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História Show Me How - Michaeng - Building a Tomorrow


Escrita por: hiraivodka

Notas do Autor


música do capítulo: hearts dont break around here - ed sheeran

usem a tag #SMHmichaeng para falar sobre a fanfic no twitter

Capítulo 32 - Building a Tomorrow


SON CHAEYOUNG

Não saberia dizer quando foi o exato momento que dormi, tendo Mina em meus braços. Eu sabia apenas que, desde o momento em que eu fui honesta com ela sobre meus sentimentos e a vi me dar essa chance mesmo que eu não merecesse, meus sentimentos pareceram não ter mais freio.

Eu aceitei que, de fato, a amava. E então eu queria a amar no ato da palavra. Fazer ela se sentir amada.

Talvez ainda existisse aquela voz no fundo do meu cérebro, martelando e insistindo que pessoas que eu mantinha por perto sempre terminavam de um jeito ruim, mas eu preferi a calar pois quando me toquei que poderia ter perdido Mina na missão de resgate e minha última interação com ela seria quebrar seu coração, resolvi que não valia a pena.

E então iria ama-la, se assim ela me permitisse.

Meu coração se sentiu calmo e finalmente acolhido sentindo seu corpo quente sobre o meu e suas mãos me segurando, até sentir sua respiração cminha e ter a perfeita noção de que ela havia dormido.

E ter Myoui Mina dormindo nos meus braços, calmamente, enquanto nos escondiamos na banheira apenas para que pudéssemos ficar juntas, soava irreal diante de tudo que acontecia no mundo naquele momento.

Eu me senti feliz, e as questões externas não pareceram ter lugar na minha mente naquele momento até o momento em que adormeci também, tendo um sono extremamente calmo e sem pesadelos.

Mas foi diferente quando acordei.

A primeira coisa que eu senti foi o susto, seguido pela consciência do corpo de Mina pesando em cima do meu e da sensação extremamente gelada no meu rosto.

Quando percebi, Mina tinha a cabeça molhada, sentada na banheira ao meu lado, apoiava a mão na região abaixo de minha barriga. Finalmente entendi que eu estava igualmente molhada no rosto e cabelos.

— O que...?

Minha visão focalizou lentamente na figura de Dahyun, perto do pé da banheira, de braços cruzados, me encarando. Franzi o cenho e olhei para cima.

E então vi Hirai Momo sorrindo graciosamente com a mão na torneira da banheira.

— Momo — resmungou Mina.

Eu me sentei na banheira ao lado de Mina, observando minha camisa ligeiramente molhada.

— O que... pra que?

— Sabem, se querem dormir juntas basta conversarem conosco — disse Dahyun, enquanto Momo saía de onde estava e caminhava até o seu lado, estendendo a mão para um high five que Dahyun prontamente retribuiu.

— Não vejo a necessidade de nos acordar com um jato de água fria na cara — Mina encarou Momo como se pudesse atacá-la, o que todo mundo naquele quarto sabia que não era verdade e nem estava perto de ser.

— Não foi minha idéia — protestou Hirai, cruzando os próprios braços. Eu fitei Dahyun.

— É claro. É claro que foi você.

A mulher deu uma pequena risada, seus cabelos loiros com a raiz já preta balançaram suavemente com seu movimento.

— Sentiu saudades, não?

Mina me encarou com um grande ponto de interrogação na cara, como se ser acordada com água na cara fosse coisa de outro mundo. Eu me levantei na banheira, passando a mão nos cabelos molhados.

— Quando eu bebia, Dahyun costumava me acordar com um balde de água fria. Já tenho o costume.

Estiquei a mão para ela, que se levantou com a minha ajuda e eu deixei a mão repousada em sua cintura como se temesse que ela poderia a qualquer momento escorregar na banheira levemente molhada.

Mina já havia se provado uma pessoa extremamente forte, mas ter o cuidado para que ela não levasse um tombo me parecia agradável.

— Vou pegar toalhas para o casal — disse Dahyun. — Depois podemos comer e fazer nada mais um dia.

Momo bufou alto.

— Não gosto disso.

Dahyun deu uma pequena risada enquanto se afastava.

— Ninguém gosta, Momo, mas é necessário. Prometo que um dia vai passar e poderemos andar livremente pelas ruas.

Hirai cruzou os braços indignada.

— É só um bocado sufocante estar fora do Palácio e não poder finalmente conhecer meu país, mas é necessário e eu sei disso. Só é... realmente... sufocante.

Dahyun agarrou duas toalhas nas gavetas do armário de Sana e se aproximou de nós outra vez, estendendo para mim e para Mina. Enxuguei meus cabelos e larguei a toalha no pescoço, vendo Mina fazer o mesmo.

— Eu vou me trocar — ela anunciou, e Momo esticou a mão para ela, ajudando-a a sair da banheira. Observei Mina se afastar e procurar roupas no armário, tendo uma Hirai Momo ainda em seus pijamas no seu encalço, e então as duas sumiram no banheiro com naturalidade.

Dahyun as seguia com o olhar também, e deu uma pequena risada antes de tornar a me encarar.

— Eu ainda acho cômico ver as duas fora do Palácio — disse, e eu saltei para fora da banheira ainda com a toalha no pescoço.

— Preciso da sua ajuda e da de Sana.

Dahyun franziu o cenho e eu sabia que ela me alfinetaria por pedir favores antes de sequer dar bom dia, mas fui interrompida.

— Ouvi meu nome?

Minatozaki entrava no quarto com um sorriso que cortava de seu rosto, batendo a porta atrás de si, vestindo apenas suas jeans pretas e uma regata branca, revelando seus braços tatuados.

— É só falar no diabo — resmungou Dahyun e Sana a encarou.

— Ouvi isso, Kim.

— Era pra ouvir — alfinetou Dahyun.

De certa forma eu sentia falta das interações delas duas, não tão próximas mas sempre brincalhonas. E sentia falta de ficar com as duas, Nayeon e Jihyo. E por muitas vezes Tzuyu também, que, apesar de no início ser mais aberta, com o passar dos anos se distanciou e se fechou.

Me perguntava se algum dia eu teria aquelas noites de bebidas, conversas e risadas de novo.

— Mencionei seu nome sim — falei, observando Sana arrancar laranjas da geladeira após me aproximar com Dahyun.

— Em que contexto? — Perguntou, desleixadamente brincando de malabarismo com algumas das laranjas e derrubando duas no chão sob as vaias de Dahyun.

— Preciso que me ajudem. Você e Dahyun.

Sana botou as laranjas na bancada e afirmou com a cabeça, parecendo as esquecer momentaneamente para me encarar.

— Diga e farei o que puder.

As duas prestaram atenção em mim e muito de repente eu me toquei que não sabia pronunciar aquelas palavras.

Não sabia pedir ajuda para aquilo sem ter a plena certeza de que as duas ririam de mim, o que causava uma sensação incômoda e fazia minhas bochechas esquentarem diante do olhar delas.

Me esforcei.

— Eu... Mina... nós... sabem?

Dahyun franziu o cenho e Sana arqueou uma sobrancelha.

— Querem tr... privacidade? — Perguntou Sana, cruzando os braços e me encarando de forma provocadora.

Eu estiquei o braço para agarrar uma das laranjas e jogar em sua direção mas ela foi mais rápida, envolvendo todas com os braços e puxando para perto.

Dahyun deu mais uma risadinha.

— Não é isso — falei mal humorada. — Eu só... eu quero fazer as coisas certo dessa vez, entendem?

Minha melhor amiga negou com a cabeça em reprovação.

— Me diga, Sana, se ela foi tão cabeça dura assim no início.

Sana riu.

— Demais. Por Deus. Era tão óbvio que Mina sentia o que quer que fosse por ela, e ela ficava lá, ignorando. "Ah, mas eu sou uma criminosa, e ela é filha do rei, somos Romeu e Julieta" e todos esses dramas de uma pessoa apaixonada que não consegue aceitar os próprios sentimentos.

Vi Dahyun me encarar de novo com um claro ar de decepção.

— Isso é tão a sua cara.

Eu bufei, enterrando o rosto nas mãos.

— Eu nunca me apaixonei antes, ok? Não tive tempo nem cabeça pra essas coisas. Mas viver aqui, trancafiada, me deu muito tempo e falta de coisas na cabeça. O que eu quero é acertar dessa vez. Mostrar que... eu me importo com ela e... o coração dela...

Não aguentei quando as duas deram baixas risadas ao mesmo tempo, afastei as mãos do rosto e as fitei com raiva. Talvez por penas elas tenham se calado.

— Tudo bem, Chaeyoung, entendemos essa parte — disse Dahyun. — Mas onde entramos nisso?

Senti minhas bochechas tomarem cor de novo e me xinguei por ter tirado as mãos do rosto, seria melhor se ainda estivessem o cobrindo.

— Eu queria... de verdade... fazer algo perto do normal para ela. O que mais temos aqui é tempo, entendem? Eu sei que parece surreal me preocupar com essas coisas enquanto tudo isso acontece no mundo lá fora, mas não tem nada que eu possa fazer sobre isso agora, e não consigo evitar pensar em fazer algo bom para Mina.

— O quão forte você está lutando pra não chamar ela de Princesinha na nossa frente? — Perguntou Dahyun com a voz cheia de graça e eu bufei.

— Então você quer dar a ela um encontro, é isso? — disse Sana. — Posso arrumar umas garrafas de vinho e umas pétalas pra jogar na banheira.

— Tudo bem, não se incomodem, eu e Momo vamos ficar jogando air hockey enquanto isso. Ignorem nossa presença — disse Dahyun com um pequeno tom de ironia.

Eu sabia que ela queria muito bem ajudar, mas esse era de fato um ponto importante. Era um quarto e quatro pessoas, e nenhuma poderia sair dali.

Eu me desanimei, senti meus ombros caírem. Ouvi a porta do banheiro abrindo e as duas vindo em nossa direção. Momo pulou de imediato em um dos bancos altos e Dahyun fez uma careta como se esperasse que ela caísse.

Senti Mina me abraçar por trás após tirar a toalha do meu pescoço. Repousei minha nuca em seu ombro. Dahyun se afastou como se tivéssemos uma doença contagiosa.

O assunto teria morrido com a chegada delas, se não fosse a cara de pau de Sana.

— Então, Momo, estivesse repenssando e acho que uma noite qualquer dessas podemos tentar dar um jeitinho de você conhecer a boate em ação, se Dahyun aceitar ficar de babá comigo.

Hirai Momo quase faltou sair voando da cadeira de tanta animação, suas pernas se sacudindo fortemente e as costas se erguendo.

— O quê? — Perguntou Dahyun baixinho.

— É sério? — Indagou Momo. — Por favor! — Se voltou para Dahyun.

Entendi perfeitamente o que Sana estava fazendo. Com Momo e Dahyun fora do quarto, eu poderia dar um encontro para Mina. Teríamos alguma privacidade agradável.

Eu encarei Dahyun arduamente. Ela não era o tipo de pessoa que toparia botar um esquema todo em risco por causa de duas idiotas apaixonadas e eu sabia muito bem disso, mas ela me olhou de rabo de olho.

— Deu certo com Mina. Nunca foi reconhecida — falei, e senti ela confirmar com a cabeça atrás de mim, a bochecha roçando o lado da minha testa.

Dahyun ficou quieta por longos segundos, sendo encarada frequentemente por Momo enquanto Sana começava a finalmente fazer um suco com as laranjas que pegou.

— Sim. Tudo bem. Mas vamos usar máscaras o tempo inteiro e quando eu falar chega, é chega.

Momo abriu um enorme sorriso de canto a canto do rosto e pulou da cadeira, andando até Dahyun e a envolvendo brutalmente com os braços. Vi minha melhor amiga arregalar os olhos com a súbita aproximação como se tivesse levado um susto ou tivesse receio com a súbita aproximação.

Dahyun não era realmente uma pessoa de abraços, e hesitou um pouco antes de retribuir, me fazendo rir.

Senti os lábios de Mina contra a minha testa e fechei os olhos.

— Bom dia — disse ela baixinho.

— Bom dia, princesinha — sussurrei de volta.

Era estranha a sensação.

Estar nos braços de Mina, sendo uma completa rendida, na frente de minhas amigas. Mas era um estranho bom. Mina sabia que eu a amava e nem Sana nem Dahyun tinham problemas com a situação.

— Mas, sério — a voz de Momo me trouxe de volta a realidade e a observei subir no banco de novo, diante de mais uma careta de Dahyun. — Vou ter que dividir a cama com Dahyun pra essas duas poderem ficar juntas?

Dahyun negou com a cabeça prontamente.

— O máximo seria dividirmos o mesmo quarto e eu dormir em um colchão no chão.

Momo franziu o cenho.

— Porque você? Eu quero dormir em um colchão no chão.

Sana se virou para nós.

— Você quer dormir em um colchão no chão? — Seu tom era claramente provocador e cheio de dúvidas. Perceptivelmente não acreditava na afirmação de Momo.

— Eu quero dormir em um colchão no chão.

Sana fez um som de deboche. Ainda não acreditava. Eu não duvidava do caráter de Momo. Com tudo que Mina havia me contado sobre ela e com tudo que eu mesma havia visto e presenciado, sabia que Momo era o tipo de pessoa que gostaria de dormir em um colchão no chão para variar.

— Estou falando sério! Eu quero. Cansei de sempre se importarem em fazer o que é melhor para mim. Todos faziam de tudo por mim. Nem banho eu poderia tomar sozinha, teria que ter alguém para massagear meus cabelos e lavar minhas costas. O que há de errado com, uma vez na vida, eu tomar a posição de um ser humano normal sem ter alguém me botando em algum tipo de pedestal inexistente?

O rosto de Dahyun se contorceu em um bico suave, como se tivesse sido contrariada, o cenho franzido.

— Não estou te botando em um pedestal — sua voz saiu resmungada. — É só um colchão.

— Pois bem, se é apenas um colchão, aceite que eu durma nele.

Senti os dedos de Mina acariciando minha cintura e fechei os olhos mais uma vez. Não me importava com as provocações que fariam depois, apesar de na hora que ocorressem eu me incomodar.

Ouvi sua risada baixa em meu ouvido mas não estava mais prestando atenção na conversa/briga de Momo e Dahyun. Se elas se disponibilizaram em dividir um quarto sem que pedissemos, não era eu que iria reclamar, correto?

— Aqui, tomem — Sana botou alguns copos na bancada ao lado de uma jarra de suco de laranja fresco, e se virou para pegar gelo no freezer.

Ao longo do café da manhã, Sana disse que estava tudo bem se levassem Momo para a boate ainda hoje, pois funcionava e receberiam um DJ de fora. Percebi Dahyun ficar apreensiva e Momo animada.

Mais tarde me botei sentada na bancada da cozinha passando pelos canais de televisão, com Dahyun ao meu lado pontuando tudo que poderia dar errado naquilo enquanto Momo e Mina se distraiam com a mesa de air hockey de Sana enchendo o quarto de risadas.

Quando Sana entrou no quarto, após o almoço, carregando uma sacola na mão, as duas estavam distraídas demais para notar qualquer coisa.

Observei Minatozaki botar duas garrafas de algo que ou era Champanhe ou era Vinho, e me perguntei se Mina gostaria daquilo. Acreditava firmemente que ela preferiria vários copos de Blue Kamikaze.

Sana tirou uma sacola cheia de pétalas de rosa vermelhas e enfiou em baixo da bancada da pia.

— Você se vire para arrumar as coisas quando ela entrar no banho — disse Sana e Dahyun riu mais uma vez.

— Por Deus, nunca imaginei ver isso. Em todo o tempo que convivi com você e todo o tempo que convivi com Mina, acredite, a única coisa que não se passou pela minha mente era você enchendo uma banheira de pétalas de rosa para ela — disse Dahyun, antes de apoiar a cabeça deitada nos braços jogados na bancada.

Eu não quis responder. Não tinha realmente o que falar.

— O que você realmente fazia como criada daquelas duas? — Perguntou Sana, apontando com a cabeça na direção da mesa de air hockey segundos antes da gargalhada de Momo estourar alta. Sana começou a procurar algo na sacola aparentemente vazia.

— Coisas inúteis. Arrumar a cama, limpar os quartos, separar as roupas, ajuda-las com os banhos, buscar comida quando não se sente bem para sair do quarto, ajudar com-

— Espere, ajudar a tomar banho? — Indagou Sana com a voz levemente esganiçada, erguendo a cabeça.

Eu fitei Dahyun.

— Sim. Coisas do tipo lavar os cabelos, entende?

— Era de você que Momo estava falando mais cedo, então — disse Sana enquanto eu continuei a encarar Dahyun. Ela me encarou de volta por alguns segundos e depois arregalou os olhos.

— Ei! Foi Sana que beijou ela, não eu, lembre disso. Quando eu ajudava sua princesinha a tomar banho o máximo de sentimento que você nutria por ela era ódio.

— Não beijei ela, ela me beijou! — Protestou Sana.

— E você não realmente fez algo para impedir, fez? — Alfinetou Dahyun.

Sana a fuzilou com o olhar.

— Mina é uma pessoa livre e Chaeyoung estava sendo uma grande babaca. Se querem questionar alguém sobre as atitudes, questionem a própria Mina e a amiguinha dela que sugeriu o desafio.

Eu enterrei a cabeça nas mãos. Ficar ouvindo sobre Sana ter beijado Mina e Dahyun já a ter visto do jeito que viu não era algo que realmente me agradava, e parece que as duas perceberam pois riram ao mesmo tempo mais uma vez.

— Aqui — disse Sana, finalmente tirando o que quer que estivesse dentro da sacola, que agora eu identifiquei como uma única rosa. — Dê isso a ela.

Eu franzi o cenho, pegando a rosa nas minhas mãos.

— Você acha mesmo que ela gostaria disso?

Sana confirmou com a cabeça prontamente.

— Não tenho dúvidas. Ganhei uma, uma vez. Significou demais para mim. É bom. Alguém ver uma rosa e lembrar de você.

Fitei Sana longamente, deixando a rosa na bancada e me certificando de que Mina não veria.

— Já se apaixonou, Sana? Você fala sobre isso com propriedade.

Sana por alguns momentos pareceu que ia se engasgar ou explodir. Dahyun, ao meu lado, arqueou uma sobrancelha a fitando com curiosidade.

— Não é dá conta de vocês.

Olhei para Dahyun na mesma hora que ela me olhou, e não precisou de mais de um segundo para explodirmos em gargalhadas juntas. Foi bom não ser o alvo das risadas dessa vez.

— Não riam. Não riam! Por Deus, não riam. Nunca me apaixonei, não, isso é mentira.

Sana metralhou as palavras com desespero, ficando cada vez mais vermelha.

— Conte o nome dela. Ou dele — disse Dahyun, e eu tornei a fitar Sana.

— Não vou. Digo, não tem nome para ser contado. Não insistam.

— Uhum — debochou Dahyun.

Era, de certa forma, estranho imaginar Sana apaixonada. Desde que a conheci ela parecia um pouco avoada para essas questões, não demonstrava a menor preocupação em repousar seu coração em alguém ou se teria alguém no futuro, não tinha o menor medo de terminar sozinha.

Fora as diversas companhias de uma noite só. Nunca havia parado para pensar sobre o quão despojado era o estilo de Sana em questões amorosas. Era como se já soubesse o próprio futuro.

E eu nunca dei bola para essas coisas, mas olhando para Mina, nesse momento, eu começava a cogitar como seria planejar um futuro. E não seria tão deprimente se eu não lembrasse que o nosso futuro amoroso não dependia só de nós. Infelizmente todas as outras questões existentes interfiriam diretamente em se um dia eu poderia ter uma casa com Mina, ou andar de mãos dadas com ela em um dia normal.

Naquele mundo, naquelas circunstâncias, não sabíamos nem como seria o nosso amanhã.

Devia estar perto de seis horas da tarde quando as coisas naquele dia começaram a desandar.

Momo separava a melhor roupa que podia – emprestada de Sana – e Dahyun continuava a insistir que ela não deveria chamar atenção. Eu havia pedido para Mina ficar comigo ao invés de ir junto e ela aceitou de imediato.

Por essa hora, aproveitando que estavamos protegidas pela parede lateral da cozinha, tornando impossível a nossa visualização pelas duas perto do armário, tudo que eu podia fazer era beijar carinhosamente os lábios de Mina.

Seu quadril contra o balcão, as mãos enrolando meus cabelos pelas costas. Eu fazia carinho em sua bochecha enquanto apenas estava feliz por estar ali.

Ouvi a voz de Sana de dentro do quartinho que agora eu dividia com Dahyun, pois ela ainda guardava suas próprias coisas naquele armário, mas ela apenas estava avisando que havia achad algo interessante para Momo.

— Elas não realmente sabem que estamos nos beijando, sabem? — Perguntou Mina baixinho, se afastando suavemente de mim, soando como uma criança. Eu achei graça.

— Podem imaginar, mas certeza não terão.

Eu ia tornar a grudar nossos lábios quando a porta do quarto foi escancarada.

Mina pulou em meus braços com o susto e minha primeira reação foi levar a mão ao cós da calça, já que todas nós estávamos no quarto. Ele obviamente estava vazio e eu tateei o nada em busca da minha arma.

Quando finalmente entendi quem era, meu coração diminuiu as batidas.

Tzuyu entrava pelo quarto, aparentemente sem o menor anúncio de sua vinda, e batia a porta atrás de si.

— Quem... — Sana saiu do quarto segurando um tecido vermelho em mãos, e assim que avistou Tzuyu ela o jogou de volta pela porta por cima de sua cabeça. — Você... o quê?

Tzuyu a encarou sem muito ânimo e eu ouvi a porta do outro armário se batendo com força antes de Dahyun e Momo surgirem no meu campo de vista. Mina escorregou sua cintura para fora de meus braços.

— Achei que seria uma boa ideia vir aqui sem dar notícias, para ver como vocês vão indo — disse devagar, cruzando os próprios braços e dando dois passos a frente. Seu olhar parecia varrer cada centímetro do quarto de Sana, buscando algo irregular.

— Está tudo bem — disse Dahyun. — O que você acha que poderia haver de errado com a minha presença aqui?

Cínica. Eu segurei o riso. Se Tzuyu descobrisse o plano de levar Momo até a boate, nós cinco com certeza nos foderíamos do pior jeito possível.

— Tenho certeza que você mantém tudo em ordem, Kim — disse ela. — A questão são as influências.

Momo, que era a única que parecia ser a única sem muito medo de Tzuyu, deu um passo a frente.

— Está tudo bem por aqui. Não se preocupe. Passamos os dias inteiros jogando nessa mesa ou vendo televisão. Também bebemos uma vez, mas não foi uma ideia muito boa já que Chaeyoung terminou irritada com Sana, então fique tranquila que não vai ocorrer de novo.

Tzuyu franziu o cenho.

— Chaeyoung irritada com Sana? Imagino, entre todas as diversas possibilidades, o que ela pode ter feito.

Sana fechou a cara.

— Não foi realmente culpa dela — disse Momo. — Não a alfinete assim. Foi minha.

Dessa vez Sana deu um passo a frente.

— Que seja. Isso não importa. Diga o real motivo da sua visita, Chou.

Apesar de ter se afastado e mim, Mina tomou meu dedos com os seus e começou a brincar com eles já que estávamos, para variar, longe de ser o centro daquela conversa.

— Já o digo, mas, vamos lá. O que Sana fez? — Tzuyu queria claramente mais um motivo para implicar com a existência de Minatozaki, e por mim Momo o entregava de uma vez. Sabia que Tzuyu não havia vindo até aqui apenas para isso, e estava curiosa.

— Besteira. Ela beijou Mina numa brincadeira, mas já está tudo certo agora. Não se incomode com isso — disse Momo de maneira boba. Parecia querer manter a atenção de Tzuyu longe do fato de ela estar indo para a boate aquela noite, não queria perder sua oportunidade.

Tzuyu franziu o cenho antes de entortar a cabeça para o lado e trocar o peso de perna. Observei ela se virar para Sana, e seu olhar mudou para um olhar sereno, como se estivesse falando com uma criança.

— Você beijou Mina?

Sana a encarou longamente, o rosto desanimado.

— Sim, beijei. Durante uma brincadeira.

Tzuyu afirmou com a cabeça suavemente. Virou dessa vez para mim.

— Que seja. Temos coisas importantes a discutir.

Reparei nos ombros de Sana caírem. Provavelmente estava com medo de ser esculachada e chamada de irresponsável ou similares. Senti uma pequena pena, apesar de tudo.

Mina largou meus dedos e Tzuyu caminhou até a bancada da cozinha, fazendo com que todas as outras se aproximassem.

— Boa tarde, Tzuyu — falei devagar e ela acenou a cabeça para mim. — Algo ruim aconteceu?

Ela negou com a cabeça prontamente. Momo se esgueirou em um dos bancos e Dahyun ficou parada ao lado dela, Sana de braços cruzados alguns passos atrás.

— Não, nada ruim. É outra coisa.

Ela tomou uma respiração funda que mais soou como uma bufada antes de continuar.

— É claro que todas vocês sabem o real objetivo do CTI, correto? Acabar com o reino e instaurar uma democracia no país após ajeitar tudo que for possível. Acho que, com a força que temos nesse momento, deveríamos focar de uma vez nesse acontecimento.

Senti alguns pelos da minha nuca se arrepiarem. Ela queria dizer que íamos caminhar na direção daquilo de uma vez.

— Já começou a pensar em planos? — Perguntou Dahyun.

— Sempre tive eles em mente, Dahyun. A questão é que agora temos mais alguma força — seu olhar variou de Mina para Momo. — E acho que é essencial não gastar isso.

Limpei a garganta.

— O que pretende?

— Pretendo aumentar o movimento, para começar. Precisamos ter mais gente. O máximo de gente possível em todos os lugares possíveis, isso nos trará mais força e abrirá mais portas. Para isso, preciso bater de frente com o reino.

Eu franzi o cenho esperando que ela explicasse, e não demorou.

— Eles vivem tratando publicamente o nosso movimento como algo largado, espalhando notícias falsas para evitar que saibam da nossa existência, pois sabem que isso pode enfraquecer eles. Então, farei o oposto.

— O que quer dizer com isso? — Perguntou Dahyun.

Tzuyu demorou mais alguns segundos.

— Vou assumir o CTI publicamente.

— O quê?! — Minha voz se juntou com a de Dahyun e até mesmo com a de Sana.

— É importante. Precisamos de um nome, precisamos que saibam que existimos, que somos organizados, que temos um propósito, que somos grandes. Vou tomar essa dianteira. Quero ver como vão nos rebater. Não vão querer ser brutos pois saberão que a população notaria que somos uma grande ameaça.

Tzuyu iria assumir o CTI. Depois de anos trabalhando nele, o fazendo crescer e tendo o maior cuidado do mundo para que não fosse descoberto por quem não devia, ela iria o assumir.

Era quase como se uma ficha enome caísse. Ela estava pronta. E, se Tzuyu estava pronta, as coisas aconteceriam.

— Onde entramos nisso? — Perguntou Momo.

— É claro que, o melhor jeito de fazer isso é através da televisão. Chaeyoung, até então, era o rosto do nosso movimento. Agora temos Mina e Momo, e isso só vai trazes mais poder se expormos vocês, chamando o povo para a luta. Agradeceria se puderem comparecer no CTI para falarmos melhor sobre isso.

— Quando quiser — disse Mina, de imediato.

Tzuyu confirmou com a cabeça.

— Enfim, era isso que vim tratar. Não quero prolongar minha visita.

— Não aceita nada para beber, Tzuyu? — Perguntou Dahyun.

Ela negou com a cabeça.

— Não, mas muito obrigada — a extrema formalidade em sua voz era quase incômoda. Ela se voltou para Sana. — Você, quero conversar com você.

Sana pareceu ponderar por longos segundos. Jogou a cabeça para trás, bufou alto.

Então apontou para o quartinho e caminhou até lá com Tzuyu em sua cola. O silêncio que se fez após a porta se fechar foi instantâneo.

Todas sabiam que as paredes daquele quarto não vetavam em nada o som, e então, como um bando de fofoqueiras, nos mantivemos quietas para ouvir.

Mas nada veio. Nenhum som. Tzuyu com certeza falava tão baixo com Sana que era impossível ouvir, quase como se ela soubsse perfeitamente que as paredes não prestavam e que éramos enxeridas.

Com o passar de alguns minutos, Dahyun bufou e desistiu.

— Falei. Falei que não era seguro. Se Tzuyu chegasse uma hora mais tarde pegaria Momo pronta para sair — disse baixo.

— Mas ela não suspeitou — respondi no mesmo tom.

Dahyun sacudiu a cabeça em decepção.

— Ou percebeu e quer deixar que façamos só para interromper no ato e repreender.

Eu revirei os olhos.

— Não. Tzuyu não faria isso se soubesse que o plano estaria em risco. Ela não percebeu.

Momo tinha o olhar apreensivo, queria com certeza acreditar mais nas minhas palavras do que nas de Dahyun, mas ela não teve tempo de me rebater de novo porque a palavra "egoísta" soou em alto e bom som vindo de dentro do quarto, fazendo todas nos calarmos mais uma vez e paramos nossos olhares na porta.

Quando a mesma se abriu, desviamos todas ao mesmo tempo. Tzuyu foi a única a sair do quarto, o olhar inabalável como antes.

— Então, por hoje é isso. Mandarei uma mensagem quando precisar de vocês no CTI. Até a próxima.

— Até, Tzuyu — disse Dahyun, e então a mulher sumiu pela porta.

Sana continuou sem aparecer e eu estranhei.

— Já volto — anunciei, me afastando de Mina.

No momento em que passei pela porta do quarto, a fechei atrás de mim. Nunca esperei ver Sana do jeito que vi, o rosto completamente vermelho, como se fosse explodir.

E realmente explodiu quando me viu. As lágrimas começaram a descer sem parar.

Lembrando de como ela tinha me acolhido quando eu não estava bem com Mina, caminhei em sua direção e a abracei, ouvindo a porta abrir atrás de mim e vendo, pelo rabo do olho, Dahyun entrando.

— Sana... o quê? — Perguntei, acariciando seus cabelos enquanto ela se deixava ser abraçada e agarrava em minhas costas como se fosse desfalecer.

— Ela não pode fazer isso comigo. Não tem esse direito.

Sua voz saiu em soluços e poucos segundos depois senti Dahyun entrando no abraço. Era uma situação um pouco estranha para mim.

— O que ela fez? — Perguntei.

Sana não respondeu, apenas continuou a chorar e eu deixei que ela chorasse.

Por alguns minutos tudo que preencheu o quarto foram seus soluços, até que cesaram. Ela continuou me abraçando por mais algum tempo antes de se afastar, secando as lágrimas com as costas das mãos e virando as costas.

— Sana... — Dahyun disse baixo.

Era visível que Sana e Tzuyu não se suportassem, mas nunca havia chegado no ponto de Tzuyu fazer Sana chorar.

— Ela é uma estúpida — balbuciou Sana. — Vocês já sabem disso.

— O que ela fez? — Insisti.

Ela suspirou longamente.

— Ela... ela apenas botou muita pressão em cima de mim. Falou coisas sobre eu ser uma irresponsável e não merecer essa confiança. Só isso.

Depois daquilo, Sana só saiu do quarto quando teve a certeza de que não carregava mais a cara de choro. Depois disse que Dahyun teria que ficar de olho em Momo sozinha pois estaria ocupada demais.

Eu me perguntei se não era melhor simplesmente abortar aquele plano, mas quando vi já estava sozinha com Mina.

Ela estava sentada em um dos bancos da bancada, sacudindo-o suavemente de um lado para o outro fazendo suas pernas balançarem, me encarando como se me esperasse explicar o motivo de ela estar ali, e não no andar de baixo com sua melhor amiga.

Eu cocei a nuca.

— Porquê não toma um banho?

Ela franziu o cenho na minha direção e eu percebi que não foi a melhor coisa a se falar. Eu estava nervosa. Eu. Nervosa por causa de uma mulher. Por causa de Myoui Mina.

— Me chamando de fedida?

Neguei com a cabeça prontamente.

— Não. É só que... depois do seu banho podemos... relaxar.

Obviamente o banho era apenas para tirar Mina do quarto. Ela ponderou longamente, me encarando, e então cedeu. Pulou do banco e caminhou arrastando seus pés até o banheiro, sem dizer mais nada.

Assim que ouvi o barulho da água caindo, dei um pulo no lugar. Me encaminhei até a banheira e chequei que estava limpa antes de ligar a água quente.

Corri de volta até a cozinha, pegando as pétalas em baixo da pia, correndo de volta até a banheira e deixando o saco ali do lado. Voltando para a cozinha, me prontifiquei a ter certeza de que a rosa que Sana havia me dado ainda estava perfeita dentro do pequeno copo de água, na bancada em baixo da pia também.

Tudo bem. Olhei para as prateleiras de armários acopladas ao teto e me perguntei como iria alcançar aquilo para buscar taças, e minha solução foi me esgueirar na bancada e torcer para ser firme.

Nunca me imaginei fazendo coisas assim.

Deixei as taças perto da banheira e me achei uma besta nervosa por estar indo e voltando tantas vezes.

Quando parei, sabendo que só restava esperar a banheira encher, olhei para a minha roupa. Não poderia esperar por Mina vestindo roupas tão despojadas e definitivamente não era também o tipo de pessoa que vestiria uma lingerie.

Parando para pensar extremamente pouco, me desfiz de minhas calças e as soquei para dentro do armário, mas não tirei a camisa branca um pouco maior do que eu.

Passei as mãos pelo cabelo e suspirei. Eu estava quase tremendo. Por Deus.

Finalmente enchi a banheira com as petalas de rosa e busquei apagar as luzes do resto do quarto, deixando apenas as luzes amareladas da região perto da banheira.

Busquei a garrafa do que agora identifiquei ser algum vinho tinto e deixei perto das taças, no chão de madeira, então peguei a rosa e me coloquei a esperar que a água do chuveiro desligasse.

Tirei a camisa, finalmente, e a deixei de lado, tendo apenas as roupas íntimas pretas e as tatuagens cobrindo meu corpo agora. Olhei para a pequena casinha tatuada no meu dedo e algo pesou em mim.

Isso era estúpido, não era? Mina me acharia estúpida.

Quando comecei a me afundar nos pensamentos de que estava parecendo uma completa besta e pensei em desfazer tudo, fui dar o primeiro passo para desfazer tudo.

No entando, a porta do banheiro se abriu e todas as preocupações sumiram da minha mente de uma vez só, ao que vi Mina, tendo seu corpo envolto por uma toalha, dar alguns passos a fora e então parar, franzindo o seu cenho.

— Chaengie... o quê?

Fiz o máximo que pude para engolir o nervosismo na minha voz.

— Estava esperando por você, princesinha. Pode vestir algo ou entrar do jeito que está.

Mina deu mais alguns passos para perto, seus cabelos molhados caindo por trás da toalha que cobria seu corpo mas revelava sua tão bela clavícula e ombros.

Seu olhar analisou cada centímetro, passando pelas taças, pelas rosas na banheira e finalmente terminando no meu rosto.

— As meninas... não...?

— Não se preocupe com isso — a prontifiquei. Mina confirmou devagar com a cabeça e então deu mais alguns passos perto.

Deixou sua toalha cair no chão quando estava a alguns centímetros da banheira, revelando seu corpo nu e me dando um pequeno sorriso antes de escorregar seus pés para dentro da banheira e sentar na ponta oposta a minha, escorregando um pouco até que a água cobrisse até a cima de seus seios.

Ela me fitou e eu escorreguei para o lado, pegando a rosa que estava no chão atrás de mim e me arrastando um pouco a frente na banheira para estender até ela.

— Pra você — o tom da minha voz saiu baixo.

Eu nunca havia dado uma flor para ninguém e Mina com certeza estava acostumada com os maiores e mais belos buquês.

Apesar de tudo, um adorável sorriso se abriu em seu rosto quando ela pegou devagar a rosa da minha mão e levou até o seu nariz.

— Vou cuidar perfeitamente dela — disse devagar, antes de botá-la ao seu lado.

Confirmei com a cabeça. Eu me sentia sem jeito. Ela me deixava nervosa. Foquei em seu rosto.

Após alguns momentos, Mina apenas riu. Não soube dizer se minha tensão aumentou ou diminuiu naquele momento.

— Você sabe que nunca fiz isso também, não sabe? Não fique nervosa, que tal?

Senti sua mão na minha perna por baixo da água enquanto ela se inclinava para a frente, até alcançar a minha mão e apertar suavemente.

Eu suspirei.

— Queria um tempo com você. Queria te mostrar que eu... que eu valorizo isso e que quero fazer tudo certo. Achei que seria uma boa maneira de escaparmos dos pensamentos ruins sobre o mundo lá fora.

Mina me olhava serenamente e eu sentia todo meu peso ir embora diante daquele olhar. Como podia algo assim?

— Sabe que com você, poderiamos apenas deitar juntas e eu esqueceria do mundo, não sabe?

Oh. Meu coração sacudiu como um doido dentro do peito. Não era o fato de sua mão estar na minha, ou dela estar nua, ou dela estar tão belamente me encarando. Claro que isso contribuía, mas era o fato de ser ela.

— Se você quiser... — falei devagar, apontando devagar para a cama.

Mina me cortou.

— Não. Isso é bom. Só dei um exemplo.

Meus ombros relaxaram mais uma vez. Mina pareceu perceber perfeitamente como eu estava pois deu mais uma risadinha.

— Tudo bem, vamos fazer assim.

Ela escorregou para o lado da banheira em que eu estava e agarrou a garrafa de vinho com um mão, vendo que estava pronta para ser aberta, e então encheu as duas taças.

Segurando as duas, me entregou uma. Em seguida, se ajeitou por cima das minhas pernas, se aproximando e deixando as minhas no meio das dela quando se sentou em meu colo de frente para mim.

Senti um frio abaixo do estômago como se estivesse na descida de uma montanha russa.

Mina estendeu a taça na minha direção.

— A você, e a mim. A nós.

Tocamos nossas taças e um pequeno tilintar ecoou pelo quarto, antes de eu levar até meus lábios e saborear o gosto suavemente amargo que eu não estava muito acostumada.

Mina ficou com os lábios um pouco mais rosados quando afastou a taça e a botou de volta no chão.

Por estar no meu colo e não tentando se submergir um pouco mais, a água batia agora em baixo de seus seios. Ela me encarou alguns momentos antes de pegar uma das pétalas e botar bem no meio da minha testa, dando uma pequena risada gostosa.

Eu não consegui evitar sorrir, sentindo algumas gotas de água descerem pelo meu rosto.

— Está feliz, princesinha?

Ela confirmou com a cabeça, jogando seus cabelos molhados para trás.

— Sim. Não tenho motivos para não estar e tenho todos para estar.

Senti meu sorriso aumentar como se fosse rasgar meu rosto. Não poderia evitar.

— E você, Chaengie?

— Todo o meu motivo pra estar feliz está aqui na minha frente agora. Como poderia não estar?

Mina me encarou por alguns momentos enquanto suas bochechas tomavam uma cor suave. Ela era extremamente adorável. Mina acabou deixando escapar algum tipo de gemido que era uma mistura de timidez e inconformação.

— Você finge, não é? Fica fingindo que não tem jeito para essas coisas só para me pegar de surpresa assim — sua voz saiu resmungada, um bico quase se formando em seus lábios.

Eu senti como se as batidas do meu coração pudessem causar mini-tsunamis na água da banheira. Levei a mão até o rosto dela e acariciei sua bochecha.

— Você me deixa sem jeito, Myoui Mina — olhei em seus olhos enquanto a via deitar a cabeça na minha mão. — E depois me deixa extremamente confortável. E então nervosa. E depois segura. Você me causa um misto de sensações que eu nunca seria capaz de explicar.

Mina fechou seus olhos aproveitando de meu carinho, e eu fiquei a observando, vendo cada detalhe de seu rosto e processando o quão bela ela era. Desde suas delicadas pintas até o contorno perfeito de seu rosto.

Aceitar aqueles sentimentos e querer finalmente senti-los dava a todo aquele momento uma sensação diferente de tudo que já senti na minha vida.

Eu a admirava tanto e amava tê-la ali, nos meus braços. Me sentia segura.

Desci minhas mãos até sua cintura, embaixo da água, e a puxei mais para perto, agora olhando para cima para ver seu rostinho. Ela abriu os olhos.

Quando me olhou de volta, um pequeno sorriso surgiu no canto de seus lábios, então ela tirou sua mão de dentro da água e levou até minha testa, retirando a pétala.

Seus dedos molhados voltaram para o meu rosto, tocando o meio de minhas sobrancelhas e descendo até a ponta do meu nariz, molhando. Ela desceu até minha boca e eu deixei um beijo na ponta de seu indicador. Mina ainda olhava com atenção.

Seu dedo desceu para o meu queixo e contornou minha bochecha para cima, antes de encaixar a mão na minha nuca.

— Você é tão bonita, Chaengie.

Meu coração sacudiu dentro do peito e achei que ela pode sentir.

— Parece uma pintura, seu traços — continuou me olhando enquanto seus dedos me acariciavam a nuca.

A luz fraca e o som extremamente abafado da boate funcionando lá em baixo deixavam a situação ainda mais agradável, de alguma forma.

— Pare de derreter meu coração, princesinha.

Mina deu um sorriso pequeno e então me olhou intensamente. Seus olhos fixos nos meus como se estivesse lendo uma longa história neles. Eu me senti nua.

— Quanto tempo temos antes de elas voltarem?

Apreciei seu olhar se tornando sereno enquanto ela se virava para o lado para recuperar sua taça e tomar mais um gole.

— Tempo o suficiente — respondi.

Ouvi o barulho da taça encostando no chão mais uma vez e então ela se virou na minha direção de novo. Seus lábios notoriamente mais rosadinhos que o normal.

— Tempo o suficiente para o quê, Chaengie?

Odiava quando ela usava esse apelido. Lembrava perfeitamente da noite idiota em que o criou, e agora meu coração sacudia ao ouví-lo.

— Para o que você quiser.

— Para o que eu quiser?

— Sim.

Mina pareceu ponderar para escolher suas palavras, me encarou por mais algum tempo me fazendo sentir cada vez mais despida.

— Tem tempo para eu te beijar?

Eu sorri mais uma vez.

— Pra isso sempre tem tempo, princesinha.

Os lábios de Mina se curvaram no canto e ela levou a mão ao meu queixo, puxando para cima, e então colou os dela aos meus.

Senti sua língua quente em meu lábio e deixei que ela dominasse aquele beijo. Sua língua contra a minha, se movendo graciosamente, me esquentando e fazendo meu coração pular.

Acariciei sua cintura quando ela mordeu meu lábio inferior de forma suave antes de tornar a me beijar.

A sensação era tão boa. Nós duas estávamos completamente entregues, prontas para irmos onde aquela noite quisesse nos levar.

A sensação da água morna, algumas pétalas rosando contra a nossa pela, seu corpo nu sobre o meu, seu cheiro suave e gostoso, o gosto de vinho no beijo.

Percebi que nunca poderia me sentir melhor do que aquilo. Estava plenamente feliz.

Queria Mina e ela me queria, nos queriamos porquê nossas particularidades nos atraíram uma para a outra e nos encantamos por quem nos tornamos juntas.

Ousaria dizer que, a essa altura, Son Chaeyoung não seria mais a mesma se me tirassem Myoui Mina.

Com certeza, ela conhecia meus defeitos e eu conhecia os dela, mas estávamos dipostas a nos amarmos mesmo assim. Minha versão, com ela, era uma versão melhor de mim.

E, enquanto ela me beijava, com a lua cheia brilhando pela janela e todas as sensações agradáveis no ambiente e no nosso entorno, tive certeza mais do que nunca que meu coração era por inteiro dela.

E eu de fato não o queria de volta.


Notas Finais


twitter da escritora: hiraivodka


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