferência. E, anos atrás, numa tentativa de se opor aos dizeres da faculdade, iniciou um relacionamento com sua amiga de longa data, Karin. A garota, antes já apaixonada por Sasuke, ficara surpresa com o pedido, visto que só fora beijada em festas regadas a álcool, porém, aceitou. 

O relacionamento, no entanto, era sempre morno, sempre distante. Karin ignorou e se focou no trabalho, era uma garota solitária cujo família havia morrido ou a recusado, Suigetsu veio como um apoio tanto emocional quanto financeiro. Então tudo bem se tivesse de arcar com alguns probleminhas conjugais se no final do dia tivesse um teto sobre sua cabeça. 

Sasuke havia perdido o contato com a ruiva após sair do país, eles não eram exatamente amigos, andavam junto mais por conveniência do que qualquer outra coisa. Ele a cumprimentava quando a encontrava com Suigetsu mas a garota também não parecia fazer questão de reafirmar os laços. 

O platinado por outro lado tinha uma família mais presente do que nunca. Lhe davam dinheiro de sobra e posses, apenas deveria manter o nome da família. Então ele tolerava um relacionamento fadado ao fracasso e bebia... ajudava a dormir e não se culpar por trair sua namorada de forma continua. 

Sasuke sabia da situação, mas tampouco podia condená-lo por seus atos tendo em vista que tinha receios muito parecidos para com a família. Apenas era triste saber que o fim para pessoas como eles nunca era doce ou desejável, apenas o que era, tolerável.

— Onde vai? – perguntou o que bebia, após ver o Uchiha já trajado com as roupas de frio. 

— Visitar alguns velhos conhecidos da família — se contentou em dizer. Sabia que o outro não era muito de se interessar, mas não sabia exatamente como resumir melhor a situação. 

Afinal... bem, era exatamente isso que era. 

Era difícil sustentar àquela situação na verdade, não sabia como iria reagir, não sabia nem se queria estar lá para ser sincero, mas acreditava que era seu dever e não gostaria de fracassar nesse quesito. Comentara com a mãe horas antes sobre o menino Uzumaki, como imaginara, as coisas não haviam sido calmas tanto para Naruto quanto para Tsunade, a adolescência já era uma fase complicada por si só, imagine quando se trata de um menino órfão que acabara de também perder o avô, um de seus últimos portos seguros. 

O Uchiha em muito se culpava pela distância, houve um momento em que ele também era um pilar para Naruto, e hoje em dia já nem mais sabia sequer a cor preferida daquele jovem. Havia assumido a responsabilidade de ajudar a cuidar dele, e porcamente dispensou, como se o loiro não fosse merecedor de sua atenção. Era realmente embaraçoso. 

Não sabia como olhar Naruto nos olhos. Não sabia como falar com ele. Não sabia, sequer, como se desculpar. 

E, depois de um trajeto de 20 minutos de carro até o orfanato dirigido por Tsunade, respirou fundo e saiu do carro segurando uma torta sabor morango nas mãos —costumava ser uma das favoritas de Naruto antigamente. Achou, tolamente, que este pequeno gesto pudesse ser visto com olhos doces pelo rapaz, mas ao analisar novamente a situação notou que parecia fútil e ridículo. 

Mas tratou de seguir em frente, sua mãe lhe aconselhou a não chegar de mãos vazias, e aquilo foi o melhor que conseguiu pensar. 

Parou em frente a recepção do local e deu seu nome para a jovenzinha a sua frente, que prontamente lhe apontou a direção da sala de Tsunade, onde ela e sua mãe já lhe esperavam. 

No corredor ele pode ver algumas crianças e adolescentes perambulando pelo local. Algumas mais sorridentes e bagunceiras que outras, mas todos ali parecia buscar algo para se entreter, fosse ver algo na televisão ou até mesmo ficar conversando num grupinho de amigos. 

Tsunade era proprietária de um orfanato local e também atuava como pediatra num dos hospitais da cidade. Era uma mulher firme e muito justa, havia quinze anos que resolvera investir no projeto e era mais uma coisa onde havia obtido sucesso. 

Não era o maior dos lugares, Sasuke podia ver, tinha a capacidade máxima para abrigar 100 crianças/adolescentes abandonados fosse pelo motivo que fosse. Haviam alas diversas, ouviu sua mãe explicando pela manhã, do berçário até o maioridade. Eles recebiam aulas no local e eram incentivados a conseguirem bons empregos, também havia região de cuidados, quartos diversos, pátio com brinquedos para crianças e região de jogos para os mais velhos. Tsunade fez o melhor que pode, o lugar era simples, mas organizado, como o Uchiha pôde observar subindo as escadas em direção ao encontro das mulheres. 

Bateu na porta assim que chegou e logo foi recebido pela loira mais velha. 

Tsunade era uma mulher bela, e mesmo que a passagem de tempo não fosse algo que beneficiasse muitas pessoas, Sasuke sabia o quão vaidosa era ela. E se mostrava tanto em seus trajes elegantes, quanto em sua face maquiada com sutileza. Sempre tivera muito bom gosto e não se importava em utilizar tal dádiva para benefício próprio. 

—Sasuke — ela sorriu ao lhe ver — Cresceu como eu podia imaginar. Um homem feito, realmente.

— Tsunade —ele a cumprimentou — Um prazer reve-lá. — ele entrou a torta nas mãos da mesma que sorriu e lhe direcionou a pequena mesa posta com chá e alguns biscoitos

— Sente-se — disse ela — Fique a vontade. Eu e sua mãe estávamos colocando algumas fofocas em dia.

Sasuke concordou e sentou-se ao lado da mãe que lhe sorriu carinhosa enquanto bebericava o chá. Tsunade sentou a frente dos dois e prontamente já serviu uma xícara da bebida para o rapaz.

 

— Imagino que deve estar com frio, o chá está bem quente.

— O frio do Japão sempre terá um ar diferente. Nunca vou me acostumar aos invernos — disse ele, já provando o líquido e aproveitando para esquentar os lábios frios — Está ótimo.

Tsunade sorriu satisfeita enquanto cortava o bolo trazido por Sasuke em fatias.

 

O Uchiha encarou a sala discretamente enquanto bebia seu chá, esperava ver um certo loirinho já presente, na verdade, acreditava que o motivo de sua visita era principalmente vê-lo, no entanto, os únicos presentes ali no momento eram os três adultos.

— Naruto está vindo — disse Tsunade ao notar a suave ronda de Sasuke por sua sala, sempre muito perspicaz — Tivemos alguns... imprevistos.

Sasuke pode notar a mudança de tom na fala da loira, e se perguntou o que ela classificava como “imprevisto”. Não sabia o que podia deduzir diante das palavras mas o tom da mesma não fora lá dos mais positivos. 
 

Imaginava qual tipo de pessoa o Uzumaki havia se tornado... qual tipo de personalidade o abrangia. Sasuke sempre iria se lembrar daquele garotinho cheio de energia e ainda sim infinitamente bondoso e carinhoso.


 

No entanto, ao ouvir o rangida da porta sendo aberta de forma até agressiva e observar o rapaz loiro com quem tivera o infeliz encontro na noite de ano novo e acabara por derrubar sua bebida sentiu a garganta secar.

 

Aquele rapazote de cabelos loiros bagunçados e roupas vestidas de maneiras desleixadas o suficientes para Sasuke deduzir que ele não fazia questão de se arrumar tanto, de brinde, o olhar baixo e contrariado lhe demonstrava a insatisfação do menino ao fazer aquela visita.
 

Merda.

— Naruto Uzumaki — repreendeu Tsunade ao encarar o garoto — Quantas vezes eu já te disse para bater antes de entrar! Minha sala não é seu quarto.

— Tá, tá — murmurou o loiro quase revirando os olhos.

Sasuke permaneceu em silêncio ao observar o menino caminhar em direção a Tsunade e sentar ao lado da mesma, sem fazer muito caso das visitas ali presentes.

— Naruto — começou Tsunade — De oi para as visitas.

Sasuke não viu, mas pode jurar que o garoto iria bufar diante do pedido.

 

Ele levantou o olhar por um momento e encarou Mikoto.

— Oi, senhora Uchiha — em seguida, seu olhar se decaiu sobre Sasuke — E aí, cara...?

“Cara?” Sasuke ponderou.

—Naruto, — iniciou Mikoto — Esse é o Sasuke, você se lembra? Vocês brincavam muito juntos há algum tempo atrás. Ele estava passando um tempo na cidade e resolvemos vir lhe visitar.

Sasuke encarou o menino e observou seu olhar o encará-lo, um tanto surpreso e curioso até. Sentiu-se nervoso de repente, nunca fora um exemplo de simpatia e tampouco era alguém considerável agradável, então normas sociais padronizadas de convívio não faziam exatamente parte de sua rotina.


Acontece que Sasuke se sentia confortável com o usual, com o conhecido e com aquilo que podia e sabia lidar. O Uchiha sabia lidar o pequeno Naruto, aquele lhe conhecia, sabia de seu jeito rabugento e silencioso e nunca se incomodou com tal, os dois desenhavam e conversavam futilidades juntos, o loirinho era engraçado e divertido, e não se importava com o fato do moreno ser recluso e um pouco esquisito.

 

No entanto, Sasuke não sabia lidar com aquele novo Naruto, não conhecia aquele rapaz de olhar desinteressado, e aquele rapaz tampouco lhe conhecia. Não sabia quais abordagens usar, não sabia como sequer se apresentar. Era tudo apenas uma grande incógnita, ainda mais para alguém tão isolado socialmente como ele costumava ser.


E mesmo assim, observando menino, Sasuke se perguntou se seria diferente se tivesse sido mais presente na criação dele, se perguntou se sua presença já fora assim tão relevante, a ponto de surtir algum efeito a longo prazo. Novamente, se sentiu culpado. Aquela situação de energia desagradável era tudo culpa sua, culpa de sua negligência, culpa de sua incapacidade de ser alguém minimamente responsável.

 

Se esforçou para encarar o rapaz novamente e tentar iniciar um diálogo.


—Olá, Naruto — iniciou, nervoso — Você... você cresceu.

 

Ouve um silêncio de repente, nenhuma das mulheres ousava dizer nada naquele momento de reconhecimento entre os dois pólos.
 

Naruto arqueou uma das sobrancelhas loiras e seguiu encarando Sasuke, sem nada a dizer momentaneamente, fazendo o Uchiha ponderar se havia usado ao menos boas palavras para iniciar aquele possível diálogo entre os dois. Mas não demorou para o loiro baixar os olhos, encarnado suas mãos, e lhe responder, num tom de voz baixo e cansado

— Ah, é você...

Aparentemente ninguém presente no local sabia ao certo como seguir com aquela resposta, visto que após a fala, o Uzumaki apenas ergueu a mão para pegar um pedaço do bolo trazido por Sasuke e iniciar a mastigação em silêncio.
 

Não parecia realmente entusiasmado ou irritado diante da situação, apenas indiferente.

Sasuke não soube mais o que dizer a partir daí, tendo em mente que Naruto sempre fora um tanto teatral e exagerado em suas colocações. Ponderou, talvez fosse aquele um traço de sua personalidade infantil já esquecida no início da puberdade, mas admitia que essa nova faceta era intrigante e incomoda. Porém, que direito tinha ele de reclamar?

— Gostou do bolo? — Perguntou Tsunade, quebrando o silêncio.

O garoto apenas assentiu positivamente, mastigando.

— Sasuke quem trouxe, ele lembra que você gosta de morango — ela comentou.

O menino apenas seguiu comendo. Nada foi dito.

 

Sasuke não tentou iniciar algo depois daquilo, apenas tratou de servir um pedaço do mesmo bolo e beber seu chá enquanto Tsunade e Mikoto conversavam algumas futilidades. 

 

Observava Naruto vez ou outra, o rapaz jogava algum jogo no celular de maneira despreocupada, sem se alertar com as conversas paralelas. Aproveitou então, para observar as mudanças adquiridas ao passar dos anos. 

 

Naruto ainda era magro e não muito alto, mas era visível o estirão que dera após tantos anos. Os cabelos estava cortados de forma repicada e seguiam a bagunça natural de sempre, o rosto tinha traços mais adultos, mesmo que ainda não acentuados completamente. Os olhos azuis sempre cativantes ainda podiam prender a atenção de qualquer um, era um traço belo e suave em contradição com toda a aparência rebelde do rapaz. Traço herdado de Minato, sempre mantendo a calma diante das situações. 

 

Sasuke sentiu pela perda do homem, tanto deste quanto de Kushina. Como seria Naruto se aquelas dois não tivessem partido? 

 

Eram perguntas jogadas ao universo, e Sasuke sabia que jamais poderia responder tal questão. Se perguntava como Naruto lidava com a falta e com a perda. Era triste concluir que alguém tão jovem como ele já estaria calejado por estes acontecimentos amargos. 

— Sasuke, — ouviu Tsunade lhe chamar — como vai a faculdade? Nunca cheguei a lhe perguntar como era a instituição da Califórnia.

— É um lugar realmente adequado. A infraestrutura é ótima e as oportunidades são grandes, estou prestes a terminar o curso. Este será meu último ano.

—Que maravilha! Sua mãe sempre morre de orgulho falando de você e do seu irmão —comentou ela, sorrindo —Eu digo para Naruto lhe usar de exemplo, lembro que você sempre foi um aluno aplicado na escola e tenho certeza que será um profissional de sucesso.

— Agradeço o elogio, espero alcançar um bom status. — concluiu ele, simplista, novamente baixando os orbes à Naruto que sequer se moveu diante da fala.

Ele não era exatamente o tipo estudioso e Sasuke podia imaginar tal coisa. Não que isso dissesse algo sobre o menino, o homem sabia como o ensino médio podia ser chato e maçante, só esperava que o menino não se deixasse levar por incongruências externas que pudessem lhe afetar negativamente a longo prazo.

 

Sentiu vontade de rir ao concluir o pensamento, parecia seu velho pai.

 

Realmente, o tempo passava rápido.

— Naruto — iniciou Mikoto chamando a atenção de todos à mesa — Como está a escola?

— Hm... —o garoto remexeu os ombros — Uma merda

Tsunade encarou o garoto quase que ferozmente. Ele não pareceu se importar realmente. Ele, na verdade, não parecia se importar com nada a sua volta naquele momento.

— Será que eu posso ir? Shikamaru está me esperando — disse o adolescente

— Já falei para você que tinha que estudar!

— Mas eu vou!

— Shikamaru está com as notas perfeitas, Naruto! E eu sei muito bem que você não vai ir e ficar lendo os livros com ele!

— Poxa! Eu só quero aproveitar meu final de semana, estamos de férias!

— Se você quer ir embora, pode ir — iniciou a loira — Mas será direto para seu quarto. Você perdeu um ano na escola, isso não vai acontecer de novo. E até segunda ordem você estará de castigo.

O garoto bufou e se levantou, sem se despedir, abriu a porta e foi embora.

 

Tsunade suspirou, claramente cansada.


— Desde que Jiraya morreu... tem sido cada vez mais difícil controlá-lo. Não sei como ele conseguia —ela comentou, enquanto acendia um cigarro caro.

 

— Essa idade sempre é difícil, Tsunade — comentou Mikoto — Não é culpa sua, Naruto passa por perdas há muito tempo. Não se culpe. Ele vai se encontrar.

— Eu espero, Mikoto. Eu realmente espero... não sei mais o que dizer para melhorar a situação.

— Sasuke pode ir conversar com ele um pouco, já que estamos aqui e os dois tinham uma amizade tão bonita — iniciou a matriarca Uchiha — Talvez seja bom para ele ouvir conselhos de alguém com uma idade próxima. Certo, querido?

O corvo não acreditou realmente que a ideia da mãe fosse útil, Naruto não parecia querer lhe olhar, imagina lhe ouvir. For que, também havia o fato de que ele não teria nada de muito bom a dizer. Não era um tipo familiar, e o máximo que ouvia em sua família era “faça direito.”

Mesmo assim, ele acreditava na sabedoria da morena ao seu lado, então apenas concordou e levantou-se.

— O quarto dele fica no andar de cima, número 7.

O Uchiha moveu-se em direção a saída, comentando um “volto logo” antes de sair.

 

Subiu os degraus indo para o último andar do prédio e chegando a ala dos quarto aparentemente. Havia alguns adolescentes que lhe encararam enquanto passava e caminhava em direção ao quarto desejado, mas nada disseram. Um deles, com um grande cabelo negro amarrado em um rabo de cavalo alto, olhos perspicazes até demais. 

 

Chegou em frente a porta finalmente e bateu, ouviu a voz do loiro respondendo um “Que é?” e resolveu entrar. 

 

Ao abrir a porta encontrou o garoto sentado no chão, escorado na cama de solteiro que ficava próxima a janela, dedilhando as cordas de um violão antigo, que lembrava-se pertencer a Jiraya. 


— Posso entrar? —perguntou o Uchiha.

 

O loiro se limitou a dar os ombros, se sequer encarar o moreno, que adentrou ao quarto e ficou de pé, ao lado da cama.

 

Não sabia como reagir a tal situação, não sabia lidar com adolescentes. Mas sabia que devia isso a Naruto.

— Você...

— Não precisa fazer isso — o garoto o cortou.

Sasuke arqueou uma sobrancelha, intrigado pela resposta.

— Isso o que? —questionou.

— Isso. Vir e fingir uma conversa idiota sobre como eu devo melhorar minhas notas ou minhas amizades —disse Naruto, ainda com os olhos sobre o violão em seu colo —Não quero isso.

— Então você sabe que precisa melhorar?

— Sempre estão querendo que eu seja melhor; melhor aluno, melhor amigo, melhor... tudo. Pra que? Todo mundo vai embora uma hora ou outra —divagou — Isso é chato pra caralho.

Sasuke não gostava do linguajar daquele garoto.

—Eu quero ajudar você.

— Ah, você quer me ajudar? Agora você quer me ajudar? — tinha um tom rancoroso na voz do garoto —Você foi embora, assim como todos os outros. A diferença é que você teve escolha!

O Uchiha não esperava ouvir aquilo. Não esperava ver aquele olhar perpetuando sobre os orbes azuis... tão azuis. Era feroz, era irritadiço, mas acima de tudo, era triste.

 

Naruto emanava de si uma tristeza que Sasuke jamais presenciara no olhar só rapaz, nem mesmo na morte dos pais.

 

Sentiu-se, então, pesado novamente. A culpa era algo que pesava em seus ombros e seus pensamentos.

— Eu... Me desculpe — não sabia o que dizer, mas isso parecia certo. Ou apenas não tão errado.

O adolescente riu com escárnio e largou o violão do lado do corpo. Não respondeu ao pedido e tampouco encarou o dono da voz.

 

Sasuke, então, suspirou. Caminhou passos à frente e sentou-se ao lado do garoto, devagar. Este não reagiu.


— Sabe tocar isso? —perguntou o mais velho, tentando desfazer o gelo.


O loiro suspirou e acenou positivamente.


— Jiraya era um músico e tanto —comentou, encarando o teto azulado do quarto —Queria ter vindo no enterro, mas não fiquei sabendo do acontecido.

— Foi bonito... tinha muitas pessoas —Comentou Naruto.

— Ele era querido por muitos. Foi um homem incrível —respondeu Sasuke —Você teve e tem pessoas ótimas ao seu redor, Naruto. Deve aproveitar isso.

— Não preciso dos seus conselhos —respondeu ríspido.

O Uchiha arqueou uma sobrancelha.

— Não quero lhe dar conselhos. Só digo essas coisas para que você não se arrependa no futuro.

— Não preciso da sua pena, Sasuke.

Sasuke não sabia como responder. Sentia-se totalmente deslocado naquela situação toda. Mas queria poder ter o poder de ajudar aquele menino. Queria ajudar, Naruto. No entanto, não sabia até que ponto poderia ser útil. Iria embora em breve afinal...


— Não sinto pena de você, Naruto —iniciou —Me preocupo com você.

— Então guarde isso para seus amiguinhos americanos —disse levantando-se e agarrando o violão —Estou saindo.

Sasuke até pensou em tentar impedi-lo...mas, para que? Assistiu o garoto se retirar do local e ficou sentado, encarando as paredes azuladas e o quarto bagunçado.

 

Na parede, enxergou fotos de Jiraya, Tsunade, algumas pessoas que não conhecia e, por fim, Kushina e Minato.

 

Pensou na sabedoria de Minato e perseverança de Kushina. Se perguntou o que eles fariam naquela situação... mas preferiu recuar os pensamentos e não incomodar almas que há muito havia se ido.

 

Levantou-se e caminhou em direção a cabeceira do Uzumaki, encontrou uma agenda e abriu-a anotando seu telefone celular e deixando uma mensagem simplista “ligue se precisar.”

 

E deu as costas ao local.


 

*


 

Sasuke acordou com as vozes do pai e do irmão conversando sobre algum assunto que não teve oportunidade de prestar atenção pois ainda estava embriagado pelo sono.

 

Passou as mãos sobre os olhos e pegou o celular que marcava 9h12 no relógio. Viu que havia recebido uma mensagem de Suigetsu e de Haji, sua colega de estágio (provavelmente lhe perguntando algo que não sabia resolver).

 

Decidiu que não responderia ninguém naquele momento e levantou-se, rumando ao banheiro para fazer a higiene matinal e posteriormente descer para o desjejum.

 

Após a visita fracassada a Naruto no dia anterio, Sasuke e Mikoto retornaram a residência dos Uchiha e o corvo decidiu que estudaria um pouco para as matérias no semestre que se aproximava. Ele gostava de se adiantar em alguns assuntos e não se esquecer das últimas discussões que teve em aula.

Respondeu à alguns e-mails relacionados ao estágio e quando se deu conta já passavam das 23h. Tomou um banho e adormeceu pouco depois de deitar a cabeça no travesseiro, os pensamentos rumando Naruto e se perguntando o que estaria fazendo o menino.

 

Ao descer as escadas encontrou a mãe sentada sobre a mesa bebendo algum chá enquanto o pai e o irmão estavam no sofá da sala conversando sobre algum esporte que passava na televisão.

 

Sentou-se próximo a mãe e bebeu um pouco do chá, identificando o sabor da camomila. Agradeceu pela bebida quente pois o clima estava terrivelmente frio.
 

Mikoto lhe sorriu e retomou a atenção ao livro que lia.

 

Sasuke sempre foi mais próximo da mãe que do pai. Não que desgostasse do patriarca, no entanto, sua personalidade se encaixava mais com o silêncio amigável da mãe do que com o ar intimidador do pai. Se bem que, tal qual o homem, ele sabia ser um tanto carrancudo.

 

Optou por passar o dia em casa novamente. Nunca fora um cara de muitos amigos e também não fazia questão de ser agredido pelo frio que fazia naquele dia, então a melhor opção seria permanecer em seu antigo quarto.
 

Quando percebeu já estavam no final da tarde, e a neve caía lá fora. A visão que tinha era manchada por branco. Não era grande fã da neve, tudo ficava úmido e gelado. Não podia sair ao ar livre e a direção se tornava mais arriscada.

 

Ouviu quando os pais acenderam a lareira para aquecer a casa de modo mais tradicional que os aquecedores modernos. Se juntou a eles um tempo depois e jantaram algo leve.


— Soube que foi complicado ontem —comentou Itachi ao se encontrarem quando Sasuke estava indo deitar

— Foi um tanto difícil, realmente —concordou.

— Você pretende fazer algo?

— Não acha que haja algo que eu possa fazer sinceramente. Naruto não é mais uma criança, ele pode me rebelar agora e não tenho direito de forçá-lo —explicou —Também voltarei há Califórnia dentro de alguns dias. Não seria justo. Ainda assim me sinto terrivelmente culpado, poderia ser mais presente...

Itachi se aproximou e tocou seu ombro.


— Fique em paz, irmão. Às vezes o melhor que podemos fazer é esperar.
 

E assim, saiu. Sasuke caminhou em direção ao quarto pensando nas palavras do irmão. Não havia muito o que esperar... talvez o tempo fosse a cura para tudo, e talvez, quando mais velho, Naruto pudesse perdoar sua distância e entender que o Uchiha ainda era apenas mais um alguém que cometia erros.


Sair do país foi uma decisão difícil, mas naquele momento teve que pensar em si mesmo, teve que pensar no que seria melhor para seu futuro. A oportunidade que lhe foi oferecida era algo inegável... mesmo que, infelizmente, tivesse que abrir mão de muito de sua vida pessoal.


Passou a entender mais Itachi depois que também foi embora. Ele, mesmo sendo alguém mais familiar, abriu mão dessa preferência para seguir a vida no exterior. Mesmo que ele dissesse que pretendia voltar no futuro, apenas esperava se especializar mais em sua área.

 

Divagou, divagou e no final não conseguiu observar algo produtivo. Andava muito pensativo nos últimos dias, talvez não fosse algo assim tão positivo.


Ficou recluso em seu quarto. Olhou o relógio pela ultima vez e esse marcava 21:36h. Era melhor dormir, nada mais de produtivo viria naquele horário.


Sentou-se escorado sobre a cama e iniciou uma leitura de algum clássico que gostava e, num susto, ouviu seu celular começar a tocar. 


Ao pegar o telefone, notou que se tratava de um número desconhecido, achou esquisito, mas resolveu que atenderia.


— Quem fala? —perguntou logo de cara.

— Sasuke... —não demorou para reconhecer o dono daquela voz e se surpreender com tal ligação.


 

*


 


 

Estacionou na frente do prédio iluminado e esfregou as mãos umas nas outras, esteva realmente gelado. Não se demorou a abrir a porta do local e dar de cara com duas recepcionistas no balcão a frente.


— Boa noite —iniciou a apresentação —Vim por Naruto Uzumaki.

— Certo. Seu nome por favor?

— Sasuke Uchiha.


 

Notou a mudança no olhar da mulher. Os Uchiha eram uma família antiga e conhecida por suas riquezas e influências no meio da advocacia. 


Fugaku era um homem prestigiado por seus muitos ganhos em tribunais e, mesmo aposentado, exercia certa influência nas localidades, principalmente no meio judiciário.


Vou chamar o delegado, sr. Uchiha. Fique a vontade por favor —dito isso ela realizou uma ligação enquanto Sasuke optou por aguardar em pé.


Poucos minutos depois o homem de meia idade e olhar cansado chegou ao local e lhe cumprimentou. Não reconhecia o homem mas sabia que ele tinha conhecimento sobre sua descendência visto que lhe tratou de maneira cordial até demais.

 

Caminharam até a sala do mesmo que lhe convidou a sentar-se, pensou em negar, mas, bem, aquilo poderia ser longo.


— Veja, sr. Uchiha, peguei os moleques pichando um muro nos arredores do hospital da zona leste. Não é a primeira vez... — apontou — Eu conheci Minato. Deve estar horrorizado uma hora dessas.

 

Sasuke arqueou a sobrancelha. Não gostava daquele tom e muito menos da insinuação do homem.

— Eu apenas gostaria de resolver este assunto rapidamente, estou de férias e pretendo retornar logo para casa — se limitou a dizer.

O homem concordou, bebendo um gole do café posto na xícara pequena a sua frente.


 

— Claro, entendo perfeitamente, mas o senhor deve saber que não posso liberar um menor se não for para seu responsável legal... e bem, o sr. Uzumaki tem se mostrando um tanto relutante em me passar este contato. Quando ele solicitou uma ligação, não imaginei que seria para o senhor, sequer sabia que eram próximos.

—Nossas famílias são amigas —se limitou a dizer —E o senhor deve saber o quanto Tsunade é uma mulher ocupada. Não gostaria de incomoda-lá a essas horas sendo que tudo poderá ser resolvido aqui.

O homem engoliu seco, sabia que não seria fácil ter uma discussão com alguém como o Uchiha, que apesar de não ter seguido a área de advocacia como o pai ainda sabia ser extremamente manipulador para benefício próprio.


 

— Não é a primeira vez de Naruto aqui, por tanto, se quiser levá-lo hoje o valor da sua pena será cobrado.

— Pois será pago imediatamente, e junto a tal você pode retirar o nome dele dos registros, afinal, não queremos estragar o futuro de um jovem por erros bobos e você receberá uma ótima gorjeta.

O homem engoliu seco e concordou.


Cerca de quarenta minutos após a fiança ser paga e Sasuke assinar alguns documentos burocráticos, o homem retornou a sala de recepção acompanhado de um Naruto de feições sérias.


Sasuke apenas o encarou e passou a caminhar em direção à rua, guiando o Uzumaki até seu carro.


Merda, que frio.


Ambos adentraram o veículo e permaneceram em silêncio pelos primeiros minutos, até que Sasuke percebeu que nada seria dito pelo adolescente. Teria de tomar a frente.


— Quando recebi àquela ligação e percebi ser você, esperava uma conversa bastante diferente... — iniciou, sério e áspero — Você tem noção do que fez?


O garoto apenas lhe encarou e revirou os olhos, voltando a desviar-se. Apenas em silêncio.


— Naruto, você não pode agir de maneira tão inconsequente. Isso vai lhe atrapalhar no futuro, talvez agora você não consiga entender, mas um dia vai ver como isso pode ser prejudicial pra você!

— Eu não me importo com isso! —disse, manhoso — E não é da sua conta!

— É da minha conta a partir do momento em que eu saio da minha casa e pago sua fiança! — bradou — Você acha que isso aqui é brincadeira?

— Se eu soubesse não tinha te chamado... — murmurou.

— Mas chamou! Chamou e arque com suas ações, pois tudo que você fizer terá uma consequência. Nem sempre vai ter alguém pra te socorrer —disse Sasuke — Acha que Tsunade vai ficar como vendo essa situação?

— Não me interessa o que ela acha, não me interessa o que você acha! Era só um rolê, caramba, que merda!

Sasuke riu com ironia, encarando o garoto.

— Queria ver o que deus pais diriam diante de uma situação assim.

— Não fale dos meus pais — disse o garoto sério.

Sasuke arqueou a sobrancelha ao encarar o garoto.

— Pois você deveria ao menos ser grato a Tsunade por tudo que ela tem feito por você, deveria ser grato aos seus pais pela excelente educação que eles sempre tentaram lidar. Essa é sua forma de agradecimento? É isso que você acha justo?

— Cala a boca, Sasuke! Cala a merda da boca!

Junto ao grito engasgado do rapaz Sasuke sentiu um incômodo no ombro direito que ao olhar percebeu ter sido um soco, ou melhor, a tentativa de um, vinda do garoto ao seu lado. 

 

Lágrimas escorriam dos olhos azuis.

 

Sasuke se calou imediatamente. Merda. Não era o que esperava com aquilo, não sf o que queria. Havia passado dos limites afinal...

 

Passou um das mãos sobre os fios negros sempre tão perfeitamente alinhados e viu o adolescente limpar o rosto de forma agressiva, fungando e respirando auto. Naruto nunca havia sido bom e esconder emoções, já Sasuke, havia se especializado em tal. Talvez por isso fosse tão difícil para ele saber reagir ao Uzumaki, ele representava tudo que Sasuke aprendera a não ser.


A culpa, ali, novamente. Dessa vez gritando em seu cérebro e ecoando por todo seu corpo.


— Naruto, eu—

— Eu sei que fiz merda, porra! Eu sei! — o interrompeu exasperado — Mas, eu só.... eu só... era só uma brincadeira idiota.

O Uchiha entendi, claro que entendia, apenas tinha medo que Naruto acabasse se encrencando demais e perdendo a noção do certo e do errado, visto que não haviam lhe restado tantos exemplos para seguir.

 

E Sasuke não era o melhor ensinando algo a alguém.


— Me... Me desculpe — falou o moreno — Eu não tenho o direito de falar dessa maneira com você, acabei me exaltando — suspirou — Eu só quero que você entenda os riscos e não se coloque em perigo. Eu fiquei realmente assustado ao receber sua ligação, pensei que algo pior tivesse acontecido...

— Saquei — respondeu o garoto com feições abatidas e claramente cansado.

— Eu- é só que... — céus, ele era horrível naquilo — Naruto já se passou tanto tempo e eu não sei mais o jeito certo de falar com você, não sei mais como agir e sei que fui negligente. Eu sei que sumi, que não ligava frequentemente, que não lhe dei o apoio que prometi dar... fui tolo em achar que você estaria sendo melhor assistido pelos que ficaram e que minha presença ou falta dela não lhe fariam diferença — dizia, sem jeito — Eu quero que você entende que sempre esteve em meus pensamentos e que independente do que tenha acontecido ou venha a acontecer você pode contar comigo. Você sempre poderá contar comigo.

O silêncio reinou no carro. Sasuke sabia que não seria uma trajetória fácil — reconquistar a confiança daquele menino — mas, o mínimo que poderia fazer era tentar. E se tivesse que falar sobre tais coisas e adquirir uma versão mais emocional de si, bom, seria feito. 

 

Encarou Naruto e viu que esse mexia as mãos, e percebeu que ele trajava apenas um moletom que certamente não servia de muita coisa num clima como aquele. 


— Tudo bem — o garoto falou, interrompendo os pensamentos do adulto — Tá tudo certo, não precisa, sei lá, se preocupar.


 

É, Naruto, assim como ele, não era bom com palavras quando se tratavam de coisas assim. Ainda tinham algumas coisas em comum afinal.


— Tsunade está no orfanato? — perguntou o Uchiha.

— Não, ela tinha plantão hoje.

— Certo — ponderou — Vou largar você em casa e podemos fingir que esse episódio nunca existiu se não acontecer de novo. Entendido?

— Entendido... — murmurou o jovem.

Sasuke ligou o veículo e iniciou o trajeto até a residência momentânea do garoto, que era cerca de 15 minutos do local. Ao parar em uma sinaleira, ouviu um barulho que se instalou no carro vindo muito provavelmente do estômago do garoto.

 

Ao encarar o rapaz percebeu que este ficou sem jeito, corando.

— Vamos comprar alguma coisa pra você comer antes.

— N-Não precisa. Eu não estou com fome!

Sasuke arqueou a sobrancelha.

— Ah, mesmo? Achei que tivesse ouvido sido seu estômago agora mesmo.

— Eu... argh, deve ter coisa pra comer em casa.

Já está tarde para você ficar acordando os outros — disse o Uchiha — Não seja chato.

— Eu não tenho dinheiro — disse Naruto.

— Eu pago.

— Mas-

— Eu faço questão — dito isso, o assunto foi encerrado ali.
 

Eles fizeram alguns retornos e acabaram parando em frente a um BK. Sasuke imaginou que aquele fosse o tipo de comida que adolescentes gostavam e percebeu acertar ao ver os olhos do garoto mirando o local com certa felicidade. Sorriu de leve com a própria escolha.

 

Abriu a porta do carro e caminharam em direção ao local, adentrando.

— Então, o que você vai querer? — questionou o Uchiha

— Uh, não sei... pode escolher você —disse o rapaz meio constrangido

— Não costumo comer neste lugar, então não conheço os pratos. Escolha o que quiser.

— Mesmo? — perguntou ele, encarando o mais velho. Os olhos quase brilhando.

— Sim.

— Então, o que você vai querer? — questionou o Uchiha 

— Uh, não sei... pode escolher você — disse o rapaz meio constrangido 

 — Não costumo comer neste lugar, então não conheço os pratos. Escolha o que quiser. 

— Mesmo? — perguntou ele, encarando o mais velho. Os olhos quase brilhando. 

— Sim – respondeu num sorriso, achando graça da animação do rapaz diante de uma comida.

O Uzumaki, fez o pedido e Sasuke o pagamento. Sentaram-se em uma mesa qualquer enquanto o mais velho observava o menino e seu pedido: um hambúrguer triplo, babatas fritas tamanho grande e um milk-shake de morango. Tudo foi devorado com veemência e rápido – até demais na opinião do homem. 

O rapaz bebericava o que restava de sua bebida gelada e em contrapartida esfregava as mãos umas nas outras enquanto saíam do local rumando a residência do garoto. Retirou então sua jaqueta de couro grossa e estendeu em frente ao menino que lhe observou curioso. 

— Estou vendo que está com frio apenas nesse moletom. Pegue. 

— Não precisa – disse o garoto —Tô tranquilo. 

Sasuke quase revirou os olhos, claro que não estava! 

— Anda logo! Não quero saber de pirralhos doentes — reclamou

Naruto apenas bufou e aceitou a jaqueta, colocando-a e logo sentido o corpo mais aquecido, mas não diria em voz alta, claro.


A roupa ficava levemente larga em seu corpo ainda não totalmente desenvolvido, e Sasuke também era alguns centímetros mais alto. Tinha um perfume muito gostoso na roupa, o garoto sentiu. Era amadeirado mas com um toque frutado, algo que não conhecia. Provavelmente era caro.

 

Sentiu as orelhas esquentarem ao pensar que Sasuke cheirava tão bem.

 

O caminho foi curto e silencioso, visto que a lanchonete ficava próximo à moradia do rapaz. Havia, ainda, muito a ser dito (por ambos), entretanto, naquele momento o silêncio era o mais adequado e confortável.

 

Sasuke estacionou em frente orfanato e viu o garoto começando a retirar o casaco para lhe devolver.

— Fique. Não quero que pegue frio.

— Não precisa, sério.

— Outro dia eu pego com você — disse simplesmente.

O garoto apenas deu ombros, e encarou o mais velho de canto.

 

Sasuke estava diferente do que se lembrava. Ele sempre foi bonito, uma beleza quase andrógina e muito polida, parecia sempre distante do mundo real. Mas agora tinha feições mais adultas, um corpo maior e mais modelado, olhar mais aguçado e atento.


E, caralho, bonito pra caralho!


Sentiu-se constrangido por pensar tal coisa de alguém que praticamente lhe viu nascer. Era esquisito. Mas, de qualquer forma, sempre se lembrou de achá-lo uma pessoa muito agradável de se olhar.


O Uchiha não sabia ao certo como se despedir e Naruto parecia pensativo. Então, antes que pudesse dizer algo, o mais novo começou um diálogo:


 

— Valeu por pagar a fiança e a comida e o casaco... e por me trazer até aqui — disse, encarando qualquer coisa que não fosse ao mais velho — Obrigado por hoje.

Sasuke sorriu, pois sabia que era difícil para o garoto dizer aquelas coisas na mesma medida que era difícil para ele dizer as suas próprias.
 

Ele estava mostrando uma abertura. Ele estava tentando. Sasuke não deixaria a oportunidade passar. Havia entendido.

 

Ergueu uma das mãos e alcançou os cabelos loiros do menino, acariciando de forma amigável, sem tirar o sorriso de leve do rosto.


— Não há de quê, Naruto. Tome cuidado — disse calmo — Me ligue se precisar de alguma coisa, certo?


O Uzumaki, por sua vez, sentiu o rosto esquentar automaticamente e apenas concordou e saiu do carro, se despedindo sem jeito.


Uchiha respirou e notou o quão tenso estivera o caminho inteiro. Realmente, foi um dia inesperado. Contudo, ainda havia alguma esperança.


Então, com o coração e mente um pouco mais aliviados dirigiu até sua casa. 


Notas Finais


eai, bom? ruim?
to editando os outros caps sabe, muitas mudanças...
tava pensando em postar algo de Shingeki, visto que tá absurdooo
algo eren x levi num contesto pós guerra...
até o prox que vira logo
bjos


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