História She Looks So Perfect - Capítulo 41 - Review the past is not easy

Capítulo 41 - Review the past is not easy

- Vamos logo, Allie, eles já devem estar nos esperando! – eu a apressei, pedindo que viesse mais depressa.

- Calma, Charlie, minha mochila está pesada! – ela resmungou, andando a passos.

Revirei os olhos, indo até ela e a puxando pelo pulso para que fosse mais rápido.

- Deuses, que pressa toda é essa, Charlie?! – ela comentou, rindo de meu desespero. – Luke não vai sair correndo de você, querida.

Bufei. Desde que eu e Luke começamos a namorar qualquer coisa que eu falava era motivo para que ela me zoasse. Ela, ou qualquer um dos outros minutos. Por incrível que pareça, até mesmo meu pai já fez alguma brincadeirinha sobre nós dois sermos um casal. Especificamente sobre o tempo que levamos para isso.

- N-não tem nada a ver! – gaguejei, como sempre fazia quando estava envergonhada.

Saímos pelo portão da escola e meus olhos logo procuraram pelos olhos azuis que faziam minhas pernas bambearem. Não consegui enxerga-lo naquele mar de alunos que saíam; alguns me cumprimentando por educação ou por serem meus colegas em alguma disciplina, outros esperando alguma coisa de mim com isso.

- Está conseguindo vê-los? – perguntei a Allie.

Ela negou. – Não, eles devem estar escondidos no carro.

- Possivelmente. – eu concordei, no momento em que meu celular vibrou no bolso.

Era uma mensagem de Luke.

“Estamos no carro esperar o movimento passar. – Luke”

Olhei diretamente para a rua, vendo Cara parada em frente a um carro que me era familiar. Se eu semicerrasse um pouco os olhos, conseguiria distinguir quatro formas dentro dele.

Segurei o pulso de Allie.

- Vamos ter que esperar. – eu disse, indicando o carro com o queixo.

Allie assentiu e se virou para mim.

- Enquanto isso, você pode ir me contando como está seu relacionamento com Luke. – ela disse, abrindo um sorriso malicioso.

Eu corei quase instantaneamente – uma coisa era nos zoarem, outra era me perguntar diretamente.

- Bem. – respondi simplesmente.

Allie revirou os olhos.

- Detalhes, Charlie, detalhes! – ela exclamou, pedindo.

- Bem... – comecei, alternando o peso nas pernas, desconfortável. – Por enquanto, estamos às mil maravilhas, mas eu estou com um pressentimento ruim de que a qualquer momento as coisas podem mudar completamente.

Allie suspirou, como se passasse por aquela minha angustia todos os dias.

- Sei como se sente, Charlie. – ela sussurrou, a voz carregada de emoção. – Estamos vivendo um sonho e está tudo tão perfeito que sinto que o vidro do sonho vai quebrar e mostrar a realidade que há por trás.

Assenti, mordendo o lábio. Odiava pensar nesse assunto e perceber que concordo com Allison que a qualquer momento o sonho poderia se tornar um pesadelo.

- Mas não vamos pensar nisso agora. – ela falou, dando-me um abraço apertado. Envolvi sua cintura enquanto ela abraçava meus ombros. – Vamos aproveitar enquanto podemos.

- Tem razão. – eu concordei, me afastando dela e abrindo um pequeno sorriso. -  Vamos apenas esquecer isso por enquanto.

Allie olhou por cima do meu ombro e abriu um sorriso fraco. Virei-me, olhando para trás e vendo os garotos saindo do carro. A escola já estava quase vazia, então eles não pareceram se importar. Allison segurou meu cotovelo, guiando-me até onde eles estavam. Luke sorriu ao me ver aproximando e depositou um beijo em meus lábios. Por mais desanimada que eu me sentisse, não pude deixar de abrir um sorriso. Eu nunca deixaria de sorrir com Luke ao meu lado.

- Aonde pretendem ir? – perguntei a Luke, baixinho, depois de cumprimentar os outros.

- Tínhamos pensando em ir à Starbucks que há algumas quadras daqui. – ele respondeu.

- E o carro? – perguntei, franzindo o cenho.

Luke me abraçou, apoiando-me contra si, e se apoiou no carro. Deitei minha cabeça em seu ombro e senti sua respiração quente batendo contra meu rosto.

- Vamos deixar aqui e Ashton e Cara vêm buscar. – ele disse. – Parece que vão num encontro depois.

Ri baixinho, virando e vendo os dois juntos não muito longe de nós.

- Vamos? – Allie perguntou, dirigindo-se a ninguém em específico.

- Parece que temos que esperar alguém chegar ainda. – comentou Ash.

- Mas não está faltando ninguém, está? – perguntei.

- Digamos que nosso Mike aqui convidou alguém para ir com a gente. – brincou Calum, dando uns tapinhas no ombro dele.

Michael corou e acabamos rindo. – Ah, para, gente!

Rimos ainda mais.

- É aquela loira de cabelos coloridos? – perguntou Cara.

- Aquela que estava com ele na festa de Halloween? – perguntei, recordando-me de tê-lo visto com uma garota que me parecia familiar.

- Bem, sim, mas estava falando daquela que está vindo para cá. – disse Cara, apontando para a entrada da escola.

Michael se adiantou até a porta, sorridente, e deu-lhe um beijo, com nossos gritos como fundo. Ele veio até nós, um pouco envergonhado, com a loira a tira colo. Observei bem a garota, com os cabelos loiros caídos sobre os ombros e mechas coloridas de diversas cores exóticas. Feições desligadas e uma carinha de anjo que me era familiar.

- Gente, eu quero apresentar alguém para vocês. – Michael disse, parecendo mais feliz do que o vira em muito tempo.

Um clique na minha mente me fez reconhecê-lo.

- Isis, não é?! – perguntei.

Ela abriu um sorriso. – Oi, Charlotte; oi, Allison.

- Só Charlie, por favor. – eu disse, sorrindo também.

- Espera, vocês se conhecem? – perguntou Mike, franzindo o cenho em confusão.

- Fazemos Filosofia e História com ela. – explicou Allie.

- Ah, se eu soubesse. – comentou Michael, balançando a cabeça em negação e nós rimos. – Bem, vou apresentar os outros. Luke, o poste magricela; Calum, o moreno asiático; Ashton, os cachinhos de mel e Cara...

- Nem ouse dizer nada! – Cara fuzilou Mike, que se calou instantaneamente. – Assim está melhor.

- Verdade, Mike, você calado fica tão bonitinho! – brinquei, dando um tapinha leve em seu rosto. Ele deu um tapa na minha mão. – Autch! Agressivo! – fiz manha.

Michael revirou os olhos. – Vamos ou não?

- Um segundo. – eu disse, virando-me para Allie e sorrindo marotamente. – Sinto muito, Allie, mas vou ter que roubar seu namorado um pouco. – eu disse, deixando todos confusos.

Então eu corri até Calum, pulando em suas costas e quase levando a nós dois ao chão.

- Você está louca?! – exclamou Calum, assustado, mas ria e me ajeitava melhor em suas costas.

Allie fechou a expressão também.

- Sendo assim, vou roubar seu namorado também! – e pulou nas costas de Luke.

- Será que podemos tentar ser mais normais que eles? – perguntou Ashton a Cara, enquanto andávamos pela rua em direção ao Starbucks.

Cara não hesitou em responder.

- Com todo o prazer!

~*~

- Não, sai, Charlie, você é muito pesada! – reclamou Calum, não muito tempo depois.

Bufei, pulando de suas costas, e indo para perto de Luke.

- Sorte sua que a gente já chegou! – eu disse, já passando pela entrada e vendo-me naquele ambiente aconchegante.

- Eu e os garotos vamos procurar uma mesa, podem fazer nossos pedidos. – disse, Luke, depositando um beijo rápido em meus lábios e se afastando com os meninos para as mesas mais ao fundo.

Começamos a ir até o balcão, que não estava tão cheio para uma rede de Starbucks no meio de Sidney, mas percebi que Isis parecia um pouco desconfortável, indecisa se iria conosco ou até Michael.

- Vamos, Isis, não fique aí parada! – chamei-a, sendo o mais simpática que conseguia e ela finalmente veio conosco.

Esperamos apenas alguns poucos minutos na fila e, quando o atendente gritou “próximo!” para nós, eu estanquei ao me deparar com aqueles olhos castanhos penetrantes que eu reconheceria em qualquer lugar.

- Pedro?!

Por incrível que pareça, ele abriu um sorriso ao me reconhecer, enquanto eu ainda permanecia em choque.

- Charlie, que bom te ver aqui! – ele exclamou.

Meu sangue gelou ao ver seu sorriso direcionado a mim depois de anos. Minha muralha parecia desestabilizada.

- O que está fazendo aqui?! – Allie perguntou rudemente, e eu sentia o ódio presente em sua voz.

- Trabalho aqui. – ele respondeu, anotando e encaminhando os pedidos dos clientes que passavam na nossa frente. – Me mudei com minha mãe depois... – ele engoliu em seco, parecendo desconfortável. – Bem, depois daquela confusão.

Minha respiração se tornou irregular e minha visão ficou turva. Minha muralha foi desestruturada com o primeiro tiro de canhão e as primeiras imagens voavam por minha mente.

Pedro olhou diretamente para mim, liberando o segundo tiro do canhão.

- Charlotte, será que podemos conversar? – ele perguntou. – Sobre aquela confusão?

Terceiro tiro e as lembranças foram liberadas.

Tudo o que podia fazer era correr para longe delas.

Literalmente.