História Silence! - Prólogo.

   O vento forte e frio batia com agressividade no meu rosto, os dias de inverno não eram os mais recomendáveis para se sair a noite. Haviam poucas pessoas nas ruas, todas corriam por conta da chuva que agora começava a engrossar e machucar meus braços totalmente descobertos. Me abracei para tentar aliviar o impacto dos pingos na minha pele não tendo muito sucesso, ajeitei minha mochila nas costas e andei alguns quilômetros a procura de um local para me abrigar. Por conta de tempestade, todos os comércios estavam com suas portas fechadas.

   Há alguns metros de distância eu conseguia observar rapazes saindo de dentro de carros luxuosos e logo após adentrando em uma casa, aparanetemente abandonada. Suas paredes estavam desgastadas e seu jardim totalmente mal cuidado, com vasos quebrados e platas sendo destruídas por conta da água que caia do céu. Andei em direção ao local, um pouco mais perto eu conseguia ver um cara alto, com cabelos negros e várias tatuagens espalhadas pelo corpo apontando para uma espécie de mapa, que estava apoiado numa mesa grande de madeira. Ele era como um líder, tudo o que ele falava os outros concordavam, sem sequer fazer algum comentário.

- Olha, às 10:00 da noite o segurança vai embora, deixando o local sozinho, apenas com os manobristas. Para não chamar muita atenção, a gente para os três carros com Derek, Jacky e Ryan no volante algumas esquinas atrás. Enquanto vocês vão se preparando, eu e os outros caras chegamos como fregueses e quando estiver tudo limpo mandamos mensagem para vocês. Certo? - Ele falava alto e todos balançavam a cabeça. Tentei chegar mais perto para escutar melhor, mas acabei tropeçando em um dos vasos quebrados, fazendo barulho.

- Droga. - Murmurei. Agora eu chamei atenção de um monte de bandidos para mim. Parabéns Celeste.

  Tentei me esconder mas era tarde demais, um monte de marmanjo saiu do casarão e me olharam caída no chão. Soltei um risinho para disfarçar a tensão. Um cara com cabelos que batiam até o ombro foi até a mim e me levantou pelo braço, com certa brutalidade, fazendo eu soltar um abafado grito.

- O que tá fazendo aqui garota? - Ele perguntou aparentemente irritado. E não é pra menos, eu estava realmente metida em uma encrenca terrível.

- E-Eu estava procurando local para me esconder da chuva, achei que esse poderia ser um bom lugar. - Gaguejei, todos começaram a gargalhar, o rapaz que antes me apertava agora ria como se eu tivesse contado a melhor piada do mundo.

- Coloquem a dentro do carro, precisamos ver se ela sabe algo que não deveria. - O tal líder ordenou, chegando um pouco mais perto de mim - O silêncio é sempre é a solução pra tudo, gracinha.