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História Seven Days - Terça


Escrita por: Bladeflowers

Notas do Autor


Bem! Eu disse que não ia demorar muito, to de volta, cheguei no salto quinze já pisando na cara das inimiga, e botando á cara no sol monas! E para a alegria de alguns já decidi que postarei todo domingo! Mas caso eu caia do salto e não poste no domingo, me perdoem desde já!

Capítulo 2 - Terça


Fanfic / Fanfiction Seven Days - Terça

O preço da Ignorância

- Nani?!

Deus! Isso definitivamente não está acontecendo!

- Eu aceito seus sentimentos, você se confessou pra mim certo?

Eu só consigo pensar em que desculpa devo usar em um momento como esse.

- Ah! Mas tenho certeza que não fui à primeira de hoje.

Eu estava torcendo para não ser. Tenho certeza de que tem um sorriso extremamente torto na minha face.

- Você foi à primeira.

O sorriso torto se desfez. Eu não estava acreditando! Era muito azar pra um dia só, era tanto azar que eu posso até criar um ditado pra mim mesma “Paus e pedras podem quebrar, mas Karin Kurosaki sempre vai se ferrar”.

Um silencio palpável envolveu nos dois, eu encarava meus próprios sapatos sem acreditar, sentia o olhar dele queimando em mim, era desconfortável demais ser observada por muito tempo.

Hitsugaya não entendeu minha ironia, ele é mais burro do que aparenta. Eu tinha que desfazer esse engano.

- Hitsu...

Mas antes que eu falasse, ele me interrompeu, de maneira grossa pra variar.

- Porém eu não posso aceitar sua comida, tenho certeza que precisa se alimentar, e eu já comi hoje.

Ele passou os dedos de sua mão molhada em meu cabelo, me fazendo retesar no lugar graças seu toque gelado, sem delongas ele se retirou pela porta dupla me deixando para trás ainda sem acreditar.

E o pior! Ele não aceitou a comida da Inoue!

Toushirou deve ter sentido o cheiro de mel e azeite, e recusou. Ótimo, agora ele acha que eu cozinho mal também.

- Kuso!

Naquele resto do dia inteiro, eu não o vi no colégio, e supus que teria que terminar com isso na terça feira. Afinal de contas, havia sido um infeliz engano e falta de interpretação de tom.

Na hora da saída, eu e Tatsuki combinamos de ir juntas até metade do caminho, já que morávamos em locais muito diferentes, Tatsuki ia de apé até sua casa duas quadras daqui, eu iria de Metrô que ficava á uma quadra.

Enquanto caminhávamos juntas, foi inevitável não contar á ela o ocorrido.

- E ele pensou que eu estivesse falando serio Tatsuki!

Ela riu de mim quando tentei me explicar.

- Não acredito que vocês dois estão namorando. Isso é muito surreal.

- Nós dois não estamos namorando! Foi uma fatalidade.

- Porque você não tenta?

Antes que atravessássemos o portão de saída do colégio, eu parei ainda encarando ela, minha sobrancelha arqueada, eu sempre soube que Tatsuki tinha parafusos á menos, mas agora já era caso de hospital.

- Você não pode estar falando serio.

- Sabe, acredito que se ele realmente esta disposto á passar sete dias do seu lado, não á nada que você possa perder.

- Só á minha dignidade não é?

Ela colocou a mão na cintura, como uma mãe falando com sua filha.

- Não haja como se ele não fosse bonito. Dê uma chance para conhece-lo, e faça com que esses sete dias não sejam apenas para que ele se apaixone, mas você também.

Sabe aqueles livros onde a protagonista tem uma amiga, baladeira, que tem cirrose de tanto beber, que já pegou metade da escola e que só incentiva a protagonista á fazer merda? bem, Tatsuki era essa amiga na vida real, á diferença é que ela não é baladeira, não ingere bebida alcoólica, e até hoje só tem um namorado que é o Ishida.

- Nós não vamos namorar e ponto final!

- Diga isso á ele então.

Logo ela apontou para á saída do colégio. Do outro lado da rua, encostado em um muro e parecendo entediado, mesmo que estivesse rodeado de meninas, Hitsugaya parecia esperar alguém em especial, e algo me dizia que era eu.

Era uma ótima oportunidade para acabar com essa história.

- É isso que eu vou fazer!

- Então eu vou na frente, tenho treino de Katare e não posso me atrasar, nos vemos amanhã.

- Vai mesmo me deixar sozinha nessa?

- O namorado é seu Karin.

Ela estava tirando uma com a minha cara, e parecia muito feliz e divertida com o rumo que as coisas tomaram.

Isso que acontece quando se faz favores, a vida ri de você, a vida te dá um chute como se você fosse um cachorrinho vira-lata.

Atravessei a rua com certo receio, eu não sabia o que diria exatamente, e todas as opções em minha cabeça pareciam ser bastante falhas agora.

Tipo: Sair correndo.

Assim que eu me aproximei, ele me notou á alguns passos de distância do grupo de meninas que o envolvia. Ele não falou uma única palavra sequer, não se despediu ou tentou ser gentil, apenas deu ás costas á todas elas e veio na minha direção.

Namorado mais perfeito que esse não existe.

Eu até me sentiria especial, mas eu tava enjoada demais pra isso.

Definitivamente, eu não o suportava durante meia hora, quem diria 168!         

- Precisamos conversar Hitsugaya.

Ele acenou com a cabeça concordando. Foi até fácil demais.

Eu preferia acabar com tudo ali mesmo, mas antes que eu fizesse isso, ele segurou em meu pulso, e me puxou para andarmos. Seu toque era de certa maneira incomodo, e ao mesmo tempo, eu ainda lutava para entender se eu quebrava o braço dele ou não. Eu mantive um olhar muito raivoso para aquele toque, esperando que ele percebe-se e me solta-se, porque de repente, eu não parecia ser capaz de fazer isso.

- Sabe não precisa me segurar, eu sei andar.

Mas ele não soltou mesmo assim.

Quis saber se ele era ignorante assim mesmo ou só era bom ator.

Enquanto andávamos juntos e eu esperava que pudéssemos ter uma conversa onde ele me ouvisse, fiquei me perguntando que tipo de pessoa ele era. Toushirou não transparecia emoções, mas eu sabia que ele ás tinha em algum lugar. Todo mundo tem.

- Sobre o que queria falar?

Pisquei algumas vezes. Sua voz soou baixa, e finalmente ele olhou para mim, mesmo que me olhando de lado.

- Primeiramente pode me soltar?

Ele o fez, passando á andar do meu lado.

- Quero falar que você é burro e não entendeu que eu não queria namorar você nem nada do gênero, só queria te entregar comida estragada! Nós não vamos namorar nunca! Esquece!

Claro que eu não disse isso, mas juro que pensei! Na verdade o que eu realmente disse foi consideravelmente delicado.

- Acho que houve um engano. Quando eu me confessei pra você, não foi necessariamente de verdade.

- Eu sei. Você transbordou de pura ironia quando falou, não sou idiota, claro que sei diferenciar uma declaração de verdade de cinismo.

- Espera... Se você sabia, por que continuou com isso?

Nos dois paramos, sobre a calçada, debaixo de uma árvore qualquer em uma rua deserta da cidade. Ele me olhou de frente agora, seus olhos eram verdes turquesa maresia, me lembravam das minhas idas á praia na infância com minha mãe, mas foi nesses mesmos olhos que eu consegui ver algo.

Diversão.

Ele estava se divertindo com aquilo, era como se os olhos dele pudessem gargalhar enquanto ele mantinha os lábios retos. Mas se ele estava achando engraçado, eu não!

- Porque não continuar?

- Porque eu não gosto de você de verdade!

- As outras meninas antes de você também não.

- E como pode ter tanta certeza?

Eu quase pude vê-lo sorrindo nostálgico, mas á única coisa que vibrava em seus olhos agora, era decepção.

- Nem uma delas lutou por uma nova chance depois que as deixei no domingo a noite. Se você gosta de algo, tem que ir atrás certo?

- Isso não me parece justo, elas vieram atrás de você, se declararam, se esforçaram para que você se apaixona-se por uma delas, e então você ainda ás culpa?

- A vida não é justa.

- Mas você não é a vida!

Não houve muito o que dizer depois, ele me deu as costas e continuou á andar, e eu o segui ainda atrás, tentando imaginar o que ele pensava agora. Mas logo já estávamos na frente do metrô, e eu percebi que ele não tinha á mínima intenção de ficar ali.

- Não posso te acompanhar até sua casa hoje, suman.

- Não me importo.

Ele não pareceu tão desconfortável quanto eu pela minha própria falta de educação. Talvez eu estivesse sendo rude demais. Mas/Porém/ Por tanto era impossível não me exaltar.              

- Pode me passar seu telefone?

Eu queria dizer não, dar-lhe as costas, voltar, pisar em seu pé, e li dar as costas outra vez. Porque de fato toda essa situação não poderia prosseguir. Porque agora tudo parece uma grande brincadeira de mau gosto com a minha cara, e mesmo que eu tenha provocado isso de maneira nada convencional, levar isso pra frente era como assinar um contrato com o diabo.

Infelizmente as palavras de Tatsuki surgiram na minha cabeça.

“não á nada que você possa perder.”

De fato eu não tinha, e se era pra brincar de quem é mais irônico, então eu iria ganhar.

Tirei seu celular de sua mão e passei meu número para o aparelho rapidamente, salvando como “Seven Days”. Ele riu quando viu, e me subiu um olhar curioso. Toushirou parecia querer ver além da minha péssima expressão facial de descontentamento, no fundo eu pedia para que ele desvia-se o olhar antes que eu ficasse envergonhada demais para sustenta-lo.

- Você é complicada Kurosaki.

- Como sabe meu nome?

- Você está no time de futebol feminino como atacante, acredito que mais da metade do colégio saiba quem você é.

- Que seja. Tchau.

Li dei as costas indo na direção das catracas de entrada, eu queria um pouco de distancia agora, sentia minhas bochechas quentes.

Peguei minha carteira dentro do bolso do blazer azul marinho do colégio, precisava pagar a passagem para entrar na estação, porém antes que eu o fizesse, o som da catraca sendo liberada me chamou á atenção.

Toushirou havia passado seu cartão pra mim.

- Porque você fez isso? Não precisava!

- Aceite, sem reclamar.

- E porque eu faria isso?!

Repeti á mesma cosia que ele me disse quando li ofereci a comida de Inoue.

Dessa vez, para minha surpresa inquietante, ele sorriu levemente brincalhão, sua sobrancelha levantou-se cheia de sarcasmo, e ele abaixou alguns poucos centímetros, antes de parecer ousado demais ao falar.

- Porque você é minha namorada, a garota mais linda dessa escola, a mais inteligente, eu sou apaixonado por você e como hoje é segunda eu queria me declarar, afinal de contas eu não tenho nada melhor pra fazer da minha vida, e tals. Vai aceitar ou não?

Déjà vu! Toushirou havia repetido á mesma coisa que eu li disse hoje mais cedo quando tentei empurrar a comida de Inoue para ele. Á mesma frase que me condenou.

E ao falar, seu tom de voz era quase tão irônico quanto o meu. Porém sua ironia era mil vezes mais ácida e perigosa. Senti minhas bochechas ficarem quentes novamente, e desviei o olhar irritada.

Se essa era á face “sentimental” dele, eu adoraria namorar á face “Estou morto enquanto estou vivo”, também conhecida como á cara sem expressão dele.

Ainda com raiva atravessei a catraca sem olhar para trás, apesar de que agora eu sabia que ele não era tão sem sal quanto aparentava. Por outro lado... Eu acho que não queria descobrir muito desse seu lado “expressões faciais sádicas”.

Olhei em sua direção, o vendo ainda com o mesmo olhar sarcástico e me encarando de longe, ele acenou todo cínico pra mim.

- Babaca.

Já dentro do trem e sentada, encarando o lado de fora da janela vendo estação em estação. Eu me toquei de algo que deixei passar rapidamente.

Eu não havia terminado com ele, então eu ainda tinha seis dias ao seu lado.

Espera... Estou namorando sociedade.

[Terça Feira]

{Toushirou}

A vida havia se tornado uma rotina entediante e fora dos planos. Ser chamado/conhecido como o ser insensível que tinha uma namorada por semana, de forma alguma estava nos planos.

Não era para haver uma regra de sete dias, não era para haver uma garota nova todas ás segundas feiras, e não era minha intenção deixar nenhuma delas no domingo á noite.

Porém o padrão passou á se repetir de uma forma que as pessoas começaram á pensar que fosse de proposito. Sem que eu mesmo percebe-se, estava mantendo uma esperança em alguma garota durante sete dias, e depois terminava com elas.

É surpreendente como certas atitudes levam ao principio da tempestade.

Na minha cabeça, eu estava focado de mais que sete dias eram o suficiente para que eu consegue-se me apaixonar por outra garota.

A pergunta é...

Por quê?

Porque foi o tempo que “ela” levou para me ter completamente apaixonado.

Porém, diferente de todas as outras situações, foi ela á única que me deixou no domingo, á única que terminou comigo. Ela era tão inusitada quando as demais meninas, a diferença era que era mais decidida, sabia o que queria e então corria atrás, e mesmo depois que terminávamos, ela sempre me tinha nas mãos. Só precisava telefonar e dizer que me amava.

Foi assim durante dois anos inteiros.

Ela me deixava, aparecia com outro rapaz, eles terminavam e ela me ligava dizendo as mesmas palavras de sempre, no mesmo tom delicado e arrependido de sempre.

“Estou arrependida Shiro-chan, eu te amo, sabe disso, eu não consigo amar ninguém além de você”

Não demorou muito para que tanto eu como ela nos cansássemos de fingir que éramos estúpidos e bondosos.

Eu parei de fingir que era idiota e que não percebia a facilidade com que ela dizia me amar todas as vezes, e ela parou de fingir que realmente me amava. Foi daí em diante que as frases começaram á mudar todas as vezes que ela me ligava.

“Sabe que é meu, sabe que não conseguirá me esquecer, e eu também preciso de você Shiro-chan, e eu te amo, então volte pra mim enquanto eu ainda te quero”

Eu sempre voltava.

Eu não culpo nenhuma das garotas por quem não me apaixonei, no fundo, eu as idealizava como “ela” era, e nem uma delas era “ela”.

Até que passei a tentar esquece-la, e um padrão começou á se fazer presente quando eu sempre aceitava a primeira menina na segunda feira que se declarava pra mim, e alguma coisa me fazia terminar com elas no domingo.

Um dos meus grandes erros foi não procurar conhecer as garotas com quem eu estava, eu não me esforçava, e de certo modo estava as usando para esquecer minhas próprias decepções e cicatrizes. Apesar de tantas namoradas, eu nunca soube como ser um namorado.

Quando algo começa á se repetir de formas iguais, as pessoas criam uma imagem sua, comigo não seria diferente, e então á imagem de Hitsugaya Toushirou que tinha uma regra exata de sete dias se espalhou como uma praga de gafanhotos.

E quando eu percebi, as meninas não se declaravam mais por gostarem de mim, por tentarem uma chance, era apenas algo que elas viam fácil demais. Cansou-me tanto, porque agora elas faziam mais questão de que eu ás agrada-se do que elas tentassem comigo, namoro é á dois, mas eu nunca me senti tão só.

Elas inventaram regras.

Mas isso nem era um jogo.

Eu não estava jogando. Eu não estava usando-as por diversão e prazer, até porque nunca fui além do que elas mesmas se deixavam ir, nunca ás forcei a nada, e não me deitei com nenhuma delas.

Eu tinha decidido acabar com isso, e matar aulas na segunda feira era um ótimo jeito de fazê-las perceber que eu não iria mais ser um brinquedo fácil.

Então a atacante do time de futebol feminino me achou. E eu sabia que não seria incomodado por ela se os rumores fossem verdades.

Que ela preferias ás meninas aos garotos.

Foi quando ela me surpreendeu ao tentar me oferecer aquele bentô.

- Porque você é meu Senpai, o garoto mais lindo dessa escola, o mais inteligente, eu sou apaixonada por você e hoje é segunda e eu queria me declarar! Afinal e contas eu não tenho nada melhor pra fazer da minha vida, e tals... Vai aceitar ou não?

Era obvio que ela queria descartar aquilo o mais rápido possível. Sinceramente, achei bastante engraçado sua falta de desinteresse.

E foi por isso que aceitei seus falsos sentimentos. Porque ela era diferente e interessante demais para se deixar passar. E por que ela definitivamente não era como...

Esqueça.

Levantei-me da cama ainda cansado, ter que voltar de apé ontem até em casa não foi algo fácil. Geralmente eu voltava de carro, mas decidi que á acompanharia até o metrô. Queria experimentar mais da obvia falta de educação daquela garota.

Kurosaki Karin era extremamente exótica.

Você: Bom dia

Enviei á mensagem para seu contado: Seven Days.

Ela conseguia colocar ironia em tudo.

Seven Days: Você é idiota?! São seis da manhã! A droga do sol nem nasceu! Qual seu problema?

Você: Desculpe se te acordei.

Seven Days: Desculpas?! Desculpas não trazem meu sono perdido de volta! Você é meu namorado ou meu despertador?

Você: Ah algo que eu possa fazer para te compensar então?

Seven Days: Não tenho nada em mente agora, mas prometo que vou pensar.

Você: Me passe seu endereço.

Seven Days: Pra que?

Você: Para que eu possa recompensar você

Seven Days: “Rua dos alfineteiros, nº 4*”

Estreitei os olhos para aquela mensagem, tendo certeza de já ter lido isso em algum lugar. Até que um estalo me fez lembrar, e foi inevitável não achar certa graça.

Você: Interessante, você mora na mesma rua da casa de Harry Potter, conhece o senhor e a senhora Dursley também?

Seven Days: Mandei o endereço errado, moro na plataforma 9¾ da estação de Londres*.

Você: Vai me passar seu endereço de verdade, ou terei que adivinhar?

Seven Days: Moro perto do centro de karakura, na clinica Kurosaki, Rua Shigume 120.

As aulas começariam daqui á duas horas, era o tempo que eu precisava para me arrumar e buscar Kurosaki.

[Rua Shigume 120]

Kurosaki era peculiar em todos os seus sentidos. Mas sua casa conseguia se superar ao extremo.

Eu não sabia dizer se era uma clinica, uma casa, um sobrado muito grande, ou um prédio muito pequeno, também não entendia o porquê de tanto amarelo sol e azul céu em um único lugar, além de uma pequena fração de tinta rosa clara.

Era difícil dizer o que eles estavam pensando quando construíram esse lugar. Á única palavra que me vinha á cabeça ao olhar aquela combinação de cores era Sunshine.

A entrada para o que parecia ser uma casa, ficava ao fundo, no lado contrario á entrada da clinica.

Eu não sabia descrever exatamente quantos minutos eu passei do lado de fora daquela casa/clinica/sobrado grande/prédio pequeno, encostado naquele carro esperando que ela finalmente descesse. Eu até poderia pensar na hipótese de que ela não tinha me visto, se eu e ela não tivéssemos trocado olhares pela janela que deveria ser de seu quarto.

Daqui de baixo eu só conseguia ver uma parede verde menta com um pôster de alguma banda com um grande BTS gritando em branco e metade de um armário ou algo do gênero.

- Você ainda está aqui?!

Escutei a voz dela, seguido da porta de madeira se abrindo. Ela parecia incrédula em me ver ali.

- Eu disse que iria te compensar lembra?

- Você é o namorado mais estranho que uma menina pode ter.

- E você a mais mal agradecida.

Ela pareceu minimamente surpresa com minha resposta. Acho que ela não esperava uma resposta direta. Mas se Kurosaki não se incomodava em ser grossa comigo, eu não precisava ter medo de responde-la.

Abri a porta do carro do lado do passageiro, e sem dizer nem uma única palavra, ela entrou e colocou o sinto. Dei meia volta e entrei também.

O caminho parecia totalmente silencioso.

- Desculpe.

Mas eu estava enganado. Ela deu a primeira palavra.

- Desculpe por ter sido grossa. Não tenho esse direito.

Kurosaki era totalmente bipolar. Ou talvez eu só não conseguisse acompanhar sua sequencia de atos, era imprevisível, eu nunca esperaria um pedido de desculpas.

- Tudo bem, me parece fazer parte da sua personalidade.

- Hei! Não sou tão grossa assim!

- Me prove que não então.

Ela sorriu amarelo. E então se virou para frente prestando atenção no percurso.

- Não sabia que gostava de Harry Potter.

Tentei conversar com ela. Mas acabei percebendo... Eu não sabia nada sobre ela.

- Eu gosto, foi um dos primeiros livros que eu li com interesse de verdade. E você? Também gosta? Pareceu-me conhecer bem a historia.

- Ainda prefiro Senhor dos Anéis.

Ela me olhou de soslaio, e eu não pude compreender sua expressão.

- Para o carro.

- Hm? Porque?

- Porque eu não posso respirar o mesmo ar de alguém que menospreza a sabedoria de Hogwarts.

- Fique á vontade para pular sequer.

- Isso é quase um sequestro sabia, me manter presa dentro desse carro contra á minha vontade. Eu posso te processar por isso.

Eu não respondi, deixei ela murmurar sozinha por alguns minutos.

- Você provavelmente seria uma versão grisalha do Severo Snape em Sonserina.

- E você seria um dos anões de Hobbit.

Ela pareceu se esforçar bastante para não rir, mas acabou falhando.

- Não acredito que você me comparou com um dos anões!

- Ou você poderia ser o ranzinza da branca de neve.

- E você seria á metade branca da maça envenenada!

Ela sorriu. E por algum motivo, eu gostei de vê-la sorrir. Ela parecia mais simpática sorrindo.

No colégio, eu apenas á deixei em sua sala, sobre os olhares e murmúrios de suas colegas de classe, e voltei para á minha no terceiro andar. Kurosaki era do primeiro ano e eu do terceiro.

Só fomos nos ver novamente, no intervalo, e subimos juntos até o terraço do colégio. Foi ela quem iniciou a converssa como da outra vez.

- Posso fazer uma pergunta?

Perguntas são chaves mestres para á exposição pessoal, mesmo assim, eu aceitei.

- Hai.

- Você não conseguiu se apaixonar por nenhuma das garotas anteriores?

- Não.

Eu precisava ser sincero com ela, nenhuma das anteriores conseguiu me fazer esquecer “ela”, mas essa era uma parte que podia ser facilmente omitida.

- Por quê? Elas não faziam o seu tipo?

- Não sei se tenho um tipo.

- Não seja baka, todos tem ao menos algo em especifico que queriam em uma pessoa. Não precisa ficar com receio de me dizer.

Karin Kurosaki era linda. Seus cabelos eram longos e pretos, porém sempre estavam presos em um alto rabo de cavalo. Ela tinha olhos cinzentos escuros, cílios que faziam sombra em suas bochechas róseas, e era pálida. Seu corpo também era bonito, curvilíneo nos lugares certos e tinha um busto avantajado, suas pernas com toda certeza chamavam bastante atenção.

Mas por mais que ela fosse linda, eu não conseguia vê-la como um “tipo ideal”.

Talvez, porque em minha cabeça houve-se outra descrição.

- Cabelos curtos, na altura do pescoço em um tom castanhos, olhos cor de chocolate, menor do que eu, porém mais delicada, gentil, alguém que passe uma imagem meiga e frágil talvez. Porém no fundo ela realmente não é assim, á imagem de alguém inocente é apenas uma casca, e á muito mais nela do que possa descobrir.

Porque era assim que Hinamore Momo era, bela por fora e podre por dentro, escondida em sua própria fachada de mentira.

Hinamore Momo

Hinamore Momo

Hinamore Momo

Hinamore Momo

Mentirosa!

Tão hipócrita e ruim, e mesmo assim, mesmo com todos os motivos para que eu a rejeita-se com repulsa, era ela uma das únicas garotas que já me fizeram estar entregue.

Eu havia descrito Hinamore como meu tipo ideal em todos os seus pontos. Até mesmo em sua personalidade de moeda (duas caras).

Encarei Karin que estava em pé, segurando nas grades enquanto deixava o corpo pender para trás. Seu rosto estava diferente, e mesmo que ela tivesse me ouvido, parecia mais entretida com o céu por fora das grades, onde ela não poderia tocar.

- Você me parece ter alguém em mente. Descreveu essa pessoa em muitos detalhes... Então eu me pergunto...

Ela se virou pra mim, segurando seu olhar firme no meu.

- Se você tem alguém, porque não está com ela?

Eu já havia me perguntado isso tantas vezes, e em varias vezes de questionamento a resposta nunca vinha, apenas mais questionamentos. Ela não me queria. Mas eu passei a rejeita-la até mesmo quando ela me pedia para voltar. Então... Porque eu não estava ao lado de Momo?

- Eu gosto da casca vazia que ela usa, não do que tem por dentro. A pessoa que tem por dentro, não foi à mesma por quem me apaixonei. E sim pela qual eu criei uma pequena obsessão, ela só existia na minha cabeça. Mas eu cansei.

- Vai me contar quem é?

Silencio.

Ela se afastou da grade, e então se sentou na minha frente no chão, encarando meus olhos e eu me esforcei para não desviar, ela conseguia ser intimidadora quando queria.

- E você Karin? Tem o tipo ideal?

Ela pareceu pensar um pouco antes de responder.

- Não tenho uma aparência ideal, apesar de achar os ruivos bonitos, acho que meu tipo ideal seria alguém romântico. Não sei exatamente, mas ás vezes acho bonito quando vejo um casal assim.

- Então você é o tipo chocolate e rosas?

- Chocolate só se for amargo, os doces enjoam, e eu não gosto de rosas, elas passaram á ser comuns demais, principalmente às vermelhas.

- E qual seu tipo de flor?

- Acho lírios brancos bonitos. Também gosto bastante de dentes de leão, no meu quarto, em cima da escrivaninha, eu deixo um globo de neve que contem vários dentes de leão, acho até que são minhas flores favoritas. Minha mãe gostava delas também.

Achei que algo que ela disse, não fazia sentido.

- Gostava? Ela não gosta mais?

Ela piscou prendendo a respiração.

- Masaki Kurosaki Faleceu quando eu tinha sete anos. Ela tinha leucemia.

Karin deixava se transparecer uma pessoa forte, havia certa violência em seu jeito também, me lembro disso em todas as vezes que á vi no colégio, principalmente nos treinos do clube.

Ela parecia imponente com a bola entre os pés.

Agora, na minha frente, encarando suas próprias mãos sobre o colo, Karin só parecia uma garota normal, frágil, e delicada.

Eu podia ver algo de Hinamore nela. Mas karin era verdadeira, ela era o que se deixava mostrar agora. Hinamore não conseguiria manter seu lado gentil por mais de dois meses consecutivos com a mesma pessoa.

{Karin}

- Gomen.

Eu não gostava quando as pessoas pediam perdão por tocar no assunto da minha mãe.

- Não, está tudo bem, eu já não me importo mais em dizer.

Acho que as pessoas pensavam que eu iria me fragilizar demais, me quebrar, e cair aos prantos em me lembrar da verdade. Mas eu já tinha aceitado comigo mesma, que chorar, ou derramar lagrimas por verdades inevitáveis não era bem o meu estilo.

Á ultima vez que eu chorei, eu tinha sete anos de idade.

Senti um toque gelado em minha mão, abaixei a cabeça e pude vislumbrar a mão de Toushirou segurando á minha. Interessantemente, não me subiu a vontade de manda-lo soltar como ontem. Na verdade, parecia um toque calmo, pleno, e que de alguma forma, me acalmou.  

Eu sabia que deveria estar constrangida. Mas eu não conseguia desviar o olhar daquele toque. Mesmo que algo me disse-se para não fazer, eu retribui o aperto de mão.  Até que passamos tempo demais ali, parados em um toque singelo.

Ele percebeu... E se afastou.

Eu continuava sentada, mas ele já estava de pé, escutamos juntos o sinal batendo dando o aviso para a quarta aula. Ele me estendeu á mão, dessa vez para me ajudar a levantar, e mesmo envergonhada e confusa, eu rejeitei sua ajuda para levantar.

Depois disso, nós não nos falamos mais, mesmo que ele tivesse me levado em casa no final das aulas.

Á única coisa que conversamos, foi uma breve mensagem á noite.

Grisalho Snape: “Boa noite Karin”

Eu: “Boa noite Toushirou”

De certo modo ele foi gentil comigo. E isso não me incomodava tanto quanto eu pensava.

 

 

 


Notas Finais


Rua número quatro dos alfineteiros é o endereço do Harry Potter nos livros.
Plataforma 9¾ é a plataforma de embarque em Londres para Hogworts. À plataforma que eu nunca vou pegar porquê sou uma trouxa nos dois sentidos da palavra. (chora se encolhendo num cantinho sem luz).
Espero que o capitulo vôs tenha agradado, porque eu gostei de escreve-lo! Ficou maior que o primeiro pelo menos Sunshines!
Á e sobre o pôster do BTS que o Toushirou viu no quarto da Karin, é um grupo sul coreano que eu gosto muito, recomendo, ouço altas musicas na hora de escrever.
Até o domingo que vem!


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