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História Serquel Prompt Party - Coisas de família


Escrita por: gaabdias

Notas do Autor


Essa é a minha contribuição para o dia 4 da Serquel Prompt Party, tema: familia. Como Sergio reagiria ao ver Paulita doente? 😉

Capítulo 3 - Coisas de família


Fanfic / Fanfiction Serquel Prompt Party - Coisas de família

Raquel volta para a casa que eles têm em frente à praia depois de passar no mercado. É uma casa simples, com uma rede na frente, mas para ela é uma das casas mais perfeita que ela já viu. Porque é dela e do Sérgio. É a casa onde ela aprendeu que a vida pode ser bonita. Que ela pode, e merece, ser feliz.

 

O lugar é incrivelmente paradisíaco. Palawan está entre uma das ilhas mais bonitas do mundo com suas areias brancas, águas cristalinas e suas montanhas. O cheiro do mar se tornou uma espécie de segunda casa para ela. Ela não se reconhece mais sem esse tom bronzeado em sua pele, por passar tanto tempo exposta ao sol.

 

Ao chegar em casa, Raquel estranha a quietude do ambiente. A ex inspectora deposita as compras em cima da mesa da cozinha, e depois de fazer um afago na orelha do gato que eles adotaram, ela vai a procura dos outros moradores da casa.

 

“Sérgio? Paulita? Mama?” Raquel pergunta, mas sem resposta.

 

É entrando no quarto que pertence a sua filha que ela entende o que está acontecendo. Tanto Sergio quanto sua mãe estão ao redor da sua filha, que está deitada na cama, dormindo.

 

“Paula piorou, mi amor.” Sérgio explica ao ver a sua mulher entrando no quarto. “Ela está com uma febre que não está abaixando por nada, e febre significa que ela está com infecção, precisamos tratar logo...” 

 

Raquel o conhece bem o suficiente para saber que ele está nervoso, e que quando ele fica assim ele não para de falar até alguém o interromper.  A mulher se aproxima de Sérgio e planta um selinho na boca dele, procurando a mão dele e apertando seus dedos contra os dele, procurando confortá-lo. Se aproxima de sua mãe para deixar um beijo em sua testa e então se vira para a sua filha.

 

Ao pôr as mãos no topo da cabeça de Paula, ela sente seu coração apertar. Sua filha está realmente quente. Por mais que sua filha já tenha ficado doente outras vezes, nenhuma mãe acaba se acostumando com isso. Sempre dói ver seu filho indisposto, fraco. Uma vontade absurda de querer pegar essa dor e transportar para si mesma. Tudo para ela ficar bem.

 

Já faz uns dias que a pequena vem reclamando de dor de garganta. Raquel deu um pouco de mel com limão para ela e queria chamar um médico, mas Paula garantiu que não tinha necessidade. Agora, o estado dela piorou.

 

“É tudo minha culpa, eu deveria ter chamado um médico logo.” Sua voz sai angustiada, uma lagrima escorrendo pelo seu rosto.

 

“Não pensa assim, hija...” Marivi pede. “Todos nós achamos que não era nada grave.”

 

A mais velha abraça sua filha, deitando a cabeça dela em seu ombro. Raquel aceita o apoio da mãe de bom agrado, apertando a mãe contra si e depois depositando um beijo na bochecha dela.

 

“Paula irá ficar bem, ela é forte que nem a mãe.” Sérgio diz com tanta convicção que a Raquel acaba acreditando.

 

A ex inspectora consegue ver nos olhos dele que ele ainda está com medo, mas ele também está determinado a fazer o possível e o impossível para ajudar ela a melhorar. É encarando sua íris negras que ela encontra forças para continuar.

 

Seu olhar se prende ao dele, e como uma magia lançada, ela não consegue desviar. O olhar dele transmite paz. Certeza. Segurança.

 

A boca de Sergio se curva em um sorriso e Raquel sorri também, involuntariamente. Raquel une suas mãos as do Sergio e leva ele para fora do quarto.

 

“Vocês já deram remédio para ela?” a mulher pergunta ao chegarem na cozinha.

 

“Sim. Foi meio difícil ela conseguir engolir por causa da garganta, mas ela conseguiu. Porém eu temo que a febre ainda não baixou. Já chamei um médico conhecido meu, e dentro de uma hora mais ou menos ele deve estar aqui.”

 

“Quanto estava a temperatura dela da última vez que você mediu?”

 

“Estava 38 graus, quase 38,5.”

 

Com isso, um pouco do nervosismo que ela estava sentindo vai embora. Como mãe, ela já passou por outras situações parecidas, e ela sabe que essa temperatura por mais que não seja normal, não é alarmante. O remédio que a Paula tomou deve ajudar a temperatura voltar ao normal logo.

 

“Ah, cheguei a pensar que estava mais alta.” Raquel suspira aliviada. “Creio que logo a temperatura dela logo abaixará.”

 

“Raquel, mas como assim?” Sergio pergunta com olhos arregalados, ajeitando os óculos e movendo as mãos nervosamente. “Ela está com febre! Febre! É grave, não é uma coisa atoa!”

 

A ex inspectora se compadece pelo sofrimento dele, lembrando de como ela se sentiu nas primeiras vezes em que Paula ficou doente. Um pequeno sorriso apologético aparece no rosto de Raquel, e ela se aproxima do seu noivo. Juntando suas mãos com as dele, a loira aproveita a proximidade e inclina sua testa contra a dele.

 

“Cariño, eu sei que isso é tudo muito novo pra você.” Raquel sussurra com os olhos fechados, as testas ainda ligadas uma a outra. “É a primeira vez que você vê a Paula doente, imagino que deve ser assustador. Mas ela vai ficar bem, deve ser uma infecção na garganta. É só cuidarmos, que logo ela melhora.”

 

“É meu dever proteger vocês, é meu dever manter a minha família sã e salva.” ele diz, ainda angustiado.

 

Raquel sente um quentinho no coração ao ouvir ele chamando-os de família. Não é a primeira vez, e Raquel desconfia que não será a última, mas toda vez provoca algo bom dentro dela.

 

“Mi amor, estamos sãs e salvas aqui. Você cuida de nós, sim. Uma doença não é algo que alguém pode controlar, pode acontecer a qualquer momento com qualquer um.” Ela afaga o rosto dele, enroscando seus dedos nos fios de cabelo dele.

 

Sergio suspira, sentindo a conexão entre eles, que nunca falha. É uma ligação, um vínculo tão forte que acalenta a alma. Ao estabelecer esse vínculo, não é que eles não sintam mais medo, mas eles se sentem mais forte para enfrentar qualquer tempestade que esteja na frente deles. Pois eles sabem que o outro estará lá para apoiá-lo.

 

“Uma fissura em uma vida perfeita...” ele comenta, ainda cabisbaixo, mas Raquel consegue sentir que ele está se sentindo ligeiramente melhor.

 

“Uma fissura que será remendada e curada.” Raquel fecha os braços ao redor do corpo de Sergio e o abraça.

 

A ex inspectora se desvencilha, pressionando seus lábios contra os dele. Ela o beija calma e lentamente, e Sérgio suga levemente o lábio inferior dela. O homem passa ambas as mãos pela cintura dela, trazendo a para perto. Quando a falta se ar se faz presente, as testas do casal novamente se unem.

 

“Eu vou dar um banho gelado na Paula para ajudar a diminuir um pouco a temperatura, ok?”

 

Sérgio assente e após um último selinho, Raquel anda até o quarto. Para ao lado da filha e beija a testa dela, e explica à sua mãe que vai dar um banho na Paula. Ela carrega a pequena, ainda dormindo, para o box do banheiro.

 

Raquel nota o quanto Paula cresceu, o quanto ela mal cabe em seus braços mais. Ao despir sua filha, ela liga a água do chuveiro, e coloca Paula embaixo da água fria. Ela passa seus dedos pelo cabelo da Paula, se perguntando se ela está feliz.

A resposta aparece em sua mente assim que ela pergunta. Imagens de momentos de Paula passam pela sua cabeça, ela correndo pela praia, brincando na água, a sua risada doce se sobressaindo sobre os outros sons. A pequena pode não entender o motivo da mudança, mas ela está feliz. É uma vida boa, e Raquel tem que admitir que Sérgio faz de tudo para deixar o mais confortável possível.

 

A mulher termina de dar banho na filha e enrola ela na toalha, levando-a para o quarto e colocando ela na cama. Raquel se sente triste ao ver a filha resmungando e colocando a mão em sua garganta. 

 

Raquel traz a filha para perto de si e abraça ela, aconchegando-a em seu peito.

 

“Sei que está doendo hija, mas vai passar logo. Com mel e remédios, logo você já está recuperada.” Raquel promete.

 

Paula solta um resmungo incompreensível. A mais velha veste sua filha com pijamas de mangas compridas de botões, e a acomoda novamente na cama embaixo das cobertas. Ao medir novamente a temperatura, Raquel comemora ao observar que a temperatura baixou para 37,5. A criança fecha os olhos e a mãe a deixa dormir até o médico chegar.

 

Não demora muito. Logo um homem beirando aos 60 anos, baixinho e de cabelo grisalhos, bate na porta com uma malinha com os instrumentos médicos em mãos.

 

“Oi Luiz! Muito obrigada por vir o mais rápido possível.” Sérgio abre a porta da casa e agradece.

 

“Não precisa agradecer,” Luiz dá uma tapinha nas costas do Sérgio e entra na casa.

 

O médico cumprimenta Raquel, e logo ele é direcionado até o quarto da paciente.

 

“Boa tarde, eu sou o Luiz.” o médico se apresenta ao entrar no quarto. “Como minha paciente está indo?”

 

Paula explica que está sentindo dor de garganta e Raquel informa que ela estava com febre, mas já deram remédio para controlar a mesma. O médico assente com a cabeça e abre sua maleta, tirando de dentro um estetoscópio. Luiz ouve os batimentos cardíacos da menina, e depois mede sua pressão. 

 

Ainda sem falar ou dar explicações, ele tira uma lanterna clínica da maleta e pede para Paula abrir a boca. Luiz ilumina a garganta da criança, movendo a mesma de um lado para o outro para conseguir ver melhor. Quando se dá por satisfeito, ele retira um otoscópio da mala para verificar o ouvido dela.

 

“Bom, consegui tirar uma conclusão.” ele diz após a análise completa. “Como eu já imaginava, Paula está com a garganta inflamada, com bastante catarro. Que cor está saindo o catarro?”

 

“Amarelado”, a pequena responde.

 

“Sinal de desenvolvimento de uma laringite, ou talvez uma sinusite. Não tem catarro nenhum no pulmão, ele está limpo. Mas se não cuidarmos logo pode alcançar o pulmão. Eu vou prescrever um antibiótico, e se não melhorar dentro de cinco dias, eu volto aqui.”

 

Luiz escreve a receita e entrega pra Sérgio, que diz que vai ir comprar agora mesmo. O médico se despede, e Sérgio sai junto com ele. Ao voltar, Sérgio se desespera ao ver Paula fora da cama.

 

“Raquel, cadê a Paula? O que ela está fazendo fora da cama?” ele pergunta atônito.

 

“Calma, cariño. Ela só foi no banheiro.” ela tenta tranquilizá-lo.

 

“Mas... e você não foi com ela?”

 

“Sérgio, ela não está inválida. Alias, o remédio está fazendo efeito, a febre está baixando cada vez mais e ela já está se sentindo melhor.”

 

“Mesmo assim, você deveria acompanhá-la, e se ela sentir uma tontura...”

 

“Eu não vou admitir isso, Sérgio,” Raquel explode, chegando ao seu limite, mas tenta controlar sua voz para não perturbar a Paula. “Ela é minha filha. Durante boa parte da minha vida, cuidei dela completamente sozinha. Sempre fiz de tudo para manter ela segura e não faltar nada a ela. Então não vem insinuar que eu sou uma mãe inconsequente só porque não acompanhei minha filha ao banheiro.”

 

A dor nos olhos dela faz algo se acender dentro dele. Ele percebe que exagerou.

 

“Me desculpa, Raquel” Sérgio pede. “Nunca questionei e nunca questionarei você como mãe. Você é uma mãe atenta, carinhosa, e eu sempre admirei isso em você. Lembro desde o nosso primeiro encontro, quando você queria ir embora logo porque queria estar em casa quando sua filha acordasse. Ou quando eu fui à sua casa e vi você interagindo com ela, a forma como você age com ela. Você é incrível, e esse seu lado maternal, que vem tão natural, é uma das coisas que eu mais amo em você. Eu não quis te magoar.”

 

Ele se aproxima e toca nas mãos dela, e toma como um bom sinal quando ela não se afasta. Sérgio procura os olhos dela, mas ela encara o chão. Ele acaricia os dedos dela e cria coragem para continuar a falar.

 

“É difícil pra mim ver ela doente, Raquel,” Sérgio confessa. “Você sabe sobre o meu passado, sabe que eu fui uma criança doente, vivia no hospital, e só de ver Paula desse jeito, me corta o coração só de pensar em algo mais grave acontecer e ela se tornar uma criança que nem eu era.”

 

Dessa vez é Sérgio que encara o chão, e lágrimas começam a cair só de lembrar da sua infância, de tudo o que ele perdeu. Ele não pôde frequentar escolas, não teve amigos, não aprendeu a socializar. Via seu pai sofrendo, não só por ver seu filho nesse estado, mas também por não ter muito dinheiro para poder bancar os medicamentos. E quando Sérgio finalmente melhorou, ele dedicou o resto da sua vida em realizar o plano idealizado pelo seu pai para homenageá-lo. Ele nunca teve um tempo para si mesmo, para fazer algo para ele. De certa forma, a vida dele começou agora. Em Palawan. Com Raquel.

 

Dentre todas as possibilidades, a primeira coisa que ele fez por ele foi se deixar levar pelo o que ele estava sentindo pela Raquel. Ele podia estar em qualquer lugar do mundo agora, mas ele escolheu compartilhar essa localização com a Raquel. Ele escolheu esperar por ela. Ele a escolheu.

 

“Ei, olha pra mim cariño.” Raquel pede, apoiando suas mãos embaixo do queixo dele e levantando o rosto dele. “Não chora, por favor. Eu não tinha pensado por esse lado, que pudesse ser tão difícil para você. Eu te entendo e eu sinto muito. Mas preciso que você acredite que Paula vai ficar bem. O que ela tem, não é nem de longe tão grave quanto o que você tinha. É uma simples infecção na garganta, o que é muito comum na idade dela.”

 

Raquel passa a mão pelo rosto dele e limpa as lágrimas presentes ali, fazendo um carinho na bochecha dele. Sérgio dá um sorriso pequeno e ela fecha seus braços ao redor do corpo dele, abraçando-o apertado.

 

É assim que Paula os encontra ao voltar do banheiro. Raquel se desfaz do abraço e encontra sua filha sorrindo, indo em direção a cama.

 

“Como você está, pequena?” Sérgio pergunta, permanecendo com os braços ao redor de Raquel.

 

“Estou me sentindo melhor. Minha garganta ainda está incomodando, mas pelo menos não estou me sentindo mais tão mole.”

 

“Que bom, fico muito feliz em saber. Vou trazer o remédio para você tomar, ok?”

 

Paula assente e Sérgio vai até a cozinha, e volta para o quarto com o remédio e uma porção de bolacha de água e sal.

 

“Não pode tomar remédio de estomago vazio, vamos tentar comer essa bolachinha?” Sérgio pede.

 

Paula hesita, mas no final acaba aceitando a bolacha e consegue comer sem grandes problemas. Raquel olha emocionada para a cena, vendo Sérgio cuidando com tanto carinho e zelo de Paula.

 

E nos próximos dias, essa mesma cena se repete várias vezes. Sérgio não sai do lado de Paula em nenhum momento. Ele abaixa os vidros da janela do quarto para Paula não pegar friagem, leva comida para ela na cama e é ele que sempre faz questão de se lembrar dos horários dos remédios.

 

Sérgio tenta anima-la contando piadas, vendo filmes deitado na cama com ela, e de vez em quando pega o gato cinza e coloca em cima da cama para Paula brincar com ele. Ele ama o sorriso enorme que aparece no rosto da menina toda vez que ela vê o gato. O Fofuxo, nome que deram para o gato, apareceu na porta da casa deles em uma quarta feira de manhã ensolarada. O gato não parava de miar, e tinha um pequeno arranhão em sua perna. Paula se afeiçoou ao gato imediatamente e implorou para eles ficarem com o gato. No começo Sérgio foi contra, pensando em toda a sujeira e bagunça que um gato poderia fazer, soltando pelo por todo canto da casa. Hoje ele é completamente apegado ao animal.

 

Ao ver Sérgio cuidando com tanto afinco de Paula, Raquel nota a evolução dele. Antes Sérgio era fechado e sozinho, e agora ele é aberto e receptivo. Ele não é mais um lobo solitário.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!! Me contem suas opiniões ❤️


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