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História Sexto andar - III: Os trovões, a escuridão, os lábios fartos.


Escrita por: saavik

Notas do Autor


1 ano e 13 dias <3
vou usar um pouco disso como desculpas pela minha demora
esses dias eu tava bem mal por causa de medicação :c

e agora eu vou atualizar bem rapidinho e me deitar
mas eu não posso deixar de dizer, nesse capítulo decisivo
que ano passado eu perdi, mas ganhei você em uma linda troca
e vou cultivar nossa amizade para sempre, porque não me vejo mais sem você
nossas conversas, a maioria meio nonsense, os conselhos que já recebi, a força que você me deu
isso tudo tá guardado muito bem no meu coração
te considero uma irmã muito importante
então é isso
te amo
~foge~

Capítulo 3 - III: Os trovões, a escuridão, os lábios fartos.


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Os trovões, a escuridão, os lábios fartos.

____________________________

 

 

Os dias refrescantes da primavera finalmente haviam chegado, e com eles surgiu uma nova e misteriosa amizade singular – se é que se poderia chamar assim o que surgiu entre o monge e seu vizinho barulhento e, aparentemente, extremamente bonito aos olhos inocentes de Jongin.

Do Kyungsoo era estranhamente atraente. Quer dizer, possuía pontos bonitos e completamente estereotipados pela grande indústria da beleza coreana, mas, no entanto, toda a sua figura fugia com urgência dos padrões normais de beleza.

Ele era um cara bonito e incomum, embora alguém que o Kim tentava ao máximo não pensar em nenhuma das horas e minutos de seu dia, embora também sempre fracasse miseravelmente.

Kyungsoo era baixo, fácil de ser pego e carregado até o quarto e posto em uma cama ou sofá, ou qualquer superfície plana e aproveitável...

— Droga! — Praguejou, em pensamento.

Possuía uma pele de aparência macia e leitosa, tão alva que, com toda certeza, marcava-se rápido ao menor toque ou beijo, e ainda haviam os lábios vermelhos, fartos e em formato de coração, não poderia jamais esquecer-se deste maravilhoso e tentador detalhe.

Suas coxas eram voluptuosas e fartas também – conseguira observar com atenção quando teve a chance de vê-lo de samba-canção em sua varanda poucos dias atrás, quando fumava distraidamente, sem dar-se conta de como era um terrível pecado que dava-lhe bom dia’s calorosos e olhares atravessados e cheios de suspeitas infundáveis.

 

Seu abdômen também deveria ser um terrível pecado, provavelmente pouco definido, o que agradava o monge em demasia, mesmo tendo poucos homens em mente que o agradavam de um modo um tanto mais intenso. A personalidade também intensa e altivamente complicada de Kyungsoo deveriam ser o doce mel dos deuses estando sob controle, exatamente aos seus comandos.

— Droga, droga, droga! — novamente praguejou.

 

Jongin abriu sua janela e gritou um desesperado e redundante não. O dia mal havia amanhecido e seu rosto já estava quente e molhado de suor, assim como seu travesseiro, e provavelmente também seus lençóis verdes caídos sobre o chão. Sua mente girava e seus pensamentos desenfreados corriam pelos cômodos enquanto sua cabeça parecia pesar toneladas.

Sua respiração era ofegante demais para conseguir fazê-lo se dar conta de qualquer outra coisa se não seu estado degradante.

E foi só então, depois de gritar tão alto, que lembrou-se de que seu vizinho gostava de dormir com a janela aberta naquele horário, logo depois de uma noite agitada com seus amigos bêbados e infames.

Kyungsoo… e novamente um sonho ardente com o falso punk e pseudo-delinquente, mas ao menos havia sido melhor do que na noite passada, quando sonhou com seu vizinho e a tão famosa cantora taiwanesa Zhang Hui Mei numa cama apertada, com membros rígidos, cabelos desarrumados, suspiros entre veludos gemidos e um clima frio que lhes causavam calafrios.

Feliz e finalmente era sexta-feira, e faltavam poucos dias para voltar ao mosteiro, ou decidir não voltar, o que sequer fazia ideia. Pouco havia pensado sobre isso, mas as possibilidades ainda lhe causavam medo.

 

— Se Phra Nang sofria com isso, rezarei por sua alma todos os dias. — afirmou, prometendo desesperadamente algo em uma busca de soluções rápidas.

A ideia de estar se assemelhando a Phra Nang lhe parecia muito mais palpável, sua historia mais realista e a situação mais pesada.

O monge sacudiu sua cabeça, puxou os fios de sua nuca e passou a andar rápido em busca de realizar o quanto antes seus afazeres domésticos, para então sentar-se sobre o chão, respirar fundo e meditar profundamente em busca de paz e serenidade, como se ao menos pudesse buscá-la naquele momento de quase desespero.

x

Era o décimo segundo dia desde que encontrara Kyungsoo em sua varanda à procura de seu celular, e desde então o mesmo fazia questão de pegar o mesmo elevador no mesmo horário, olhar profundamente, esbarrar consigo em cada vez que saía do apartamento, quando o trabalho lhe deixava e o cumprimentar de sua varanda – vestindo pouca roupa, é claro.

 

Kyungsoo quase o rodeava com sorrisos subentendidos e olhares ternos, maliciosos e outrora amigáveis, deixando suspenso no ar suas reais intenções, estas que passavam totalmente despercebidas pelo monge. Tudo o que Jongin sabia era que, de uma hora para outra, seus dias foram completamente regados a Do Kyungsoo, e tudo o que se restava era Kyungsoo, Kyungsoo e Kyungsoo.

Estava enlouquecendo aos poucos.

x

O sábado fora regado a grandes possibilidades de desastre, mas Jongin só se dera conta disso depois de voltar de uma rápida compra de mantimentos para passar a semana, ou três dias, como costumavam durar tudo o que comprava.

Kyungsoo o estava esperando do lado de fora com um dvd de algum filme horrendo e uma calça jeans tão justa que marcava perfeitamente suas nádegas, que também era parcamente escondida com uma blusa grande e branca, quase terminando no meio de seus quadris.

Seus cabelos negros haviam sido aparados nas laterais e o que se restava estava rebeldemente liso, brilhando muito mais do que Jongin vira na ultima vez em que o vira, tão próximo, com lábios tão perto.

Ao sorrir amigavelmente e ser retribuído, Jongin o cumprimentou com educação e gentileza, abriu sua porta e, vendo-se de mãos atadas, o convidou para entrar. Respirando fundo e ainda sorrindo – em nervosismo – guardou o conteúdo de suas sacolas e sentou-se no sofá, dando-o a atenção desejada, procurando ao máximo mascarar seu nervosismo. Embora soubesse que não deveria estar tão abalado diante de seu vizinho, ainda assim estava.

Céus! Kyungsoo era estupidamente atraente, tinha pernas grossas e uma bunda perfeita, e só Buda sabia das dores de suas atrações impossíveis.

 

— O que é isso na sua mão? — temeroso pelo pior, achou melhor sanar logo suas duvidas.

— É um filme... Como na última vez em que te vi você usava roupas normais, pensei que tivesse renunciado a isso e… queira assistir um filme legal. Hellraiser é um clássico e… acho que isso é um pedido de desculpas formal e um desejo de boas-vindas atrasado… desculpe — riu baixinho, sendo acompanhado por um baixo e sincero “tudo bem” do maior.

Kyungsoo estava sendo de todo sincero, e talvez o maior tenha dado-se conta disso, pois sorriu largo e aceitou de prontidão aquela estranha proposta. Monges eram sempre agradecidos e receptíveis a doações de bom grado, e naquele momento, o coração de Jongin sentia a necessidade de aceitar as desculpas e as boas vindas.

— O meu mosteiro não era muito rigoroso, então… — sorriu ao que Kyungsoo sentou-se confortavelmente em seu sofá, sendo receptivo a história. — assistíamos a alguns filmes, nada mais elaborado como comédias ou fantasias, só enredos de superação, luto, força, obscuridade da alma e coisas assim.

— Isso parece inspirador e cheio de força, sabe? Os monges, a doutrina. É um caminho difícil, não sei se conseguiria.

— É recompensador — encheu-se de si, vitorioso. Só poderia estar melhor se o outro lado de sua situação fosse inexistente, se ocultasse as dificuldades humanas e mundanas de sua jornada. — Bom… e quanto ao filme?

— Na sua casa ou na minha?

x

E então o filme. Lá estavam, no apartamento 307. Jongin achara melhor assim, sem todas aquelas esculturas de Buda que pareciam querer o julgar a cada piscar de olhos.

Embora não estivesse fazendo nada de errado, faltava pouco, pois vontade possuía em abundância.

O filme era um horror,  mas Kyungsoo parecia gostar, e muito. Talvez houvesse algum motivo subentendido para ter escolhido justo aquele. O enredo era uma mistura assombrosa, algo sobre conquistar o prazer através da dor e com ajuda de uma trupe satânica, sendo assim, as cenas de sexo e nudez eram mais do que excessivas, o que, em determinado momento, fizera dar-se conta da burrada que fizera. Kyungsoo arregalou os olhos e quase estapeou sua face.

 

— Jongin, eu acho que realmente escolhi o filme errado. — sorriu amarelo.

Então havia decência naquele jovem rapaz rebelde...

 

— S-sabe, isso não é um tabu pra’ gente.

— Sabe, sexo não é um tabu para os monges. Sabemos que isso é algo mundano e está rodeando as pessoas em todo lugar, apenas deixamos isto de lado, como buda o fez. — a tranquilidade e sonoridade de sua voz o surpreendera, quando foi que tomou o controle desse assunto?

— Quando foi que decidiu ser monge?

— Os meus pais decidiram isso por mim aos seis anos de idade. Eu sou de um lugar onde os pais costumam entregar cedo suas crianças aos templos, com medo deles serem corrompidos pelos pecados. A grande maioria massacrante de pessoas lá é budista travada; uma vertente um tanto mais radical do budismo.

— Você já preferiu não ser um monge? — por longos segundos, obtivera somente o silêncio. — porque está aqui? Tirando um tempo?

—  Acho que estou aqui porque não sei a resposta para nenhuma  das suas perguntas — sorriu amarelo, tendo um sorriso gentil como resposta.

— Soube que existem vários preceitos e versos bonitos no budismo, diga um pra mim.

— Eu gosto muito de Walden, e Henry David uma vez disse: Há mil homens podando os ramos do mal para apenas um golpeando a raiz, e talvez aquele que dedica mais tempo e mais dinheiro aos necessitados seja quem mais contribuí, com seu modo de vida, para gerar aquela miséria que inutilmente tenta aliviar.

Kyungsoo não se parecia em nada com o adolescente outrora visto por Jongin. Parecia que aquele havia ido tirar longas férias em um lugar muito, muito longe, e restou-se então um adolescente muito mais interessante, tranquilo e de sorriso amigável, ainda atraente, fortemente atraente, principalmente quando queria.

Jongin não estava de todo prestativo em relação ao filme, as cenas fortes de sexo e sangue o prendiam, mas Kyungsoo respirando fundo e mordiscando os lábios ao seu lado também. Vez ou outra, durante o filme, descia seus olhos pelas coxas roliças apoiadas umas nas outras. Um pedido de perdão era sempre dito em pensamento logo após. A pipoca de microondas sabor bacon eram suas distrações, o filme até que não era ruim, possuía um bom enredo e atores muito competentes. Terror não era seu forte, mas não poderia negar que o filme tinha boas cenas e uma proposta boa, para amantes de sangue era um deleite.

x

Kyungsoo era incrível! Uma verdadeira incógnita. Jongin não fazia ideia do quanto poderia ser legal e construtiva suas ideias e pensamentos. Sua casca bruta de aparência rude era uma máscara frágil. Era um verdeiro falso punk.

Apesar do filme, de seus minutos observando-o e o analisando como algum tipo de maníaco sexual, aquela tarde fora proveitosa e agradável, e quando chegara ao fim, o moreno fora para casa sorrindo e sentido-se mais leve. Aliviar-se e dizer a alguém suas confusões e inquietações fora libertador.

O monge, dentro desse período em sua casa, visitou o mosteiro mais próximo por cinco vezes e passou a meditar em busca de seu autocontrole com mais frequência. Dividia seu tempo com seus afazeres domésticos do dia-a-dia e sua busca pela espiritualidade, tudo junto a um novo hobby que lhe fora apresentado por Kyungsoo; a pintura.

Não um tipo chato e careta de pintura artísticas, onde as paisagens são pintadas com exata perfeição, mas sim arte moderna e abstrata

x

Certo... Kyungsoo estava errado, completamente errado. Ou extremamente bem enganado, o que lhe parecia vago.

O monge, acima de tudo, era um cara legal, e ao que parecia, estava em Cheonggye Haus para fugir de algo que não ficara muito claro,mas que fazia parte do monge, uma parte inquieta e confusa dentro dele.

Havia perdido seu tempo desconfiando de algo e, agora, passou a ficar calado em resposta as zombarias de seus amigos em relação a sua nova amizade com o Kim, por outro lado, as conversas com seu vizinho tornaram-se mais frequentes e prazerosas.

Era bom conversar com alguém tão sábio e cheio de lições de vida que lhe serviriam para todo o resto da sua. Jongin era grande, uma imensidão de vivencias e sabedoria em um rapaz de vinte e dois anos de idade.

No fundo o achava alguém incrível.

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Buda finalmente havia se posicionado em sua vida, dando a palavra final, e aquele verdadeiro dilúvio do lado de fora do Cheonggye Haus parecia ser um sopro divino em sua vida.

Kim Jongin sorriu, juntou as mãos perto de sua testa e agradeceu com um cumprimento glorioso, digno dos mais grandiosos budistas, Dalai Lama, talvez.

A zeladora descia as escadas em espirais com uma lentidão sobrenatural, gritando como nunca.

— Ei, filhos da mãe! Fiquem longe das tomadas e do elevador. O gerador é velho feito Seyong e vai parar de funcionar rapidinho... seus cretinos. — a última sentença fora dita baixinho, mas não o bastante para Jongin não escutar.

O tempo feio com altas chances de piorar passaram a lhe atormentar. Em meio ao dilúvio, os pensamentos do monge fugiam sem se deixar controlar, dando saltos e corridas até o falso punk que não estava em seu apartamento, mas sim em seu trabalho. Não muito longe dali, mas o bastante para o molhar dos pés à cabeça, e quem sabe não possa dar lhe uma gripe ou febre alta. O vento lá fora era extremamente forte e o céu escurecido quase como a noite causava medo em qualquer um, em Kyungsoo esse efeito com toda certeza estava funcionando.

Sem pensar muito, colocou seu moletom, agarrou o guarda chuva, fechou seu apartamento e desceu as escadas as pressas discando o numero do menor em seu celular ultrapassado.

 

O problema era que Kyungsoo já havia saído da cafeteria, seu chefe alto astral havia dispensado os funcionários com o começo da chuva, porém, pela rapidez com que o clima ficara pesado, acabou por ficar preso da cafeteria molhada e sem luz, devido a falta de um gerador.

Com sua falta de paciência, acabou saindo da cafeteria em meio a chuva forte, ou então não sairia de lá nunca. Quando faltava pouco para chegar em Cheonggye Haus ouviu seu celular tocar, mas, molhado, azarado e carregando sua mochila pesada, quando conseguiu atender não ouviu nada além do barulho da chuva, o numero era de Jongin, ele provavelmente estaria preocupado consigo.

 

Os eventos que se sucederam foram um desastre completo, o monge mal sabia usar o celular velho de sua mãe e não lembrava-se com clareza o endereço do trabalho do menor. Enquanto descia as escadas, o barulho de seus sapatos contra o piso atraiam olhares curiosos de jovens que conversavam em grupo perto da saída de emergência, um ótimo lugar para se conversar, é claro.

Descer seis lances de escada nunca lhe pareceram tão difíceis, estava mesmo ficando sedentário.

 

O Do finalmente havia chegado a portaria, depois de vinte e dois minutos pulando enormes poças de água, desviando de carros em faróis sem energia e cabos cortados pela força do vento e trovões, dizendo incontáveis “Caralho, que temporal dos infernos.”

Ao ser parado pelo porteiro mais desgraçado que já conheceu, pedindo para que limpasse os pés antes de entrar, suspirou mais uma vez. Era quase cômico que ele não tenha percebido que mais molhado do que estava, não ficaria nem se tomasse banho, e que molharia o prédio inteiro se ficasse imóvel do corredor do sexto e último andar, as gotas escorreriam gradativamente banhando Cheonggye Haus.  

Depois de limpar os pés sorrindo maldosamente para o porteiro, dirigiu-se quase correndo até o elevador, apertando o botão triangular milhares e milhares de vezes ao som das risadas cínicas do maldito porteiro.

 

Estava tão encharcado que nem mesmo Jongin o reconheceram quando, cansado, ofegante e apressado perguntara baixinho e envergonhado ao porteiro qual o endereço de seu trabalho.

Como se não pudesse ficar pior, entrou no elevador sacudindo seus cabelos e olhando seus pés deixando poças de água pelo elevador.

O porteiro apontou a figura molhada dentro do elevador para o monge e, afobado, este não tivera outra reação a não ser gritar “segura” e correr até o cubículo, mais conhecido como elevador de Cheonggye Haus.

 

Jongin congelou, estava ferrado! Kyungsoo sorriu para si e levantou-se seu celular ao mesmo tempo em que levantava seu guarda chuva.

— Eu não consegui entender.

— Eu ia te levar um guarda-chuva.

Ambos riram, até o semblante de Jongin tornar-se sério e confuso ao mesmo tempo.

— A zeladora avisou que não deveríamos usar o elevador hoje?

— Por que?

— O gerador...

— Eu moro aqui há alguns anos, o gerador já aguentou muito coisa. — sorriu tranquilizador.

Jongin balançou sua cabeça, concordando silencioso, mesmo estando tenso. O ar ali tornava-se mais denso, com grandes possibilidades de desastre.

Kyungsoo estava errado, tremendamente errado.

O elevador subiu extremamente lento até o terceiro andar, mas, com um solavanco parou antes de chegar ao quarto.

As luzes se apagaram e as portas ameaçaram se abrir. A única luz proveniente ali passou a ser a do botão de emergência, acionado várias e várias vezes por um Kyungsoo amedrontado e em estado de alerta.

 

O braço de Jongin fora apertado, quase esmagado por um Kyungsoo que parecia não estar respirando.

— Você está bem, Kyungsoo? — não havia resquícios de medo em sua voz, e realmente não havia em si.

Jongin estava habituado a ambientes fechados e escuros, muitas vezes dormia em um destes em seu mosteiro. Já o Do, era claustrofóbico, e estava também desamparado ali devido a sua nictofobia.

Não ouve respostas, apenas o som áspero dos pulmões do menor, lutando para que ele passe a conseguir respirar. O Kim teve a ação mais rápida que já tivera alguma vez em vida; puxou o menor, completamente molhado, para mais perto de si e o abraçou, apertando-o contra si, sentindo suas roupas molharem instantaneamente. Os dois passaram a tremer de frio.

— Respire devagar — suas habilidades com a fala o faziam praguejar baixo. Nunca fora de muitas palavras, e agora que precisava de suas habilidades de conversa e sensibilidade, se dera conta de que ela nunca existiu. — Respe devagar, contando até dez.

Kyungsoo tremia sob os braços de Jongin, mas seu corpo estava quente, transmitindo calor para o outro. Quando o elevador deu mais um solavanco, sua garganta passou a arder, arranhada devido ao esforço que fazia para respirar. O Kim passou a sussurrar palavras tranquilas e cantar baixinho em seu ouvido em busca de o fazer se distrair, e obteve resultados, aos poucos, passara a respirar com mais facilidade, e o tremor que sentia, mal sabia se era devido ao frio, embora o calor surgisse entre os corpos, ou ao medo que sentia, e que se aliviava aos poucos.

— Você pode me soltar agora.

— Desculpe, Kyungsoo... mas eu não posso e não quero.

— Você deve- — interrompeu-se, mordendo os lábios. — Você é-

— Um monge. Eu sei... — disse baixo, antes de deslizar seu indicador sobre os lábios fartos em forma de coração, como uma simples deixa antes de os selar gentilmente.

E aos poucos aquela caricia foi escorregando pelo rosto frio. Depois de deixar sua mochila escorregar e pousar no canto do elevador, Kyungsoo passou a manter-se quieto e arfante, enquanto Jongin desferia beijos por sua pele, desde seu maxilar ao fim do pescoço. Os dedos do maior oscilavam ao tocar sua camisa molhada, tentado a tira-la.

Queriam enxergar cada detalhe da face um do outro, mas naquela escuridão, tudo o que conseguiam era enxergar pequenos detalhes iluminados parcamente com a luz vermelha do botão de emergência. Embora a escuridão, olhares cegos eram trocados com ternura e timidez, assim como sorrisos cúmplices.

O Do era envolto por uma timidez ainda não conhecida, seus dedos tocavam a nuca de cabelos ondulados, agora úmidos devido a umidez de sua mão, e ali se embrenhavam, acariciando a cada novo arfar e tremor de Jongin, que sentia o frio de suas roupas contra as semelhantes.

O maior encostou sua testa sobre os ombros de Kyungsoo, mas este tomou o primeiro impulso e, com as mãos sobre as laterais do pescoço alheio aproximou ambas as faces.

— Eu não quero parar, Jongin... — e então deixou seus lábios tocarem novamente os de Jongin num mero vislumbre de um beijo que não tardaria, em resposta teve os lábios sugados lentamente. Sentiu a língua do Kim acariciando e contornando sua boca, para então senti-lo deixar um longo selar e uma leve mordida.

Os braços de Kyungsoo desceram até a cintura de Jongin, passando a apertar-lo e o segurar gentilmente, com medo de que pudesse o deixar escapar, embora tudo o que ele queira, no momento, seja ter os toques do menor para si, além de toda a atenção que este poderia lhe dar.

Os dedos rápidos de do moreno apertaram o botão de emergência, desligando-o e acabando com a única luz escassa dali. A luz dos trovões ecoando no céu iluminavam o elevador por segundos, dando assim meros deslumbres.

Pressionando o Do contra si, Jongin o fez recuar até estar com as costas frias coladas a parede de veludo vermelho que melhou-se imediatamente, e então selou novamente os lábios alheios, desta vez em um beijo lento e sensual. Não lembrava-se muito de seu último beijo, que dera as escondidas há alguns anos atrás em uma bela monja de seu mosteiro, mas a calma e a atual tranquilidade do menor o faziam controlar o beijo e o aproveitar muito bem.

O beijo era de uma intensidade que nunca poderia ser explicada por Kyungsoo, ou por Jongin. Ambos sentiam como se tudo fosse acabar a qualquer momento, sentiam como se pudessem se fundir nos braços um do outro.

Em algum momento os dedos do Kim tornaram-se impacientes, e o fizeram pausar o beijo só para retirar com impaciência o moletom e a camiseta ensopada do Do, para então voltar a atacar seus lábios.

Os movimentos de Kyungsoo eram lentos em retribuição, enquanto o mais alto o beijava e mordiscava seus lábios por vezes, e ao mesmo tempo passava a escorregar lentamente as mãos sobre seu corpo, apertava-se mais contra o corpo maior e passava a deslizar suas mãos por dentro do moletom do outro, tendo o mesmo ensopado e pesado dificultando sua ação.

Quando o beijo foi cessado, o mais alto encostou sua testa a alheia e procurou normalizar sua respiração enquanto Kyungsoo fazia a mesma coisa, embora este procurasse também livrar o moreno de seu moletom ensopado.

A roupa caiu sobre o chão com Jongin sorrindo faceiro e voltando a beijar o maxilar e queijo de Kyungsoo, este que passava a respirar com dificuldade e morder os lábios em busca de prender os gemidos.

— Jongin — chamou baixinho, e sem ser respondido continuou, no mesmo tom. — Já chega.

Enquanto descia os beijos pela pele arrepiada, Jongin escorregou seus dedos longos dentro das calças alheias, desabotoando-a confusamente e a puxando para baixo em busca de despir o menor. Fora tão rápido como um sopro quente, e fora soprando  a pele aquecida que o Kim arrancara do outro gemidos pedintes e baixinhos.

— Kyungsoo... eu não quero parar.

O menor deixou um suave grunhido escapar quando o outro passara a beijar seu peitoral. Jongin passava a ficar cada vez mais inquieto, e com isso, retirou a parte debaixo de seu moletom junto a cueca. Livre, passou a prensar um pouco mais o Do contra a parede. Ele retirou a única peça molhada restante no corpo menor e o puxou para seu colo, para ter mais facilidade em apertar as coxas que outrora o deixara louco.

Kyungsoo sentiu seu corpo tremer, e, gemendo baixinho, deslizou suas mãos por todo o corpo colado ao seu, a medida em que a posição de ambos deixava. Os toques e beijos de Jongin eram tão calorosos e ternos que quase o deixavam sem reação, com a respiração acelerada e o coração disparado em batimentos fortes ao ver-se tão entregue, tão exposto e tão admirado. As sensações que sentia eram muito mais do que prazerosas.

— Você me faz tão bem... eu me sinto tão bem. — sussurrou rouco contra a audição alheia. Kyungsoo, em resposta, gemeu novamente.

Os beijos começaram novamente pelo pescoço, descendo em uma dança lenta até os ombros, clavícula, peitoral, abdômen e virilha, para então subir novamente, deixando aflito Kyungsoo, que ansiava cada vez mais pelos beijos, toques e caricias. Ele já começava a embrenhar seus dedos por entre os fios ondulados, puxando-os em busca de descontar sua tensão e aflição, puxando-o para mais um beijo que foi tentador e instigante até se concluir de verdade.

— Jongin... Eu quero você, comigo, em mim... Seus toques estão me incendiando. — Sua voz saíra rouca e pedinte, e antes que pudesse assimilar, o outro o beijara novamente.

Enquanto sentia às suas costas o gelado da parede aveludada e molhada, sentia também as mãos fortes do Kim apertando seus quadris e subindo até sua cintura. O aperto era forte e preciso, fazia o Do suspirar entre e derreter-se sob Jongin. Era quente, confortável e sedutor, seus olhos queriam fechar-se para apreciar melhor o contato dos lábios, mas não poderia fechar os olhos quando se tinha incontáveis centelhas de fogo e prazer dentro daquele elevador.

 

Se o mais alto não estivesse apalpando tão bem seu corpo e sussurrando palavras gentis, não conseguiria recobrar a razão e retribuir as caricias, toques e beijos que nublavam sua mente de modo intenso e arrebatador. Jongin parecia estar fascinado com o corpo que tremia de prazer a sua frente, com lábios fartos que arfavam, gemiam e grunhiam. Gostaria vê-lo na luz, ver seus lábios ainda mais vermelhos, sua pele pálida e seu cabelo rebelde.

Os clarões rápidos causados pelos trovões eram pouco demais para si, e embora assim, tudo era um conjunto divino demais para si, não precisava de muito mais. As sensações novas e nunca sentidas, seu corpo respondendo o de Kyungsoo na medida certa eram como um ótimo entorpecente, algo que fazia o Kim querer mais, mais e mais.

Quando o beijo foi cessado, Kyungsoo deslizou as mãos sobre o peitoral de Jongin e, arfante, o empurrou e livrou-se do colo do mesmo. Antes que o Kim pudesse dizer algo, suas mãos rápidas desceram até a virilha do mesmo.

O moreno arfou e enrijeceu-se, segurou o pulso de Kyungsoo mas teve o queixo mordiscado pelo mesmo, o que o fez relaxar e gemer baixinho, estava muito mais do que sensível.

— Você vai gostar, Jongin... — o empurrando um pouco mais para o encostar a parede, sorriu malicioso.

Jongin permaneceu calado, apenas mordendo os lábios enquanto procurava mirar o outro em meio a escuridão.

Kyungsoo agachou-se, tocou o sexo com suas mãos e, sem cerimonias, deslizou sua linguá por vezes pela extensão do membro rijo, sentindo-o pulsar ao entrar em contato com sua língua, e deu-se por satisfeito somente quando o sentiu molhado e escorregadio o bastante, para então coloca-lo por completo em sua boca, passando a chupar e o estimular com a ponta de sua linguá, que esfregava a glande descaradamente.

O Kim gemeu alto e sôfrego, segurou-se como podia a parede do elevador com sua destra e tocou o topo da cabeça do menor com sua mão esquerda, passando imediatamente a apertar os fios lisos enquanto erguia sua cabeça apertava os olhos. Quando Kyungsoo gemeu contra seu falo, ele  passou a impulsionar o quadril contra sua boca, querendo mais daquele contato quente e delicioso. Seus olhos reviravam-se e sua boca permanecia entreaberta, soltando gemidos roucos vez ou outra enquanto sua destra apertava os próprios dedos em busca de descontar tudo o que sentia.

Kyungsoo sentia o membro do monge ficando cada vez mais duro conforme o masturbava e o estimulava com sua boca e língua, sentia-o vibrando totalmente endurecido em seu músculo quente, e bastou sentir o liquido salgado para cessar com o que fazia e abandonar o membro de sua boca, vendo assim, com dificuldade em meio a escuridão, os olhos do outro que esboçavam de aflição.

— Você estava tão perto, não é? — o menor, em um impeto altivo, deslizou seus dedos pelo membro pulsante, em uma clara provocação que fizera Jongin arfar e apertar um pouco mais os dedos em seus cabelos.

— Você não faz ideia. — e depois de puxar o Do para mais um beijo, umedeceu seus dígitos e colocou o menor de costas para si, com as mãos espalmadas a parede.

O Do contorceu-se com os corpos colados, seus olhos semicerraram-se e seus lábios sussurraram chamados roucos e fracos. O Kim passou a deslizar seus dedos lentamente, incerto do que fazer e ardente em expectativa.

— Jongin... por favor. — o maior sorria de canto enquanto ouvia os gemidos roucos por ter o interior invadido.

 

Impaciente e urgente, com todo o clima denso e sedutor que pairava ali, o Kim, segurando os quadris do outro com mão esquerda, o fez empinar os quadris para lhe dar mais acesso.

Jongin imaginava como seria a pele do outro à luz, com pintinhas espalhas, como já havia visto em alguns pontos por seu pescoço. Eles não entendiam tamanha intensidade, talvez nem mesmo pudesse algum dia entender.

Kyungsoo passou mirar o outro cegamente por sobre os ombros, os olhares pareciam estar conectados, completamente vidrados em meio a escuridão. O mais alto mordiscou os próprios lábios e escorregou seu membro por completo, sentindo o interior do menor querer lhe expulsar, ouvindo os gemidos arrastados do mesmo serem abafados por seu rosto agora colado à parede. As mãos foram apertadas e os dedos entrelaçados enquanto os olhares, mesmo dificultados, procuravam se cruzar.

— Ah... Jongin... mais rápido. — com um movimento sutil de seus quadris, iniciou por si mesmo e teve os movimentos copiados pelo moreno.

Jongin passou a estoca-lo com movimentos que foram aumentando gradativamente conforme gemiam. Ele marcava a pele alva como bem entendia, mordendo, chupando e deixando marcas que com toda certeza, mais tarde, o faria lembrar dos momentos que passaram ali.

Kyungsoo tinha a mente nublada e empinava o quadril a cada nova estocada que atingia seu ponto. O monge era muito para si, o fazia reduzir-se a pó e, ao menos naquele momento, aquilo era tudo o que poderia querer ter.

Com um gemido alto, Kyungsoo se desfez sendo seguido quase que instantaneamente, e acabando assim, ambos arfantes e abraçados dentro da, agora penumbra, do elevador, tentando ao máximo normalizar a respiração.

Foi somente quando Jongin o puxou para mais um beijo que, logo após, o ouviu suspirar.  

— O que vai ser agora, monge?

— Eu não sei...

Jongin sequer fazia ideia de que, com sua chegada a Cheonggye Haus, pudesse achar uma atração imensurável e perder todo o seu autocontrole, embora este, a esta altura, passasse a ser apenas uma lenda para alguém que está ao lado de Do Kyungsoo. A ideia de desistir de todas as sensações que este lhe trazia, ou dele, pareciam cômicas e impossíveis.

Não estava apaixonado, ou amando, de longe não, mas o que sentia era algo inominável, e precisava dizer isso.  

Já Kyungsoo, sentia como se tudo o que havia sentido, presenciado e cada centelha de um sentimento que mal poderia explicar, pudesse acabar de uma hora para outra, e realmente poderia.

Com calma e sendo abraçado quase o tempo todo, Kyungsoo sorria ao vestir-se novamente, desta vez com a roupa seca que estava em sua mochila. Jongin fizera o mesmo, com suas roupas molhadas. O botão de emergência fora acionado novamente, por um Kim que tentava formular as frases em sua mente primeiro, para não errar como antes.

— Se apaixonar de verdade por alguém leva tempo. No início, os dois lados envolvidos podem estar atraídos fisicamente ou mentalmente por alguém, mas amor, amor mesmo, só o tempo constrói. E eu não sei o que sinto, ou o que sente, mas pretendo ficar aqui e descobrir.

Jongin não enxergava, mas sabia que tinha toda a atenção do outro. Depois de respirar fundo, sentou-se ao lado do menor sobre o chão.

— Então não vai voltar para o mosteiro?

— Não, e acho que nunca quis estar lá, de todo jeito. — riu baixinho. — E espero que você não mude de endereço nos próximos meses.

Ambos riram, Jongin colocou o braço sobre os ombros do menor e, depois de mais um solavanco, a luz do botão de emergência passou a piscar. A tempestade do lado de fora diminuirá consideravelmente, embora alguns trovões escoassem pelo céu.

A voz da zeladora preencheu todo o elevador. Ela demorou, mas já estava no teto.

— Seus cretinos! Avisei pra não pegar o elevador. Não acredito que vão me fazer passar cinco horas mexendo com engrenagens... Vão ter que esperar eu terminar meu lanche, não sou obrigada.

 

— Maldito seja Cheonggye Haus! — disseram em uníssono.


Notas Finais


até mais :*
beijão


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