História Seria muito bom, mas errado! - Capítulo Único;

— Vamos, Katsuki! Você não se acha homem o suficiente?

— Ochako, pelo amor de Deus…

— Só faz o que eu te pedi, vai. Prometo que vai dar certo.

Isso só podia ser um pesadelo, ao vivo na Terra, em cores e com qualidade de alto nível para seus olhos e ouvidos aguentarem.

Quando tudo isso começou mesmo? Ah, ele lembrou. Iniciou-se quando o — lê-se desgraçado — do Deku, ironicamente seu melhor amigo, contou para a sua namorada espertalhona em como estava, literalmente, morto de paixão pelo maldito Todoroki Shouto. Até aí, tudo bem, mas o que diabos o próprio Katsuki tinha haver com isso?! E porquê ele acabou desse jeito, como uma cobaia em um plano mirabolante projetado pelos dois?!

O rapaz loiro ainda recordava da frase ao deixar sua garganta depois do pedido que Ochako lhe fez, em gritos que diziam: "VOCÊ SÓ PODE ESTAR TIRANDO COM A MINHA CARA!"

Agora, eles dois estavam juntos na sala de estar de sua casa, ela sentada de frente à ele no sofá e atenta para os seus dedos que agarravam seu telefone com uma case cor vermelha.

— EU não vou DAR EM CIMA do meio a meio. — ao repetir, pela milésima vez, algo concreto, ele rosnou. — NEM A PAU!

— Você não vai tecnicamente dar em cima dele! Vai só… fingir, para descobrir que se ele curte ou não outros garotos. — a castanha explicou, indignada com a falta de cooperação dele.

— Vou te dizer uma coisa. Se o merda do Deku está com os quatro pneus arriados por ele, porque não se declara de uma vez?! Por que eu tenho que me meter nisso?!

— Ele é o seu melhor amigo! E eu quero ajudar ele também, coitadinho, vai, Katsuki! — o referido em questão bagunçou o cabelo rebelde com as duas mãos, nervoso pela súbita raiva. — Já pensou se o Izuku se declarar, e o Shouto dar um fora nele? Pensa só em como ele ficaria arrasado, a amizade deles pode ficar comprometida!

Bem, pensando por esse lado… Por mais que ele quisesse afastar o fato de que se importava com o bem estar do nerd, vê-lo sofrer por um sujeito como o Todoroki, estava fora de cogitação.

Katsuki mal percebeu como seu consentimento veio inteiramente à tona, rendendo-se.

— Caramba, se eu não te amasse tanto diria que te odeio agora.

— Também te amo, mas você é teimoso demais.

— Ok, merda! Porra, eu vou enviar uma mensagem pra ele. — decidido a por um fim naquela história, para mais cedo livrar-se dela, ele declarou, vasculhando seu app de mensagens com pressa. Mas, ao recordar-se de algo de suma importância, teve de encará-la confuso, com as sobrancelhas ateadas. — Mas, sério que você não vai ficar zangada com isso? E o fato de nós namorarmos?

— Claro que não. E você namora com uma pessoa madura, meu querido.

— "Madura"? Acho que não, em.

— Manda a mensagem logo! 

Dada a última exigência dela, ele só pode fazê-lo de uma vez por todas. Abrindo o contato quase no final da sua lista, que tinha por nome "Meio a meio" estampado nas configurações.

"Oi."

Em questão de segundos, a resposta veio.

"Bakugou? Espera, você desbloqueou meu número? Preciso ver se está chovendo facas como você disse que choveria quando voltasse a falar comigo."

— Filho da mãe. — Katsuki teve de esbravejar em voz alta, irado pela petulância. É por isso que eu odeio ele, metido de quinta!

"Seu merda, quer parar com as provocações? Eu só dei um oi."

"Tudo bem, então. Oi pra você também."

"Eu quero te perguntar uma coisa."

"Ok, pode perguntar."

— Ah, caralho, eu não consigo! — como ele faria para sem vergonha alguma flertar com o desgraçado?!

— Só diz, vai. — Ochako o incentivou, aproximando-se para ver a tela do celular.

— Fácil pra você dizer!

"Olha, é o seguinte, napolitano. Eu quero saber… o que você pensa sobre mim."

"Isso foi inesperado. Quer com sinceridade? Aviso que vai doer."

— AH EU ODEIO ELE!

— Calma!

"Seu merda, eu quero saber se você me acha atraente, ou qualquer coisa assim!"

"Oh."

" "Oh." É essa a sua resposta?!"

"Você está dando em cima de mim?"

"Eu não colocaria neste termo."

"Você está definitivamente dando em cima de mim."

"Não tô não, bandeira do Canadá!"

"Olha, eu não vou esconder que estou chocado, mas bem que eu esperava isso acontecer um dia."

"Como é que é?"

"Eu acho sim você atraente, de fato. Mas, nós dois? Não acho que rolaria."

"Espere um momentinho aí, como é que é?"

"Não me leve a mal, você é bonito e sim, muito atraente, mas você namora com a Ochako, e ela é minha amiga!"

"Você está me dando um fora, é isso?"

"É errado trair sua namorada. E por mais que fosse bom, ainda seria errado, para nós dois."

"Não acredito, você me deu um fora."

"Seria muitooo bom, mas errado!"

Que barbaridades foram aquelas que ele acabou de ler? Seu espírito com certeza estava jogado ao esquecimento e miséria naquele mísero segundo passageiro. Por esta razão, ele olhou cabisbaixo para seus próprios dedos, com os olhos carmesim perdidos ao balbuciar: — Eu cheguei ao fundo do poço.

— O que ele disse?! — eufórica por respostas, Ochako exclamou, ajustando-se no sofá.

Logo mais, Shouto insistia com uma mensagem após ver que o outro estava demorando demais para respondê-lo.

"Bakugou, ainda tá aí?"

Tudo isso começou em uma brincadeira, convenhamos sem graça, mas, ele não permitiria que as coisas permanecessem assim! Quem o meio a meio achava que era para dispensá-lo daquela forma?! Se havia alguém superior a outro alguém, Katsuki sabia que tratava-se de sua pessoa, por isso, nem se conteve ao redigir toda a sua fúria em sua resposta.

"Foda-se! Você gostaria de ter uma chance comigo, porque eu sou um cara incrível e você não é nada, você não é ninguém! Seu merda!"

"Nem precisa dizer, vai me bloquear de novo, não é?"

"Eu vou, filho da puta! Mas antes, tenho algo para te dizer."

"E o que é?"

"O Deku quer te dar uns pegas, então abre esses olhos de peixe morto e acorda logo pra vida!''

"Espere… O MIDORIYA O QUÊ?!"

Agora ele iria ver o que era bom pra tosse.

Satisfeito em tê-lo colocado no seu devido lugar, Katsuki soltou o telefone celular na mesinha em frente e resolveu levantar-se, ao mesmo tempo incapacitado de olhar na cara da sua namorada e ter de admitir a verdade cruel: que Todoroki Shouto o dispensou, na cara dura.

Só o sentido da frase soava ridículo na sua cabeça. E os dois nem ao menos eram amigos para início de conversa!

— Katsuki! O que ele disse? Deu certo?!

— Veja por si mesma. — foi a última coisa dita por si, antes de dar as coisas, adicionando em uma voz sórdida: — Antes de eu enterrar esse celular, junto comigo e a minha dignidade.

A partir daquele dia, Bakugou Katsuki prometeu jamais ajudar o maldito nerd ou concordar com as ideias mirabolantes da sua namorada novamente.