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História Sherlock e os Noivos Demoníacos da Rua Fleet - O Cão dos Baskervilles - Parte II


Escrita por: Sylphielx1

Notas do Autor


Como prometi, posto a segunda parte do caso baseado no Cão dos Baskerville.
Acho que os Johnlockers ficarão felizes com este capítulo. =)
Espero que gostem.

Capítulo 17 - O Cão dos Baskervilles - Parte II


Segunda-feira, 29 de outubro de 1888.

As nuvens brancas se colocavam como um obstáculo entre a luz solar e a terra, empalidecendo os raios amarelos, que tocavam o solo úmido de Dartmoor e invadiam os cômodos da mansão Baskerville. Desde sua infrutífera caçada ao lado de Sir Henry, Watson tentava dormir em um dos grandes quartos, mas a silhueta negra parada contra a Lua não o deixava agarrar o sono, o fazendo rolar de um lado para o outro na cama, perguntando-se se o que tinha visto naquela noite era real ou apenas sua imaginação a pregar-lhe uma peça. Nos pequenos instantes em que dormia, no entanto, sua mente era levada para o lado de Sherlock Holmes, dando continuidade ao lascivo sonho que fazia seu órgão sexual ficar duro como uma pedra, as vezes ao ponto de causar-lhe dor.

Quando notou que não conseguiria descansar mais uma vez, o médico se levantou da cama e se preparou para estar com os outros na mesa do café. Sir Henry, um tagarela, passara toda a refeição comentando sobre os convites que recebia para visitar certas figuras importantes de Devon. Aparentemente, todos queriam conhecer o novo baronete. O homem também resmungava sobre a infelicidade em que sua vida mergulharia por ter prometido para Stapleton que aguardaria três meses antes de pedir a mão de sua irmã em casamento. Will, como sempre, saira cedo para fazer sua caminhada, deixando para John a tarefa de acompanhar e proteger Sir Henry, o que, conforme o passar dos dias, se tornou bastante irritante para o ex-soldado, que sentia que os dois detetives – Sherlock e Will – estavam deixando todo o trabalho sobre suas costas.

Naquele dia, no entanto, as coisas seriam diferentes. Após o café da manhã, Watson fez o baronete prometer que não sairia da mansão sem estar acompanhado por pelo menos um de seus dois convidados e então saiu para resolver alguma coisa. O quê exatamente, ele não sabia, mas não voltaria para casa de mãos vazias. Abandonar Sir Henry sozinho era justamente o ele havia prometido não fazer e sua consciência doía por estar quebrando a promessa, mas John estava definitivamente motivado por sua raiva. O médico sentia raiva por não ter sido capaz de capturar Selden, por estar mentindo para o casal Barrymore sobre permitir a fuga do criminoso, por não ter certeza se a silhueta esguia que avistara ao longe era real, por Will Graham passar o tempo todo distante como se não tivesse qualquer responsabilidade no caso e principalmente, John estava com raiva por que Sherlock não estava ali para dar as respostas que ele queria. – Ele diz que este é o caso mais interessante e complicado, que demanda toda a atenção, e mesmo assim, decide ficar na Rua Baker se envenenando com fumo e cocaína. – A mente do médico acusava.

Caminhando pela Alameda dos Teixos, – onde Sir Charles Baskerville tivera um encontro com a morte, quando esperava, na verdade, Laura Lyons – John sentiu vontade de voltar para a mansão. Por um breve momento, sua inquietação se abrandou e ele se sentiu culpado por duvidar que seus amigos estivessem se esforçando o máximo possível para solucionar todo aquele estranho caso, que até agora corria o sério risco de não ser nem mesmo isso, um caso. Estava girando o corpo para voltar quando a voz do senhor Frankland, um senhorzinho grisalho, pai da senhora Lyons e dono de um bonito telescópio, agitava suas mãos e vinha correndo na direção de Watson.

– Doutor, doutor! Que bom vê-lo! – Exclamava o velho. – Hoje estou muito feliz, por favor, compartilhe comigo uma dose de whiskey!

John tentou recusar, mas o braço do homem passou pelos ombros do ex-soldado, arrastando-o para um abraço desajeitado e fazendo-o caminhar, a contragosto, rumo a varanda de sua casa, que ficava apenas alguns metros a frente. – Qual é a razão de tamanha alegria? – Perguntou ele, vencido pela animação do idoso.

– Venci três processos hoje! – Bradou Frankland. – Mais uma vez, fui um instrumento para justiça.

– Que bom, fico contente por suas vitórias. – Disse John sem dar muita atenção.

– Eles me matariam se pudessem, sabia? – Dizia o homem em tom arrogante. – Tenho certeza que estão queimando meu retrato neste exato instante.

– São só processos, senhor Frankland. – Disse Watson. – Não acho que pensariam em tamanhas maldades e desrespeito.

– O doutor é novo por estas bandas, então ainda não conhece o tipinho de gente que vive neste lugar! São uns falsos e desonestos! Mas eu os faço seguir a lei, a justiça! Por isso, o senhor não tem ideia do quão imenso é o ódio deles por minha pessoa. Só por isso, eu me vingarei de todos eles! Não vou ajudá-los a achar o criminoso que se esconde no pântano. – As palavras de Frankland finalmente começaram a se tornar atraentes para John.

– O senhor sabe onde ele está? – Perguntou o médico, tentando parecer indiferente.

– Mas é claro! – Exclamou o velho orgulhosamente. – Vejo, através de meu telescópio, seu cúmplice levar suprimentos para ele todos os dias.

– Um cúmplice? – Questionou Watson, temendo que o velho tivesse avistado o senhor Barrymore a levar comida e roupas para o fugitivo.

– Sim, imagine só, meu estimado doutor, como vai este mundo terrível. – Disse o homem, suspirando. – Um menino, não deve ter mais do que quinze anos. Ele é o cúmplice do assassino. Todas as tardes eu o vejo subir a colina e ir para as casas dos homens antigos. Quando vai, carrega consigo um pacote e quando volta, suas mãos estão vazias. Eu poderia informar a polícia, mas não vou. Eles me matariam se pudessem, então eu, Frankland, me recuso a ajudá-los. E o senhor, doutor Watson, deve me prometer que não dirá a qualquer pessoa sequer uma palavra do que acabo de lhe contar.

– Oh, eu prometo, prometo sim! – Disse John, animando-se. Parecia que finalmente o destino começara a sorrir para ele. Sim, pois ele havia acabado de descobrir que, de fato, havia outra pessoa a viver no pântano. Essa era a única resposta possível, pois, se o senhor Barrymore era o responsável por entregar suprimentos ao assassino Selden, o menino que Frankland avistara com seu telescópio só podia ser um cúmplice de outra pessoa, obviamente do dono da silhueta que John avistara na noite em que tentou capturar o bandido.

Despedindo-se apressadamente de Frankland, John seguiu adiante pela Alameda dos Teixos, parando em determinado ponto para tentar achar um lugar da onde pudesse ter uma vista privilegiada para o enorme grupo de casas pré-históricas que jaziam espalhadas pelo pântano. Achou uma pedra, cujas bordas davam a ela um aspecto artificial, grande o suficiente para esconder um homem pequeno e magro, o que, por coincidência ou destino, ele era. O médico se sentou atrás da rocha e começou a observar atentamente o ambiente a sua frente. Campinas de cor marrom-esverdeada se espalhavam para todos os lados, e a frente delas, inúmeras construções cinzentas se erguiam, destruídas pelo tempo, a maior parte delas sequer tinha um teto. A pessoa que John procurava provavelmente se escondia em umas das poucas construções que mantinham a maior parte de suas estruturas intactas, o que reduzia consideravelmente o número de locais que o médico precisaria vasculhar. Notando que, pelo menos naquele momento, não havia qualquer movimentação no terreno a sua frente, Watson correu até uma das casas de pedra, invadindo-a e investigando cada canto. Não achou nada na primeira que entrou, nem na segunda ou na terceira. A quarta, no entanto, foi mais promissora. Uma plataforma de pedra, coberta com cobertores denunciou o local em que a pessoa dormia. Em uma pedra achatada e suspensa por outra cortada irregularmente em forma de cubo, jaziam canecas e um cinzeiro. Sobre um prato haviam cascas de frutas e alguns grãos de ervilhas.

O corpo do médico estremeceu ao perceber que finalmente tinha achado o lar da pessoa desconhecida. Sua mente lhe garantia que aquele lugar não poderia ser o esconderijo de Selden, uma vez que era improvável que o bandido tivesse levado consigo um cinzeiro e que as sobras de comida sobre a mesa, não coincidiam com os tipos de alimentos que a senhora Barrymore preparava para o irmão.

John então se encolheu em um canto escuro da pequena casa. Tendo trazido consigo o revólver, sacou-o e o deixou engatilhado, esperando pela figura que provavelmente retornaria àquele local ao final da tarde. Com sua arma, Watson obrigaria essa pessoa a contar quais eram seus planos e prontamente informaria Sherlock Holmes de sua descoberta. O detetive consultor ficaria orgulhoso.

***

As horas se arrastavam diante de Watson. O céu nublado já começava a ficar cada vez mais escuro, denunciando a chegada da noite. O médico estava impaciente. Quando a pessoa que se escondia ali iria dar as caras? Logo seria perigoso caminhar sozinho pelo pântano e o estômago de John começava a clamar por comida.

De repente, o médico escutou um som de passos. Estes eram abafados pela grama úmida que se erguia da terra, mas ainda assim era possível escutar, entre os sons naturais do ambiente, que alguém se aproximava. John se encolheu ainda mais na posição em que estava. Tentando garantir que o estranho não o enxergaria quando adentrasse a casa. O cabo do revólver em sua mão começava a ficar escorregadio, devido ao suor gerado pela ansiedade. Watson precisava estar preparado para o que quer que entrasse ali. No entanto, o coração do ex-soldado quase saltou pela boca, quando do lado de fora da moradia de pedra, uma voz muito famíliar se fez ouvir.

– John, imagino que esteja com o revólver nas mãos. Por favor, guarde-o, não gostaria de ser alvejado pelo meu amigo.

– Sh... Sher... Sherlock? – Perguntou John, extremamente confuso. – É você?

A figura esguia de Holmes passou pela porta, deixando seu rosto comprido e branco visível aos olhos arregalados do médico.

– Olá, John. – Sorriu o detetive.

– Você... você está vivendo aqui? – John olhava atônito para o ambiente, tentando assimilar o fato de que seu amigo, que deveria estar em Londres, estava parado ali na sua frente.

– Não é o mais confortável dos lugares, mas é o suficiente. – Disse Sherlock, sentando-se na plataforma de pedra que provavelmente usava como cama. – Daqui tenho conduzido a investigação sobre o caso dos Baskervilles.

– Há quanto tempo está aqui?

– Cheguei um dia depois de vocês se instalarem na mansão de Sir Henry.

– Por que não veio conosco? – Uma mágoa começava a crescer no peito de John.

– Após termos sofrido com as ações do perseguidor misterioso de Sir Henry, conclui que precisava analisar o caso a partir de um ponto de vista distinto do de vocês. – Explicava Sherlock, enquanto acendia seu charuto.

– Então decidiu mentir para nós. – A raiva começava a alterar a voz do médico. – Você sabia que Will tem encaminhado meus relatórios para Londres durante todos estes dias? Fizemos tudo isso para nada então!

– De maneira alguma. – Respondeu Sherlock, notando a irritação do outro. – Will tem trazido seus relatórios pessoalmente e acredite, meu amigo, eles tem sido muito úteis.

– O quê? – Vociferou John. – Então Will sabia que você estava aqui todo este tempo?

– Sim, ele sabia. Eu o avisei de meus planos no dia anterior a viagem. Foi ele inclusive que me indicou um menino de confiança para me trazer comida e camisas limpas.

Watson cerrou os punhos e levantou a cabeça, mirando o teto. Sherlock nunca o havia deixado tão irritado. – Você mentiu para mim! Eu acreditei que você tinha coisas para resolver em Londres e vim para cá como você pediu. Eu sempre tive boa vontade em auxiliá-lo, mas você não confia em mim.

– Ora John, não exagere. Isso não é verdade. Eu confio em você.

– Então por que Will soube do seu plano e não eu?

– Promete que não se ofenderá quando eu lhe contar a razão?

– Você ainda conseguiria me ofender mais?

– John... Me desculpe, mas este é exatamente o problema...

– O que quer dizer?

– Você é movido por suas emoções. – Disse Holmes, tentando parecer gentil apesar de saber estar incomodando o companheiro. – Concluí que viver aqui era o melhor para o caso, e sabia que se lhe contasse, seu coração gentil te deixaria preocupado com meu bem-estar e você viria me trazer comida ou me procuraria aqui quando tivesse alguma dúvida que considerasse urgente sanar.

– Então é isso. – A voz de John estava amargurada. – Você mentiu para mim porque pensou que eu atrapalharia os seus planos.

– Você poderia nos colocar em risco.

– E sobre o risco que eu corri? Você sabia que Sir Henry e eu perseguimos o assassino de Notting Hill pelo pântano a dentro? Poderíamos ter morrido nas mãos daquele louco! Se tivesse nos contado a verdade, poderíamos ter contado com a sua ajuda para capturar o bandido!

– Mais uma prova de que você é movido apenas por emoções. – Acusou Sherlock. – Foi extremamente imprudente da parte de vocês dois, sairem para se aventurar em um pântano traiçoeiro atrás de um bandido perigoso. Se tivessem usado a razão, teriam ficado na segurança da mansão.

– Se eu não usasse a razão, Sherlock, eu estaria socando a sua cara neste exato momento. – Rosnou John. – Você abusa de minha confiança e ainda diz que o culpado sou eu.

– Por favor John, me perdoe. – Pediu Sherlock, se inclinando para frente. – Não tive a intenção de magoá-lo.

– Você deveria confiar em mim Sherlock.

– Eu confio.

– Mas acha que eu vou atrapalhar.

– John... você sabe quão importante o seu auxílio é para mim...

– Não sei não. Na verdade, você só pede para que eu deduza coisas para depois me dizer quão errado foi o meu raciocínio. Não considera meus esforços e necessidades. Eu escrevo sobre nossas aventuras, tentando mostrar para o mundo as suas habilidades e você reclama, dizendo que eu sou muito romântico. Você sequer considera que eu estou no quarto ao lado, quando começa a dar tiros nas paredes. Então não, Holmes, eu não sei quão importante é o meu auxílio para você.

Sherlock engoliu seco. Quando notara que John estava dentro da casa lhe esperando, o detetive não imaginou que estaria tendo este tipo de conversa. Ele não sabia o que responder. Uma parte dele queria simplemente ignorar tudo o que o outro dizia, pois considerava tudo aquilo uma perda de tempo. Por outro lado, não queria ver seu companheiro magoado, acreditando que a amizade deles não significava nada.

– John, eu... sinto muito.

John apenas suspirou, virando o rosto para o lado.

– John...

– O que é?

– Você ainda está apontando a arma para mim. Poderia guardá-la?

O médico olhou para o revólver em sua mão. Então percebeu que ficara sentado na mesma posição desde que o detetive chegara no local. Uma vontade de rir começou a crescer em sua garganta, enquanto enfiava a arma de volta num bolso interno do casaco.

– O que está olhando? – John notou o amigo a encará-lo com um ar risonho.

– Achei que fosse atirar em mim.

– Confesso que o pensamento passou pela minha cabeça.

Os dois homens gargalharam.

– Que bom que você está aqui Sherlock. – Confessou John, deixando a raiva sair de seu corpo junto com o gás carbônico de seus pulmões.

– Não era a intenção revelar a minha presença, mas fico contente por não ter que guardar mais segredos. – Sorriu Holmes. – Mas venha, saia desse canto escuro. Sente-se aqui comigo. Quero lhe contar tudo o que descobri através de nossas investigações.

Watson fez o que o amigo pediu, levantou de seu canto escuro e foi sentar com ele na cama de pedra. Ouviu atentamente quando Holmes lhe contou que a senhorita Stapleton, por quem Sir Henry se apaixonara, não era irmã do entomologista, mas sua esposa, o que explicava o rompante de ódio que este último teve ao ver o baronete demonstrar interesses românticos pela mulher. Compartilhou também a teoria de que Stapleton era a figura maligna por trás das recentes desgraças que acometeram os Baskerville. No entanto, Holmes ainda não havia descoberto a razão das maquinações sombrias do admirador de insetos.

Porém, enquanto Sherlock tagarelava sobre o caso, os olhos treinados de John examinavam o corpo do amigo, notando que este havia emagrecido e ficado pálido graças a exposição recente a inúmeras privações.

– Olhe este lugar! – Reclamou John, não aguentando mais. – Eu compreendo que você não queria ficar na mansão, mas não poderia ter se hospedado em um hotel? Ou ter se disfarçado? Precisava mesmo vir viver nesse pãntano, com pouca comida, quase nenhuma água... você poderia ter ficado doente...

– Está tudo bem... Isso não tem importância...

– Tem um assassino solto no pântano! E se ele te matasse? E se eu voltasse para a Rua Baker e achasse que você tinha sumido? E se eu ficasse te procurando? Você sabia onde eu estava, mas eu... eu...

– John, mais uma vez, me perdoe. Eu admito que, mais vezes do que seria considerado normal, sou irresponsável e desconsidero as suas impressões sobre as minhas ações. No ímpeto de solucionar este caso, arrisquei causar a você, meu dedicado amigo, um sofrimento imenso, caso algum mal me acometesse e você nada soubesse. Mas que bom que pudemos nos reencontrar sem qualquer impedimento. – Sherlock deixou seus lábios se esticarem para formar um sorriso tímido.

John olhava atento para o companheiro. Os olhos do detetive estavam sobre ele, sérios e tristonhos. Aquela era uma das poucas vezes que as orbes azuis de Holmes transpareciam algo que não era indiferença e o médico sentiu que o amigo estava realmente arrependido por tê-lo ferido. John imaginava que deveria ficar satisfeito ao ver o outro se arrepender por suas falhas, no entanto, a face triste de Sherlock fazia o seu coração se apertar dentro do peito. A raiva de momentos atrás já havia desaparecido. Sherlock tinha o dom de irritá-lo profundamente, mas a mágoa era passageira e rapidamente o ex-soldado estava disposto a novas aventuras, a ouvir o detetive se gabando por sua inteligência, de novo e de novo. Recentemente, porém, algo novo aconteceu. Tobias Budge quebrara o nariz de Holmes com um golpe poderoso e quando John tocou aquele rosto ferido, para examinar o machucado, ficou consciente, pela primeira vez, do quão bonito era aquele homem. A mesma noção lhe ocorria agora, ali, diante dele naquela cama de pedra. O rosto comprido, branco, austero; os cabelos cacheados, castanhos, penteados para trás, numa débil tentativa de demonstrar seriedade, sobriedade; aqueles maravilhosos olhos azuis, o céu e o mar se agitando naquelas esferas brilhantes e sagazes; ah, como Sherlock Holmes era lindo. O corpo delgado, com cintura fina e quadris largos, quase... feminino. Os dedos compridos que habilmente passeavam pelas cordas do violino, arrancando melodias tão lindas quanto aquelas entoadas pelos anjos de Deus. Tudo nele era perfeito, seu rosto, seu cheiro, seu corpo... sua boca... aquela boca perfeitamente desenhada, tão convidativa, tão atraente. Tão macia. Macia? Sim, macia.

John sequer notou quando colou seus lábios na boca de Holmes. Nem mesmo quando o detetive a abriu para receber o beijo repentino, como se já o esperasse, como se já desejasse. As bocas permaneceram juntas por algum tempo, esfregando, agarrando, mordendo. Num instante um deles empurrou a língua para fora. Não importava quem fez o quê primeiro. Foi um toque diferente, quente e úmido. Noutro momento as línguas, já em par, se enroscavam, pressionando e lambuzando. As mãos então entraram em ação, primeiro foram tímidas até os ombros, depois agarraram a nuca e puxaram os cabelos. Um tempo para respirar foi necessário. As bocas se separaram e as mãos pararam de se mover. Os olhares se cruzaram.

– John, eu... – Sherlock sofria para pronunciar as palavras. – Eu não...

Mas John não quis esperar. Agarrou novamente os lábios de Holmes com os seus próprios. Reiniciando os movimentos que faziam ondas de choque atravessarem todo o seu corpo. Nunca havia beijado um homem, mas se soubesse que era tão bom, o teria feito antes. Suas mãos agarraram a nuca de Sherlock, puxando a cabeça dele para trás pelos cabelos. Os beijos então partiram de sua boca, descendo pelo pescoço, traçando uma linha úmida na pele quente. Sherlock queria dizer algo, mas os arrepios que sentia por causa da respiração de John em seu pescoço o faziam perder a capacidade de pronunciar qualquer palavra. Tudo o que saia de seus lábios eram gemidos, baixos e naturalmente sensuais.

As mãos de Watson seguraram os ombros do mais alto, pressionando-os e então descendo pelas costas deste, agarrando-o pela cintura enquanto continuava a beijar e mordiscar a pele do pescoço. Holmes tremia, surpreso e excitado. Ele não podia negar que desejava o médico, por mais que tivesse aprendido, a duras penas, que seus desejos eram errados, pecaminosos. Mas tudo bem, o prazer que ele sentia através dos beijos de John o fazia esquecer da moral e dos bons costumes, Holmes queria mesmo era que Watson continuasse com aquela sequência de movimentos que o estavam enlouquecendo.

Com uma das mãos, o ex-soldado começou a retirar a gravata de Sherlock, abrindo em sequência os primeiros botões de sua camisa. O médico estava ávido por aquela intimidade, até certo ponto, seu desejo era surpreendente até para si mesmo. Admirar Sherlock Holmes era diferente de querer ser fodido por ele. E era isso o que ele queria naquele momento. Continuou então abrindo a camisa do detetive, que rapidamente levou as mãos até o casaco do médico e o tirou, puxando-o para baixo e jogando-o no chão. Entregando-se ao desejo que lhe dominava, Holmes empurrou o corpo de Watson para trás, deitando-o na cama de pedra. Os cobertores traziam uma sensação aconchegante e os dois homens permitiram que seus corpos relaxassem sobre os tecidos.

– Você quer isso? – Questionou Sherlock, interrompendo os beijos de John que olhou para ele com cara de insatisfação.

Mais uma vez, o médico não queria conversar, não queria pensar no assunto. Queria apenas servir aquele desejo que queimava dentro de seu corpo, acendendo-o e deixando-o duro. Avidamente ele se levantou, buscando a boca do outro enquanto o puxava mais para perto, até apoiar novamente as costas sobre os cobertores. O peso do corpo de Holmes o esmagava, mal dando espaço para que ele se movesse, o que era ótimo, pois John queria o detetive todo para si, encostando, esfregando. Sherlock se movia como uma serpente, involuntariamente empurrando sua pélvis contra a de Watson, sentindo o pau duro do outro forçar-se contra o tecido das calças.

Mais uma vez, o detetive se afastou de John, neste caso para tirar dele a camisa, expondo o peitoral firme, quente e ofegante do ex-soldado que lutava para abrir as calças de Sherlock. Quando finalmente conseguiu, John agarrou o pênis dele, gemendo ao sentir o calor e a rigidez de outro homem pela primeira vez. Os beijos e carícias continuaram, enquanto eles tiravam um do outro o que restava de suas roupas. Nus, grudados e se masturbando num ritmo que era vagarosamente delicioso, Sherlock começou a beijar os mamilos de John, sentindo-os se tornarem cada vez mais rígidos conforme eram sugados. O médico gemia e se contorcia sob o corpo do detetive, arqueando as costas para encostar a pélvis na do parceiro. Os pênis quentes se encostavam e friccionavam num vai e vem que os torturava, mas que não queriam interromper.

– Isso é delicioso. – Sussurrou John, com os olhos fechados e a face corada. Mordendo o próprio lábio, imaginando como seria se Holmes tocassem seu pênis com a boca em vez das mãos. Não precisou esperar muito para descobrir, pois como se lesse seus pensamentos, Sherlock foi puxando seus beijos para baixo, lambendo e mordendo, arrancando do companheiro gritinhos sôfregos e descontrolados. Beijou então a virilha, sentindo o calor que emanava daquela região específica, que rebolava sobre o cobertor. Puxando o corpo de John para si, Holmes agarrou as nádegas do amigo, logo depois abocanhando o membro duro como a pedra em que eles estavam deitados, sem a ajuda das mãos.

Watson gritou quando sentiu seu pau tocar o interior da boca de Holmes. A sensação era quente e molhada e só o vapor da respiração de Sherlock já estimulava John a ponto de fazê-lo segurar com força os tecidos abaixo de si. O detetive fazia sua própria língua dançar sobre a pele cheia de veias do amigo. Como era delicioso ter aquele membro duro em sua boca. Há quanto tempo ele não sentia aquele específico prazer. O gosto de John era delicioso e excitante. Logo começou a fazer movimentos de sobe e desce com a cabeça, engolindo e liberando o sexo do amante enquanto este gritava e se empurrava para dentro daquela boca perversa. Com uma das mãos, agarrou o próprio pênis, masturbando-se enquanto aumentava o ritmo do sexo oral. O que estavam fazendo? Totalmente imprudentes. Nus, numa casa em ruínas no meio de um pântano, devorando-se como animais enlouquecidos pelo cio. Mas não poderiam parar, não quando as mãos de Sherlock começavam a arranhar a pele branca do abdômen de John. Não quando o médico começava a derramar as primeiras gotas de sua essência dentro da boca do detetive. Não podiam parar, não queriam parar.

Mas foram obrigados, quando um aterrorizante uivo fora ouvido não muito longe de onde estavam. Tiveram que voltar para a realidade mórbida daquele pântano sombrio e foram obrigados a vestir suas roupas rapidamente enquanto ouviam novamente o uivo medonho do Cão dos Baskerville. Nada recompostos e com um milhão de pensamentos, os dois homens, agora algo entre amigos e amantes, sairam da casa de pedra, encarando o céu já escuro e correndo em direção ao horizonte, a fim de desvendar mais um pedaço do mistério daquele lugar horrendo.

           

   


Notas Finais


Finalmente um dos nossos casais ficaram com a mão naquilo e aquilo na mão. Só de pensar que muito amor será compartilhado em breve com os Murder Husbands também, me dá uma alegria...
E vcs, o que acharam?


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