História Shots • drarry - Staying By Your Side

Harry não se orgulha disto, mas é verdade. 

Nunca foi um ótimo aluno — por mais que se esforçasse verdadeiramente e batalhasse de verdade para conseguir estudar e não se deixar levar por terceiros, mas trabalhos não eram a sua área. Como conseguir entender o que o professor queria? Como saber qual é o jeito certo de fazer? Ou melhor, como fazer? 

O moreno odiava se sentir confuso e em estado de dúvida, mas ultimamente era tudo que estava sentindo. Duvidava constantemente de suas habilidades, sobre si mesmo, sobre quem queria ser, sobre quem queriam que ele fosse. Se não soubesse o quanto Hermione o amava e cuidava tanto de si, duvidaria também sobre as suas amizades. 

Seu humor estava o cúmulo do absurdo, todos que não fossem Hermione ou Luna ou Ronald – porque ele não conseguia se ver falando mal de algo sobre eles – levavam alguma olhada raivosa ou palavras ácidas e grossas. 

Seu corpo estava bastante dolorido dos dias em passou as férias na casa dos tios. Não entendia o porquê Dumbledore não liberava sua passagem para que ficasse em Hogwarts, algumas pessoas podiam ter esse privilégio então se perguntava sempre por que não podia. Sempre havia um brilho desconhecido nos olhos do professor de oclinhos e não entende o porquê de sempre seu corpo se arrepiar assustadoramente quando isso acontece. 

Fazia alguns dias — quase uma semana, praticamente — que não conseguia dormir direito. Tudo porque houve uma mudança nos dormitórios e Silas e o mais novo integrante do seu quarto roncavam tão alto que era provável que ainda o escutariam caso estivessem na ala das meninas. 

Harry tinha os ouvidos sensíveis e o sono bastante frágil, então estava começando a se irritar de sempre acordar em um pulo no meio da noite quando escutava um barulho alto e quase ensurdecedor e bufava repetidas vezes sem se importar de ser mal educado quando percebia que era um dos meninos roncando. Tratores velhos fazem menos barulho do que eles, pensara desgostoso. 

Neste momento, Harry tinha conseguido fugir de Hermione, que teimava repetidas vezes lhe dizendo que deveria comer e parar de pular as refeições — mas o que podia fazer, oras?

 Se seu corpo tinha se acostumado a não receber alimentos e quando recebia, era raramente e com muita pouca comida? Passou a se forçar a não ficar com fome, e quando finalmente consegue a melhor amiga o lembrava das refeições diárias tentando o obrigar a comer, mas quando voltasse para os Dursley, não as teria. 

E passaria pelo processo mais quantas vezes? 

Estava farto disso tudo. 

Fugiu de uma possível discussão com a melhor amiga e foi em direção a biblioteca, normalmente a esse horário poucas pessoas preferiam estar em frente a livros do que com seus amigos. Então aproveitou essa oportunidade de ficar sozinho e espairecer um pouco e se sentou no canto mais afastado, onde tinha uma pequena mesa escondida em meio a prateleiras. 

Passou a fazer todas as matérias que tinha acumulado, tentando dar um fim a todos os pensamentos tristes e frustrados que rondavam sua cabeça. Não tinham exatamente muitos, porque ele ainda estudava com Hermione e Ronald em alguns dias da semana. 

Ele estava com sono. Irritantemente sonolento, ele dizia. Os dias que passou sem dormir e todo o estresse de ultimamente estavam começando a fazer efeito, a poção que tinha pego com Madame Pomfrey na Ala Hospitalar também. 

Ele só queria deitar sua cabeça na mesa por alguns segundos — só isso! — e descansar os olhos por menos tempo ainda. Estava com tanto sono...

Harry apenas percebeu que dormiu mais do que o tempo previsto quando sentiu uma movimentação no ar e entreabriu seus olhos por um breve segundo, tempo o suficiente para ver a figura de Draco Malfoy sentado ao seu lado, o encarando profundamente. 

Ele parou por um tempo, sem saber o que fazer. Continuaria fingindo que não o viu ou o confrontaria, para saber o que estava fazendo? Droga! 

A respiração de Malfoy era ouvida, calma e lenta, profunda e uma sensação gostava percorria todo o corpo de Harry. Por outro lado, ele tentava de tudo para manter a sua regular, para não dar indícios de que estava acordado. 

Ele não queria estragar o momento, mesmo que não soubesse exatamente qual era aquele momento. 

Draco queria machuca-lo? Não... Não parecia querer, não com aquele olhar carinhoso que avistou antes de voltar a fechar os olhos rapidamente. 

Ele parecia... apaixonado. E o moreno se sentiu aquecido, o seu coração quentinho. 

Harry ainda estava grogue de sono, nem parecia que tinha dormido por uma hora inteira e mais um pouco. 

Não ligou para o que poderia acontecer depois ou o que Malfoy poderia fazer com ele, Harry se sentiu tão confortável, tão seguro, que não se martirizou nem se sentiu culpado por ter voltado a dormir. 

Ele, depois de muito tempo, voltar a se sentir bem. Em paz.