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História Simplesmente Acontece (HIATUS) - A Realidade Está No Lado de Fora


Escrita por: Hurted

Notas do Autor


Heey you~

Desculpem-me por não ter atualizado final de semana passado, estive realmente ocupada e me senti mal por não ter as longs em dia. Mas aqui está! E estamos mais perto de conhecer nosso(a) pequeno(a) "history" *O*

Espero que gostem do capítulo e relevem qualquer erro ;)

Capítulo 4 - A Realidade Está No Lado de Fora


Por que eu? Precisava ser especificamente eu? Ter que lidar com a depressão, a partida de Viktor e agora isso? Eu juro, eu queria estar morto. "Isso é da juventude, vai passar." Não! Tá acontecendo mesmo! A depressão é real e eu não sei lidar com isso me mantendo acordado dia e noite! Eu não dormi nada e são 09:00 horas, meu voo sai ao meio-dia. O melhor jeito de encarar isso é voltando para Hasetsu e contando para minha família. Não sei qual vai ser a reação de minha mãe, pois ela sempre me alertou quando eu saia com alguns amigos. Para falar a verdade, acho que mamãe sempre soube que eu gostava de garotos... Já conversei com  Minako e Yuri ontem à noite. Não contei a ela o porquê da minha volta ao Japão, apenas disse que passaria algum tempo com a família antes de eu "ingressar em Yale". Só de pensar que não farei faculdade me dá enjoos. 

— Yurio, o que você tá fazendo? Disse que me levaria no aeroporto, sem falar que precisamos passar no estúdio para pegar Minako. 

Ele manteve-se em silêncio. Onde está os seus gritos e xingamentos? Eu estava sentado no sofá da sala fazia uma hora. Mexia no celular um pouco, assistia o telejornal até ele se arrumar para sairmos. Irei sentir sua falta, Yurio tem me ajudado a beça nos últimos dias, não, acho que sempre me ajudou. Quando fui diagnosticado com depressão ele passou a ter mais cuidado comigo. Sempre que fazia brincadeiras passava a mão no meu cabelo depois. Minako se tornou uma segunda mãe. Claro, minha mãe sempre foi um doce comigo e sempre procurou saber como eu me sentia, conversava com ela por horas e sempre nos damos bem. Com Minako é a mesma coisa. Sendo minha professora desde os meus 5 anos, mamãe e Minako sempre tiveram um vínculo de amizade, então não foi problema eu ter vindo para Boston com ela. 

— Yurio, anda log... pensei que tinha pegado todas as minhas malas. O louro parou a minha frente com o rosto pouco corado, carregava um sorriso leve e os olhos marejados. 

— Essa mala não é sua. - disse ele sentando-se ao meu lado. 

Encarei a mala e realmente não era nenhuma das minhas. A coloração era marrom escuro e possuía uma maleta extra e eu não tinha nenhuma desse modelo. Olhei mais uma vez para Yurio e ele sorriu docemente.

— Eu vou com você. 

Nem em um milhão de anos eu deixaria ele desistir da faculdade de dança para voltar pro Japão. Marrento e teimoso do jeito que é eu temia que ele faria algo do tipo. Nem fodendo que ele vai comigo! Isso só poderia ser mais uma pegadinha de mal gosto dele, Yurio tem esse fetiche comigo e eu odeio quando faz isso em um momento complicado. 

— Você enlouqueceu? Yuri, você vai para a faculdade! Você ganhou uma bolsa em Yale! YALE! E vai desperdiçar por minha causa?!. - já sentia meu peito doer. 

Ele sorriu e pôs a mão em cima da minha no sofá. 

— Contanto que eu esteja com você, que eu esteja vendo você bem. Tanto faz a faculdade. 

Ele estava fazendo aquilo de novo. Mordi o lábio inferior com força para segurar o soluço, mas com seu olhar transbordando carinho era impossível. Por que sempre é protetor comigo, Plisetsky? Por que você precisa estar comigo aonde quer que eu vá? Droga, eu não aguento o fato de estar gravido e te ter como um "pai"... droga eu quero gritar o quanto eu estou péssimo e feliz. Eu tenho tanta sorte por te ter como amigo, mas eu odeio você. 

— Quê droga é essa que você está falando?! Não! Você não vai comigo, Yuri! Não vai! - levantei-me do sofá. — O-onde você está com a cabeça?! E o ballet?! E... e Otabek?! 

Os dois estavam juntos há três meses escondido do pai de Altin. Yurio suou muito para namorar com o cazaque. Certa vez Yurio me acordou as 04:00 da manhã para que eu levasse ele até a casa do namorado. Às vezes achava que o amor que Yurio sente por Otabek é quase tão forte quanto o meu por Viktor. Ele olhou-me com o queixo tremendo e as lágrimas a escorrer de seus olhos. Dói tanto ver seus traços russos contorcidos em tristeza. 

— Nós terminamos. - foi a única coisa que disse. 

Aquilo foi como cair de cara no chão. Eu podia ver ele lutando contra si próprio para eu não vê-lo chorar, como se ele estivesse mantendo o ar de soldado para me passar suas forças. Novamente, por quê? Por que tudo que está em minha volta vira pó? Tudo se desmancha ou vai embora, tudo morre, tudo sangra e eu só vejo lágrimas. Ajoelhei-me em sua frente e segurei seu queixo para que pudesse ver seu rosto. 

— Você não fez isso por mim, né? - ele tocou minha mão. 

— Claro... que não , Katsudon. - fungou. — Nós dois sabíamos que não daríamos certo, ele é rodeado de mulheres. Está mentindo, Otabek é conservado, só deixa chegar perto quem ele quer por perto. Eu admiro isso nele e Yurio tirou sorte grande. 

— Está na hora... vamos? - olhou a hora no celular e limpou o rosto. Continuei ajoelhado. 

— Não minta pra mim, Yuri. 

— É errado eu querer cuidar de você? Droga, você também não vai para a faculdade.

— Mas não é você que está gravido! 

Outra vez eu chorava e Yurio me acalmava. Sim, eu definitivamente não conseguiria ficar sem suas carícias. Quando eu via Viktor levando alguém para sentar em seu colo era Yurio quem me acalmava. Sempre foi ele. Eu estou quase chamando-o de pai. 

— M-me desculpe, eu... eu só não quero que você... perca todo seu tempo comigo. - eu chorava. 

— Pode deixar que eu vou sim. - riu contagiando-me. 

Limpamos nossos rostos, dirigimos até o estúdio de Minako e de lá fomos para o aeroporto. A bailarina não parava de alisar meu cabelo. Era choro pra lá, choro pra cá. Era o Yurio reclamando de tanta "melação", mas o mesmo estava a pouco tempo fazendo o mesmo. E até pior. 

— Sempre me mandar fotos, sempre me telefonar, sempre praticar ballet! - puxou a orelha do russo. - e nunca se esqueçam de mim. - damos um abraço coletivo. 

— É impossível esquecer a mulher que quase me matou no primeiro espacate... - Disse Yurio fazendo bico logo levando um tapa de leve no braço.

— Nos cuidaremos bem. - Yurio me olhou. 

Nada estava dando certo, ao menos eu estava voltando para casa e veria minha família. Ao menos isso, já que minha vida virou de ponta-cabeça. Entramos no avião e Yurio adormeceu assim que decolamos, eu fiquei algum tempo pensando no que farei de agora em diante. Quer dizer... eu... não sei que quero ter esse bebê. E se eu desse para um orfanato? Seria uma boa ideia, mas tenho certeza que mamãe irá querer um neto. E... eu não quero contar para Viktor que ele tem um filho, melhor, que ele terá um filho e comigo! Por que esse avião simplesmente não cai? 

— Aceita chá ou biscoitos? - perguntou a aeromoça. 

— Biscoitos. - sorri e ela deu-me um pacote. 

— Fique a vontade para pedir o que quiser. 

Será que posso pedir para o piloto matar todos nós? Droga, cá estou eu pensando em morte de novo. Minha doutora disse que se eu pensasse em me suicidar-se novamente era para pensar em coisas boas, mas que coisas boas? A única coisa boa é... esquece, não há nada. Já que passaria praticamente um dia e metade de uma noite viajando, aproveitei para tirar um cochilo. 

— Yuuri. - alguém me sacudia. — Yuuri, acorda! Precisamos descer.  - Abri os olhos sonolentos e Yurio já estava em pé ao lado de nosso assento. 

— Quê? 

— Faremos uma pausa para depois continuarmos a viajem. 

Eu havia esquecido. Quando fomos para Boston paramos na Europa para uma pausa. Voos longos assim precisam de pausas. Entramos no aeroporto e procuramos por lanches, mas eu não estava apto para comer. Acordei sentindo-me tonto, isso com certeza era sinal de gravidez. Não quis falar para Yurio que estava enjoado, uma hora eu teria que comer. 

— O que você quer comer? - perguntou-me.

Procurava alguma lanchonete ou cafeteria, mas acabei tropeçando os olhos numa loja infantil. 

— Yuuri? 

Caminhei até a vitrine e olhei por todos os brinquedos de recém nascidos. Aviõezinhos, ursos que cantam, roupinhas... já sentia o líquido quente molhar meu rosto. 

— Ah, Yuuri. - abraçou-me. 

Para mim isso tudo não passava de um pesadelo, uma hora eu acordaria e iria rir da minha própria cara. Mas o pesadelo não acabava nunca. Eu só queria estar em casa trancado no meu quarto para poder chorar tudo o que eu queria agora. 

— Vamos comer algo. 

— Não! - afastei seus braços de mim. — Se eu comer vou vomitar!  - Yurio pensou analisando meu rosto.

— Vou te comprar um suco, vem. - arrastou-me para uma loja natural. 

Vendiam todo o tipo de suco natural, eu acabei escolhendo um de morando, 700ml. Estava faminto, mas vomitaria tudo o que eu colocasse na boca. Engravidar é um saco. Voltamos para o avião e dentro de algumas horas estaríamos no Japão, Hasetsu para ser mais exato. Eu estava ansioso, conversava com mamãe apenas pela webcam e agora poderia lhe dar um abraço. Veria Mari e papai também, tomaria banho nas termas e dormiria em meu velho e pequeno quarto. É, eu senti saudades de casa. A primavera é linda em Hasetsu e estava ansioso para presenciar uma novamente, não sei como consegui suportar toda essa saudade na América do Norte. Amo Boston, mas Hasetsu é meu lar. 

*

09:10 do dia seguinte / Aeroporto de Hasetsu

— Sente-se bem, Katsudon? - perguntou Yurio enquanto íamos em direção ao saguão. Eu deveria respondê-lo, mas decidi ficar quieto. Meu silêncio sempre respondeu por mim, é a melhor forma de responder alguém. 

— Yuuri-kun!

Essa voz. 

Procurei por todos os lados e ela estava bem a minha frente. Yuko, a garota para quem contei primeiro que gostava de garotos. Avistei mamãe e papai, Mari com certeza deve ter ficado na terma. Corri na direção deles logo abraçando mamãe que me esperava de braços abertos. Desabei naquele abraço pelo qual eu esperei todos os dias. 

— Yuuri, o que foi meu amor? - Eu chorava tudo o que nunca chorei. 

Eu acho que sou orgulhoso por nunca ter gritado com a minha mãe. Ela sempre esteve disponível para qualquer fase difícil que eu estivesse passando e creio que nessa fase ela vai estar aqui. Mas, eu me culpo. Me culpo porque ela alertou-me tantas vezes e aconteceu. Desculpe-me mãe, aconteceu e eu só sei chorar aqui no conforto de seus braços. Mal tenho forças para ficar em pé pois só comi alguma biscoitos que teimaram em querer sair de mim...

— Eu senti saudades, mãe... - soluçava alto. 

— Ah, meu Yuuri! Eu senti muitas saudades do meu menino também. A casa não era mais a mesma sem você. - deu-me um beijo na testa. 

— Vamos para casa, lá podemos matar a saudade de você melhor. - meu pai alisou meu cabelo. 

Era disso do que eu mais precisava, de meus pais. Os pais de Yurio moravam em Moscou, mas ele se mudou com o avô para o Japão quando tinha 10 anos. Foi aí que o conheci. Ele disse que ia para a casa do avô e que mais tarde passaria na  minha para conversar. 

— Yuuri. - puxou-me para um canto. — Precisa de mim?

— Não, quero fazer isso sozinho, apenas desta vez. - encarei seus olhos verdes. 

— Você cresceu. 

— Cala a boca! - ri. — Obrigada por tudo, Yurio. Te ligo mais tarde. - abraçou-me e seguiu pela esquerda. 

Fomos para o estacionamento recordando de minha vergonhosa infância. Como Yuko foi minha babá por alguns meses, ela gargalhava de quando eu comecei no ballet. Queria sempre tentar coisas novas e ela sempre foi a melhor da turma. Takeshi, o cara com quem ela namora agora, também era o melhor da turma, ele vivia me incomodando. Dizia que eu nunca conseguiria. Besteira, agora somos praticamente melhores amigos. 

— Chegamos! 

— Vocês demoraram. Yuuri! Seja bem-vindo! - Mari abraçou-me. 

Eu estava bem, mas precisava contar a "novidade". 

— Eu vou tomar um banho e logo desço para comer algo. - mamãe assentiu. — Mãe? Será que... podemos conversar depois? 

— Mas é claro! Prepararei seu café. - sorriu. 

É claro, um banho não aliviaria o fato de eu estar carregando um feto dentro de mim, mas conversar com mamãe sim. E-eu nem sei por onde começar! Não quero contar para Viktor, pois só agora ele vai realizar o sonho de ser patinador, e eu não quero estragar tudo. Infelizmente não poderei fazer a faculdade de dança com Yurio, sem falar que ele deixou Otabek só para voltar ao Japão comigo. O que acho super errado, sinto que foi eu quem acabou o relacionamento deles. Deixarei que o barulho da água relaxe meu corpo. Daqui alguns meses estarei enorme. Não! Não quero pensar nisso agora, mas tenho medo de levar um tombo e acabar matando o ser dentro de mim. Será isso instinto? Estou nervoso. 

Terminei o banho, tomei o café da manhã com Mari e chamei mamãe para conversar em meu quarto. Ouvi batidas de leve em minha porta. 

— Pode entrar. - mamãe abriu a porta sorrindo. 

— O que você queria me contar. 

Seu sorriso calmo, sua respiração regulada, o jeito carinhoso como me olhava... deixava-me ainda mais nervoso. Observava seu corte chanel e a pequena franja sob a testa, suas bochechas gordinhas e seus olhos brilhantes... 

— Mãe... - mordi o lábio. — E-e-eu... - já estava vendo tudo embaçado. — Eu e-estou... 

— Gravido? 

Isso... foi a mamãe? Estou olhando para as minhas mãos trêmulas, não tenho coragem de olhar para seus olhos, os olhos que confiaram em mim. Isso só faz eu ter mais vontade de chorar, o que eu acho esquisito, de onde vem tanta lágrima? Eu passei as últimas horas chorando.

— Yuuri? - segurou meu queixo fazendo nossos olhos se encontrar. — É isso, amor? 

Por quê? Por que está chorando, mãe? Por que está tão calma? Por que não me mata logo? Por quê? Eu "quebrei as regras"... sei lá como devo chamar isso... eu descuidei-me... droga... 

— Mãe... eu juro... eu fiz tudo certinho... eu nunca... quis... desobedecer você... 

— Yuuri, escute-me. Quando você me desobedeceu, filho? Você só me trás alegrias! - soluçou. — Yuuri, você não fez nada de errado, pelo contrário, isso é natural e saiba que você tem sua família, um lugar onde você pode chamar de lar. Nós te amamos, meu Yuuri. 

Eu gostava de quando Yurio me acalmava, mas ter mamãe aqui é quase como estar em paz.

— E-então não está brava comigo? Por eu estar...

— Gravido? - ela deu um enorme sorriso. — Estou ansiosa para conhecer meu neto. 

É, esse é o problema, mãe. Ele só terá a mim. 

— Mas me conta, você tem um namorado? 

— E-e-eu... nós... ele... não, mãe. - comecei a chorar desesperadamente. Lembrar de Viktor é sempre difícil. Lidar com a situação é bem demorado, e eu sempre acabo num estágio da depressão macabra. 

— Calma - deitou minha cabeça em seu colo. — Vocês brigaram? 

— N-não... ele... voltou para o país natal e... nós nunca namoramos... mãe, eu realmente não consigo falar disso. - tapei meu rosto. 

Eu queria poder contar a ela tudo o que me aconteceu em Boston nos últimos meses. Queria falar sobre o quão Viktor é gentil e um cretino. Sim, um cretino, mas eu amo ele. Amo muito! Eu queria poder esclarecer essa gravidez, mas é impossível não lembrar do russo e não chorar. Então eu atinjo a última depressão e me isolo, é assim que afasto as pessoas de mim. Não entendo como Yurio ainda está ao meu lado. 

— E você quer o bebê? 

Eu quero? Eu não sei. Uma parte de mim diz não, mas a outra... a outra quer cuidar mais que tudo. E eu acho que isso é equivalente a uns 90%, então talvez a reposta seja... sim? Sim, eu quero... Mas fiquei em silêncio. 

— Já entendi. - ela arrumou o travesseiro para que eu pudesse dormir. — Quando quiser me contar um pouquinho mais, é só me chamar. Por enquanto o único bebê dessa casa é você, descanse. - beijou minha testa logo saindo do quarto. 

Eu chorei outra vez. Estar em casa é tão bom, sentir os beijos da mamãe de verdade é tão bom. Aqui eu sinto que choro em paz, sei que é sintomas da depressão misturada com a gravidez... uma hora passa, eu acho. Agora eu só quero dormir e acordar em um mundo onde eu possa ter Viktor novamente e voltar tudo como era antes. 


Notas Finais


É a segunda vez que posto um cap dessa long e sinto nervosismo e.e é bastante complicado escrever sobre a adolescência de Yuuri, mas saibam que não será apenas assim, dias melhores virão e Yuuri estará totalmente curado de seus demônios s2

Comentem, digam-me o que acharam da revelação... a decisão de Yuuri... o carinho de Plisetsky *-*

Até o próximo ;*


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