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História Sign Of The Times - Tomarry. - Os Shafiq e Suas Heranças.


Escrita por: xx_lcy

Notas do Autor


𝐀𝐯𝐢𝐬𝐨 𝐍𝐞𝐜𝐞𝐬𝐬𝐚́𝐫𝐢𝐨: »o nome dos pais da Hermione são fictícios, porque eu não encontrei os reais.«

Capítulo 2 - Os Shafiq e Suas Heranças.



Quando Oliver mostrou-lhes o quarto de hóspedes, sequer ficou surpreso quando Hermione transfigurou um objeto qualquer para uma segunda cama de solteiro, ao lado da de Harry. Eles se deitaram, e Oliver avisou que estaria saindo brevemente em busca dos itens que precisava para ajudá-los.

Os dois não confiavam no homem, e não hesitaram em trancar portas e janelas com feitiços intensos de proteção. Após isto, Hermione lançou um abaffiato não verbal, e se sentou de pernas cruzadas no meio de sua cama, observando Harry deitado na outra cama, olhando para o teto de maneira letárgica.

— Desculpe por mais cedo — Ela pediu, surpreendendo o garoto que estava obviamente distante agora. Ele voltou seu olhar para ela, na intenção de ouvi-la. — Eu, como sempre, estou sendo irritante com minha superproteção, mesmo sabendo como isso te sufoca às vezes.

Ela viu Harry ponderar por alguns instantes, e suspirou, retirando lentamente sua fiel bolsa do corpo, jogando-a na direção do amigo, que a pegou com um reflexo impecável, usando a canhota. Era a vez dele dormir com ela.

— Sou eu quem deve pedir desculpas — O Potter disse, quando a moça já estava se deitando. — Você está aqui comigo, como sempre fiel a mim simplesmente por quem eu sou, porque eu sou seu amigo. Eu fui rude e indelicado diante seu cuidado, você só quer me proteger, Hermione. E está tudo bem, eu prometo que vamos sair dessa, está bem?

Estava escuro, e, mesmo sem poder vê-la, ele sabia que ela chorava. Mesmo antes do soluço dolorido, ele sabia que ela chorava.

— Não temos para onde voltar, Harry. — Ela sussurrou, a voz abafada pelos cobertores. — Estamos presos no passado, longe de tudo e de todos. Por que todos morreram.

— Não se preocupe, Mione. Vamos deixá-los orgulhosos, vamos vingá-los. Eu prometo.

Harry sentiu um déjà vú amargo no coração, e piscou com força, tentando retirar a mente do rosto mutilado de Neville a poucos metros dele, o encarando com olhos vazios e sem vida.

No meio da noite, ele não soube bem qual dos dois acordou o outro com os gritos de pavor. Supôs que, talvez, ambos estivessem presos em um pesadelo do natal de 2003. Quando Hermione escapuliu para o seu abraço trêmulo, ele sentiu suas lágrimas e sussurrou:

— Tente viver novamente, Mione, você é uma bruxa sensacional. Deixe o lado sujo para mim, e permita-se viver uma segunda vez, certo? Você merece.

Ela não assentiu, mas segundos depois estava dormindo, e, embora resmungasse algumas coisas, Harry não se preocupou. Ele, na verdade, estava preocupado com o desejo intenso de não adormecer novamente. Ele realmente não precisava ver o cadáver de Draco e de Scorpius novamente.


(☯)


Quando se sentou na mesa, Oliver parecia estranhamente alegre para quem ouvira o desastre que assolaria o mundo bruxo sessenta anos à frente. Então, quando ele olhou para as duas crianças britânicas em sua frente, os olhos castanhos agitando-se rapidamente de felicidade, Harry finalmente disse, mal humorado:

— Que é que você tem?

— Meu álibi para vocês é perfeito! — Ele disse, empolgado, e Harry franziu o nariz e a testa, tentando não dizer algo rude sobre a alegria matinal do homem. — Eu realmente adoro experimentos, sobretudo com famílias que já não existem mais.

Harry engasgou.

— Desculpe?

— Sim, sim, Harry. Há tantas famílias puro-sangue que deixaram de existir, chega a ser ridículo o nível de facilidade que tive para arranjar uma história mentirosa para minhas duas crianças protegidas.

Harry desta vez não controlou sua cara feia, e Oliver riu dele, colocando o bule de café em sua frente, junto ao leite, xícaras, e um pote com bolo, e outro com pãezinhos curvados: croissants.

— O que você está planejando? — Hermione perguntou, se divertindo visivelmente com o mal humor matinal de seu melhor amigo.

— Vocês serão os últimos de uma linhagem antiga, de uma nobre família dos Sagrado Vinte e Oito. Eles encontraram seu fim há um certo tempo, então para criar um álibi foi fácil.

— Espere — Harry pediu, um ideia fazendo cócegas na mente. — Está se referindo aos Peverell? Isso é loucura, Grindelwald quebraria Durmstrang ao meio para me rasgar vivo!

— Eu sei, Harry, se acalme! — O homem pediu, se sentando na cabeceira da mesa, servindo-se lentamente com café. — Não existem poucas famílias puro-sangue extintas, você deveria saber disso, vocês dois, para ser honesto. Famílias puro-sangue estão constantemente acasalando entre si, e, como devem saber, casos incestuosos são responsáveis por anomalias no sangue. Isso é refletido mesmo no mundo bruxo, consequentemente originando abortos, que são expulsos do mundo mágico em vergonha, e linhagens chegam ao fim, sem herdeiros para darem continuidade ao seu "nobre sangue" — O medimago ironizou, fazendo aspas com os dedos. — O sangue deve ser missigenado, e casos incestuosos devem ser desencorajados. Pelo que vi sobre seus tempos, os Black e os Malfoys não existem mais. Hoje em dia, os Black são abundantes, mas os Malfoys nem tanto.

Os dois se mantiveram em silêncio, encarando, estáticos, o homem à sua frente. Interiormente, Harry sabia que ele estava certo, mas nunca pensara mais afundo sobre aquilo, apenas pensava que a pureza de sangue que alguns Sonserinos esfregavam em deleite na cara de Hermione era estupidez, burrice, afinal em que diabos o sangue aplicava-se em relação à força mágica?

— O sangue mágico importa para a força de um mago? — Ele perguntou, e o medimago ronronou, feliz por estar conversando a respeito daquilo.

— Claro que importa, Harry. O sangue enfraquece, não vê? As anomalias no gene causados pelo incesto entre os puro-sangue afeta até mesmo a magia, sua força, sua inteligência, sua capacidade. São intensamente deturpadas e afetadas. Por isso, precisamos descontruir a ideia idiota de que a pureza de sangue é mais importante que a magia, a magia está morrendo pela mão daqueles que dizem adorá-la, vê? Se o problema fosse os nascidos-trouxas, porque não trazê-los de antemão para o nosso mundo, e introduzir o mundo deles para eles desde cedo?

Harry ponderou mais sobre aquilo, em silêncio, deixando que a informações acentasse em sua mente. Ficou feliz quando notou, pela manhã, que não estava se sentindo afetado com a falta de sono na noite, então pensou que seu corpo era, literalmente, o mesmo de alguns dias atrás, mudando apenas a aparência, mas mantendo-se forte e firme como seu musculoso corpo de vinte e três.

— Então, eu optei por uma família que desapareceu na década passada. — Scorpus disse, quando ambas as crianças fizeram silêncio. — Os Shafiq.

Os dois olharam para o homem com cara de paisagem, e seu sorriso morreu em seu rosto jovial e experiente.

— Ora, vamos, vocês realmente não conhecem os Shafiq? — Com a negação em tom de desculpa dos mais novos, o médico bufou. — Honestamente, o ensino não é dos melhores no futuro, hein? — Ignorando os olhares ofendidos pela ofensa nada sutil, Oliver continuou: — Aplicarei uma poção de adoção de sangue em seus sistemas, para que passem uma imagem mais convincente. Glamour de sangue pode ser removido, mas a poção agirá em seus sistemas como genes naturais.

— Mas isso é tudo? — Hermione perguntou, estreitando os olhos. — Vamos ter características destes... Shafiq, e automaticamente receberemos as cartas das escolas?

— Não, não, minha jovem. Primeiro, vou aplicar a poção. Seguidamente, estudarão tudo que eu encontrei sobre os Shafiq. — Ele ia explicando pausadamente, como se fossem literalmente crianças, e aquilo foi o suficiente para Harry desejar se enterrar na neve e congelar até a morte. — Em terceiro lugar, estarei solicitando uma visita do Ministério do Oriente Médio até vocês, para que eu possa registrá-los oficialmente como crianças Shafiq. — Oliver ergueu a mão, interrompendo a fala de Harry, e continuou: — Em quarto lugar, há um vilarejo aqui perto, que eu atendo. As pessoas residentes ali não têm registros em nenhum ministério, este lugar é escondido do mundo bruxo, por isso será um álibi perfeito para vocês. Eu mostrarei um cemitério aos homens do Ministério, após ter enterrado cadáveres com a mesma poção dada a vocês em seus sistemas, e, mesmo mortos, terão seus genes alterados por magia.

— Senhor Scorpus, isto é genial, é claro, mas porque eles acreditarão que estaríamos escondidos? — Hermione perguntou, e um sorrisinho contente brincou nos lábios do homem.

— Para isto que vão estudar a história dos Shafiq, senhorita Granger. Entenderá logo na primeira página porque eles encontraram seu fim. Huh, onde eu estava? Oh, é mesmo. Após o reconhecimento do Ministério Árabe, vocês estarão "de volta ao mundo bruxo". — Ele fez aspas com os dedos. — Então, eu irei escrever para Ilvermorny e Durmstrang, como sendo o guardião mágico de vocês, pedindo para que as escolas os aceitem.

— Mas, em tese, Mione e eu seremos irmãos — Harry falou, confusão na voz. — Por que diabos estaremos separados?

O homem riu alto, em seguida negando com a cabeça, ignorando a pressa evidente no olhar do rapaz.

— Meu rapaz, eu o mandaria ler a história dos Shafiq para entender, mas agora o observando, me pergunto se você não tem o sangue deles, de fato. Se me permitem, gostaria de fazer um teste de herança em vocês, antes da poção.

Harry deu de ombros, após um breve revirar de olhos, e Hermione assentiu, os olhos brilhando em curiosidade. A visão da amiga sorrindo e brilhando como antes acalmou o coração de Harry, e, como nunca antes, ele agradeceu intensamente por não estar sozinho.

Céus, como era bom ainda ter alguém para apoiá-lo. Ele sentia que enlouqueceria se estivesse sozinho ali.

— E, bem, em quinto lugar, dêem o jeito de vocês para aprenderem árabe, pois serão descendentes de uma família vinda da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Tentem fortalecer o sotaque, para parecer convincente que moravam com a família de vocês até poucos dias atrás.

Harry hiperventilou imediatamente, seu Sirius interior tentado a cair no chão em um desmaio dramático.

— Aprender árabe? — Ele berrou, a voz infantil irritantemente fina, o fazendo afundar na cadeira em vergonha com as risadas escandalosas da amiga. — Cala a boca, Hermione.

— Sim. E, à partir de hoje, esqueça Harry. É um nome comum demais, os Shafiq não apreciavam isto. Estou pensando em um nome diferente para você.

— Que tal Hadrian? — Hermione ponderou, ao ver o olhar de pânico do amigo, certamente pensando nos piores nomes possíveis.

— Hadrian? Não, não, muito britânico.

— Não acha que eles estranharão nossa fluência perfeita no inglês britânico? — Hermione refutou, a sobrancelha levantada em desafio.

— Huh, você está correta. Hadrian e Hermione Shafiq, com pais arábicos e britânicos. Certo, vou trabalhar nisto, e vocês tratem em trabalhar sua fluência em árabe. — Ambas as crianças gemeram, e o homem riu, contente com a perturbação que estava causando nos jovens futurísticos. — Oh, e Harry, ou melhor, Hadrian, trate de aprender búlgaro também, afinal estudará no Instituto Durmstrang.

Harry desmaiou desta vez.


(☯)


Oliver tinha saído há cerca de três horas atrás, logo após coletar algumas gotas de sangue, na intenção de fazer o teste de herança. Em seguida, ele aplicara (com uma agulha grande o suficiente para ser a vez de Hermione desmaiar) a poção diretamente nas veias dos jovens futurísticos. Harry e Hermione não queriam saber, em primeiro lugar, como diabos o homem possuía "genes", como dissera ele, dos extintos Shafiq.

Agora, enquanto sentiam algumas dores suaves pelo corpo, os dois amigos se ocupavam a ler sobre a nova família deles.

Harry adquiriu um hábito de leitura enquanto casado com Draco, então em uma hora ele já havia terminado de ler sobre os Shafiq, e agora estudava árabe. Quando as letras começaram a entrelaçar completamente em sua mente, ele parou de ler um pouco, e piscou, sentindo os olhos doerem.

Levantando o olhar, o Potter observou Hermione com assombro. As três horas para a poção agir havia passado, e nenhum dos dois notou, mas agora Harry via o resultado, verdadeiramente chocado com o poder daquela poção.

Os cabelos dela estavam definitivamente negros, como o breu, lisos e com fios grossos. Seus cílios eram longos, pretos, e faziam sombra nas maçãs (agora altas) de seu rosto, que estava definitivamente mais desenhado para algo delicado e fino. As sobrancelhas também estavam escuras, perfeitamente delineadas. E seus olhos... Harry deu um grito totalmente revelador, quando viu os olhos dela. Estavam verdejantes como esmeraldas, como os dele. Ainda era Hermione, isso era nítido. Mas ela naqueles traços era algo definitivamente mais belo que o normal.

— Qual o seu problema? — Ela perguntou, assustada com o grito repentino, e incomodada com o olhar intenso que recebia. De repente, a expressão dela caiu, e ela entreabriu os lábios. — Oh, meu Deus, Harry! O seu rosto!

Ele se levantou do sofá em um pulo, e correu o máximo que suas pernas infantis permitiam, em direção ao banheiro do corredor. Hermione o seguiu, igualmente excitada. Quando estavam em frente ao espelho, ela deu um gritinho, começando a fazer poses diferentes no espelho, para enaltecer e admirar sua beleza mais acentuada.

Harry a empurrou para o lado, implicante, e se olhou ali. Oh céus!, ele pensou, assustado.

Seus olhos pareciam mais claros, mesmo sem estarem brilhando, e eram contornados por cílios tão longos e enegrecidos como os de Hermione. Sua boca estava definitivamente mais carnuda, apesar de ainda ser fina e harmoniosa, mas não era feio, ele gostou. Seus cabelos não eram a bagunça maluca que Draco amava bagunçar ainda mais com os próprios dedos, eram definitivamente lisos e negros como a noite, mais finos que os de sua "irmã".

Ele começou a rir, e Hermione o acompanhou. Por Merlin, aquilo estava cada vez mais estranho, mas, pela primeira vez, ele gostou de estar sessenta anos no passado. Sempre se perguntou como seria ter uma aparência diferente da que ele possuía, e ali estava sua resposta, afinal.

Mais permanente do que imaginaria, mas não se preocupou. Estava bonito. Internamente, ele se perguntou o que Draco diria se o vesse daquele jeito, e como o bebê deles agiria? O reconheceria?

Um flash de sangue e cadáveres o fez mover bruscamente a cabeça para fora do espelho, e piscou com força, se livrando a felicidade que começava a tentar encontrar caminho para seu coração.

Ele não precisava ser feliz, ele não tinha esse direito, não enquanto seu marido e filho foram assassinados em sua frente, sem que ele fizesse nada. Ele não tinha o direito de ser feliz, ele apenas faria o que viera para fazer, e, se fosse pego, que cumprisse sua pena por deixar seu amado morrer.

Os gritos ainda estavam ecoando em sua mente, mesmo quando Hermione tampou seus ouvidos com seus cabelos negros, em um abraço apertado.


(☯)


— Aqui está. — Disse Oliver, entregando um papel para cada um. — Em Gringotts, um dos duendes se ofereceu para fazer o teste, como se soubesse o que eu fui fazer lá, e nem piscou quando viu as datas de nascimento de vocês.

Harry assentiu, se lembrando de quão furiosos os goblins pareciam estar no futuro, com a prepotência dos apóstolos de Corvus prostrados tão agressivamente no banco deles. Baixando o olhar para o papel em sua mão, ele leu.



ᘛᕐ

Nome: Harry Malfoy-Potter

Mãe: Lily Evans Potter

Pai: James Fleamont Potter

Mãe por adoção de sangue: Alice Longbottom

Pai por adoção de sangue: Sirius Orion Black

Estado Civil: Viúvo

Cônjuge: Draco Malfoy-Potter (falecido)

Herdeiro de sangue: Scorpius Malfoy-Potter (falecido)

Herdeiro por adoção: Edward Remus Lupin

Ascendência Familiar:
• Potter
• Peverell
• Black
• Gaunt
• Gryffindor
• Rosier
• Fawley.

Habilidades (por descendência):
• Potter: agilidade e raciocínio rápido motivado por adrenalina. (Desbloqueado)

• Peverell: a língua da Morte. (Desbloqueado)

• Black: facilidade com feitiços das Trevas. (Desbloqueado)

• Gaunt: a língua das serpentes, facilidade com Parselmagic. (50% Desbloqueado)

• Gryffindor: facilidade com feitiços ofensivos, feitiços não-verbais, feitiços sem-varinha, feitiços defensivos. (50% Desbloqueado)

• Rosier: a graça do duelo veloz, facilidade em aprender, facilidade em criar feitiços, facilidade com feitiços das Trevas e com idiomas. (Bloqueado)

• Fawley: frieza e astúcia, duelo, feitiços não-verbais, laço com animais mágicos, capacidade autodidata. (Bloqueado)

ᘛᕐ



O olhar de Harry encontrou o de Scorpus quase que imediatamente, o choque refletido nas esmeraldas.

— Eu tenho habilidades dos meus antepassados? — Perguntou, chocado.

— Sim e não. — Oliver disse, suspirando. — A magia é algo muito forte, Hadrian. É de suma importância que você entenda isso o quanto antes. Observe aí, há uma segunda folha encantada para mostrar sua árvore genealógica, vê como atos sem consanguinidade lhe foram benéficos? Você é um dos bruxos mais fortes que existirão no futuro, mas seu sangue é repleto de missiginação, sem frutos incestuosos, pelo menos até certa parte. Vê Voldemort? A mãe indiscutivelmente fraca, afetada pelos atos incestuosos de seus antepassados, enquanto Voldemort foi um dos bruxos mais fortes que já existiram, pelo que me contou. Fruto de um estupro, enfraquecido por amortentia, e, ainda assim, intensamente forte.

— Mas porque a força viria dos trouxas? — Harry perguntou sua mente rodando.

— A força não vem dos trouxas, Hadrian. — Oliver censurou, e Harry ignorou o tom de voz paternal. — Vem da missiginação sanguínea. A magia é algo vivo, e como algo vivo, ela deseja procriar, se expandir, fugir; para a magia, é como se fosse uma limitação, os repentinos casos de incestos entre as famílias puro-sangue. Ela é limitada ao básico, a algo tão pequeno quanto pureza de sangue. Você não precisa de pureza de sangue, você precisa da magia. Que importância teve para Sirius Black ou Bellatrix Lestrange seus sangues consideravelmente puros?

Harry amuou, em silêncio. Delicadamente, Hermione puxou o papel de sua mão, a ansiedade mal contida, e o Potter pegou o dela, mas não leu, apenas voltou seus olhos para o medimago quando ele voltou a dizer:

— O ministério está ciente que as crianças herdam habilidades de seus antepassados, então desde muito tempo atrás, eles passaram a limitar seus poderes. Desde que nascem, as crianças têm suas habilidades herdadas suprimidas, e só conseguem libertá-las naturalmente. Você ler que possui as habilidades não lhes dará elas de bandeja, você deverá lutar por isso.

— Isso é tão idiota, que chega a ser burro. — Harry criticou, ignorando o olhar divertido do homem. — Não há sentido em limitar tanto a magia, não é mesmo? Quer dizer, porque diabos você limita o poder, a magia, ao invés de entendê-la e estudá-la? Por que estar constantemente limitando a capacidade dos bruxos, se podemos ser mais poderosos?

Alegria dançou nos olhos de Oliver.

— Temos aqui um político em ascensão, senhor Shafiq? Ou quem sabe um Lorde das Trevas?

Harry mordeu a língua para não comentar algo bem indelicado com o humor ácido do homem, e se contentou com abaixar a cabeça para o teste de Hermione.


ᘛᕐ

Nome: Hermione Granger-Weasley

Mãe: Monica Liz Granger

Pai: Wendell Dean Granger

Estado Civil: Viúva

Cônjuge: Ronald Billius Weasley (falecido)

Herdeiro de sangue: Harry Granger-Weasley (não-nascido)

Herdeiro por adoção: Scorpius Malfoy-Potter

Ascendência Familiar:
• Ravenclaw
• Lestrange
• Greengrass
• Rowle

Habilidades (por descendência):
• Ravenclaw: raciocínio rápido, inteligência vasta, desejo pelo conhecimento, autodidata, mente aberta. (80% Desbloqueado)

• Lestrange: facilidade com duelos e feitiços. (Desbloqueado)

• Greengrass: elegância natural, facilidade com idiomas, feitiços não-verbais e sem varinha. (90% Desbloqueado)

• Rowle: facilidade com feitiços das Trevas, facilidade com poções, criacionista, tendência à política, fidelidade intensa. (30% Desbloqueado)

ᘛᕐ


Harry estava boquiaberto com o resultado do teste de sua, agora, irmã.

— Lestrange? Céus, é tão engraçado o fato de que você é simplesmente descendente da família que se tornará lacaios aos pés de Voldemort.

— Não ria! Já viu o seu, por acaso? Você é parente distante de Corvus! E de Voldemort também! — Ela acusou, olhando estupefata para ele. — Como isso é possível? Quer dizer, você é parente de Voldemort por mais de uma linhagem, não é?

— Pelo visto, sim. — Harry disse, amargo, jogando a folha que segurava em cima da mesa. — Não que isso faça diferença, ele só é um estúpido, burro e mentalmente perturbado. Além de hipócrita também, agindo contra o próprio sangue.

— Daqui alguns dias ele entrará em Hogwarts, não é? — Hermione perguntou, como quem não quer nada, e Harry levantou os olhos para ela, claramente irritado.

— Sim. Mas não estaremos indo até ele, Hermione, já estamos mexendo em coisas demais desde que voltamos. Deixe-o formar seu bandinho de puristas idiotas de sangue, ele irá cair mesmo.

A menina o olhou, boquiaberta.

— Mas, Harry, poderíamos salvar tantas vidas quanto poderemos fazer com Corvus, inclusive de seus-...

— Só há uma maneira de fazer isso, Hermione, porque eu não vou estar estabelecendo uma amizade gentil com um monstro. Eu sou um assassino, não me perturbe mais com Tom Riddle. Ele não existe para mim.

E se levantou, deixando a cozinha, deixando os outros dois encarando-se, descontentes. 

— Ele é um estúpido hipócrita! — Hermione disse, amarga. — Poderíamos salvar tanto Corvus quanto Tom, não seria necessário suas mortes, será que ele não vê isso?

— Algumas almas estão enegrecidas pela dor, Hermione — O médico disse. — Deixe-o. Ele não está errado, pelo menos não por completo. Voldemort e ele não devem se conhecer, ele não deve alterar mais o passado, pois pequenos paradoxos podem ser o suficiente para desmantelar todo o futuro.

— O futuro já está todo errado, não é tão ruim assim alterá-lo, é? — Perguntou ela, como quem não quer nada.

— Volte a estudar, e retire estas ideias de sua cabeça. Se mantenha focada em seus estudos, e, bem, depois de terminar, quero que leia um livro intitulado "Os Olhos de Um Espião". Eu não a coloquei em Ilvermorny à toa, desejo que espione o corpo docente e discente, informe a mim por códigos via cartas. No livro há exemplos de códigos, mas se desejar, podemos fazer um próprio.

— Espionar? — Perguntou ela, incrédula. — Por que eu deveria espionar?

— Por que Grindelwald é alguém bem surpreendente e convincente, pelo que me contaram. Preciso saber imediatamente se há algo errado, ou minimamente suspeito. — Ele suspirou. — Está certo que não confiam muito bem em mim desde que publiquei meus livros a respeito da pureza de sangue, mas não importa, ninguém quer um Lorde das Trevas.


(☯)


Era Agosto de 1937.

Harry e Hermione haviam completado seus estudos, depois de muitas e muitas horas exaustivas de muito estudo. Desde então, ambos passaram os dias treinando nas montanhas, na intenção de liberarem seus núcleos mágicos das supressões do Ministério, para aprenderem o mais rápido possível, e tão naturalmente quanto possível, todas suas habilidades herdadas.

Com um certo tempo lá, notaram duas situações. Uma, negativa, a outra, positiva.

A positiva era que a magia pura parecia dançar e cantarolar ao redor deles, aparentando extrema felicidade e contentamento por poder deslizar como uma violenta cachoeira, sem restrição. Em alguns casos, ela simplesmente curava seus ferimentos adquiridos em duelos, como se fosse algo vivo, como um carinho maternal.

A negativa, era que seus corpos começaram a ceder à viagem no tempo e à poção de rejuvenescimento. Eles sentiam-se cansados mais rápido que antes, além de alguns desejos infantis puxados para doces, diversão e aversão ao banho.

A segunda situação divertia Hermione ao extremo, simplesmente porque ela amava ver a cara emburrada de Harry, toda vez que ela estava ajudando Scorpus na cozinha, enquanto Harry se ocupava em limpar a casa. Então, repentinamente, cabelos negros em um corpo pequenino aparecia perto da mesa, com um bico aborrecido e bochechas infladas, avermelhadas, pedindo alguma comida que possuísse muito doce.

É claro que suas gargalhadas da cara do irmão foram suficientes para lhe garantirem alguns feitiços na cara, mas ela não se importou. Era divertido demais atormentar Harry, na intenção de retirar aquela nuvem negra de tristeza de sua mente, principalmente se considerar que estariam longe um do outro até o natal.

Ela tinha medo de estar sozinha, e sabia que ele também.

Naquela tarde, na metade de agosto, receberam a visita de um representante do ministério do Oriente Médio, este que representava o Departamento de Assistência a Crianças e Adolescentes.

— Senhores Shafiq, é uma honra a mim conhecê-los, meu nome é Samir Ahmad. — Disse o homem, em um árabe perfeito, após se sentar no sofá em frente aos jovens. — Devo lamentar a demora para atendê-los, com a volta das aulas, muitas situações de abuso foram descobertas, e o Departamento estava realmente... Em uma situação crítica.

Os olhos do homem, negro como petróleo, analisaram as duas crianças em sua frente, com um olhar predatório, como se procurasse mentiras, na mesma proporção que abusos.

Oliver se mexeu, inquieto, ao lado de Hermione, e pigarreou, removendo os olhos do homem das crianças.

— Huh, bem, meu nome é Oliver Scorpus, como relatei. — O médico disse. — Estes são Hadrian Shafiq e Hermione Shafiq, descendências variadas, desde britânica até alemã, daí a origem do nome Hadrian. Eles tiveram uma infância tranquila ao lado de Amelia e Yousef Shafiq, aqueles que lhe mostrei.

Ele piscou para o homem, como se estivesse escondendo das "crianças", que abrira o túmulo de seus pais.

— Você mostrou papai e mamãe para eles, titio Oliver? — Harry perguntou, em um sotaque perfeito de britânico no árabe que falou.

Ele sentiu Hermione congelar ao seu lado, mas Scorpus disse:

— Sim, pequeno Hadrian — Havia satisfação na voz do médico, mas muito bem disfarçada. — Eu mostrei a ele por fotos.

Harry balançou os pés infantis, sorrindo tristemente, forçando sua mente a viajar até seus verdadeiros pais, e olhando para o homem à sua frente com olhos marejados.

— Eles eram lindos, não eram? Papai gostava muito dos cabelos dele.

Então, ele mexeu em seus próprios cabelos fingindo estar feliz com alguma característica herdada. O homem piscou, subitamente desconfortável e culpado, pelo que Harry pôde ver.

— Vejo que possuía muito apreço por seus pais, Hadrian. — Disse ele. — E quanto a você, Hermione? Como era sua relação com eles?

Harry sentiu a amiga congelar novamente, e tossiu, fingindo constrangimento e culpa, antes de dizer:

— Minha irmã ainda não está bem com a morte deles, senhor Ahmad, é realmente necessário reviver sua dor? — Ele perguntou, fingindo possuir dificuldade com as palavras mais difíceis.

Samir o olhou, surpreso, mas pigarreou.

— Eu lamento, Hadrian, mas eu realmente preciso interrogá-la, para entender seu passado. É responsabilidade ministerial o bem estar das crianças arábias, sejam elas de outras nacionalidade ou não.

Harry assentiu, e, internamente, pediu aos deuses para que Hermione permanecesse no papel.

— Nossa relação era complicada — Disse ela, por fim. — Como de costume, os nossos pais eram como os antigos Shafiq. Machistas, retrógrados, e briguentos.

Hadrian engasgou-se mentalmente, mas tentou atuar conforme à peça que Hermione impunha.

— Isso não é verdade! — Ele disse, a voz chorosa e infantil.

— É verdade sim! — Ela disse, emburrada, captando imediatamente o que o "irmão" fazia. — Você que era o favorito deles por ser homem e o caçula!

— Hum! — Ele resmungou, cruzando os braços e fingindo virar a cara para ela.

Samir pigarreou, desconfortável pela briga, e o Potter quis rolar de rir por dentro.

— Vocês sabem porque viviam afastados da sociedade bruxa da Arábia Saudita? — Ahmad perguntou, e Harry voltou seu olhar naturalmente para Oliver, desta vez confuso sobre o que falar, mas o homem continuou: — Não é necessário esconder nada, eu sei que estavam fugindo de nosso país após suas novas rodadas de brigas e bagunças por nossas ruas. Eram a família mais rica, sabem? Bancavam cada tinta de parede do Ministério Árabe, mas as coisas ficaram sem controle. — Ele contou a história que os meninos sabiam parcialmente. — De repente, eles apostavam e matavam, lentamente, a bondade deles se perdia; traficavam pessoas, torturavam, arranjavam mais brigas e confusões por onde passavam. Quando intervimos, seus antepassados quiseram estar acima da lei.

Samir fez silêncio, e Harry amaldiçoou Oliver com todas as maldições que sua cabeça pôde pensar. Com tanta família extinta, ele tinha que jogá-los justamente na mais briguenta e problemática?

— Naturalmente, eles foram violentamente contidos e mortos por sentença, pois todos estavam envolvidos até o pescoço nos negócios sujos dos Shafiq. — Harry se lembrou das páginas do livro que lera, sobre o tráfico trouxa para experimentos. — Pensava-se, até certos meses atrás, que todos foram mortos na Noite do Fim dos Perdidos, como ficou conhecida a noite das sentenças. Mas hoje, vejo que alguns escaparam em segredo.

Harry desviou o olhar para Hermione, que olhava para ele com uma clara nota de pânico, o rosto esverdeado em nojo.

— Quero que saibam que o Ministério Árabe ajudará com tudo que for necessário, bancaremos tudo até suas maioridades, como um pedido pessoal de perdão por sua linhagem interrompida, e pelos anos vivendo em segredo. — Ele continuou, como se estivesse lendo um testamento. — Os Shafiq possuem cofres em nossa posse, se for necessário, concederemos acesso parcial a vocês.

— Não será necessário. — Foi Harry que disse, sua voz rouca. — Nós estamos bem assim, e, de qualquer maneira, não estaremos participando da sociedade arábica, é injusto que tomemos seu patrocínio.

“E eu não preciso de seu dinheiro, de qualquer maneira”, pensou Harry, de mal gosto, lembrando-se do dinheiro que havia resgatado dos cofres Potter e Malfoy, antes de voltar no tempo, e em como Hermione tinha feito o mesmo com o Weasley.

Quando o homem se foi, Harry controlou sua magia para não rasgar Oliver ao meio. Surpreendentemente, foi Hermione que disse, quase gritando:

— Você tem a porra de algum desejo sádico de nos enfiar no inferno?

Hadrian arregalou os olhos com o xingamento, mas não disse nada, apenas observou a discussão.

— De tantas famílias puro-sangue extintas, você nos enfiou em uma família que enriqueceu através do tráfico de bruxos e de trouxas, através de apostas mórbidas e negócios ilegais, sujos! Qual o seu problema?

— Vocês olharam o lado físico do Shafiq, não suas heranças. — O homem disse, revirando os olhos.

— Estou pouco me fodendo para as heranças — Hadrian disse, com uma nota mortal na voz. — Assim que eu assassinar Corvus, estarei reinvindicando Peverell para mim, e se Grindelwald tiver algum problema quanto a isso — Ele tirou a Varinha das Varinhas do bolso, a voz em um sussurro: — Bem, ele estará encontrando seu fim antes de 1945.

E saiu, porta à fora, na intenção de treinar sua Parselmagic para não estraçalhar o médico ao meio.

— Hadrian tem uma personalidade forte demais para o bem dele. — Oliver comentou, olhando para Hermione, ainda de pé perto da lareira.

— Ele não está sozinho. — Hermione ameaçou, implicitamente.

— Sei que não, sua fidelidade Rowle me lembra friamente disto, senhorita Granger. Mas me diga, até onde você acha que Harry está disposto a arriscar por você?

Ela não vacilou em sua fé, ele viu, e isto o agradou.

— Até o inferno, onde eu também iria. — Disse ela, indo na direção de onde o amigo fora.

— Hermione, antes que vá, eu não escolhi os Shafiq por maldade. — Disse ele, se levantando para ir em direção à cozinha. — Os Shafiq possuem herança de amadurecimento prematuro, o que explicaria suas mentes avançadas demais para onze anos, extenso núcleo mágico, o que explicaria sua aptidão para grandes e difíceis feitiços, pulso firme, o que iria mascarar seus traumas, além de serem duelistas incomparáveis, o que justificaria seus talentos de luta mesmo com onze anos de idade.

Ela o encarou, a expressão infantil congelada em uma máscara de frieza.

— Além, é claro, da frieza. Frieza que eu vi em vocês como um escudo de proteção para estranhos. 


Notas Finais


diga-me o que acha :)


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