História She Will Be Loved - Overcoming.

Narrado por Abby Collins

Naquela madrugada acordei sentindo um aperto no coração, e a vontade de chorar me invadiu. Eu não estava entendo nada, mas eu simplesmente comecei a chorar, enquanto a dor ainda invadia meu peito.

Era estranho, mas eu sentia que havia alguma coisa acontecendo, e com certeza não era boa.

Me levantei da cama, indo até o banheiro, e me joguei debaixo da água gelada, para que eu acordasse completamente. As lagrimas já haviam cessado quando eu sai enrolada na toalha.

Encarei o relógio na parede, estava amanhecendo, então me vesti para a escola, mesmo que ainda faltasse uma hora e meia. Meu telefone começou a tocar em cima do criado mudo, e eu achei estranho, porquê ninguém me ligava aquela hora do dia.

Mas eu sentia que tinha que atender, então assim eu fiz.

-Abby? -Reconheci a voz doce do outro lado da linha, era Pattie, mas o que ela queria?

-Pattie, tudo bem? -Perguntei animada, mas logo o sorriso em meu rosto desmanchou, quando seu choro invadiu a ligação.

Demorou uns dois minutos para que alguém me respondesse do outro lado da linha.

-Abby, menina. -Era Jeremy dessa vez, sua voz estava embargada, e eu tinha certeza que havia acontecido alguma coisa. -Justin, sofreu um acidente.

Eu demorei segundos incontáveis para conseguir recobrar a consciência. Só voltei para a realidade quando percebi que estava gritando, loucamente. Tão alto, que poderia ser ouvido a quilômetros de distancias.

Eu já estava inundada em lagrimas, e o celular caiu de minhas mãos, enquanto eu via tudo girar ao meu redor.

Justin, acidente. Justin ferido. Justin bêbado. Justin morto.

Era isso que passava por minha cabeça aceleradamente.

-Abby, minha filha. Meu Deus, o que aconteceu? -Senti as mãos de meu pai me levantarem, e eu lhe encarei desesperada.

-Justin, está no hospital, pai. Me leve lá, por favor, eu não tenho forças. -Ele assentiu, com os olhos arregalados.

Jonny começou a me puxar pelo braço, e logo nos adentramos em seu carro.

O caminho até lá parecia uma eternidade, e eu chorei durante todo o trajeto. Eu sentia minhas mão tremerem a cada sinal vermelho que encontravamos. Tudo o que eu queria era saber se ele estava bem.

Nem esperei meu pai estacionar o carro para que eu pudesse pular para fora e adentrar o hospital aos prantos. Não demorou para que eu encontrasse e Jeremy e Pattie. Eles estavam sentados em um dos sofás da sala de espera, e pareciam desolados.

Assim que me viu, Pattie se levantou, e me deu um abraço, nos duas choramos juntas, por vários minutos.

-Como ele está? -Perguntei, assim que nos separamos.

-Ainda não tivemos notícias, só sabemos que ele chegou aqui inconsciente, depois de ter batido a moto contra um carro.

Meu Deus. Eu só conseguia pensar no pior, e a ideia de perder Justin para sempre invadiu minha cabeça. Não, não, não, mil vezes não, ele não poderia me deixar ali, não mesmo.

Papai me encontrou alguns segundos depois, e me evolveu em seus braços. Ficamos sentados ao lado dos pais de Justin. Todos estávamos muito abalados.

Não sei por quanto tempo ficamos ali esperando por noticias, que nunca vinham, mas sei que foi bastante.  Meu pai não saiu do meu lado um minuto sequer, era tão bom a maneira como estávamos ficando próximos outra vez.

-Os responsáveis por Justin Bieber, por favor? -Um homem de jaleco branco apareceu, segurando uma prancheta na mão.

Rapidamente nos levantamos, e eu torcia para que ele trouxesse notícias boas.

-Somos nós. -Jeremy se pronunciou. Eu continuei agarrada em meu pai, ne preparando para o que o médico fosse falar.

-Bem, como vocês já sabem, o garoto sofreu um acidente de moto. O índice de álcool em seu sangue estava muito elevado , e o impacto foi bastante forte, pois ele foi arremessado ao chão, mas por sorte, não se feriu tanto quanto deveria, pois foi um acidente e tanto.

Suspirei aliviada, mas nem tanto, pois Justin estava ferido, e aquilo não era bom.

-Ele quebrou o braço direito, e fraturou uma das costelas, mas apenas isso, o resto é só alguns arranhões. -Deu de ombros, vi o alivio nos rostos de Pattie e Jeremy.

-E ele já acordou?

-Sim, aliás, ele acordou um pouco nervoso, gritando por uma tal de Abby. Quem é?

-Sou eu. -Respondi envergonha, o homem de cabelos grisalhos me lançou um sorriso fraco.

-Podemos vê-lo? -Pattie o perguntou, esperançosa.

-Claro que sim, me acompanhem, por favor. -O casal seguiu o Doutor, mas eu e meu pai continuamos ali. Pattie percebeu e voltou para falar comigo.

-Você não vem, Abby? Justin vai querer te ver. -A mulher de olhos claros pegou minha mão, mas eu neguei com a cabeça.

-Acho melhor não, ainda estamos brigados. E Pattie, por favor, não diga que eu estive aqui. -Era difícil para mim, pois tudo o que eu queria naquele momento era ver Justin, mas era daquela forma que as coisas deveriam acontecer.

Eu estava magoada demais para vê-lo.

-Tudo bem querida. Obrigada, por todo apoio. -Ela me abraçou, e eu retribui, em seguida ela voltou a seguir o Doutor e Jeremy.

-Você tem certeza de que está fazendo a coisa certa? -Papai me envolveu em seus braços, enquanto caminhávamos até o estacionamento.

-Bem, sinceramente? Eu não sei. -Suspirei. Entrei no carro, já me sentindo mais calma.

Durante o caminho, agradeci a Deus por ter salvado Justin.

[...] Perdi aula naquele dia, então liguei para Sarah, que já estava sabendo do acidente de Justin, e rapidamente minha amiga apareceu lá em casa.

Ela me deu um abraço apertado antes de entrar, e eu me sentia bem por ter-la como amiga.

-Eu sinto muito, Abby. -A linda garota de cabelos loiros se sentou em minha cama, e eu fiquei ao seu lado.

-Ele está bem agora. Só está com alguns ferimentos, porém foi um grande susto. -Levei uma de minhas mãos até o peito, respirando profundamente.

-Menos mal. E você, falou com ele? -Fiz uma careta, me deitando na cama e olhando para o teto. Sarah fez o mesmo.

-Eu não tive coragem. -Abracei minha própria barriga, como se me sentisse frágil.

-Eu não entendo, vocês dois se amam, não deviam ficar separados.

-É complicado, ele está tão mudado agora, se embebedando por aí, esse não é o meu Justin.

-Exatamente, Abby, não é o seu Justin, você não percebe que ele precisa de você?

-Eu não sei. Eu não quero pensar nisso agora. Eu o amo, mas eu o disse para deixar-me em paz, foi eu quem quis isso.

-Eu juro, não dá para entender vocês dois. -Seu comentário me fez rir, ela me acompanhou nas risadas.

Ficamos deitadas por um tempo, jogando conversa fora, e depois ela teve que ir embora, ajudar a sua mãe em algumas coisas.

Assim que ela se foi, tomei um banho longo, e desci as escadas para jantar.

Meu pai ainda não havia voltado do trabalho, afinal, ele perdeu a manhã toda me acompanhando até o hospital, e depois ainda me deixou em casa. 

Desde o término com Justin, eu me aproximei mais de meu pai, e eu estava gostando muito daquilo, apesar de ele tentar incluir Mary em nossos programas às vezes, mas eu não o culpava.

Meu telefone tocou em cima da mesa quando eu ia começar a comer, o nome de meu pai apareceu na tela e eu sorri.

-Querida, o que acha de sairmos para jantar? Assim você poderá esfriar a cabeça um pouco.

-Bem, eu estava indo comer agora, mas eu vou adorar, papai.

-Ótimo, eu e Mary passaremos aí para te pegar daqui a pouco, esteja pronta.

Ok. Ele levaria a noiva, mas eu ignorei aquilo, pensando no fato de que meu pai me levaria para jantar para poder me distrair, isso significava que ele estava preocupado comigo. E eu gostei.

Me levantei da mesa, e corri para o meu quarto, pensando no que vestir.

Meu pai sempre frequentava lugares chiques, com pessoas da alta sociedade, pois ele fazia parte delas. Sua empresa era mundialmente conhecida, e ele era um homem muito bem influenciado.

Optei por uma saia preta, e um top cropped estampado, calcei um salto alto e fiz uma maquiagem leve, deixando meu cabelo solto e natural. Eu gostava dele assim.

Rapidamente ouvi a voz de meu pai no andar de baixo, e eu desci as escadas correndo, com uma pequena bolsa e meu celular na mão.

-Está linda, meu amor. -Sorri abertamente, Jonny me deu um beijo na testa.

-Obrigada, papai. Oi, Mary. -Tentei ser o mais amigável possível, ela me olhou de cima à baixo antes de me abraçar e me dar um beijo em cada lado da bochecha.

Chegamos no restaurante em pouco tempo, era um lugar chique, como eu imaginei. Ao adentrarmos o lugar, avistei Nicholas e seus pais, e eles pareciam estar a nossa espera.

-Pai, você não me disse que eles iriam jantar conosco. -Murmurei, enquanto nos aproximávamos dele.

-Quis fazer uma surpresa. -Sorriu amigável, logo todos se cumprimentaram, e eu senti o olhar do meu melhor amigo sobre mim.

-Boa noite Sr. e Sra. Campbell. -O casal simpático a minha frente me cumprimentou, eu não os via há muito tempo. -Nicholas. -Ele finalmente sorriu, se levantando e me apertando em um abraço caloroso.

Logo todos fizeram seus pedidos, e então só adultos, com exceção do Nicholas, que era um adulto, mas não agia como um, começaram a conversar, então só sobrou nós dois ali.

-E ai, onde está seu namorado? -Meu amigo perguntou, dando um gole em seu copo de champanhe.

-Não estamos mais juntos. -Sorri sem mostrar os dentes, tentando passar uma imagem de forte, coisa que eu não era. Como dizer aquilo me doeu.

-Meu Deus, Abby, que indelicado da minha parte! Eu sabia que vocês estavam com problemas, me desculpe.

-Calma Nicholas, não tem problema, você não sabia. Está tudo bem. -No momento, tudo que eu queria era uma taça de champanhe, que meu pai havia proibido, um dos pontos negativos de se ter 17 anos.

Nico percebeu o que eu queria, então pegou sua taça e passou para mim  por debaixo da mesa, meu sorriso foi enorme. O pessoal estava distraído demais para reparar em nós dois, então eu bebi o liquido rapidamente.

- Você ficou sabendo do show do Calvin Harris que vai ter aqui no final de semana? Eu sei que você adora.

-Mentira! -Praticamente gritei, me sentindo envergonhada por chamar a atenção das pessoas. -Já estão vendendo ingressos?

-Esgotaram a dias. -Fez uma careta, e eu me decepcionei. -Porém seria muito legal se você tivesse um melhor amigo, que tivesse dois ingressos, e não tem companhia para o show... -Se eu me olhasse no espelho agora, poderia ver meus olhos brilharem.

Com certeza ele estava fazendo aquilo para me deixar melhor.

-Você está falando sério? Nicholas, eu adoro todas as musicas dele. -Eu estava tão empolgada que nem liguei para as pessoas que me observavam.

-É sério. -Ele riu, enquanto eu passava o copo de volta para ele, por trás da mesa, logo ele deu um gole também. -O show é às 20:00, vou passar na sua casa uma hora antes, ok?

Assenti, com um sorriso enorme. Qual é, era Calvin Harris, com certeza esse show seria tudo de bom.

-Obrigada, Nico. -Lhe mandei um beijo no ar.

-Não é nada. Tudo para animar minha irmãzinha. -Seu sorriso era lindo, na verdade, Nicholas era todo lindo, todas as garotas morriam de amores por ele.

-O que conversam, crianças? -Papai voltou sua atenção para nós dois, que rimos da forma como ele nos chamou.

-Nada demais, pai. -Dei de ombros, ele balançou a cabeça positivamente.

Nosso jantar foi servido e a comida estava deliciosa, comemos tudo enquanto conversamos descontraidamente. Foi uma noite agradável, que me fez esquecer os problemas, por um tempo, é claro, pois antes de dormir, me peguei pensando em Justin, e em como ele deveria estar.

Eu queria tanto poder vê-lo, e me garantir de que ele realmente estava bem, mas infelizmente, meu orgulho gritava mais alto dentro de mim, e eu não conseguia lutar contra ele. Porém eu me sentia melhor, e talvez, eu estivesse começando a superar Justin, e aquilo era bom.

Pelo menos eu achava que sim.