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História Simple As This - O fim só existe para quem não percebe o recomeço


Escrita por: NovaBestSeller

Capítulo 23 - O fim só existe para quem não percebe o recomeço


Fanfic / Fanfiction Simple As This - O fim só existe para quem não percebe o recomeço

- O que você está fazendo aqui? – eu disse me levantando.

- Eu só... – Jake falou enquanto eu o puxava do chão apressada olhando para as escadas a todo o momento – O que está acontecendo?

- Não importa, venha! – puxei a mão dele enquanto corríamos para o outro lado do terraço. Mesmo sem saber se nada não relutou, aparentemente notava a expressão de pânico em meu rosto.

 Um terraço definitivamente não é o melhor lugar para se esconder durante uma fuga. O melhor que achei foi um espaço entre dois canos de tubulação que nos cobria da visão dos que estavam por fora, mas que também nos deixava vulneráveis a um ataque por trás. Era tão apertado que se Jake fosse um pouco maior nós não caberíamos. Eu estava agachado entre as pernas dele, que estava sentado atrás de mim. Eu podia sentir seu coração acelerado contra minhas costas. Alguns minutos se passaram e nada.

- Anna é melhor...

- Shhh – o repreendi – Posso explicar tudo depois, mas, por favor – um estrondo veio do lado esquerdo, perto da escada. Involuntariamente comecei a tremer, Jake passou os braços de uma forma protetora a minha volta. Ouvimos passos, provavelmente de mais de uma pessoa. No caso o homem de preto e o garoto de verde. Isso significava que Alex e Collin...

- Mãos ao alto – gritou Kathy que tinha acabado de chegar. No começo tudo ficou em silêncio, mas logo depois ouvi sons de risadas vindas dos homens.

- Então é você a “agente secreta” que está protegendo Anna? Pensei que você fosse mais velha, e mais feia, tenho que admitir.

- Cala boca – disse Kathy com autoridade. Provavelmente estava armada, pois se não os homens já a teriam atacado. Jake estava tenso.

- Kathy... – falou Collin ofegante, como se tivesse acabado de subir as escadas correndo. Ouvi o som do gatilho e depois o disparo. O som ecoou em meus ouvidos fazendo meu coração disparar. O barulho não veio de perto da escada, mas sim do lado dos bandidos. Segundos de silêncio se seguiram e eu tive que me conter para não levantar na mesma hora e ver o que havia acontecido.

- Collin! – Kathy gritou desesperada. Ouvi um grito de dor. Uma lágrima silenciosa escorreu por minha bochecha. Collin, ele poderia está morto, não ousava pensar na ideia. Reprimi um soluço. Jake com a respiração entrecortada, o coração ainda mais acelerado.

 Não tive nem tempo para pensar quando uma mão agarrou meus cabelos e me puxou para fora do esconderijo. Jake se levantou junto comigo e agora segurava minha cintura com força enquanto o garoto de capuz verde puxava meu braço. Olhei a expressão do menino, ele parecia atônito, mas não olhava para mim. Seu olhar estava fixado em Jake.

- Tom... – Jake disse entre dentes. Pelo que percebi os dois se conheciam, mas se eram amigos ou não, iria descobri agora.

- Jake, por que está metido nisso? – “Ótimo saber que Jake fala de mim para os amigos” pensei sarcástica em um momento de pânico.

- Você não pode fazer isso – Jake falou ignorando a pergunta anterior – Não sabe com quem está se metendo, não é certo.       

- Quem é você para me dizer o que é certo? – o garoto parecia mais assustado do que revoltado - Quantas vezes você não fez a mesma coisa? Quando matou aqueles caras não pensou no que era certo – congelei ao ouvir aquilo. Jake matou alguém?

- Tom escute... – ele parou de falar quando ouvimos outro barulho de tiro vindo de perto da escada. Virei-me e vi que o homem de preto estava deitado no chão com uma mancha de sangue a sua volta. Kathy estava com uma expressão de pura fúria.

- Merda... – Tom falou baixinho. Olhou para Kathy que agora apontava a arma em sua direção.

- Não! – Jake gritou para ela.

- O que você está fazendo aqui? – ela perguntou ainda com a arma apontada para Tom.

- Não atire nele. Ele não sabe o que está fazendo – Tom não se preocupou em protestar – Por favor.

- Como vou saber que... – disse Kathy desconfiada. Nesse momento Tom me agarrou usando-me como escudo humano. Gritei e me sacudi, mas Tom era forte e de nada adiantou meu esforço. Me senti tão impotente que lágrimas começaram a cair com mais força.               

- Não se mexa – ele sussurrou em meu ouvido – Não vou te machucar, só não confio nessa daí – mesmo ele dizendo isso eu não parava de tremer. Notei que ele tinha uma arma no cós da calça, o que me deixou ainda mais nervosa. Ele levou a mão cuidadosamente até o cabo da arma e a levantou pondo-a em minha cabeça.

- Não faça isso – Jake implorou. Eu não pensava direito, só sentia o cano gelado da arma em minha cabeça. Não ouvia nada a meus batimentos estavam latejando em minha cabeça. Minhas mãos tremiam. A respiração de Tom também estava ofegante, ele também estava nervoso dava para perceber.

- A arma – ele falou acenando para Kathy. Ela estava com uma expressão totalmente profissional, pensou por um estante e largou a arma no chão. Tom caminhou até a arma, ainda comigo a tira colo. Com as duas armas na mão, ele me soltou. Lançou um breve olhar para Jake e disparou escada abaixo.

  Demorou alguns minutos para o mundo voltar a girar. Assim que voltei ao estado normal, procurei Collin. Ele estava encostado em uma parede e tinha muito sangue em sua perna. Ajoelhei-me ao seu lado. Suspirei aliviada quando vi que ele ainda respirava.

- Anna... – ele disse quase sem força.

- Shhh, eu estou bem, não se preocupe.

- Ai meu Deus, Collin! – a máscara sem emoções de Kathy caiu, mas ela não chorou, foi firme como sempre – Temos que levá-lo para o hospital.

- Eu posso ajudar – falei sem pensar.

- Não, você já causou problemas suficientes para um dia – disse ela irada. Discou o número no celular e chamou uma ambulância – Jake, você leva Anna para casa.

- Certo – eu arrisquei dar um olhar para ele. Sua expressão estava indecifrável, mas eu já podia imaginar que ele não estava nem um pouco de bom humor.

- Onde está Alex? – perguntei. Eu queria ajudar, de algum modo repor todo o estrago que causei.

- Ele está bem. Um pouco machucado, mas não é nada grave – Kathy disse de mau humor – Ele já foi encontrar a namoradinha dele – me senti aliviada, Alex estava bem, e Afya estava com ele. Mas meus problemas não acabavam por aí...

 Jake se aproximou e segurou meu braço me conduzindo até a escada. Todo o romantismo que ele estava pela manhã havia sumido, agora sua expressão era a mesma de sempre, um cara frio e sem emoções. Ele ficou em silêncio por todo o tempo, e eu também não ousei dizer uma palavra. Jake tinha o direito de ficar bravo comigo, mas eu também tinha. Ele havia matado um homem, isso é algo que uma namorada deve saber, certo? Eu não sabia os seus motivos para fazer algo como isso, mas lá no fundo eu confiava nele e sabia que não tinha sido em vão, bem, assim eu esperava.

 Mesmo nervosa, com medo e assustada, por dentro eu sentia uma ponta de alívio. Collin ficaria bem.  Alex e Afya estavam bem longe dali. E Jake estava ali ao meu lado, para sempre! Ele estava nervoso? Sim, muito provavelmente. Mas só o fato dele está bem já me alegrava.

  Chegamos ao estacionamento e vimos que a Picape dos sequestradores ainda estava lá. Jake andou em sua direção, e simplesmente entrou e ligou o motor.

- O que está fazendo?

- Comprando um carro - disse irônico, coisa que ele sempre fazia quando estava muito irritado. Decidi não discutir e entrei no banco do carona. A picape era grande e estilosa, toda preta com bancos de couro, mas era fria e tinha cheiro de metal. Cruzei os braços para tentar não demonstrar o nervosismo que pulsava dentro de mim.

- Você não vai ficar com esse carro, vai?

- Já ouviu falar que achado não é roubado – ele se virou para mim por um instante – Vou, tenho alguns contatos que podem limpar os documentos para mim – “sim, pelo visto você tem muitos “contatos”” quis dizer, mas fiquei calada pelo resto do caminho. Jake parou algumas quadras antes de meu prédio. Desligou o motor, mas permaneceu com as mãos no volante e encarando a estada à frente. Como ele falava nada, comecei a falar sem parar.

- Olha, eu sei que eu fui uma burra, e que provavelmente você está furioso comigo. Eu entendo, mas saiba que...

- Não, você não foi burra – ele ainda não me olhava – Eu é que fui – fiquei em silêncio tentando ler as entrelinhas – Não sei como pude confiar em você. Primeiro pede que eu lhe conte mais sobre mim, quando tudo o que sei sobre você é uma grande mentira. Por acaso seu nome é Anna Heinen?

- Na verdade, agora é Anna Scarabelli – murmurei. Jake deu uma risada seca. Eu me sentia horrível por mentir para meu próprio namorado, se eu não confiasse nele, em quem mais confiaria?

- Eu não... – ele fechou os olhos com força e se obrigou a me encarar – Agentes? Você estava sendo protegida por agentes? Sabe o que isso significa pra mim? Sabem o que eles podem fazer se descobrirem...

- Que você matou um homem? – eu rebati. Estava farta de Jake colocar toda culpa em cima de mim. Sim, eu tinha errado, mas ele também.

- Você não sabe de nada – ele falou irônico. Parou para pensar por um estante, respirou fundo e disse – Não sabe da metade das coisas que fiz, coisas que eu fiz por dinheiro, por drogas. Você foi idiota de achar que eu era apenas um garoto com problemas na família. Eu sou mal, Anna. Nós não estamos do mesmo lado. Eu não sei ser como você, se confio em alguém, confio totalmente. Não sou falso, o que não é o seu caso – eu me recostei no banco. O Jake que eu conhecia parecia ter morrido de uma hora para outra. Esse Jake me encarava com um olhar faminto e raivoso – Nem sei por que resolvi me meter com você. Uma garota que eu achava ser uma presa fácil, e que na verdade foi mesmo. Uma diversão. Você é como um fungo que se infiltra e destrói a vida da pessoa sem nem mesmo ela perceber.

- Para – minha voz estava falha, por causa das lágrimas que insistiam em cair. Os olhos de Jake estavam brilhando. De raiva? Não sei...

- Quem diria que você teria tantos segredos, não é? Quem diria que você não passa de uma garotinha mimada e hipócrita. Vou admitir que estava começando a gostar de você, Anna. Mas você não passa de uma cobra, não se importa com ninguém além de você mesma. Quer saber? Foda-se! – eu me encolhi ainda mais no banco. As mãos tremendo. E o coração estraçalhado. Jake se virou para frente e apoiou a cabeça no volante. Eu não sabia o que pensar, não sabia o que fazer... Não sabia quem era esse cara que tinha acabado de dizer as coisas mais cruéis que já me tinham dito. Sem dizer uma palavra sai do carro.

                          +++

  Já tinha ouvido em músicas, visto em filmes, lido em livros. Mas nada se comparava a verdadeira dor do coração partido. Mesmo com mil palavras eu não poderia descrever o que estava sentindo. Quebrada. Destruída. Estilhaçada. Eram as palavras que me definiam.  

                          +++  

  Quando finalmente me dei conta do que tinha acontecido, uma pergunta não saia da minha cabeça. “Por quê?” Sempre pensei que Jake gostasse de mim, às vezes pensava que ele me amava. Eu o amava. Sim, Jake foi meu primeiro amor de verdade. Mas nunca disse nada a ele. A dor era insuportável! Às vezes tinha dois segundos de paz, quando minha mente se desviava, mas logo depois um tsunami de decepção me invadia. Tentei de tudo, mas como dizem, o único remédio é o tempo.

 E até que ele ajudou... Mas ao invés de me conformar e aceitar os fatos, só consegui ficar com raiva dele. Repassava suas palavras como um filme gravado em minha cabeça. Ele foi um canalha, e não merecia meu sofrimento. Eu tinha que aceitar que o meu Jake, tinha morrido, ou apenas de revelado, o que era muito pior.   

   À noite eu chorava até que minhas lágrimas se esgotassem. Chorava por Jake. Chorava de raiva devido eu estar chorando por ele. Chorava pela droga dos sequestradores. Foi assim por pelo menos uma semana. Eu sempre dei muito valor ao meu namoro com ele, mas é estranho que só quando perdemos uma coisa percebemos o quanto ela faz diferença em nossa vida. Mas fui forte, o tanto quanto consegui.

 Se passou uma semana inteira e não vi Jake. Não pessoalmente, pois era a imagem dele que vinha em minha mente toda vez que eu fechava os olhos. As palavras dele não paravam de ecoar “Você não passa de uma cobra, não se importa com ninguém além de você mesma”. E de tanto ouvir eu começava a acreditar. Esse momento todo eu estava preocupada com minha segurança, ao menos pensei que Collin ou Kathy poderiam se ferir tentando me salvar. E que só o fato de eu estar com Alex ou Afya já os deixava em perigo. Eu era mesmo uma cobra, assim como Jake falou. Mas estava disposta a mudar, não seria imatura a ponto de achar que isso não passava de uma brincadeira. Levaria a segurança de meus amigos a sério a partir de agora.  

  Quando contei a Afya que eu tinha terminado com Jake, ela ficou chocada, mas não arrasada no sentido literal. Fez de tudo para me confortar, porque segundo ela, era a expert em termino de namoros.

 O tempo foi passando e as coisas se ajeitando no lugar. Agora a rotina me deprimia. Visitava Collin no hospital sempre que podia. Ele havia levado um tiro na perna enquanto tentava me proteger. Tinha perdido muito sangue, mas agora já estava melhor. Segundo Kathy, ele teria alta logo. Kathy continuava com seu trabalho de agente, mas agora ele estava muito mais fácil, pois eu era, Casa, Faculdade, Casa, Faculdade. 

- Ei, Anna! – ouvi Jenny me chamar quando voltava da faculdade em um dia de chuva – Espere!

- Oi, Jenn. Tudo bem?

- Se não fosse essa chuva – disse ela colocando o capuz. Estava chovendo muito, tudo estava cinza, uma das minhas cores favoritas no momento – Não tenho te visto muito ultimamente...

- Ah, sim. Eu estou em uma fase ruim, sabe?

- Hum, vamos ver... TPM? – sacudi a cabeça rindo – Ok. Terminou com o namorado?

- É, quase isso – respondi. Ignorando o fato que ele havia terminado comigo.

- Não se preocupe, tem um monte de cara babando por você na faculdade – ela piscou para mim. Franzi a testa, aquilo não era verdade, mas não falei nada – Desculpe tocar no assunto, mas você estava namorando o cantor, não é? Jake... Bugg?

- Isso.

- Ele tem estado muito no bar ultimamente – ouvir aquilo foi como levar um soco no estômago. Eu sabia que naquele bar aconteciam coisas ruins. Muito ruins. “Não é nada bom saber que Jake continua indo lá” pensei involuntariamente – Ele tinha parado, mas agora voltou com tudo.

- Não é bom que você fique frequentando aquele bar – disse com delicadeza para Jenny – Acontecem coisas não muito legais lá, você sabe né?

- Se sei... – ela riu alto. Às vezes esquecia que Jenny não era uma garota muito... “Certa” se assim posso dizer, por, mas que fosse minha amiga – Mas não se preocupe, gata, eu sei me cuidar.

- Espero que sim – dei um sorriso murcho. Jenny me olhou crítica. Jogou as mãos para o alto e disse.

- Eu não suporto te ver assim! Você sempre foi tão feliz e cheia de vida, mas agora até aquela sacola plástica parece mais feliz do que você – ela falou apontando para uma sacola que era empurrada pela ventania da chuva.

- Tenho uma ideia – Jenny disse animada – Por que você não vai hoje lá no bar? Ás dez?

- Você só pode estar brincando? – eu a fitei. Mesmo debaixo de chuva podia ver os olhos dela brilhando de entusiasmo.

- Não! Na verdade, eu to falando muito sério. Presta atenção, provavelmente Jake vai está lá hoje – “Ok, e isso iria me ajudar em...?” – Porque você não põe uma roupa muito sexy e mostra o que ele perdeu? 

- Eu não sei não... – tinha que admitir que estava morrendo de vontade de sair do loft e fazer alguma coisa. Mas ir para um bar barra pesada, à noite, tendo caras a minha procura... Não era a melhor coisa a se fazer. Ainda mas que Jake estaria lá, encontrá-lo era o que eu mais queria, porém era o que eu mais sentia medo. Eu tinha medo da minha reação, tinha medo de que a muralha que construí em volta do meu coração se ruísse só de olhá-lo. Sem falar na voizinha de boa moça continuava a martelar em minha cabeça.

- Vamos, por favor! Só eu e você, não vamos ficar por muito tempo, juro – antigamente, eu só precisaria dar uma desculpa a Afya e estaria tudo resolvido. Mas agora tinha que me desvencilhar de Kathy também. Não pude acreditar que estava começando a pensar na hipótese.

 Eu sempre fui à garota certinha e preocupada com que os outros iriam pensar. A garota que nuca tinha saído escondida. A garota que acreditava te achado seu par perfeito. E olha no que nisso me tornou. Estava cansada de ficar me culpando o tempo todo. De seguir ordens, de tentar ser perfeita. Tentar ser perfeita cansa. E eu já estava cansada de ser assim.  

- Tudo bem – levantei a cabeça decidida a mudar. A Anna Heinen havia morrido, agora eu seria Anna Scarabelli. E essa Anna, não se deixaria levar pelas coisas sem sentido. Não se preocuparia tanto, ela seria livre – Eu topo!   


Notas Finais


Desculpem por isso, mas... Podem me xingar nos comentários de quiserem! Não desistam da fic! Vem muuita coisa por aí! Comentem, beijos!!


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