História Sweeten - Taekook - To Like

Taehyung estava ofegante, seus olhos me encaravam confusos, como se minhas palavras não tivessem se encaixado completamente em sua mente.

Não sabia o que ele iria responder, na verdade, não tinha certeza se ele havia escutado e não era a minha intenção me declarar para ele, nem mesmo tinha certeza se aquilo era de fato uma declaração. Minhas palavras foram tão genuínas que eu sequer estava buscando por uma resposta, mas, de alguma forma, eu queria que ele soubesse que eu estava sentindo “algo” por ele.

Eu não conseguia determinar quando esses sentimentos começaram a crescer em mim. Só percebi que, a partir de um certo ponto, cada olhar dele acelerava meu coração. Era uma vontade incontrolável de tocá-lo e não soltar mais. Eu desejava beijá-lo, experimentar seus toques, carinhos e provocações. Ao mesmo tempo, queria apenas a proximidade, queria protegê-lo, observá-lo e ouvir  as coisas — com ou sem sentidos — que ele dizia.

Taehyung permaneceu me observando, sua expressão vazia, talvez um pouco confusa.

— Ei... — Sussurrei. — Eu não estou esperando uma resposta, nem sei se você ouviu, mas eu  só quero que você saiba que eu gosto muito de você... — confessei em um tom que ele pudesse ouvir.

Taehyung acariciou minha orelha, olhando nos meus olhos.

— Me desculpe, Jungkook, eu realmente não sei o que dizer. Talvez eu saiba, mas... tenho medo de  me arrepender depois... — Ele respondeu com pausas, e o seu olhar parecia perdido.

Sua resposta me deixou mais decepcionado do que imaginei que ficaria, mas por outro lado, me senti obrigado a compreender, afinal, aquilo também não dizia muita coisa. Pelo menos não parecia um fora.

— Está tudo bem, nos conhecemos há quanto tempo? Um pouco menos que um mês? — Perguntei tentando fazer os cálculos em minha mente. — Você sabe tão pouco sobre mim, e eu menos ainda sobre você…

Saí da posição anterior, ficando sentado na cama.

—  Desculpa, eu ainda estou um pouco cansado por causa de tudo o que aconteceu nos últimos dias… Pode me dar mais um tempo para que eu possa clarear os meus sentimentos? — Taehyung indagou ficando na mesma posição que eu.

— Claro que sim… Na verdade acho que eu estou sendo emocionado demais e- — Nesse momento ele falou o meu nome, mas decidi continuar tentando me explicar: — acho que posso estar confundindo as coisas também, tudo está acontecendo tão rápido… 

— Jeon-

— Além do mais as aulas acabaram de começar, e provavelmente iremos estar ocupados demais para-

Taehyung segurou a minha nuca e colando os nossos lábios. A sua forma de  me calar foi tão intensa quanto uma respostas às palavras não ditas.

Seu toque era quente, e a energia que emanava de seus lábios parecia desfazer qualquer dúvida ou confusão que pairava entre nós. Ele não aprofundou o beijo, e mal consegui refletir quando ele afastou os seus lábios dos meus e me encarou.

— Às vezes você fala demais, sabia? — Taehyung murmurou ainda com a mão em minha nuca, passando a acariciar a região.

— Desculpa…

— Acho que sou eu quem te deve desculpas, Jeon. Sinto muito por não poder ser claro com você nesse momento, mas me apaixonar no último ano me trouxe tantos problemas… E nesse momento, a última coisa que quero é passar por isso novamente… — Sua voz soou firme, mas suave. — Eu também sinto algo por você, algo que não consigo explicar completamente neste momento.

Quando Taehyung percebeu que eu iria permanecer em silêncio, ele se aproximou ainda mais buscando os meus lábios, me beijando de uma forma delicada, enquanto segurava o meu rosto e fechei os olhos, correspondendo ao ósculo.

Ele parou de me beijar por um momento, mas logo me surpreendeu quando sentou em meu colo posicionando suas pernas em cada lado do meu corpo, então segurou o meu rosto com as duas mãos e depositou um selar lento em meus lábios.

— Está chateado comigo? — Sua voz soou baixinha, enquanto a sua boca permanecia próxima a minha.

Apenas neguei com a cabeça envolvendo os meus braços em sua cintura.

— Só estou tentando absorver tudo o que aconteceu, mas estou feliz que a gente tenha conversado sobre isso.

— Acho que vai levar um tempo para eu conseguir processar tudo — Taehyung murmurou, como se estivesse compartilhando um segredo, e beijou o meu pescoço. — Afinal, até alguns dias atrás eu pensava que você me odiava…

Sei que ele falou aquilo apenas para me provocar, por isso rebati:

— Claro que antes não gostava de você. Você foi rude, me ignorou e ainda me julgou mal.

— Não lembro disso. — Ele respondeu ainda em um tom de provocação, mas não conseguia ver a sua expressão pois o seu rosto permanecia próximo ao meu pescoço, enquanto a sua mão acariciava a minha nuca.

— Quer que eu lembre para você? — Perguntei.

— Não precisa. — Ele disse, voltando a beijar meu pescoço.

— Mas agora eu insisto! Vamos começar com a parte em que tentei falar com você no primeiro dia que nos vimos e você me ignorou, lembra? —Questionei.

— A gente já conversou sobre isso, coelhinho, não seja rancoroso… — Dessa vez ele beijou o meu ombro.

— E quando peguei os lençois no quarto de Yoongi, para ele e Hoseok, você achou que eu queria pegar as coisas dele para mim, não é? — Perguntei, ainda magoado.

— Quê? — Ele gargalhou alto. — Não foi isso, Jungkook. Yoongi odeia que mexam nas coisas dele, principalmente em suas roupas, até comigo ele briga! Imagina se descobrisse que vi um desconhecido mexendo em seu guarda-roupas e não tentei impedir?! — Perguntou, ainda rindo. — Vamos esquecer isso, ok?

Aproximou nossos lábios para me dar um selar rápido.  

Não tinha pensado por aquela perspectiva. Eu ainda era um desconhecido no meio deles, claro que ele tinha motivos para desconfiar de mim, e mesmo assim só estava zelando pela confiança de Yoongi.  

Minhas mãos o puxaram para um beijo mais profundo, segurando o seu quadril com firmeza, aumentando o contato. Nossos corpos se entrelaçavam, e o quarto parecia ficar mais quente à medida em que o nosso beijo ia se intensificando.

Puxei a cintura de Taehyung para mais perto enquanto o beijava, mas minhas mãos não se contentaram apenas com aquele contato, então meus dedos começaram a deslizar para debaixo da camisa que ele vestia, acariciando as suas costas.

Taehyung gemeu entre o beijo devido ao atrito de nossos corpos, e eu sentia cada centímetro de minha pele reagir cada vez que ele roçava abaixo de meu quadril.

— Hm... Jyun-Jungkook — Taehyung pronunciou, afastando nossas bocas.

— Sim? — Murmurei, depositando beijos em seu pescoço.

Taehyung se afastou suavemente, suas mãos ainda apoiadas nos meus ombros, seu olhar uma mistura de desejo e preocupação.

— Jungkook, acho que precisamos parar. — Ele disse, sua voz agora um sussurro, e as suas mãos desceram gentilmente pelos meus braços para afastar as minhas, que o segurava. — Você acabou de sair do hospital e amanhã temos aula. Não podemos continuar.

Suas palavras fizeram com que o meu entusiasmo fosse substituído por uma pontada de decepção, mas eu sabia que ele estava certo, mesmo que  quisesse mais daquele momento, sabia que era compreensível que houvesse um certo limite, especialmente considerando as circunstâncias.

— Sim. — Respondi com um suspiro, recuando um pouco. — Você tem razão.

Taehyung se levantou do meu colo, ajustando a camisa como se quisesse recobrar um pouco de compostura. Olhei ao redor do quarto, tentando disfarçar a pequena frustração que senti. 

— Acho melhor eu voltar para o meu dormitório, não era minha intenção ficar tanto tempo, e a última coisa que quero é começar o semestre com sono.

O quarto, antes cheio de eletricidade, agora parecia mais frio, então permaneci sentado na cama, assistindo-o se mover pelo ambiente.

— Quer que eu te acompanhe até o elevador? — Perguntei já me levantando da cama.

Ajeitei as roupas, tentando recuperar algum senso de normalidade. A proximidade íntima que compartilhamos ainda pairava no ar, mas já estávamos de volta à realidade.

— Não precisa, só quero que você descanse, amanhã vai ser um longo dia. — Ele sorriu, mas havia uma seriedade em seus olhos.

Taehyung me deu um beijo suave na testa antes de sair. Fiquei ali, na penumbra do quarto, refletindo sobre tudo o que havia acontecido. 

Pov’s Taehyung

O caminho do corredor parecia interminável enquanto eu seguia apressado em direção ao meu dormitório. Cada passo ecoava nos corredores vazios, e o meu coração batia apressado revelando a urgência que eu tinha para chegar ao quarto de Jimin e desabafar com ele.

Enquanto descia as escadas de emergência acabei me recordando da primeira vez que vi Jungkook, na verdade, me lembrei do motivo de tê-lo ignorado naquela festa: momentos antes dele chegar ao local, eu havia encontrado o meu ex namorado aos risos com uma caloura e passei o resto da noite pensando sobre aquilo.

Minha visão estava embaçada pela raiva e  pela tristeza recente, a última coisa que eu queria naquele momento era interagir com alguém que eu não conhecia, e era complicado conversar até mesmo com os conhecidos.

Parei por um momento, perdido em meio às lembranças, me lembrando do olhar confuso de Jungkook quando o ignorei, sem entender por que alguém faria isso sem motivo aparente. Naquele momento, Jungkook era apenas um espectador, e acabou se tornando uma vítima involuntária da tempestade emocional que estava vivendo por alguém que havia me largado.

Continuei descendo as escadas até chegar no segundo andar e segui para o corredor onde daria no meu dormitório. O corredor que me conduzia ao quarto de Jimin, inicialmente iluminado pela urgência de desabafar, começou a ficar turvo à medida que memórias antigas ressurgiam, obscurecendo minha mente. O nome "Jyun Myonsok" ecoou como um sussurro, carregado de emoções enterradas.

Parei na porta do apartamento que dividia com Hoseok e Jimin, com um receio recente em ter que tocar no assunto que se tornou proibido entre eu e meus amigos, um assunto do qual eu achava ter encerrado, mas que pareceu ter retornado depois da confissão de Jungkook.

No ano anterior, quando eu tinha acabado de ingressar na faculdade de teatro, acabei conhecendo Jyun Myonsok, um veterano de psicologia que de alguma forma sempre cruzava os meus caminhos. No início, tudo parecia simples, um cumprimento, sorrisos mínimos trocados e olhares intensos, que aos poucos se tornou uma conexão que crescia exponencialmente.

Naquela época eu já era um pouco mais próximo de Jimin e Hoseok, porque compartilhamos o dormitório, mas Jimin sempre foi como um anjo da guarda, sempre me guiava com conselhos e gentilezas. Uma amizade que se transformou em algo fundamental na minha vida tumultuada. Ele era meu porto seguro, meu melhor amigo.

Mas a história tomou um rumo diferente quando me vi apaixonado por Jyun Myonsok. E num momento de coragem insana, decidi me declarar para ele. As palavras saíram, carregadas de emoção. Eu disse que gostava dele, que a questão de sermos homens não me incomodava e que estava disposto a qualquer coisa para ficar ao seu lado.

A resposta dele não foi apenas uma aceitação. Foi um sorriso largo, um abraço acolhedor:

“Eu também gosto de você, Tae, gosto muito. Não acredito que nossos sentimentos são recíprocos” disse ele, e naquele momento, a história do "nós" começou. Iniciamos um relacionamento às escondidas, mantendo nossa história privada, longe dos olhares críticos que poderiam nos julgar.

À medida que os dias passavam, o círculo ao meu redor se expandia por meio das amizades de Jimin e Hobi. Entre essas novas conexões, surgiu Namjoon, o colega de apartamento que Jyun tanto criticava. 

Namjoon, embora fosse alvo das críticas de Jyun, mostrava-se gentil comigo. E apesar disso, a  influência de Myonsok fez com eu me afastasse dele, e, para evitar conflitos que pudessem prejudicar meu relacionamento, me distanciei gradativamente de Jimin e Hoseok, que também tentavam me alertar sobre o meu namorado.

O resultado desse afastamento veio durante as férias de verão, quando fui para a casa de Myonsok passar o final de semana a sós com ele.

No início as coisas foram tranquilas, mas em algum momento nossos beijos não eram tão inocentes, e a forma que ele me tocava parecia me pedir por algo a mais. Até o beijo mais inocente dava lugar a uma tensão palpável, e as carícias sugeriam um desejo mais intenso.

Na cama, as coisas escalaram. Ele desabotoava minha camisa, seus lábios exploravam meu pescoço, e a tensão aumentava. Eu, porém, não estava preparado para esse próximo passo.

Tentei comunicar minha inexperiência, esperando que ele entendesse. A resposta veio na forma de seus lábios no meu pescoço, prometendo ir devagar. O desconforto crescia porque eu não queria  chegar “naquela fase”. Mas, para mim, foi uma transgressão dolorosa. Sentia-me perdendo o controle sobre o meu próprio corpo, e a ânsia dele sufocava qualquer possibilidade de intimidade real.