História Sexy drug - Você é da minha conta.

- Não se mecha, Andrew! - gritei pela décima vez, tentando fazer curativo em uma das queimaduras de Andy, que não parava quieto.

- Você quer que ela tenha que fazer novamente? - Ronnie falou, em tom de ameaça. Ele segurava aos mãos de Andy contra o sofá. Era o único jeito do curativo dar certo.

- Tá doendo, porra!

- Só assim vai melhorar, seguindo a recomendação dos médicos. Você sabe que parece uma criança fazendo isso, né?

- Talvez. - Andy falou, rindo.

- E... Pronto. - falei, terminando de espalhar a pomada branca. Andy fez cara de alívio.

- Finalmente, hein.

Ronnie revirou os olhos e eu sorri. Essa cena estava se tornando comum nos últimos dois dias. Desde que Andy se mudou pra cá, eu venho sendo a enfermeira particular dele, já que Ronnie estava ocupado com a própria. Andy e eu fomos descobrir que, no dia do incêndio, Ronnie havia paquerado uma enfermeira e que a partir daquele dia ela vivia aqui, o que me deixava enjoada. Apesar de oferecer seus cuidados a Andy, ele negou, preferindo que eu cuidasse dele. O que praticamente está me fazendo morar aqui também. Só vou para casa para tomar banho e trocar de roupa, não desgrudo de Andy um segundo.

Ronnie voltou aos seus velhos hábitos, e eu me culpo por isso. Querendo ou não, eu traí a confiança dele saindo com Oliver, mesmo que ele não saiba da história toda. Agora, ele oscila entre ser legal comigo e me odiar: tem vezes que ele parece gostar da minha companhia, mas tem outras que ele parece desejar que um trem passe por cima de mim. Eu tinha raiva dele também, como por exemplo quando estou indo no banheiro e dou de cara com uma enfermeira de lingerie andando pelo corredor, mas o sorriso dele enquanto estávamos só entre amigos ainda me fazia bem. Eu, querendo ou não, ainda gostava de estar perto dele, e Andy vindo morar aqui só facilitou as coisas. Mas no primeiro dia, Ronnie não pareceu gostar muito da ideia de eu estar sempre aqui cuidando do Andy.

- Posso começar a me arrepender de ter te chamado pra vir pra cá, Andrew? - Ronnie falou e revirou os olhos, me vendo enquanto descia os últimos degraus da escada. - Não sabia que a consequência seria você vir junto. Da próxima vez, traga Sykes. Vou adorar vê-lo.

- Adoro sua ironia, Ronald. - falei, dando um sorriso pra Andy, que também ria da provocação de Ronnie.

- Não é a única coisa que você adora em mim.

- Ih... - Andy falou e eu joguei uma almofada nele, sentindo que estava ficando vermelha. - Meu machucado, porra!

- De nada. - falei, sorrindo.

Mas agora Ronnie está lidando melhor com a minha presença. A única coisa que me incomoda, e me incomoda mesmo, é ver praticamente todo dia a enfermeira com quem ele está transando, mas eu não posso reclamar porque não estou na minha casa. Não estou mesmo.

- Ron... - Katarina falou do topo da escada. Ronnie só chama ela de Kat, fui descobrir o nome inteiro quando encontrei o crachá dela perdido no meio da sala alguns dias atrás. Porque será, né.

- Estou na sala, Kat. - Ronnie respondeu e eu revirei os olhos discretamente, fazendo Andy rir. Katarina desceu as escadas com sua saia branca do uniforme e uma camisa preta de Ronnie, que mais parecia um vestido nela.

- Estou atrasada, baby. Como eu consegui dormir tanto?

- Cansaço pela noite passada. - Ronnie falou dando uma risadinha e Andy arregalou os olhos. Eles falavam como se não estivessem mais ninguém ali.

- Verdade. - Katerina falou, parando alguns instantes, provavelmente lembrando da noite passada. Um sorriso se abriu em seu rosto e ela deu um selinho no Ronnie, caminhando até a porta. - Qualquer coisa, você já sabe o número.

- Claro que sei. Até mais, Kat. - Ronnie falou e Katerina finalmente fechou a porta.

- Pelo menos alguém se deu bem com esse incêndio. - Andy falou e eu ri, ainda que meio triste pela cena que acabo de ver.

- Não posso perder uma, né. - Ronnie respondeu parecendo orgulhoso de si mesmo. Andy balançou a cabeça num gesto de "típico". Ri fraco e Andy percebeu, me olhando feio.

Meu celular apitou e eu consegui desviar do olhar de Andy, graças a Deus. Já eram quase 18hrs, e era mensagem de número desconhecido.

"Kandi, certo? Será que você teria como me atender amanhã a noite?"

- Oliver já está com saudades, é? Diga que mandei um beijo. - Ronnie provocou, o que fez Andy soltar um "depois a criança sou eu".

- Não é Oliver, idiota. - falei. Não sei porque, mas eu sentia que deveria falar pra ele que não era, mesmo sabendo que não devia nenhuma satisfação.

- É. Tanto faz. - Ronnie falou, levantando e indo em direção a cozinha. A indiferença dele me matava.

Voltei a olhar meu celular, mandando um "quem seria o interessado?" e recebendo logo depois "Cristiano Ronaldo. Você já deve saber". Ah, eu sei sim. Como meu número só é dado pros clientes pelo chefe da boate, sabia que era o próprio. Fiquei feliz. Já havia atendido alguns jogadores de futebol, mas Cristiano Ronaldo me parecia bem diferente. "21hrs. Você não vai se arrepender"

Desliguei a tela do celular satisfeita. Decidi não ir trabalhar aquela noite, parte por ficar com Andy e parte por ter trabalho garantido pra amanhã.

- Quem é dessa vez? - Andy perguntou com a voz mais baixa para Ronnie não ouvir. Ele conhecia aquela minha expressão.

- Cristiano Ronaldo, dá pra acreditar? - falei no mesmo tom de voz.

- Você tá famosa mesmo, hein. - Andy falou, levantando as sobrancelhas.

- Faço o meu melhor.

- É, eu sei. Sou prova disso, não lembra não? - Andy falou e me fez rir. Antes de nos tornamos melhores amigos, ele era um dos meus melhores clientes. Só depois fui perceber que a gente mais conversava que transava, e aí caí na real pra afinidade que a gente tem.

- Lembro sim. - respondi, ainda rindo.

Ronnie entrou na sala com a mesma expressão de desinteresse que foi, mas agora com um saco de batata chips nas mãos.

- Como vão as coisas da casa, Andy? - Ronnie perguntou.

- Até agora está tudo certo. Já tem uma construtora responsável que vai reaproveitar o que der e reconstruir igual a outra, com apenas algumas mudanças de segurança. Na verdade, vou gastar bem menos do que achei que iria. A previsão pra ficar pronta é de 3 a 4 meses.

- Você sabe que qualquer coisa que você precisar, eu posso te aj...

- Está tudo bem, Ronnie. Não precisa se preocupar.

- Ok. Mas admita que morar comigo está sendo muito bom.

- Eu havia esquecido como era dar de cara com mulheres semi nuas pela casa constantemente. - Andy falou, sabendo que me deixaria mal. Na verdade acho que essa era a intenção: ele não queria que eu me machucasse, coisa que deixou claro que Ronnie iria fazer. Como eu queria conseguir seguir os conselhos dele.

- Esse é só um detalhe. - Ronnie riu, lançando um olhar rápido para mim. Ele não queria que eu soubesse daquilo, por mais que fosse óbvio.

- Tirando isso, é bom morar com um dos meus melhores amigos de novo. - Andy sorriu e eu não pude deixar de falar:

- Que demonstração de amor linda.

Quando eram 20hrs, os meninos começaram a chegar para ver como Andy estava. Graças aos meus cuidados, ele está melhorando, e até mais recuperado do choque que eu pelo visto. Ryan não perdeu oportunidade:

- Duas enfermeiras estão passando por essa casa recentemente, então. - os meninos riram e eu revirei os olhos.

- Cuidar de Andy é o mínimo que eu poderia fazer. - falei. Estava sentada no chão ao lado de Derek, Jacky e Jake. Jinxx, Andy, Ronnie e Ryan estavam nos sofás.

- A que cuida de você não vem hoje, Ronnie? - Andy perguntou.

- Não. Hoje ela trabalha de noite. - Ronnie respondeu.

- Tá, eu tô com fome, gente. - falei, querendo cortar o assunto.

- Pedir pizza, então? - Jake falou, enquanto pegava o celular, provavelmente achando o número da pizzaria. - O mesmo de sempre?

Todos nós concordamos. Antes e depois da pizza chegar, ficamos conversando sobre a tour deles e novos projetos das bandas. Ronnie e Andy disseram disse que um dos organizador da Warped Tour procurou eles por um possível interesse, mas que ainda não era nada confirmado. Quando eram quase 01 da manhã, os meninos decidiram ir.

- Vamos, galera. Andy precisa descansar. - Derek falou, levantando do chão e chamando o resto dos meninos.

- Eu estou bem, ainda é cedo. - Andy falou.

- Amanhã a gente volta, mas sei que você vai sentir saudades. - Ryan falou.

Depois de darmos uma ajeitada na sala, os meninos foram embora e eu, Andy e Ronnie subimos pro quarto.

- Boa noite, Ronnie. - falei, parada na porta do meu quarto, vendo ele também parado na porta do seu. Ele me encarou durante alguns segundos e respondeu "boa noite". Suspirei baixo e entrei no quarto, vendo Andy já em baixo das cobertas.

- Que noite fria em Las Vegas. Fazia tempo que não ficava assim. - Andy falou, e eu concordei. Entrei no banheiro, escovei os dentes e pus uma blusa comprida e uma meia também comprida.

- Eu até gosto desse frio. mas só se fosse pra viver na cama o dia inteiro. - falei, entrando em baixo das cobertas com ele.

Tenho certeza que adormeci no meio da conversa, pois acordei e Andy já estava dormindo. Apenas lembrava de ter falado algo sobre os fãs dele antes de dormir. Peguei meu celular que estava no criado mudo e encarei o visor; ainda eram 4 horas. Por mais que eu estivesse com sono, não consegui mais dormir de jeito nenhum. Foi aí que eu ouvi passos na escada. A não ser que a casa estivesse sendo assaltada - o que eu acho difícil pelo alarme -, era Ronnie. Levantei da cama silenciosamente assim como saí do quarto. A porta do quarto de Ronnie estava aberta e a luz acesa. Desci as escadas rapidamente, entrando na cozinha e vendo Ronnie encostado no balcão segurando uma garrafa de água. Ele estava sem camisa e a vista de todas suas tatuagens me fez arrepiar. 

- O que aconteceu? - Ronnie perguntou, parecendo preocupado.

- Nada. Só não estou conseguindo dormir. - falei, abrindo a geladeira e pegando também uma água.

Um silêncio se formou e eu sentia o olhar de Ronnie em mim. Droga, droga. Eu queria falar alguma coisa, mas a voz simplesmente não saía.

- Obrigado por cuidar de Andy. Você sabe, se não fosse você cuidando dele esse trabalho seria meu e eu não levo muito jeito pra enfermeiro.

- Pra ser não, mas pra dar em cima de uma... - falei, percebendo que fui longe demais. Ronnie soltou um sorriso convencido, o que me fez revirar os olhos

- Me conte de você e do Oliver, ou com quem você esteja saindo. - Ronnie perguntou e logo percebeu minha expressão. - O que? Você sabe sobre a minha vida, eu tenho o direito de saber da sua.

- Eu só sei o que eu vejo e é porque estou morando aqui. Isso não é da sua conta.

Dei mais um gole na água e virei de costas pra ele, caminhando em direção as escadas. Ouvi Ronnie rir.

- Você é da minha conta.