O choro do bebê não o incomodava, apenas deixava-o totalmente desesperado por não poder fazer nada para aquele pequeno ser acalmar-se.
Pegou-o no colo, acarinhou os cabelos, a pele lisa e macia, conversou com ele, mas, mesmo assim, não havia surtido qualquer efeito. Quando Hinata entrou no quarto, viu Neji e o bebê vencidos pelo cansaço do choro. Ambos dormindo.
Ela os cobriu com o lençol. Sentou na cama e analisou aquela situação peculiar. Os homens de sua vida.
Fechou a janela para não entrar uma corrente de ar, e depois saiu do quarto, ficariam então lá descansando dos poucos minutos que ela pedira para Neji cuidar do bebê.
Andou sorrateira, sem pressa pelo corredor, e viu seu pai chegar em passos firmes, nervoso? Talvez sim. Hinata pouco via o pai com um semblante tão triste.
— Otousan, o que houve? — Ela perguntou, se aproximando do homem que parecia mais triste cada vez que chegava perto.
— Não é nada Hinata. — Ele passou por ela, ainda batendo os pés firmes no chão. Mas Hinata não se fez de rogada, seguiu seu pai até a sala onde ele não gostava de ser incomodado. — Hinata. Eu quero ficar sozinho.
— Mas, otousan, eu não quero deixá-lo sozinho. Nunca! O que houve? — Tinha uma pequena ideia do que poderia ter acontecido. Lembrou-se de quando era mais menina, que acordava cedo para treinar, mas antes sempre caminhava pelo distrito, colhendo flores, como sua mãe fazia. Num desses passeios sempre encontrava seu pai e a mãe de Neji sentados um do lado do outro olhando para o céu. Nunca compreendeu aquilo, mas era hora já de entender. — Vai deixá-la escapar?
Hiashi a olhou incrédulo, nunca em sua vida viu Hinata tão abusada.
Refez seus pensamentos, ordenadamente, a filha estava sendo abusada há mais tempo que isso, mas ele não gostava de pensar nisso.
— Eu não sei o que você e Neji planejam, mas não quero que se metam onde não são chamados. — Disse em tom grave, para ver se a filha o desafiava mais uma vez. O que constatou no instante seguinte.
— É da minha conta quando se trata da vida do meu pai. — Ela o segurou nas mãos, encarando os olhos duros de um homem que escondia seus sentimentos. — Otousan, para que se restringir de algo que te faz feliz? Pense nisso. Eu seria mais feliz, se você também fosse mais feliz.
Ela o beijou na testa, e saiu.
白
Havia lágrimas teimosas em sua face rosada. Havia medo em seu coração e um certo desespero por não estar fazendo algo certo.
A flor em suas mãos caiu no chão, junto com a lágrima teimosa.
Nana respirou fundo para voltar à sua casa, deixar que aquele maravilhoso dia que se iniciara, fizesse com que a animasse. Era um engano, um atrás do outro. Ela queria que aquele sol quente a acalentasse, coisa que não sentia mais.
Tentou criar forças para quem sabe fazer uma loucura, mas não o fez. Segurou a yukata longa que vestia e caminhou pela grama descalça. Sentindo o frio da terra e do verde lhe despertar.
O choro sessou assim que ouviu alguém lhe chamar. Com um sorriso no rosto, mesmo que mentiroso, ela se virou.
— Keigo-san. — A mulher parou, tentando explicar o que fazia ali, descalça e com os olhos vermelhos.
Mas o homem não parecia interessado nisso. Pegou-a pela mão e a levou para outro lugar menos esverdeado, com mais polidez e seriedade. No fundo, Nana sabia o quanto Keigo era rígido mas tentava ser mais ameno.
Talvez a inútil disputa que ele cerrava com Hiashi desde mais novos. Talvez, mas sem comprovações.
— Querida, o que te incomoda? Estou falando com você há vários minutos e nem um balanço de cabeça recebo.
— Oh! Me desculpe. — Ela despertou de seus pensamentos, nem percebera que estava com um xícara de chá nas mãos, entornou-a, molhando sua yukata sem querer. — O que eu fiz. — Keigo se apressou pegando um lenço para ajudá-la a se secar. Percebendo o nervosismo de Nana, ele tentou acalmá-la, mexendo em seus cabelos, prestes a lhe beijar nos lábios. — Espere! Keigo-san. Precisamos conversar.
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Neji abriu o pergaminho que recebeu da Hokage, com um título de urgência. Leu rapidamente, olhando depois para Hinata.
Ele havia dito a Tsunade que apreciava ter um tempo longe de sua rotina habitual, que ficar ao lado de esposa e filho era importante. Mas sabia que mesmo não querendo atrapalhá-lo, a Hokage se precisasse o chamaria, e foi o que aconteceu.
— Neji.
— Eu preciso ir, Hinata. Por mais que eu deseje ficar aqui com vocês dois, eu preciso realmente ir. — Ele se levantou, não discutiria aquilo. Era um shinobi, e deveria seguir seu caminho como havia escolhido.
A missão seria de alguns dias, iria com seu antigo time.
Preparou-se na manhã seguinte, deixando a esposa dormindo com o filho no futon. Cobriu ambos e depositou beijos na pele alva de cada um. Não queria se despedir, sabia que Hinata choraria. Essa era a última coisa que queria ver antes de partir para uma missão perigosa. Queria que em sua memória ficasse a imagem dela sorridente.
Encontrou com seu time e seguiram todos para o norte, rumo à Suna.
— Eu não acredito que fui chamada para uma missão em Suna, será que eles não tem shinobi bom o suficiente lá? Precisam sempre de nós? — Tenten reclamou, recebendo olhares de Lee. — Que foi?
— Tenten-san está de mal humor, isso se deve ao seu ciclo ou por estar indo se encontrar com seu namorado?
— Lee!!!! — Ela gritou. — Ele não é meu namorado.
— Mas foi.
— Não! Ele nunca foi. Ele simplesmente é um homem que não sabe a diferença de sentimentos.
— Uhm! Entendo, então você levou um fora do Kazekage? — Dessa vez partiu do próprio sensei. — Interessante.
— Gai-sensei, você também? — Ela disse chorosa, pedindo ajuda para Neji. — Onegai, diz algo Neji.
— Lamento pelo fim do seu romance, Tenten. — E ele voltou ao silêncio.
— Estou cercada por homens nocivos ao meu coração.
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Hiashi deixou o dojo, e lá uma Hanabi sem saber o que estava acontecendo. Foram ali para treinar, mas o pai estava, por incrível que pareça, distraído.
Ela o viu caminha sério. E quando aquela veia saltava em sua testa, a jovem sabia que era melhor deixá-lo sozinho.
Como bem desejava, entrou em seu quarto e sentou-se na cadeira onde sua falecida esposa sempre sentava para pentear os cabelos olhando para o espelho. Não gostava que ninguém entrasse ali, mantinha tudo do jeito que ela arrumava.
Pegou um porta retrato, e observou saudosista a foto da família. Hinata ainda era uma menina, e Hanabi ainda na barriga da mãe.
Sorriu, porque se permitia fazer isso somente quando sozinho.
Ficou ali o resto do dia, recordando momentos do passado. Um passado que acreditava ser doloroso, isso porque a saudade era muito forte. E o amor jamais acabara.
Logo quando a noite caiu, deixou o porta retrato sobre a mesa, e acreditou estar tendo delírios ao sentir o cheiro de jasmin correr pelo ar.
Olhou ao redor e nada viu, estaria ficando louco? Hiashi abriu a porta, e deparou-se com a dona daquele cheiro único.
— O que faz aqui? — Ele olhou para os lados, mas não havia outra pessoa ali. Nana, o empurrou para dentro do quarto, fechando a porta atrás de si. — É melhor falarmos lá fora.
— Não! Lá fora não. — Ela ergueu a sobrancelha, criando a coragem que sempre desejava ter antes. — Ontem eu fiz algo que mudou toda a minha vida.
— Ora, por favor, Nana, não quero saber o que você anda fazendo com aquele homem.
— Calado Hiashi, eu não terminei. — Ela o advertiu com um dedo levantado. — Ontem mudei novamente o meu destino, e hoje criei coragem para seguir o que eu sempre sonhei.
Aos poucos, Nana foi se aproximando do homem, até tocá-lo com as duas mãos no peito. Abraçando-o depois.
Hiashi a afagou os cabelos, alisando o pescoço quente da mulher em seus braços.
— Isso é loucura. — disse, olhando-a nos brilhantes olhos brancos.
— Sim! Por isso é tão bom.
Finalmente ela fechou os olhos, deixando os lábios livres para que fosse beijada pelo homem que realmente queria seguir seu caminho.
Hiashi aproximou-se mais, abaixando-se levemente até chegar aos lábios dela, tomando-a de uma vez num beijo intenso e esperado por algum tempo.
Permaneceram assim por longos minutos. Infinitos segundos de demonstração de amor. O amor que cresceu quando prometeram aos seus falecidos amores do passado, que ficariam juntos para sempre, um cuidando do outro.
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