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História Simplesmente - Capítulo 69


Escrita por: MarinaJauregui

Notas do Autor


Ooh, saying who's gonna fuck you like me?

Capítulo 69 - Capítulo 69


Marina olhou entre a mão de Clara e suas amigas, hesitante. Até onde sabia, ela não devia nada a Bia, especialmente depois do que ela tinha feito com ela. Na verdade, ela mais do que bem com a perspectiva de nunca ter que falar com ela novamente. Aparentemente Clara tinha outras ideias, sua culpa por seu comportamento passado revelando um desejo inexplicável de ouvi-la.

Marina suspirou, considerou suas opções que eram ficar onde estava e negar o pedido de Bia ou acompanhar sua namorada. Marina entendia as razões de Clara de querer ouvir Bia. Ela sabia que Clara odiava deixar as coisas por resolver, que desde o acidente ela quase sempre tentou resolver os mal-entendidos ou conflitos que se envolvia e Marina valorizava a atitude da namorada, mas não a compartilhava, especialmente quando se tratava de Bia, que não tinha feito nada além de tornar suas vidas difíceis desde o início do ano letivo.

“Amor?” Clara pressionou, a palavra suave escapando de seus lábios puxando Marina de suas meditações.

O tom não era exigente e a palavra não era uma instrução ou uma ordem, mas Marina era impotente para recusar o toque sutil do convite uma vez que Clara havia dito.

“Tudo bem” Marina concordou relutantemente, tomando a mão de Clara e olhando para Bia.

Clara ajudou Marina a se levantar.

“Obrigada” disse Bia para as duas, ignorando olhar aguçado de Marina e virando-se indo até a mesa vaga que tinha apontado anteriormente.

“Se o garçom chegar, pede um hambúrguer e batatas fritas pra mim” disse Clara a Vanessa.

“Porra, você está louca, Clarinha?” Vanessa perguntou a sua melhor amiga “Você realmente vai fazer o que ela quer? Você não deve nada a ela. Você não tem que ouvi-la. Ela quer se desculpar por isso para se sentir melhor, mas você deve deixá-la sofrer. Ela merece depois do que te fez passar.”

“Eu não sou louca e eu não estou fazendo isso por Bia, eu estou fazendo isso por mim.”

Vanessa virou-se para Marina, levantando os braços interrogativamente, sacudindo a cabeça.

“Marina?” disse Vanessa surpresa que a menina de olhos verdes ainda estava firme na ideia de conversar com a loira.

“Peça o mesmo pra mim também” disse Marina decisivamente, não deixando mais espaço para a discussão ou protesto, apesar de concordar de todo o coração com ela.

Marina não queria falar com Bia mais do que Vanessa queria que fizessem, especialmente se isso significava que a loira iria ficar absolvida de suas ações passadas, que pra ela, eram imperdoáveis.

Clara puxou suavemente a mão de Marina e a guiou para longe de seu grupo para onde Bia já sentada.

Quando elas saíram, Camila virou para Vanessa e perguntou “Então… essa é a louca ex-namorada de Marina não é?”

“Você quer dizer Satanás?” Vanessa respondeu retoricamente os olhos seguindo sua melhor amiga se sentava em frente à loira “Sim, é ela” Vanessa balançou a cabeça, seu olhar nunca deixando o trio.

“Ela é meio gostosa” Camila observou, seus olhos passando rapidamente pela loira.

Vanessa olhou para Camila incisivamente, um olhar impressionado em seu rosto com o comentário.

“Por favor, me diga que você está brincando” disse Vanessa e Camila deu a outra menina um pequeno sorriso.

“O quê? Ela é.”

“Ugh” Vanessa resmungou incrédula, balançando a cabeça enquanto seguia o olhar de Camila de volta para o pequeno grupo “Lésbicas.”

Vanessa aguçou os ouvidos para tentar escutar a conversa do outro lado da lanchonete, mas tudo o que podia ouvir era a música alta que tocava no local.

“Lésbicas?” Camila perguntou confusa.

“Sim” disse Vanessa a encarando novamente “Vocês são tudo loucas.”

“Você está incluindo Clara e Marina nessa generalização?” perguntou Camila rindo.

“Incluindo?” Vanessa zombou “Elas são as piores entre vocês.”

“Vocês querem calar a boca?” Flavinha repreendeu batendo no antebraço de Vanessa “A música aqui já está forte o suficiente para dificultar nossa compreensão da conversa delas. Sua boca grande não torna mais fácil, Vanessa.”

“Tudo bem” Vanessa disse fazendo um sinal de fechar a boca “Eu vou calar a boca” ela prometeu, os olhos se juntando a outra garota observando onde sua melhor amiga estava, aparentemente esperando Bia para quebrar o silêncio entre elas.

“Então?” Clara finalmente disse quando a loira ainda não conseguiu falar “O que você quer falar com a gente?” ela perguntou pegando a mão de Marina debaixo da mesa.

Bia se mexeu desconfortavelmente de um lado para o outro, toda a bravura e confiança que tinha mostrado em interações anteriores com Clara, tinha sumido.

“Bem” disse Bia inclinando-se para trás em sua cadeira, mas voltando a sua postura inicial, juntando suas próprias mãos na mesa “Eu queria pedir desculpas por, você sabe, o que aconteceu entre nós…” ela explicou levantando os olhos para encontrar os verdes de Marina.

“O quê? Quer dizer, quando você me espancou?” perguntou sem rodeio, o olhar de Bia voou de volta para a mesa, evidentemente envergonhada de suas ações.

“Sim. Eu sinto muito. Não tem desculpa pelo que fiz e eu lamento profundamente por isso. Eu sei que não conserta as coisas, mas eu só queria… você sabe, tentar fazer as coisas direito e de alguma forma eu pensei que talvez um pedido de desculpas fosse a melhor maneira de começar…”

Marina riu em resposta ao pedido de desculpas de Bia, não a engolindo nem por um segundo.

“Você está pedindo desculpas?” ela perguntou se inclinando um pouco “Porra, você está brincando? Você me colocou na porra do hospital.”

“Eu sei…” Bia tentou explicar, mas Marina continuou não dando a ela a chance de falar.

“Você me atacou! Eu não fiz nada com você…”

“Eu sei disso. Eu sei e…”

“Não. Você não vai se sentir melhor sobre o que você fez para mim, Bia. Você me deixou sozinha no estacionamento da escola mal conseguindo me mexer…”

“Eu sinto muito” Bia pediu desculpas novamente, seus olhos umedecendo com a reação de Marina “Eu sinto muito…”

“Quer saber, Vanessa estava certa. Não lhe devo nada…”

“Não, você deve” Bia concordou.

“Vai se foder” Marina xingou e virou para olhar para Clara que a observava “Eu vou voltar para as meninas” ela disse fazendo um movimento para se levantar.

“Ok” Clara respondeu apertando a mão de Marina por um instante, a liberando depois.

“Espera, você não vem?” Marina perguntou surpreendida.

“Não. Eu não vou.”

“Clarinha…”

“Eu entendo Marina, sério.Você não tem que ficar e ouvir Bia, mas eu vou.”

“Por quê? Por que você quer ficar e falar com ela, Clarinha? Ela é a razão de você ter ido para a reabilitação…”

“Não, eu sou a razão de ter ido para a reabilitação. Não Bia…”

“Foi” Marina interrompeu “Ela te beijou…”

“Sim. Ela me beijou e eu bati nela. Eu bati nela” ela enfatizou “Eu, Marina…”

“Sim, mas você não sabia o que estava fazendo, Clarinha! Ela sim. Ela sabia exatamente o que estava fazendo e ela ainda fez isso de qualquer maneira! Você não sabia de nada! Você não poderia prever a maneira como reagiu…”

“Isso não é verdade. Eu cometi um erro naquele dia, você e eu sabemos que não sou completamente inocente no que aconteceu, não importa o quanto eu queira acreditar que era. Você sempre tem uma escolha na forma como você escolhe para responder a uma situação, Marina. Sim, eu tenho alguns problemas, o que significa que nem sempre tomo as decisões corretas. Quer dizer, eu sou impulsiva às vezes e eu tenho um temperamento que acho difícil de controlar, mas… eu ainda tenho uma escolha. Eu não sou uma refém das minhas emoções. Eu posso ver isso agora. Naquela época eu achava que era, que meu ferimento na cabeça significava que estava isenta de culpa, mas eu não estou” ela compartilhou olhando para Bia “Eu não sou perfeita… eu poderia ter parado naquele dia se eu quisesse, mas a verdade é que eu não quis. Eu não parei porque minha reação não foi de sobre Bia… era sobre mim…”

“Clarinha, você foi para a reabilitação. Você foi por causa de algo que ela começou e nós ficamos separadas por seis semanas… porra, seis semanas” Marina reiterou, a voz embargada ao lembrar-se de sua alienação “Você foi embora e isso quase me matou…”

“Eu sinto muito” se desculpou Clara levando sua mão em direção a de Marina, mas não, não conseguindo pegá-la, pois sua namorada se levantou secando os olhos, aborrecida.

“Não foi culpa sua. Foi dela. Bia” Marina assegurou, mas Clara sabia que Marina se recusava a aceitar a verdade da questão.

“Você está errada. Eu cortei o contato com você quando eu fui para a reabilitação e é isso que te feriu. É por isso que foi tão difícil para você. Não a distância entre nós. Era sobre a separação. Você queria ficar em contato, mas eu não podia e eu não fiz. Essa foi a minha escolha. Bia não me obrigou a fazer isso…”

“Você nunca teria ido se não fosse por ela!” Marina argumentou Clara e deu um olhar triste.

“Sim, eu teria. Você não vê isso? Bia pode ter sido o catalisador para ir para a reabilitação, mas teria acontecido de uma forma ou de outra, com ou sem ela…”

“Você não sabe disso” disse Marina e Clara tentou novamente alcançar a mão de sua namorada, desta vez com sucesso.

“Não me diga o que sei ou não sei, Marina” disse Clara pacientemente, puxando a mão da namorada a fazendo sentar ao seu lado novamente “Eu sei como eu me sentia naquela época e eu conheço minha própria mente. Você sabe disso também… você me disse uma vez, se lembra? No dia de Ano Novo, na praia? Você disse que eu era perspicaz e inteligente, que eu sabia o que estava sentindo…”

“Sim, mas…” ela começou a protestar, mas Clara a cortou.

“A reabilitação era inevitável” ela suspirou acariciando as costas da mão de Marina com o polegar “Eu iria acabar lá, Marina. Eu não estava lidando… achava que estava…. mas eu não estava, não de verdade. Bia pode ter me ajudado a chegar lá, mas ela não foi o motivo de precisar ir. Eu era.”

Clara enxugou uma lágrima do rosto da namorada com a ponta do seu dedo polegar.

“Você me prende a um padrão completamente diferente de todos os outros que conhece, mas você não deve. Eu tenho que fazer as coisas direito com Bia e eu entendo porque você pode não ser capaz de fazer isso. Você foi pega no meio e você se machucou por causa de mim, por causa de nós. Você não merecia o que aconteceu com você. Você estava certa… você não fez nada. Então, você deveria voltar para as meninas, se quiser. Você não tem que ficar aqui, mas eu vou. Eu tenho. Não vai demorar muito, ok?”

Marina olhou entre Clara e Bia indecisa, sem saber o que fazer. Por um lado ela realmente odiava Bia pelo que ela tinha feito com ela, o que a fez passar tanto físico quanto emocionalmente, mas por outro lado, as palavras de Clara tinham a afetado a ponto de que finalmente foi capaz de ver a verdade e Marina queria ficar e ouvir o que sua namorada tinha a dizer.

“Eu não quero voltar para as meninas. Eu quero ficar com você, Clarinha.”

Clara sorriu para Marina e esfregou o braço, agradecida.

“Ok” disse Clara pegando a mão de Marina novamente “Eu realmente esperava que você ficasse.”

Clara voltou sua atenção para Bia que estava observando a interação silenciosamente, não querendo interromper.

“Você sabe, você estava certa sobre mim, Bia” disse Clara, seus olhos observando como a mão da loira mexia com o saleiro e a pimenta sobre a mesa nervosamente.

“Eu estava? Como?” perguntou Bia timidamente, sem saber o que Clara estava se referindo.

“Você disse que eu tinha projetado minha auto-aversão em você quando te bati. Foi aqui que disse isso, lembra? No banheiro.”

Bia pareceu pensar por um momento, evidentemente tentando lembrar o teor da conversa, mas falhando.

“Eu não me lembro disso” ela disse a verdade balançando a cabeça quando a memória não tinha voltado.

“Bem, você disse e você estava certa. Eu fiz. Eu não sabia, mas eu não estava batendo em você na biblioteca, eu estava batendo em mim. Eu estava projetando meus sentimentos em você porque naquele momento eu estava com raiva de você pelo o que você disse e eu estava com raiva de mim porque eu me perguntei se era verdade. Marina era a única pessoa a mostrar algum interesse em mim além de você e isso me fez pensar sobre a minha lesão novamente. Isso me lembrou o quanto eu tinha mudado desde o acidente, o quanto eu tinha perdido, como todo mundo me via… eu tive um dia realmente ruim antes e estava me sentindo auto-consciente, você só me pegou no pior momento possível. Você alimentou em minhas inseguranças e auto-aversão. Você me fez lembrar mais uma vez quão incapaz eu era, quão inútil e danificada eu me tornei e eu bati em você. Eu bati em você porque eu estava tão irritada com o que você disse… porque você deu a entender que eu não era especial, que eu não era nada, que eu não valia nada… mas eu percebo agora que não estava com raiva de você, eu estava com raiva de mim mesma. Eu estava com raiva porque tudo o que você insinuou eu pensava sobre mim e me odiava. Eu me odiava mais do que jamais poderia odiar…”

Clara parou por um momento deixando seu olhar cair.

“Eu tinha empurrado esses sentimentos por tanto tempo… eu estava tentando suprimi-los por quase seis meses… tentando ignorá-los e quando eu bati em você… foi tão bom. Foi como se tudo o que guardei, todo o ressentimento que tinha para mim, finalmente tivesse uma saída. Eu poderia finalmente liberá-la. Então, eu não parei, não parava de bater em você.”

Clara encontrou os olhos de Bia e sentiu os verdes de Marina queimando um buraco no lado da sua cabeça.

“Eu sinto muito. Não importa como você me tratou, até um certo ponto, você não merecia isso.”

“Sim, eu também sinto muito” Bia também se desculpou olhando entre Marina e Clara, seus olhos caindo sobre a contusão roxa escura no rosto da menina menor “Eu estava sendo uma puta. Eu estava com ciúmes de você. Eu estava com ciúmes das duas” ela disse, os olhos agora em Marina.

Ela parou por um momento, suas mãos agora mexendo com o menu em cima da mesa distraidamente.

“Eu disse coisas horríveis para você… e eu me odeio também… por ser assim, pelas palavras que usei. Foram imundas e nojentas. Assim como eu. Eu gostaria agora que tivesse aceitado seu pedido de desculpas, mas eu estava sendo teimosa e irracional e… estúpida. Eu fui tão estúpida.”

Bia olhou entre Marina e Clara novamente enquanto reunia seus pensamentos.

“Eu tive muito tempo para pensar sobre o que fiz pra vocês duas enquanto prestava serviço à comunidade. Tive a sorte de receber esse castigo pelo o que fiz, porque… o que eu fiz para você, Marina, é indesculpável. Eu não espero que você me perdoe, mas eu queria que você soubesse que eu vou ficar longe de você depois de hoje, eu prometo. Você não precisa se preocupar comigo na escola ou em qualquer outro lugar…”

“Sério?” Marina perguntou Marina, não acreditando na menina.

“Sério. Eu não estou brincando com você, Marina. Eu realmente quero dizer isso. Eu não vou nem olhar para você no corredor de agora em diante, eu prometo. Eu realmente sinto muito. Você não tem que acreditar, mas eu vou.”

Bia voltou sua atenção para Clara e levantou a mão para gesticular para o hematoma no rosto.

“Eu espero que você esteja bem. Essa contusão parece muito desagradável…”

“Eu estou bem” Clara garantiu a Bia, sua mão livre cutucando a mancha roxa, a dor pelo contato a fazendo estremecer ligeiramente.

“Você teve outro ataque?” perguntou Bia.

“Sim” respondeu Clara.

“Sinto muito. Sinto muito que isso tenha acontecido com você, que você tenha que viver com essas dificuldades, mas principalmente… principalmente eu sinto muito pela forma como tratei você e não fiz nada para ajudar com a sua recuperação. Eu sinto muito que realmente te coloquei na posição que descreveu. Eu não posso sequer começar a imaginar… quero dizer… como é… você…”

“Está tudo bem” disse Clara, sua mão livre pegando a de Bia, Marina observando a interação com uma sensação inesperada de orgulho com a bondade da namorada.

“Não, esse é o ponto. Não está tudo bem, Clara. Você teve dificuldades suficientes e eu… eu não te ajudei… nenhuma das duas… eu só dificultei dez vezes mais…”

Bia tirou a mão debaixo da Clara e enxugou os olhos agora cheios de lágrimas, envergonhada por suas emoções.

“Eu sinto muito. Eu sinto muito. Eu só… eu só queria te dizer o quanto.”

“Eu te perdoo” Clara disse com sinceridade, sua raiva em relação a Bia facilmente sumindo.

“Você perdoa?” Bia perguntou, as lágrimas começaram a cair mais, a loira nunca em um milhão de anos esperando ouvir essas palavras dos lábios de Clara.

“Sim. Eu não quero brigar com você, Bia. Eu nunca quis. Nós duas cometemos erros e acho que a melhor coisa que podemos fazer agora é colocar o passado para trás, aprender com ele e seguir em frente com nossas vidas. Você acha que pode fazer isso? Podemos começar de novo?”

Marina virou para olhar Clara, lágrimas ameaçando o canto de seus próprios olhos novamente quando subitamente foi esmagada por quão feliz as palavras da namorada a deixaram. Durante muito tempo Clara tinha lutado para deixar seu passado. Ela tinha sido incapaz de lidar com os seus sentimentos com o acidente ou qualquer outra coisa construtiva. Marina tinha perdido a conta do número de vezes em que a assistia impotente, Clara tinha desestruturada, prejudicada por suas emoções a tal ponto que nem sequer podia levantar da cama ou destruia completamente o quarto dela. Agora, porém, ela era um exemplo para Marina. Ela era a única tendo uma reação madura na situação e mantendo a objetividade. Ela era a única capaz de rotular tudo o que tinha passado com Bia como uma experiência de aprendizagem, e não apenas para si, mas para a menina loira também.

Clara foi capaz de abrir mão de seus conflitos passados com Bia como se fossem nada, como se não significassem nada para ela, como se não tivesse complicado sua vida mais do que era necessário, causado sua dor e sofrimento. Clara havia desconsiderado seu passado com Bia e ofereceu uma trégua, uma chance de começar tudo de novo e para Marina era algo importante, algo enorme e incrível.

A menina que estava sentada ao lado de Marina agora estava muito longe da que ela havia encontrado no corredor da escola em setembro e a morena a amava ainda mais por isso. Foi à reação de Clara, seu crescimento óbvio, sua escolha de perdoar Bia que incentivou Marina a fazer o mesmo.

“Você sempre tem uma escolha na forma como você escolhe responder a uma situação, Marina” a menina de olhos verdes ouviu a voz de Clara em sua cabeça novamente e ela sabia que sua namorada estava certa. Marina tinha uma escolha. Ela podia segurar sua raiva por Bia, poderia permanecer amarga, mas em última análise, o que ganharia com isso? Tudo transformaria Marina em alguém que ela não queria ser, alguém que era incapaz de perdoar as pessoas por seus erros passados. Ela se tornaria alguém que se recusava a reconhecer que todos são falíveis, que ninguém é perfeito e Marina não queria ser assim. Afinal, ela mesma não tinha cometido erros no passado? Não foi perdoada? Ela tinha ganhado uma segunda chance em mais de uma ocasião. Quem era ela para negar a Bia quando a outra garota, obviamente, lamentava tudo o que tinha acontecido entre elas?

“Eu realmente gostaria disso” disse Bia enxugando os olhos de novo, tocada pela generosa oferta de Clara.

“Eu gostaria também” disse Marina, sua mão brincando com as mechas do cabelo de Clara carinhosamente enquanto observava à namorada, um olhar terno em seus olhos.

“Sério?” Bia perguntou olhando para Marina, o choque no rosto “Mesmo depois do que eu fiz com você?”.

“Sim” disse Marina encontrando os olhos de Bia por um momento antes de voltar sua atenção para Clara que estava olhando para ela com um largo sorriso no rosto “Eu acho que todos nós tivemos drama suficiente para um ano, não acha?”

“Você está falando sério?” Bia perguntou quase incapaz de acreditar no que ouvia “Quero dizer, você realmente quer isso, Marina?”.

“Eu te perdoo, Bia” disse Marina sinceramente, suspirando quando voltou sua atenção para a loira “Tudo o que aconteceu entre nós… entre todas nós… está no passado agora. Vamos deixá-lo lá…”

“Obrigada” Bia disse, um sorriso genuíno aparecendo em seu rosto em meio às lágrimas “Você não sabe o que isso significa para mim. Eu nunca esperava que você… eu só queria dizer que eu era… eu não…”

“Acho que estamos muito bem, mesmo neste momento de qualquer maneira” disse Marina acenando com a mão em desdém na frente dela, querendo amenizar preocupações de Bia, a outra garota claramente desconcertada e incapaz de formar uma frase coerente “Quero dizer, Clarinha bateu em você, você bateu em e um carro bateu nela…”

Clara fez uma careta para o comentário de Marina, mas o canto de sua boca curvou num sorriso e parecia divertida com a tentativa de piada da namorada.

“Obrigada. Você não precisava. Eu entenderia completamente se você nunca pudesse me perdoar pelo que eu fiz.”

“Nós todos nos comportamos de maneiras que não nos orgulhamos em algum momento” disse Marina, uma mão ainda brincando com o cabelo de Clara, a outra entrelaçada a namorada que a observava pensativa “Eu acho que o importante é reconhecer isso e tentar fazer as pazes, se pudermos. Você está tentando, então eu acho que é justo que eu também tente. Além disso, você era realmente boa quando estávamos juntas, Bia. Antes de tudo isso eu quero dizer… eu não teria saído com você se fosse o contrário. A pessoa que fez todas essas coisas este ano não é você, pelo menos não a Bia que eu conhecia.”

Bia baixou o olhar novamente, mas não disse nada.

“Você está bem?” Marina perguntou sentindo que algo mais se passava com a menina a sua frente.

“Eu estou bem” disse Bia levantando os olhos de novo para olhar entre Marina e Clara “Você sabe, eu não quero manter vocês afastadas das suas amigas” ela continuou pigarreando e enxugando os olhos enquanto endireitava-se novamente “Eu só queria pedir desculpas por tudo que fiz até agora…”

“Você sabe que você não é uma pessoa horrível, Bia” Marina cortou recordando algo que ela disse no início da conversa “Você cometeu um erro. Isso não significa que você é nojenta ou imunda.”

“Talvez você possa dizer isso ao meu pai” Bia comentou enxugando os olhos.

“Ele está irritado com o que você fez?” Marina perguntou e Bia assentiu com a cabeça lentamente.

“Tenho certeza que ele vai se acalmar eventualmente” encorajou Clara “Ele ainda é o seu pai, afinal. Quer dizer, eu não falei com meus pais por semanas depois que me forçaram a ir para a reabilitação e eles me perdoaram. Ele vai passar por isso em algum momento. Ele não pode ficar com raiva de você para sempre.”

“Sim, talvez” disse Bia tentando soar convencida.

Seus olhos estavam fixos em suas mãos que estavam brincando com os condimentos sobre a mesa novamente, mas Marina finalmente entendeu o que a loira queria dizer, mesmo que Clara ainda não tinha pego ainda.

Tudo fez sentido para a menina de olhos verdes agora. Ela pensou que entendia o motivo da ira de Bia com ela e Clara, por que de repente tudo mudou proporcionando o que tinha acontecido entre elas.

Inicialmente, Bia tinha sido nada mais do que um incômodo para Marina e Clara. Ela tentou separá-las porque queria Marina de volta, porque ela estava com ciúmes de seu relacionamento agora que finalmente admitia a seus amigos que era lésbica. Mesmo na biblioteca ainda tinha sido sobre isso. Ela beijou Clara porque queria provocar um conflito em seu relacionamento, mas ela nunca tinha sido agressiva. Na verdade, não foi Marina que tinha forçado a loira contra os armários em um acesso de raiva?

Foi só depois que Clara havia batido nela que Bia tinha realmente se tornado cruel e ameaçadora. Foi só depois que ela ficou fisicamente abusiva. Algo havia mudado naquele dia e não foi só por causa de Clara. Foi por causa de outra coisa.

Marina pensou que agora sabia o que poderia ter sido.

“Você não é nojenta e você não está suja” ela repetiu percebendo que o pai de Bia tinha usado essas palavras contra ela e não por causa do espancamento, mas por causa de sua sexualidade “Você é nenhuma dessas coisas, Bia e eu sinto muito que seu pai se sinta assim em relação a você, porque você é atraída por meninas.”

“Ele não está bem com você ser gay?” perguntou Clara finalmente entendendo.

“Nem todo mundo é tão afortunado como vocês, eu acho” Bia respondeu e Clara parecia surpresa com a admissão da loira.

“Bia… eu sinto muito… eu…”

“Não se preocupe com isso. Está tudo bem. Não é uma desculpa pelo o que eu fiz para você.”

“Seu pai é um idiota” Clara comentou “Ele não deveria ter dito essas coisas. Não há nada de errado com você… com a gente…”

Bia apenas deu de ombros, mas não respondeu às garantias de Clara.

“Ele descobriu que você era gay depois do que aconteceu na biblioteca não foi?” Marina questionou perceptivelmente “A escola disse a ele o que você fez… a razão que Clarinha bateu em você…”

“Sim, eles contaram.”

“Você não tinha dito a seus pais que gostava de meninas?” perguntou Clara calmamente.

“Eu disse à minha mãe. Ela disse que seria melhor se eu não dissesse ao meu pai. Ela disse que não havia nenhum sentido em aborrecê-lo com algo que eu provavelmente esqueceria em um ano ou mais. Ele é tão homofóbico…”

“Você queria provar para si mesma que não era uma fase, não é?” Marina questionou “Você queria provar seu erro. É por isso que você me enfrentou? Por que você foi atrás da Clarinha?”

“Eu queria ter a certeza da minha sexualidade antes de jogar fora a minha relação com ele. Então, eu tentei voltar com você. Eu sei que soa estúpido e é. Eu não sei o que estava pensando realmente… eu não sei se você já percebeu isso, mas há surpreendentemente poucas lésbicas na nossa escola, Marina. Eu só sei sobre Jessica Reynolds e ela está saindo com alguém de outra escola… depois dela as únicas que conheço estão nesta mesa…”

“Por que você não comentou isso?” Marina perguntou a ela “Talvez eu poderia ter ajudado você. Não é como se eu não tivesse tido problemas quando me assumi. Demorou para meus pais se acostumarem com a ideia. Talvez meu pai poderia ter falado com ele ou algo assim…”

“Você não sabe como ele é, Marina. Não tem como falar com ele. Ele me odeia agora. Ele sequer olhar para mim. Ele mal chega a dizer duas palavras para mim desde que me bateu…”

Bia parou abruptamente tentando cobrir seu deslize.

“Ele bateu em você?” Marina perguntou e Bia hesitou por um momento antes de responder.

“Não” ela disse, mas Marina poderia dizer que ela estava mentindo e que o ressentimento que sentia com o homem brotou dentro dela inesperadamente.

“É por isso que você estava tão irritado com a Clarinha? Ela acidentalmente te obrigou a se assumir e seu pai não gostou. Ele bateu em você, não foi Bia?” ela repetiu a pergunta anterior e desta vez Bia assentiu com a cabeça.

“Apenas uma vez. Ele pensou que poderia tirar de mim o que quer eu tenha escolhido, como se não fosse quem eu sou” ela revelou rindo, apesar da situação.

“Bia, você tem que dizer a alguém” disse Clara.

“Não. Eu não vou. Ele não fez isso desde então. Foi só aquela vez. Agora ele só age como se não tivesse uma filha e isso é bom porque no que remete a mim, eu também não tenho um pai. Eu suponho que estava projetando as coisas sobre vocês também. Eu acho que somos muito boas nisso.”

Marina virou a cabeça distraída por um momento quando percebeu que o garçom se aproximava com seus lanches da mesa onde o resto das meninas estavam.

“Vocês deveriam ir” Bia disse também percebendo sua chegada “Você não quer suas batatas fritas esfriando. Não há nada pior do que isso.”

Marina se levantou de onde estava sentada e ajudou Clara a se levantar.

“Então, nos vemos na escola?” Marina perguntou e Bia recostou-se na cadeira com cautela.

“Provavelmente” ela respondeu e Marina assentiu com a cabeça uma vez, tomando a mão de Clara.

“Espero que tudo corra bem com seu pai” disse Clara, a garota loira sorriu com gratidão em resposta.

“Eu espero que você se sinta melhor em breve” Bia respondeu apontando para seu rosto e Clara levantou a mão reflexivamente.

“Isso?” ela disse com um tom leve e brincalhão “Eu quase não sinto que está aqui.”

“Talvez eu te veja por aí em algum momento” disse Bia timidamente.

“Talvez” Clara concordou balançando a cabeça e oferecendo um aceno de despedida a Bia.

Ela virou e começou a fazer o caminho de volta para suas amigas, mas parou quando percebeu que Marina não estava se movendo.

“Por que você não vem e senta com a gente?” Marina sugeriu a Bia quando Clara se virou para enfrentar a loira novamente.

“Eu não acho que é uma boa ideia” disse Bia levantando-se da cadeira e pisando na frente de Marina.

“Tem certeza?” ela perguntou e seguiu o olhar de Bia que encontrou Vanessa e o resto das meninas que estavam assistindo a interação.

“Eu tenho certeza. Eu acho que pode levar algum tempo antes que suas amigas permitam essa aproximação.”

“Talvez uma outra hora?” ela ofereceu e Bia sorriu.

“Eu gostaria muito” ela disse antes de acenar para as duas e sair da lanchonete.

Ambos a observaram antes de retornar a sua própria mesa, Marina sentando antes de Clara.

“Então” perguntou Vanessa assim que se sentaram “O que aconteceu?”

“Nada aconteceu” disse Marina quando Clara pegou uma de suas batatas fritas, faminta.

“Nada aconteceu?” perguntou Gisele.

“Não. Nada aconteceu.”

“Então, o que ela queria falar?” Flavia perguntou tomando um gole de sua bebida.

“Ela queria se desculpar” disse Marina comendo suas próprias batatas fritas.

“Você disse a ela que poderia enfiar seu pedido de desculpas no rabo?” perguntou Vanessa e Marina sacudiu a cabeça.

“Não, eu a perdoei” Marina respondeu e a boca de Vanessa caiu tanto que a morena estava quase certa que uma mosca poderia ter entrado nela e sufocado a amiga.

“Por favor, me diga que você está brincando Marina. Quero dizer, eu posso entender se a Mila a perdoasse. Ela é estúpida às vezes quando se trata de coisas como essa, mas eu pensei que você fosse melhor. Bia tem sido nada além de uma cadela para vocês.”

“Eu estou com Vanessa” Flavia concordou com a garota mais alta “Você está esquecendo o que ela fez?”

“Sim” respondeu Marina sorrindo brilhantemente quando sentiu a mão de Clara assentar em seu joelho “Eu acho que estou.”

“Viu, o que foi que eu disse?” Vanessa perguntou diretamente a Camila “Lésbicas… porra, são todas loucas.”

“Você sabe que eu sou lésbica, certo?” Camila perguntou rindo.

“Deixa eu perguntar uma coisa, Vanessa” disse Clara finalmente se envolvendo na conversa e sentando na cadeira “Por que você me perdoou?”

“Quando?” Vanessa questionou confusa.

“Quando eu te tratei como lixo por duas semanas após minha hemorragia nasal.”

“Oh, vamos lá. Isto não é o mesmo.”

“Por que não?”

“Você é minha melhor amiga, Clarinha. É claro que eu te perdoo. Além disso, você estava passando por um momento difícil e você não me colocou no hospital, né? Na verdade, eu acabei colocando você lá… meio…”

“Tudo bem” continuou Clara percebendo que não chegaria a Vanessa usando esse exemplo “E quanto a Mary Clark? Você perdoou e ela roubou seu namorado. Você são parceiras de laboratório agora…”

“Nós éramos calouras quando isso aconteceu. Além disso, estou com Rodrigo agora. Você realmente acha que eu iria guardar rancor dela para sempre? Ela é realmente muito boa quando você esquece o que aconteceu. Ela faz a aula de química ir mais rápido com certeza. Sr. Stone pode ser muito chato quando ele quer.”

Clara levantou uma sobrancelha de forma significativa com as palavras de Vanessa e pegou outra batata enquanto esperava que a moeda a cair.

“Ok, você sabe o quê? O que Bia fez para vocês e o que Mary fez para mim não estão nem perto do mesmo nível.”

“Claro que estão” Clara discordou.

“Bia sabia que ela estava sendo uma cadela” Vanessa protestou.

“Sim, bem como Mary. Ela sabia que você estava namorando Nathan, mas isso não parece detê-la.”

“Ela nunca me bateu, porém” Vanessa argumentou.

“Sim, mas você nunca bateu nela também” Clara voltou presunçosamente.

“Olha” Marina disse não querendo ter que se justificar a suas amigas por ter perdoado Bia “Tudo o que vocês precisam saber é que tanto eu quanto Clarinha a perdoamos. Vocês não precisam concordar, mas você precisam aceitar isso.”

“Manter a raiva é como beber veneno e esperar que a outra pessoa morra” Camila comentou Clara e olhou para ela impressionada.

“Buda?” ela perguntou.

“Sim. Eu vi isso no Tumblr uma vez” ela admitiu honestamente.

“E daí?” Flavia perguntou a Marina “Vocês são amigas agora?”

“Não, nós não somos amigas, não exatamente, mas nós não somos inimigas também. Somos apenas nós. Vamos ver o que acontece…”

“Eu meio que gostei disso” disse Camila levantando o hambúrguer à boca e dando uma mordida.

“Por que?” perguntou Marina enquanto pegava mais batatas.

“Ela é gostosa” Camila respondeu e Vanessa balançou a cabeça enquanto ela acrescentava “Ela é solteira, né?”

“Oh meu Deus” Vanessa gemeu mordendo seu lanche.

As meninas passaram os próximos 40 minutos conversando, Marina colocando um veto sobre o tema de Bia mudando o assunto para algo mais estimulante.

“Vocês sabem que o baile está chegando em breve” ela lembrou “Nós deveríamos ir.”

“Alunos do segundo ano são autorizados a ir ao baile?” Camila perguntou surpresa.

“Não são na sua?” Gisele questionou e Camila balançou a cabeça.

“Não, a nossa é apenas para os mais velhos. É bem legal que vocês podem ir. Quero dizer, é uma coisa junta, certo? Vocês não têm o seu próprio?”

“Não, é conjunto” respondeu Flavinha “Eu não sei o quanto eu quero ir, embora. Será um saco não ter ninguém pra ir.”

“Você vai ficar com a gente” Marina disse a ela.

“Sim, mas vocês estarão com seus pares” Flavia reclamou.

“O que faz você pensar que eu estaria?” Clara perguntou provocativamente e Marina franziu o cenho para sua namorada.

“Você não faria isso” ela questionou.

“Depende…” disse Clara tomando um gole de sua bebida, indiferente.

“De?” perguntou Marina

“Se você realmente vai me chamar ou não” Clara sorriu erguendo uma de suas sobrancelhas desafiadoramente.

“Eu vou pensar sobre isso” disse Marina de brincadeira e Clara revirou os olhos para sua namorada.

“Bem, não demore muito” ela disse levantando-se de seu assento “Lembre-se que você disse a Flavinha que ela poderia me compartilhar com você. Se você esperar muito tempo, ela pode chegar lá em primeiro lugar.”

“Onde você está indo?” Marina perguntou quando Clara fez um movimento para longe da mesa.

“Eu preciso ir ao banheiro. Está tudo bem?”

“Eu acho…” disse Marina encolhendo os ombros e Clara empurrou de leve seu ombro “Faça o que quiser… eu não me importo. Não é como se fôssemos exclusivas. Vá para o banheiro. Saia com Flavia… eu nunca gostei muito de você de qualquer maneira.”

“Você é uma idiota” Clara gemeu.

“Eu acho que você não vai querer ir ao baile comigo então, né?” Marina perguntou e desta vez foi a vez de Clara dar de ombros.

“Boa tentativa, mas ainda não conta como você realmente me perguntar.”

Marina observou Clara quando enquanto ela ia em direção ao banheiro, antes de voltar sua atenção para o resto das meninas na mesa.

“Eu tenho certeza que conta como pedido, certo?” ela perguntou e Gisele fez uma careta.

“Não, isso não conta. Ela está certa” a pequena menina afirmou.

“Sim, quero dizer, você não incluiu as palavras ‘você quer ir ao baile comigo?’” Flavia concordou.

“Ugh, tudo bem. Vou perguntar a ela.”

“Enquanto ela está no banheiro?” Camila riu “Romântica.”

“Ela me pediu para ser sua namorada no banheiro. Você ficaria surpreso com o quão romântico pode ser. ”

“Eu acho que é porque era Clara” disse Gisele fazendo uma careta “Ela é adorável o suficiente para sair com algo assim… você por outro lado…. não é.”

“Sim, só vai fazer você parecer pervertida ou algo pior” Flavinha riu alto.

“Vanessa o que você acha?” Marina perguntou a menina mais alta.

“Sobre o quê?” perguntou Vanessa parecendo um pouco enjoada.

“Você está bem?” Marina perguntou percebendo sua palidez e percebendo que ela estava estranhamente quieta nos últimos minutos.

“Sim” disse Vanessa espremendo para sair da mesa correndo e passando por Camila “Estou me sentindo um pouco mal, só isso. Eu estarei de volta.”

Marina observou quando Vanessa foi para o banheiro antes de lentamente sentar novamente.

“Eu não acho que seria romântico pedir Clara para ir ao baile com o som de Vanessa vomitando ao lado…” Marina disse secamente e as outras meninas riram.

“Eu acho que você está certa sobre isso” Gisele gargalhou.

“Eu não estou surpresa que ela se sinta mal” disse Flavia tomando um gole de refrigerante “Quero dizer, ela estava mergulhando suas batatas fritas em seu milk-shake… tipo… eww… quem faz isso?”

“Clarinha” Marina disse rindo para si mesma.

“Sua namorada é tão estranha” Flavia disse e Marina assentiu com a cabeça.

“Sim, eu meio que amo isso nela…” Marina comentou.

“Ok, agora eu me sinto um pouco mal” brincou Flavia e Marina bateu com firmeza no braço.

“Você acha que devemos verificar se ela está bem?” Gisele perguntou e Marina sacudiu a cabeça.

“Clarinha está lá. Ela vai se certificar que Vanessa esteja bem” disse Marina tomando sua bebida.

Dentro do banheiro, Clara estava lavando as mãos quando Vanessa correu pela porta rapidamente e se jogou no cubículo mais próximo, deslizando sobre os joelhos e sem perder tempo para esvaziar o conteúdo do estômago no vaso.

“Vanessa?” Clara perguntou preocupada jogando a toalha de papel para o lixo e caminhando até onde sua amiga estava vomitando ruidosamente.

“Eu estou bem” ela ouviu sua amiga dizer com a voz fina enquanto se encostava na parede do cubículo e pegava o papel higiênico para limpar a boca.

“Sim, claro” disse Clara agachando-se ao lado dela “Eu vomito sem razão o tempo todo também.”

Vanessa deu Clara um olhar aguçado e lábio da menina menor arqueou quando percebeu o que havia dito .

“Tudo bem” ela reconheceu lembrando quando tinha vomitado por causa de uma mensagem de correio de voz “O que está acontecendo?”

“Nada. Eu acho que talvez seja uma intoxicação alimentar ou algo assim.”

“Você comeu a mesma coisa que eu” Clara lembrou tirando o cabelo do rosto da amiga e acariciando sua testa “Você tem certeza que não é outra coisa?”

“Como o quê?” perguntou Vanessa.

“Tipo, eu não sei…” disse Clara sentando-se ao lado dela e pegando sua mão “Outra coisa…”

Clara levantou os olhos para encontrar os de Vanessa , seu significado transparente para ambos.

“Pergunte” Vanessa solicitou a sua melhor amiga, ansiosa para finalmente ser capaz de dizer a alguém a verdade.

“Em uma escala de um a dez” Clara começou confundindo Vanessa por um instante “Quão grávida você está, Vanessa?”

“Em uma escala de um a dez?” perguntou Vanessa “Onze.”


Notas Finais


Faltam 9
Vejo vcs nos comentários!
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