Levou um tempo para que a criada trouxesse refresco a eles, e quando veio estava acompanhada pelos seus senhores e o casal de feiticeiros. Winifred apertou as mãos do marido encantada com visão de Irene abraçada ao filho.
Então tudo estava indo certo, como planejado. E pelo visto, as coisas fluíam com rapidez. Sequer imaginava que o filho se daria tão bem com a jovem moça, uma vez que ambos não se conheciam e o casamento só era arranjado porque ambos os pais se conheciam, e o barão entendia se o certo a se fazer, afinal Goodwin salvara o pai do barão e casar a filha mais nova com o filho dele era uma abundante demonstração de agradecimento.
Todavia, o barão tinha o mesmo pensamento que Winifred, havia imaginado que a filha não ia gostar do pretendente, pois não o tinha conhecido antes daquele dia, e ele tinha a compleição mais velha do que a própria idade. Porém, a educação que Irene levará lhe ensinará que as mulheres da nobreza não escolhiam a quem amar, só tinham que obedecer a seus pais e maridos.
— Aqui seu refresco, senhorita Irene. — disse a criada, estendendo a bandeja para que os dois pegassem o copo.
Irene lhe agradeceu e largou o braço de Cedric, para o alívio do mesmo.
— Vejo que estão se dando muito bem. — comentou a baronesa, com um largo sorriso. — Será que agora não seria um bom momento para o mestre fazer o retrato?
A sugestão pareceu uma ótima ideia para todos, exceto Cedric, que desprezava a ideia. Já bastava o quadro que ganhara dos pais e, obrigatoriamente, teria levaria ao castelo. Agora teria outro, no qual sua imagem estaria estampada.
— Chame o mestre, por favor. — pediu o barão à criada.
Assim que a criada saiu, Irene pôs-se de pé num salto, ansiosa e curiosa para saber sobre a pequena reunião.
— O noivado foi oficializado? — Indagou. Apertava as mãos, nervosa.
— Claro que sim, menina. — respondeu Winifred. — E o casamento já está marcado.
— já? — espantou Cedric. — Por que tão rápido?
— Não se preocupe com isso, Cedric.— disse o pai. — Será depois que se acomodar no castelo, então levará um tempo.
— Seu pai nos disse que logo será feiticeiro real no castelo, então acharmos melhor que após se acomodar, o casamento ocorreria com mais calma. — Explicou o barão. — Além de que, nos querermos que os nossos filhos mais velhos estejam aqui.
Cedric aquiesceu e suspirou aliviado, ao menos teria um bom tempo de sobra e faria o possível para adiar o casamento. Nunca desejou se casar, mas os pais aproveitaram o boato que o barão desejava casar a filha mais nova e ofereceram o filho como pretendente. Não desejava aquilo, mas o barão era alguém importante e parente do rei, então não tinha como recusar. Além de que o pai passaria a repudiá-lo.
Não sabia o que fazer, mas não queria casar.
O pintor veio às pressas com cavalete e quadro na mão. Levou um tempo para arrumá-lo, pois procurava um ótimo lugar tivesse contraste com o jardim e os noivos.
— Aqui é um ótimo lugar. — disse ele, por fim. — será bom que faça uma pose, sim? Senhorita Irene pode ficar sentada no banco mesmo, mas o senhor Cedric terá que ficar de pé atrás dela. Isso, ótimo! Agora coloque a mão no ombro dela.
— Isso é necessário? — Perguntou ele, visivelmente incomodado.
— É claro. Quero retrata esse momento feliz de amor.
Contrariado, Cedric pôs a mão no ombro dela e sentiu quando a mesma estremeceu e deu um riso contido. Ele revirou os olhos. Não havia amor ali, e de modo algum haveria. E só de olhar percebia que Irene era uma mulher excêntrica.
O mestre desenhava primeiro o esboço com pequenos pedaços de carvão, enquanto os noivos faziam o melhor para permanecerem na pose sem receberem reclamações do pintor e dos pais.
— Cedric! — ralhou Winifred. — Tirar essa cara fechada e coloca um sorriso. Este o momento mais feliz da sua vida e você fica assim, igual um infeliz.
Cedric bufou, porém forçou um sorriso para que a mãe ficasse quieta. Realmente não estava feliz, e nem era o momento mais feliz da vida dele. Ninguém havia perguntado a ele se queria se casar, apenas o jogaram na “cela” e o enfeitaram.
Cedric observava seus pais e os pais de sua noiva conversarem animadamente do outro lado. O pintor pedirá que eles se afastassem para não incomodá-los, mas mesmo assim conseguia ouvir um pouco das conversas deles.
— Daqui duas semanas Irene terá que ir visitá-los. Vocês não se incomodarão com a estadia dela, não é? — Perguntou o barão. — É uma tradição dos noivos se visitarem mutuamente até se casarem. Como Irene ira casar com seu filho, ela terá que passar alguns dias com vocês.
— Não se incomode com isso, vossa graça. — disse Goodwin. — Temos conhecimento dessa tradição e já esperávamos por isso. Na verdade, Winifred está empolgada com isso.
A mulher rechonchuda deu uma risada.
— Irene será tratada como uma filha querida. — Disse ela. — Será ótimo que Cedric tenha uma noiva, já que ele não tem amigos.
O barão e a baronesa riram.
— Eu ainda estou muito surpreso, trabalhei para vários reis como feiticeiro real e agora, o meu filho, será parente do rei por casamento. — disse Goodwin em tom sonhador. Sentia um leve orgulho do filho.
— Nem tanto, meu caro amigo. — começou a baronesa. — o tetravô do meu marido e o mesmo do rei de Enchancia, isso nos torna primo de 7° grau dele. Vocês sabem, essas coisas de árvore genealógica são tão confusa.— explicou ela. — Mas, de qualquer forma, sou filha do rei de Muska. Portanto, Irene é neta de um rei. Entretanto, devem saber que Enchancia e Muska não tem uma relação favorável há um bom tempo. Papai não gostou nada do meu casamento, fiquei anos sem poder pisar em Muska. É claro que agora posso visitá-lo e visita meus irmãos, mas alguns títulos são me negado, principalmente por causa da relação dos dois reinos.
Cedric olhou para Irene abaixo, sentada com as mãos no colo e com um sorriso afável no rosto. Ela era neta de um rei, não o de Enchancia pelo que perceberá, mas de outro, então a mãe dela era uma princesa real e, com toda certeza, ela também era.
Então estava noivo da mulher que era neta de um rei e prima de outro. Havia algo melhor? Para Cedric só a coroa do rei.
Após um tempo, o pintor se espreguiçou e deu um suspiro, satisfeito.
— Pronto, pronto, terminei o esboço. — anunciou o mestre, contente — Quando ele estiver pintado e emoldurado trago para possam ver.
— Ó, que maravilha! — comemorou Winifred. — Deixe-me ver como ficou, por favor.
O pintor jogou um pano branco por cima, cobrindo-o. O barão riu.
— Dificilmente o mestre deixa ver suas obras antes de termina lá. — disse ele. — Mas garanto que ele é um ótimo pintor, seus traços são tão realistas, encantadores e minuciosos.
— Obrigada pelos elogios, sua graça. — agradeceu, fazendo uma mesura.
A baronesa insistiu que todos fossem para a sala de música, onde um grupo de músicos os esperavam e, assim, pudessem ter uma conversa agradável até o banquete da noite. Enquanto os casais conversavam com o pintor, Irene e Cedric permanências sentados, mas em total silêncio.
— É bem cansativo posa para esses retratos, não acha? — perguntou Irene.
Irene conjecturou que Cedric não iria lhe responder, já que o mesmo sequer a olhava e quando a respondia era com tons monótonos. Contudo, foi surpreendida quando ele ergueu-se do e lhe estendeu o braço.
— Podemos passear um pouco?— perguntou ele. —Gostaria de conhecer tudo aqui.
Irene o fitou espantada e aquiesceu veemência com um sorriso largo de orelha a orelha.
— É claro! — ela entrelaçou o dele, o apertando. — Você poderia me contar um pouco sobre sua família e você, o que acha?
Ele suspirou e revirou os olhos.
— Ótima ideia…
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