História Sete Pecados - Livro 2 - O melhor dos presentes

~X~

Ele não compreendia como podia ser arrastando tantas vezes. As pessoas não entendiam que seu membro inferior estava imobilizado? Perguntava-se. Depois de tanta euforia eles pararam. Candy abria e fechava os olhos várias vezes seguidas, reforçando a ideia de que estava nervosa. Já era a hora mais esperada da noite. Ela estaria prestes a dançar a sua tão sonhada valsa. Os pares haviam sido separados por sua tia Maite. Ela tinha escolhido cindo rapazes. E neste justo dia, Victor iria escolher os que seriam seus possíveis futuros pretendentes. O problema era que ela não sabia disso, muito menos Dulce.

A garota respirou mais duas vezes, até por fim assumir uma postura ereta. A falta de seu pai naquele lugar fez seu cenho se entristecer. O silêncio e a música estavam quase inaudíveis. As pessoas já estavam localizadas nas laterais do salão, dando espaço ao centro que seria o local da dança. Os convidados baixaram as suas máscaras, para uma melhor visualização. Mesmo se mostrando fria, por dentro a sensação de medo a consumia. Ao perceber isso, Júnior agarrou a mão direita da irmã. Ela estava tão concentrada, que esse movimento tirou sua concentração, fazendo-a virar o rosto para ele. — Vai dar tudo certo... Disse olhando em seus olhos. O acalmo do irmão a fez abrir um leve sorriso abafado. Candy não era boa em demonstrar sentimentos intensos demais. A firmeza das mãos dele á conduziu até o meio, após o anúncio da tia. 

Candy pôs a mão direita sobre o ombro de Júnior, enquanto ele a pegava pela cintura; e com a outra mão eles se uniram. A sinfonia de “La bella dormiente” de Bach, soou focando na bela orquestra que se concentrava em cada nota, muito bem realizada e sincronizada. Os passos foram suaves, já que o menino não podia fazer muito esforço. Eles dançaram e sorriam um para o outro, só que desta vez, ela havia lhe dado um pouco mais que uma simples movimentação de boca. Era possível ver seus dentes. Eles tinham a ligação mística que somente os gêmeos compartilhavam. Ambos olharam para os lados, vendo a mãe limpando com um lenço, os olhos cheios de lágrimas. Anahí e Alfonso estavam ao lado de Angel, que fez questão de mandar um beijo para o menino. Ele apenas lançou um leve piscar de olho como resposta. Os seus avós os olhavam, mecanicamente. Victor apenas fez um movimento com a cabeça, que Júnior repetiu. Algumas pessoas passaram por sua vista até chegar a Perroni. Aos poucos a visão foi se perdendo. Ela como de costume, virou o rosto fingindo olhar para o lado oposto. A garota já não queria olhar para os lados. Imaginar que todos estavam fixados nos dois lhe dava a sensação de análise e ela odiava isso. Antes de fixar-se apenas no seu companheiro, ela olhou para a tia sorrindo. Ela pode notar a chegada de alguém que pegou Maite por trás, fazendo a mesma se virar, abraçando a pessoa. A baixa luz fez Candy estreitar os olhos para ver quem poderia ser. Um pequeno e inesperado feixe de imagem focou no lugar, dando a ela a visão de curtos cabelos loiros, bem postos num homem de altura mediana. Era seu tio, ela podia jurar que era.

— A minha vez encerrou... “ele se soltou dela, dando um beijo curvado no dorso da sua mão. Antes de se juntar aos outros”.

A sensação dos segundos de solidão se alastrou na garota, enquanto ela aguardava o tal próximo com quem dividiria seus passos. Neste momento, as luzes se apagaram por completo. Ela ouviu as vozes dos convidados se questionarem sobre o que havia acontecido. Na sua mente o primeiro impacto foi imaginar um possível desastre. Droga! Até agora tudo ia bem! Ela estava prestes a segurar o vestido para tentar sair dali, quando tudo voltou ao normal.

Junto da luz, veio a sua tão inesperada surpresa. Papai! Christopher andava em sua direção, com um belo sorriso de ponta a ponta. Ela não soube o que fazer. Ficou parada apenas olhando o pai chegar cada vez mais. Já frente a frente, ela jogou seus braços sobre o pescoço dele, segurando a emoção inexplicável. Ele a segurou com tanta força que os dois pareciam brigar sobre quem dava o mais forte abraço. A música iniciou novamente, sugerindo que eles dessem continuidade com o ritual.

— Você veio...

— Não poderia perder a oportunidade de te ver tão linda, num dia tão especial.

— Só o fato de estar aqui muda tudo! Não sabe como estou feliz “ela encostou sua cabeça sobre o peito do pai. Sentindo o cheiro dele. Tentado acreditar que aquilo era real”.