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História Shinzou wo Sasageyo - Shot One


Escrita por: be_anonymous

Capítulo 1 - Shot One


— O que? Como poderia eu permitir que faça tal coisa?!—Erwin questionava em seu ar de seriedade, porém banhado em nervosismo e indignação. E precisou admitir, Eren chegou a se sentir um completo idiota irresponsável por alguns instantes em meio todo aquele sermão; porém, não tinha jeito e tampouco podia apenas ignorar o fato de existirem grandes chances de Levi estar em apuros enquanto tinha tudo em mãos para salvá-lo. Erwin podia não entender, já que não havia como priorizar apenas um de seus soldados enquanto os demais eram devorados e mortos alguns metros abaixo, mas Eren não podia ignorar aquilo que esmagava seu peito— A menos que queira morrer, fique aqui e aguarde o sinal! Levi sabe o que faz, acredite em mim, ele não morrerá. Não aqui, não agora.

Eren encarou as próprias palmas, estava revebendo aquelas ordens porque era fraco? Era incapaz de enfrentar titãs só? Ele fechou o punho com força e virou-se na direção daquilo que deviam ser residências, mas agora não passavam de amontoados de pedregulhos sem forma definida, o fato de que ao menos estavam vazias era o único que o confortava minimamente ainda que o trouxesse dor. Dentro da Muralha Maria, seu antigo lar. Comprimiu os lábios e segurou com força o cinto que rodeava a cintura.

— Desculpe, Comandante Erwin. Mas não posso ficar tranquilo enquanto Levi ainda não retornou. —Foi a última coisa que disse e seu nome sendo chamado incessantemente pelo loiro a última que escutou quando arremessou o próprio corpo muralha a baixo se entregando àqueles 50 metros de altura intermináveis, quase alcançando o solo se não tivesse sido mais rápido e lançado os ganchos da DMT para impedir que fosse transformado em um monte de carne no chão. 

A cintura era puxada com força e a corda do equipamento lançada e rebobinada conforme ia cortando os destroços da cidade por cima. Estava um completo caos; aquele distrito, aqueles soldados, a sanidade dos antigos habitantes e aquela mente que era obrigado a chamar de sua, mas tão distante e perdida que duvidava ter algum controle sobre os próprios pensamentos. Porém sequer haviam maneiras de matar a todos os titãs os quais encontrava pelo caminho quando suas últimas lâminas estavam a ponto de se partir e a cada instante que o corpo era impulsionado pra frente com menos força, sabia que o gás guardado se esgotaria em breve, e não demoraria muito. Onde estava Levi, afinal? Os olhos trabalhavam como os de uma águia, precisos e completamente focados em míseros detalhes no chão e ao seu redor, contornando aqueles corpos gigantes e desviando daqueles dedos imensos que tentavam o alcançar. Mikasa, ao longe, dava fim à quantidade máxima que podia dos titãs que cruzavam seu caminho e retornava ao topo dos muros. 

"Me desculpe Mikasa, você terá que esperar por mim um pouco mais"

Sabia que sua irmã adotiva já estava frustrada o suficiente por não poder protegê-lo como era acostumada a fazer desde menor, desde que Levi fora designado a tomar conta de si e mantê-lo caso saísse de controle em forma de titã, mas eventualmente acabou virando seu guarda-costas de alguma forma. Ninguém era capaz de dizer se Levi realmente o mataria se fosse o caso, arriscava dizer que nem mesmo o próprio Levi sabia se conseguiria fazê-lo. E talvez por isso Eren não tenha sequer ousado tentar se transformar de novo, e por isso Levi sempre aparecia para ajudá-lo e evitar que sua fúria tomasse controle de suas ações precipitadas. No fim e em resumo, talvez Eren fosse apenas um peso morto para a tropa no atual momento.

Os pés tocaram o chão quando já não haviam titãs por perto, afinal, se Levi estivesse em perigo com certeza não seria no centro do campo de batalha onde procuraria refúgio. Caminhou curtos passos enquanto os olhos procuravam através dos vidros sujos e empoeirados das janelas baixas das casas por perto.

— Capitão Levi, onde você está?! Responda! —Eren o chamava enquanto ainda atento com quaisquer sons mais altos que o pudessem pegar por trás de surpresa. Um "Estou aqui" num tom grosso e impaciente lhe chacoalhou o corpo e fez que o girasse pelos calcanhares e seguisse na direção do som o qual fora atraído, como um cachorrinho. E só faltou em Eren um rabinho para abanar quando avistou Levi logo depois de uma porta amadeirada quebrada.

— Idiota, por que está berrando desse jeito? —São e salvo, foi o que Eren pensou depois de fitar o corpo do capitão de cima a baixo. Chegou a avistar algum sangue se transformar em fumaça e evaporar de suas roupas, indicando que talvez tivesse acabado de terminar um trabalho. E quiçá fosse por isso que aquela área estava tão "limpa"— Mandei que fosse na frente, o que está fazendo aqui?

— Eu pensei que você estava demorando, então voltei... 

— Tsc, ordenei que retornasse justamente para deixar sobrando algum gás, mas nem pra isso você serve? —Ele disse depois de estalar a língua, e apesar do insulto, Eren não se incomodou talvez pelo costume e também, tudo o que queria saber era se Levi estava vivo, mas percebeu que o subestimou além do que o permitido ao imaginar uma hipótese tão fantasiosa quanto aquela. O assistiu dobrar alguns papéis amassados e guardar no bolso do cinto, aproximando-se de uma estante que se encontrava num canto do lugar que mais tinha a aparência de um bar, e começou a tirar suas gavetas e atirá-las ao chão.

— O que está fazendo, afinal? —Se aproximou dele e só então notou que toda aquela destruição feita ali dentro fora feita, principalmente, pelo próprio Levi. E apesar de que ele não era do tipo que gostava de bagunça e similares, não fazia diferença se antes a situação ali dentro já era crítica. 

— Encontrei notas interessantes aqui, mas acho que era só. Vamos volt-

O estremecer do chão abaixo de seus pés o fez se calar, assim como Eren que travou seus movimentos de forma imediata. Foi necessário apenas um olhar da parte de Levi em sua direção para que captasse a mensagem e balançasse a cabeça negativamente. Suas armas já não suportariam tanto, e a julgar pelos sons, estariam na presença de pelo menos um titã de dez metros e alguns menores.

Levi se apressou e agachou em frente uma pequena fresta amadeirada na parede e a empurrou para o lado, abrindo um espaço grande o suficiente para que entrassem e assim ele o fez depois de abrir caminho para Eren, que fora seguido pelo outro logo em seguida. Como Levi amanheceu naquele dia com tanta sorte ou quando teve tempo de procurar por aquilo eram questionamentos que não podia responder só, e também não teve tempo quando ele voltou a fechar aquela entrada, prendendo ambos nas sombras daquela caixa de madeira. Tinham alguma mínima visibilidade por entre as tábuas que davam visão para a rua, e se sentiam tão ansiosos por não verem ninguém quanto se estivessem vendo. A camuflagem daquele compartimento era até que bem bolada, já que quem visse de primeira não julgava passar de caixas de madeira empilhadas nos fundos de uma casa. Levi só esperava que também passasse batido para aqueles mongolóides gigantes.

O som de passos ligeiros invadindo o local que até instantes atrás ocupavam fez Eren puxar Levi para mais perto, em um receio de que o companheiro pudesse ser pego enquanto ainda estava tão despreparado para protegê-lo. Este que diferente do mais novo, não focou sua atenção somente dentro do recinto mas sim fora deste também. 

"Mas que droga, não é possível que eles nos encontrarão aqui, certo?" Eren questionava, assistindo o caminhar bizarro daqueles titãs que cheiravam as gavetas espalhadas pelo chão como cães selvagens, mas infelizmente eram mais que isso. Ele levou a destra ao cabo da lâmina e a manteve à prontidão, atento aos movimentos daqueles que podiam lhe arrancar a vida tão facilmente. Uma gota de suor escorreu pelo maxilar até que tocasse o pescoço, tão aflito como também num anseio por derrubá-los.

Ele não percebeu o que Levi havia percebido, portanto precisou dar-lhe alguns toques a mais nas costelas para que este acordasse de seu "transe" ou simples estado de indecisão, surpreendendo-se ao vê-lo rolar em sua direção mas não ousou soltar um grunhido sequer, tendo este pulando para cima do seu corpo antes que pudesse sussurrar seu nome mais uma vez. A respiração alheia batia pesada contra o topo de sua cabeça quando ambas as atenções dos homens sequer podiam vacilar para qualquer outra direção, porém, apesar de Levi apresentar ou se forçar a manter alguma calma perante a situação, Eren podia notar um ar sufocante pairar sobre seus corpos naquele instante e esperava que sua falta de ar não afetasse o capitão, ou estaria tudo arruinado. Por sua vez e oposta versão, Levi também não percebeu algo que apenas Eren notou, mas não havia tempo restante a não ser para o despertar de seu choque notório e o fazer ir na frente para que o mais velho pudesse vigiar suas costas. Se não se atentasse, aquele certamente seria o dia de seu fim, mas Eren desejava ao menos poder impedir que fosse o de Levi também.

— Eu vou lá —Sussurrou Eren, soltando o objeto preso à cintura e se afastando um pouco.

— Sim, tem um dos grandes lá fora. Você vai voltar pra dentro e sair do meu caminho, eu dou conta do resto... Ah? Eren? Você está ouvindo?

 O mais novo se atirou para o lado oposto ao que era planejado, cruzando os antebraços em frente o rosto na intenção de se proteger ao quebrar a caixa onde se escondiam e indo parar no meio da rua enquanto ainda rolava, encontrando no chão tempo de engolir algumas doses de areia sem querer. Levi poderia ter gritado seu nome se fosse o trazer de volta instantaneamente, mas tudo o que fez foi forçar o maxilar e erguer o corpo para dentro da casa novamente. O som do feito genial do mais novo fora alto o suficiente para atrair a curiosidade dos que rondavam pela área e não sabia dizer quando ali se tornou tão perigoso. Se levantou do chão com agilidade e lançou os ganchos da DMT na direção do telhado mais próximo, onde subiu com algum esforço depois do gás ter dado seu último ato heróico do dia, e apenas se tranquilizou -se é que seria possível, tendo quatro titãs bem vivos te encarando- após ter avistado aqueles imbecis irracionais perdendo interesse no interior da casa onde Levi se encontrava para lhe perseguir, em meio tentativas falhas de escalar para cima do telhado onde estava. E o problema seria "só" se não estivesse na presença de um grandalhão lhe alcançando em passos curtos e lentos.

— Eu vou acabar com ele, só me dá um instante... —Dizia para si mesmo como quem quisesse se convencer. Uma prova que sua incerteza sobre morder a própria mão para executar a transformação era tão real ainda que a palma estivesse bem em frente seus lábios, mas não conseguiu tomar nenhuma outra ação— Merda... Se eu não conseguir, Levi não vai poder fazer nada... —Eren optou por sacar as lâminas gastas, saltou de um telhado para outro aproveitando da proximidade e partiu pra cima do titã que claramente desejava sua cabeça, mas assim que pousou os pés sobre seu longo braço, um vulto sobrevoou sua cabeça por trás e em questão de instantes, aquele corpo desabou no chão em inatividade junto consigo.

— Desgraçado, você ia mesmo morrer?! —Levi não pareceu precisar de muito esforço para terminar seu trabalho, e Eren, estático, apenas assistiu aquele show sem fazer nada. 

Um completo inútil, era como se sentia.



[ . . . ] Já dentro das muralhas, após o fim da missão  [ . . . ]


— Hange, devolva meu cachorrinho, é hora de colocá-lo pra dormir. —A voz familiar soou atrás de suas costas quando a cientista ainda não havia coletado o bastante de sua saliva com cotonetes. Sentado no sofá de frente à mesa bem... "enfeitada", com livros e papéis desenhados em letras pouco chamativas, Eren apenas pôde olhar de relance na direção do timbre que o chamara a atenção, tendo a visão perfeita de um Levi de braços cruzados encostado no batente da porta, assistindo a cena com algum tédio evidente.

— Mm... Sim! Acho que pode ser liberado agora, Eren querido —Ela sai de perto do sofá e passa para trás de sua mesa com rapidez e em passos longos, iniciando com agilidade nos dedos procedimentos de análise que não entendia— Ah-ha! Era isso! Oh, meu pequeno titã... Eu te prendi aqui desde que chegamos, certo? Vá descansar um pouco —Sua hiperatividade e animação, mesmo que depois de já tão tarde o fazia se perguntar há quantas noites ela já não dormia. 

Eren fechou a boca, sentindo o maxilar dolorido graças aos minutos que o forçou aberto para ajudar Hanji em suas pesquisas, e jamais reclamaria pois sabia que eram úteis não somente para si ou para ela, mas para também toda a humanidade. Se levantou do assento e alongou as costas de músculos igualmente doloridos, se virando para sair da sala— Obrigado, Hange. E tenha uma boa noite, mesmo que você não durma...

Acrescentou a última fala com um sorrisinho nervoso, coçou a nuca e tocou com a ponta dos dedos os fios de cabelo curtos da região, foi despedido com um riso da parte da mulher e retribuiu com um aceno. Fechou a porta depois que os pés alcançaram o lado de fora, Hange era realmente esforçada... Assim que a destra soltou a maçaneta, os olhos voaram para o rosto de Levi, mas dele não ouviu nada e apenas passou a segui-lo pelo corredor reproduzindo seus passos tranquilos.

A mente borbulhava em pensamentos que foram alimentados por si mesmo e sua preocupação excessiva ao decorrer do fim de tarde que passou dentro da sala de Hange, e não pôde focar no assunto que mais devia estar causando ansiedade em Levi. Cortou o silêncio avassalador que os matavam, mesmo sem perceber, depois que enjoou do som do bater de botas no chão. Cruzaram um corredor enquanto Eren levantava seu questionamento.

— ... Veio me buscar? —Perguntou pois não era algo usual de se acontecer, e sinceramente não expectava por uma resposta da parte do outro, mas a recebeu. 

— Como eu disse, está na hora de dormir. Ah, e eu também me recordo vividamente de ter dito que precisa negar certos pedidos da Hange, ou acabará amanhecendo ainda ouvindo suas histórias malucas ou servindo de cobaia. Você é um soldado, o que planeja fazer se uma emergência surgir e estiver despreparado? —"Ah, um sermão..." pensou o mais novo e inspirou fundo antes de erguer o olhar, alternando dos próprios pés calçados em botas marrons compridas para o caminho que percorria, e uma confusão momentânea bateu à mente antes de relembrar qual era a realidade que vivia junto do capitão.

— Dormir, Levi? ...—Continuou andando de cabeça erguida sem notar que não estava mais sendo acompanhado pelo mais baixo, porém também cessou seu caminhar quando encontrou uma porta de madeira em seu caminho. Olhou por cima do ombro esquerdo para os olhos comumente inexpressivos de seu capitão, e não pôde entregar nenhuma outra reação a não ser abrir um largo sorriso ao avistar seu rosto.

Levi não precisou colocar em palavras pois Eren facilmente podia o ler, e naquele momento ele dizia "Por que porras me chamou pelo nome?", quando o comum era que todos o chamassem pelo título de Capitão. Mas o que quase ninguém sabia, era que Levi também tinha seu lado "descerto" o qual o único vivente que o conhecia atualmente era seu recruta anos mais novo, e vezes eram tão profundas e subconscientes suas vontades que não se percebia do quê ele próprio fazia, como agora; já que o porão, onde Eren passou a chamar de seus "aposentos" desde que se mudou para o quartel general da Tropa de Exploração e fora indicado a dormir por lá por questões de segurança, se encontrava localizado há metros de distância dali.



— ...E por que me guiou até seu quarto?


Notas Finais


(1/2)


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