História Serial Killer - Relembrar

- E então, depois disso, você irá desistir, não é? Tipo, seu pai está uma fera, soltando fogo pelo nariz. Eu nunca o vi assim – Sadie diz e dou de ombros.

- Eu vou apenas deixar a poeira baixar. Se aquele idiota pensa que pode me assustar, está enganado. Agora mesmo que ele me incentivou a ir em frente com isso. Eu gostaria de recuperar a minha memoria, para pelo menos saber por onde começar. Argh – eu ficava andando de um lado para o outro.

- MILLIE BOBBY BROWN VOCÊ ESTÁ COMPLETAMENTE LOUCA???? Se continuar com isso irá se machucar. Você pode acabar morta, garota. 

- Relaxa, eu ainda estou pensando no que eu irei fazer.

>>Duas semanas mais tarde<<

Durante um tempo eu tentava pensar em alguma coisa para fazer, mas nada me vinha a cabeça. Não tinha mais flashes como antes. Apenas o nada. O vazio em minha cabeça. Como se o tempo que passou tivesse em branco,isso me aterrorizava. Muito.

E eu sabia quem era a única pessoa que podia me ajudar. Infelizmente era a mesma pessoa que tinha me evitado como o diabo evita a cruz. E era o cara que eu mais odiava na vida.

Os meus sentimentos por ele ainda estavam vagos e meio que sem sentido, mas isso não importava. O que importava era que eu precisava de ajuda. Assim, eu engoliria meu orgulho e o procuraria. Isso não vai me arrancar uma perna, nem um braço. Eu acho.

Hoje tinha amanhecido nublado, meio cinza e todos na escola pareciam estar melancólicos.

Meu pai veio me deixar na escola, como todos os dias desde o "incidente" com o serial killer. Ele ainda estava pensando em contratar um guarda-costas para mim. Como se eu não fosse fugir dele a primeira chance que tivesse.

Sai do carro e bati a porta com força. Era o meu modo de dizer "tenha um mau dia".

Puxando meu capuz eu entro na escola empurrando os idiotas que se postam na minha frente, alguns, me conhecendo, já abrem caminho. Sadie está sentada do outro lado do pátio ouvindo musica e Caleb está quase babando a alguns metros dela.

Bati minha mochila no chão, despertando a ruiva da musica e me sento na cadeira ao lado dela jogando meus pés na outra.

- Você devia ir falar com ele – eu digo me referindo ao Caleb, ela sabe. Todo dia eu faço a mesma sentença.

- E você devia ir falar com ele – ela aponta o outro lado e eu vejo o cacheado cercado pelas mesmas vadias de sempre.

- Se eu for lá, vou acabar indo para a direção – eu falo mastigando um chiclete e Sink acena com a cabeça, concordando.

- E então... – comecei.

Ela suspira.

- Não, eu não irei falar com ele.  

- E por que não? Aqueles dois estão nos escondendo alguma coisa. Eu aposto – eu afirmo.

- Caleb nunca mentiria para mim. 

- Mentir não, mas omitir... – eu falei – eles estão nos evitando há semanas, e eu aposto que é porque eles estão nos escondendo algo – eu falei batendo a mão na mesa.

- Mas o quê eles estão escondendo? 

- A identidade do serial killer , por exemplo. Eles sabem que se eu souber...

- Roce está pirando. Se eles soubessem alguma coisa, diriam a polícia – ela disse e o sinal bateu. – Eu só queria que você esquecesse toda essa história – ela terminou e se afastou.

Grunhindo, pego minhas coisas e vou para a minha sala. Mas quando vou caminhando pelo corredor tenho uma lembrança. Paro assim que sinto uma dor horrível na cabeça. 

>>Lembrança ON<<

Correndo atrasada até minha próxima aula com quatro livros nas mãos. Droga. Se eu me atrasasse mais uma vez, a megera da professora Daphne ia reclamar.

Resmungando, enviei uma mensagem rápida para Sadie guardar minha cadeira quando tropecei em um pé e meus livros caíram no chão.

- Droga. – resmunguei alto e ouvi uma risada conhecia.

Olhei para cima e o bundão do Wolfhard sorria para mim.

- Dia ruim, megera?

- Sim. Por causa de um idiota irritante com pau pequeno que sempre atravessa o meu caminho. – falei alto o suficiente para os alunos ao redor rirem.

Mas Finn não se intimidou. Ele nunca dava bola para o que eu dizia. E isso era o que mais me irritava nele.

- Talvez você queira saber o verdadeiro tamanho dele. – piscou.

- Vai sonhando. – resmunguei enquanto pegava meus livros. Uma nova mensagem de Sadie.

"Vem logo, a mal amada está chegando."

Corri o mais rápido que pude. A aula de história era a minha única aula sem o cacheado, e eu não perderia a chance de ficar longe dele por nada.

Chegando na sala, sentei ofegante ao lado da ruiva.

- O que estava fazendo? Correndo uma maratona? – ela pergunta.

- Culpa do merda do Wolfhard que me fez tropeçar. – eu falo e a professora chega.

Tento manter minha respiração quando um braço forte envolve minha cintura.

- Está tudo bem? – Wolfhard pergunta.

- To sim, já pode me soltar – falei fechando os olhos.

- Você parece mal, deixa eu te levar para a enfermaria.

- Não precisa – digo me soltando dele.

- O que você teve? 

- Lembranças... Não muita coisa, só você me fazendo cair ou algo assim – murmurei ainda sentindo a pontada.

- A sua memoria está voltando. Você devia ir a um médico 

- É melhor você ir para a aula. 

- Vou te acompanhar.

- Não! Não preciso de você – digo rapidamente e saio correndo para o ginásio.

Memórias, flashes e cenas minhas dançavam na minha cabeça. 

Cenas minhas beijando o cacheado. Argh. Não pode ser. Como eu... não, definitivamente isso era uma piada. E de muito mau gosto.

Depois de me acalmar, resolvo ir a enfermaria e explicar meu sumiço da aula. A enfermeira me dá um comprimido para a dor. O diretor Dacre me chama até a sala dele. Nós não conversamos sobre o que aconteceu depois disso, ele viajou logo depois que saiu do hospital dizendo que tinha assuntos importantes para tratar. Também comentou que queria sigilo do que houve e se ofereceu para contratar um guarda-costas para mim. Neguei veemente.

Quando entrei na sala, ele me dirigiu com um sorriso.

- Vejo que já está melhor, Millie. Vem, sente-se. Tenho uma boa noticia para você – ele sorriu.

- Estou sim, obrigada. Que noticia? 

Ele abriu uma gaveta e me entregou um envelope grande, grosso, contendo as inicias de uma das Universidades mais importantes da Europa.

- Era para mim ter te entregado isso naquela noite, mas, bem, antes tarde do que nunca. – ele disse com um sorriso grande.

- Mas o que é isso? – perguntei surpresa.

- É uma bolsa para o financiamento de um intercambio de jornalismo na Europa. Você sempre falou que queria cursar jornalismo, então verifiquei suas notas e enviei a um amigo meu em Milão. Eles gostaram das suas notas e resolveram te dar essa chance. 

- Não acredito. Uau... muito obrigada, Dacre. Nem sei como te agradecer! - eu falei com o coração a mil.

- Me agradeça indo e fazendo um bom trabalho – ele sorriu.

- Mas... e a escola? Só falta um mês para a formatura.

- A viagem está marcada para daqui a um mês. E o intercambio dura três meses, você pode ir, mas terá que perder a excursão dos alunos, mas poderá acompanha-los na faculdade a tempo. Bom, a decisão é sua. 

- Sendo assim, é claro que eu aceito! – eu pulo da cadeira e o abraço - Muito obrigada mesmo.

- Não tem de quê, é sempre bom dar chances a quem merece. 

Sai da sala praticamente flutuando. Faltavam vinte minutos ainda para Sadie sair da sala então fiquei esperando no pátio enquanto o sinal não tocava. 

Não podia acreditar... Fazer um intercâmbio na Europa! Esse era o meu sonho!

Assim que o sinal tocou a ruiva me avistou, mas antes que ela pudesse vir até mim, Wolfhard sentou-se ao meu lado. Mesmo um pouco longe de mim, ele fazia meu coração martelar e sangue bombear rapidamente nas minhas veias. Por um momento, fiquei paralisada, pensando em como era sentir o gosto de seus lábios contra os meus, seus braços me rodeando, sua pele contra a minha.

- E você esta me escutando? – ele perguntou me tirando dos meus pensamentos.

- Pra você ver como é tedioso – falei mal-humorada e ele bufa.

- E então? Como está? – ele perguntou. – Teve algum flashback?

- Sim... – respondi hesitante.

- E? – ele parecia ansioso.

- Não tenho nada para falar com você – peguei minha mochila e fui até Sadie que vinha em minha direção, porém sou impedida por um Wolfhard que pega no meu braço e segura firme.

- Precisamos conversar – ele fala.

- Aah, agora você quer conversar comigo? – eu bufo me soltando dele.

- Fique longe do diretor.

- Me obrigue – falei me aproximando mais dele.

- Ei, ei ei! Vamos nos acalmar, não é pessoal? - A ruiva me puxou e eu deixei ela me levar para longe dele.