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História Simple As This - Um Coração Partido é como um Espelho Quebrado


Escrita por: NovaBestSeller

Capítulo 26 - Um Coração Partido é como um Espelho Quebrado


Fanfic / Fanfiction Simple As This - Um Coração Partido é como um Espelho Quebrado

 

  Eu sabia que estava errada. Isso era muito errado. Jake me fez sofrer, ele não me merecia, eu o odiava. Mas meus pensamentos eram confusos e desconexos. Eu queria Jake. Eu não conseguia parar. Ele me imprensava contra a parede, e a sensação de combustão pulsava por todo o meu corpo. No entanto, a intensidade de nosso beijo aumentou. Era como se estivéssemos morrendo de fome, ou se afogando e só a outra pessoa pudesse nos salvar. Eu me agarrei a ele, um braço ao redor de seu pescoço, enquanto a minha mão segurava suas costas com força. Jake me deitou na cama, suas mãos estavam ao redor da minha cintura, e uma delas escorregou para a minha coxa e a colocou por cima dele, quase envolvendo-o. Meu corpo estava em chamas, eu poderia... 

- Ora, ora – nós nos afastamos rapidamente. Meus lábios estavam inchados e formigando por causa do beijo, demorei alguns segundos para perceber que Ian tinha entrado no quarto e nos olhava com um sorriso irônico – Não seja tão egoísta, Bugg.

- O que você está fazendo aqui? – Jake falou com pavor nos olhos, ele tinha levantado da cama e agora estava em pé em frete a Ian.

- Esse é seu namorado Anna? – Ian disse ignorando Jake. Ele estava muito diferente do cara com quem eu conversei algumas horas antes, mais sarcástico e mal intencionado – Você não está em boa companhia.  

- Eu... Ahmm... – não sabia o que dizer, estava sentada na cama, meio abarrotada e com certeza com cara de sonsa. Não sabia o que tinha acontecido, ou o que iria acontecer se Ian não tivesse aparecido. Não sabia se ainda odiava Jake, mesmo com meu cérebro gritando isso a todo o momento.

- Não, ela não é minha namorada – Jake disse desdenhoso – É só uma prostituta que eu acabei encontrando, sabe como é. Ela não vale nada, só mais uma garota sem futuro.

  “Eu disse!” estrilou a voizinha em minha cabeça. Toda a névoa causada pelo beijo desapareceu. Agora todo o peso caiu sobre mim de uma só vez. Eu tinha sido fraca! Idiota! Eu me odiava. Um rombo enorme se abriu em meu coração, agora sem barreira, pois Jake a tinha destruído. Eu não podia acreditar. Estava com tanta raiva que podia socar qualquer um que aparecesse na minha frente. “Idiota, idiota, idiota!” eu me repreendia. Não liguei para Ian, nem para nada. Levantei em um pulo e fiquei cara a cara com Jake.  

- Eu te odeio!  - a raiva fervilhava dentro de mim - Seu canalha estúpido! Nunca mais ouse encostar em mim, entendido? Ou se não...

- Cala a boca! Eu realmente não me importo como que você diz!

- Ótimo, Jake. Por que pra mim é a mesma coisa –“mentira” – Você poderia morrer agora que eu nem me importaria. – “mentira” – Eu só quero que você nunca mais venha me procurar! – sai marchando em direção a porta. Ignorei os olhares de Ian e dei-lha um empurrão forte para que saísse do caminho.

- Anna espere – ouvi Jake dizer. Eu pretendia sair andando e ignorá-lo, mas falhei.

- O que foi? – disse arrogante.

- Esqueceu o pagamento, putinha – ele segurava uma nota na mão. Seu sorriso era irônico, o que me deu mais raiva ainda.

- Ah, é verdade? – cheguei perto dele e puxei a nota de sua mão, eu estava com raiva, mas não era burra – E você esqueceu o seu – sem pensar, dei-lhe o tapa mais forte que já dei em alguém (e eu tinha uma lista significativa), seu rosto virou para o lado mostrando a marca vermelha que eu havia deixado. Quando ele me encarou, não demonstrava nenhuma expressão, mas vi uma lágrima silenciosa escorrer de seu rosto. Foi a primeira vez que vi Jake chorar, e não achava que tinha sido por causa do tapa. 

  Eu estava com muita raiva, com mais raiva do que senti em toda a minha vida. Eu queria socar, quebrar alguma coisa. Sai correndo pelo o corredor, atropelando todos os que passavam por perto, até que cheguei a um pequeno banheiro, escrito “funcionários”. Entrei e me encarei no espelho, uma menina desolada e idiota me olhava. Nada adiantou, toda a suposta mudança, de que valeu? Eu continuava fraca, sem rumo, manipulável. Meus olhos estavam inchados de chorar, “Por que eu estou chorando?” Briguei comigo mesma, eu não ia chorar por Jake, não mais.

  Perdi o controle e soquei freneticamente o espelho. Precisava destruir algo. Estilhaçar como Jake estilhaçou meu coração. O espelho se partiu em mil pedaços, que se espalharam pelo chão do banheiro, deixando mil reflexos da mesma Anna de sempre. Olhei minhas mãos, estavam sangrando muito, com alguns pedaços de vidro fincados na palma. Doía, mas uma dor ofuscava a outra. Quando tinha posto toda a raiva para fora, lavei minhas mãos tirando a maioria do sangue e exibindo alguns cortes feios. Eu tinha que sair dali, agora.   

                        +++

 Naquele momento eram duas da madrugada e eu andava sozinha pelas ruas de Londres. Era perigoso? Sim. Errado? Sim. Totalmente sem noção. Era, mas eu não tinha pensado direito. Eu estava congelando, e segurava firmemente minha blusa de flanela junto ao corpo. Protegendo-me do frio e da forte dor no coração. Desde já começava a construir minha nova barreira, mais reforçada e cheia de pedras, feita de decepções, raiva e mágoa. Jake nunca iria derrubá-la. As lágrimas cessaram e a raiva ainda fervilhava em mim, só que agora controlada. Minhas mãos estavam frias, amenizando a dor dos cortes.

  Rostos estranhos passavam por mim de hora em hora, mas não tinha medo. Nada do que eles pudessem fazer comigo, me afetaria muito. Não estava muito longe de casa agora, demorava mais ou menos uma hora do bar até o loft. Encarei o chão e segui em frente. Estava tudo no mais profundo silêncio, até que ouvi sons de choro vindos de um beco escuro. Pensei em apertar o passo, e sair correndo, mas meu extinto protetor me fez caminhar até a entrada do beco. Uma menina loira estava sentada no chão úmido, seu corpo balançava com os soluços.

- Oi? – perguntei. A menina levantou o olhar para mim, estava com alguns hematomas feios no rosto, por isso demorei a reconhecê-la. Ela, que costumava andar sempre perfeitamente maquiada, estava agora cheia de manchas roxas. Seu cabelo que era loiro e sedoso era um emaranhado de nos – Megan?

- Anna – ela se levantou e afastou os fios soltos do rosto. Seu rosto demonstrava surpresa, vergonha e esperança. Com os olhos inchados de chorar, ela era última pessoa na qual eu esperava encontrar em um beco sujo. Ficamos em um silêncio desconfortável por alguns minutos, até que ela começou a falar descontroladamente.

- Bem, eu não sou tão rica como costumo dizer. Muito pelo contrário, eu e minha mãe lutamos para pagar as contas. Meu pai nos abandonou quando eu ainda era pequena, e só aparece por lá em busca de algo. Ele é um cretino bêbado, e nunca deixa minha mãe seguir com a vida dela. Minha mãe foi viajar a trabalho, e eu fiquei sozinha em casa, meu pai chegou pedindo dinheiro, mas eu não tinha. Ele estava bêbado e muito agressivo – ele começou a chorar de novo, um choro sofrido e doloroso, mas continuou a história – Foi... Foi ele que fez isso em mim. Se eu não tivesse fugido... Se eu não...

- Não se preocupe, vai ficar tudo bem – eu a abracei. Foi estranho, Megan sempre me odiou, e agora eu oferecia apoio moral a ela. Ela se agarrou a mim, fria e desesperada. Passeia mão delicadamente por seus cabelos. Megan usava apenas uma blusa fina de linho e uma calça de moletom, parecia que estava prestes a dormir quando seu pai chegou. Eu também estava morrendo de frio, mas fiz a caridade de emprestar meu casaco para ela – Você pode ficar na minha casa, ok. Vamos, não estamos muito longe.

  Nós nos arrastamos pelo resto do caminho. Sempre em silêncio, Megan chorando de vez em quando, e eu engolindo minhas mágoas para cuidar das dela. O mais sensato seria eu entrar pela escada de incêndio, como tinha feito para sair. Mas decidi que ir a maneira convencional seria melhor para Megan. Abri a posta com cuidado, com medo de acordar Afya ou Kathy – se bem que Kathy dormindo não era uma coisa que eu imaginava, pra mim ela era um tipo de vampira sanguinária e agente secreta. Dei sorte, Afya não estava em casa. Emprestei a Megan uma muda de roupa do “Doações para a África :)”, e ela tomou um banho. Depois disso ela parecia bem melhor, ainda abatida, é claro, mas sem o mesmo desespero de antes. Não podia imaginar como era um pai que espanca a própria filha, era surreal! Megan podia ser uma garota mimada e cruel, mas todos no fundo têm os seus problemas, eu sabia bem disso. E ás vezes, as pessoas que achamos ter a vida perfeita, passam por dificuldades enormes, e nós não podemos julgar. Nunca saberemos quando iremos precisar da ajuda do outro, e às vezes essa pessoa pode ser a que você mais, ame, ou a que mais odeie.  

- Você pode ficar no meu quarto, tudo bem? – ela assentiu, sem nem mesmo reclamar, parecia um pouco envergonhada, agora que a fixa tinha caído – Vou dormir no quarto de Afya.

  Afya não se importaria se eu dormisse em sua cama, mas acho que ela ficaria um pouco chocada ao ver a ex de seu namorado dormindo em seu quarto. À noite me refugiei em meus livros, a melhor solução para parar de preocupar-me com meus problemas. Enquanto lia, deparei-me com a frase “Um coração partido é como um espelho quebrado. É melhor deixá-lo quebrado do que se machucar tentando consertá-lo” Sem dúvida à coisa mais verdadeira que eu já tinha visto.                 


Notas Finais


Quero agradecer por todos os comentários! Eu amo escrever a Fic, e amo ainda mais quando vocês também gostam dela!! Um beijo enorme!! E obrigada!!


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