1. Spirit Fanfics >
  2. Sinergia >
  3. Aurora

História Sinergia - Aurora


Escrita por: anggieparra

Capítulo 2 - Aurora


22 de abril de 2017

Madrid, Espanha

Pedro Alonso

Essa história não poderia começar em outro dia. Sabia que a partir daqui, duas vidas mudariam para sempre. Conhecia bem essas histórias, mas a dos dois me soava um tanto quanto insólita.

 

Horas mais cedo... 

 

Alguns convidados adentravam em minha grande sala. Alguns grupos estavam pelo jardim, outros à beira da piscina. A música alta pelo ambiente deixava-me mais animado. Não havia ninguém dançando na grande pista – de certo que a bebida ainda não tinha posse de nenhuma cabeça. Cumprimentei alguns amigos que passaram por mim e de pronto o vi; sabia qual era seu tamanho esforço para juntar-se à nós.

- Hermanito. - o envolvi em um abraço apertado. - Que alegria ver-te aqui. -  baguncei seus cabelos com minhas mãos; ele odiava, por essa razão o fazia.

- Que cojones! Deixe meu cabelo. - sua mão acertou a minha, tirando-a dos seus fios. - Espero não arrepender-me.

- Como vais arrepender-te? Mira… - passei meu braço em torno do seu ombro e mostrei toda a extensão da sala - Mira quantas pessoas estão presentes! Em um par de horas estarão todos bêbados e bailando pelados. - soltei uma gargalhada.

- Não vou tardar muito, vale?- em um ato ágil, pegou a bebida da minha mão e deu algumas goladas.

- Precisas parar de ser assim. - andei com ele para perto do bar - És uma das poucas noites em que permite-se sair e não vais aproveitar? - sentamos cada um em uma banqueta.

- Vou, mas não com irresponsabilidade.

Ele pediu uma bebida, que para ser sincero, não prestei muita atenção qual foi. Observei um grupo de meninas adentrarem a sala.

- Hola, Pedro. - disse Jessica, a mais conhecida entre as figurantes.

Ela tornou-se amiga da Itziar, uma amizade na qual todos admiram muito.

- Jess! Que bom que estás aqui. - levantei da banqueta e a envolvi em um abraço - Itziar não vais mesmo vir? - perguntei.

- Tentei convencê-la, mas… Tudo indica que não. Acredito que Roberto está para chegar hoje à noite. - tinha um desânimo na voz.

- Hola, meninas. - cumprimentei o restante delas e ouvi todas responderem-me em uníssono.

- Hola, Álvaro. - Jess cumprimentou o mesmo que até então manteve-se em silêncio.

- Hola Jess, como estás? Hola chicas. - respondeu e começou a dar atenção para nossa conversa.

- Bem, gracias. - Jessica tirou o celular do bolso - Podemos tirar uma fotografia?

- Pues claro. Antes que todos fiquem bêbados. - Álvaro respondeu e arrancou gargalhadas de toda turma.

Fomos para um ambiente mais iluminado e posamos para a fotografia. Jess juntamente com as outras meninas agradeceram e de pronto voltamos para nossas banquetas.

- Estás muito calado hermanito. - disse mirando-o.

- Pensando Pedro… Pensando. - ele girou seu copo com o líquido marrom: uma boa dose de whisky.

- Nela? - não tinha como voltar atrás.

"Burro. Burro", pensei comigo mesmo, "Ele não está pronto".

- Nela? Em quem? - fez-se de desentendido, como já esperava.

- Pensamento alto. Perdão. - Ignorei o fato de eu ter razão, ele não estava pronto para essa conversa, ele não estava pronto para aceitar que estava caindo em um precipício. -  Vou cumprimentar os convidados que estão chegando. Vais ficar bem? - coloquei a mão em seu ombro, em um gesto amigável.

- Como não ficarei? Tenho em mãos minha companhia. - levantou o copo e mostrou-me a bebida; sorri e saí da sua visão.

Por mais que tentasse esconder e negar, no fundo, ele sabia que estava jodido.

 

§§§

 

Itziar Ituño

 

Minha mudança de planos para aquela noite foi guinada, tudo porque Roberto não conseguiu chegar em Madrid naquela noite.

Meu olhar tentava, em vão, encontrar os meus companheiros da carpa. Continuei a andar pela enorme sala e vi Pedro conversando com a Alba e a Úrsula.

- Hola. - atrevi-me a entrar na roda.

- Itziiiii, mi amor!! - Pedro agarrou-me e abraçou-me forte. - Sabia que não decepcionarias. - sorri amigavelmente e cumprimentei as duas atrizes que estavam à minha frente.

- Pensei que não virias. - Alba mirava-me.

- Também pensei. - Úrsula parecia ser difícil de lidar, eu sempre tive curiosidade de saber se ela realmente gostava de mim ou se estava apenas sendo educada.

- Até eu achei que não viria, - sorri - Roberto não conseguiu vir esta noite. Então… Meu melhor plano foi comparecer a esta festa. - olhei em volta - Inclusive está impecável, Pedro. - o parabenizei.

- Gracias, corazón! Fiz para vós. - nós quatro gargalhamos - Pues, claro… Para as duas também.

- Ah, essa canção… Venha Alba, vamos dançar!! - Úrsula ouviu as primeiras notas da música e já a reconheceu. Puxou Alba pelo braço e começaram a dançar no meio da pista.

Meu inglês não era o mais avançado, mas consegui reconhecer o primeiro verso da música.

 

 The club isn't the best place to find a lover

"A balada não é o melhor lugar para se achar um amor"

 

Ignorei aquele verso tão marcante e voltei a atenção ao Pedro.

- Já vistes Álvaro? - perguntou sem nenhum cerimônia.

- Não vi ninguém ainda! - disse.

- Vamonos então… Ele está no bar. - ele puxou-me pelo pulso e levou-me.

 

Come over and start up a conversation with just me"

"E você vem aqui e começa uma conversa só comigo"

"And trust me, I'll give it a chance

"E confie em mim, eu vou dar uma chance agora"

 

Meu estômago encheu-se de borboletas - e eu não sabia o motivo; aqueles versos, naquele momento, mexeu com meu sistema nervoso.

- Ainda não conseguistes levantar daí hermanito? - Pedro parou em frente ao Álvaro.

Joder, ele estava lindo! Os cabelos bagunçados, e aquele sobretudo que o deixava ainda mais bonito do que já era. Não posso negar que Álvaro era um dos homens mais atraentes que eu já conheci.

- Se eu disser que já levantei e dancei horrores, vais acreditar? - manteve o olhar no Pedro, nem deu-se conta de que eu estava presente.

- Pues, claro que não. Sei que não levantastes nem para urinar!

- Urinei nas… - antes que completasse, Pedro inclinou a cabeça em minha direção - nossos olhares se encontraram - Ela veio! - foi a última palavra que ouvimos do Pedro antes dele desaparecer.

- Itziar! - falou animado - Não sabias que iria vir… A Jess... 

- Roberto não conseguiu vir esta noite. - ficamos em silêncio, apenas ouvindo os versos da mesma canção que Úrsula correra para dançar.

 

Girl, you know I want your love"

"Garota, você sabe que quero seu amor"

"Your love was handmade for somebody like me"

"Seu amor foi feito na medida para alguém como eu"

"Come on now, follow my lead”

"Vamos lá, me siga"

 

- Não creio que não vens abraçar-me. - sorri e abri os braços para encontrar seu corpo.

- Te echado de menos - sussurrou em meu ouvido, já que a música estava muito alta.

- Não se preocupe, semana que vem temos muitas cenas. - saí dos seus braços e sentei-me em uma das banquetas ao seu lado - Whisky? - perguntei.

- Sim, mas está horrível. - peguei o copo com o líquido pela metade e bebi em um único gole. - Duas doses de whisky, por favor. - pede e mira-me novamente.

- Estás guapísimo!! - bati em seu braço, e em seguida rimos.

- Gracias. Bueno… tu também. - sorrimos e voltamos a atenção na pista de dança.

- Úrsula dança muito bem. - disse enquanto a observava.

- Senhores. - o barman deixou a bebida em cima do balcão e saiu.

- Acredito que tu também. - bebi um gole da bebida e permiti meus olhos repousarem nos dele.

- Quem? - abriu um largo sorriso. - Não! Muito pelo contrário. Como bailarino sou ótimo ator - cerrou os olhos e bebeu um gole da sua bebida.

- Porque não acredito em ti? - arqueei minhas sobrancelhas, enquanto meu olhar estava fixo ao dele.

- Quizás um dia tu tenhas o desprazer de presenciar. - piscou com um olho e voltou sua atenção para a pista de dança.

 

§§§

 

Álvaro Morte

 

A noite foi um tanto quanto provocativa; Itziar e eu trocamos muitos flertes durante quase toda a festa. Seu olhar sempre estava sobre mim – um olhar enigmático e ao mesmo tempo provocador. Tinha a consciência de que tudo que falamos e, talvez fizemos, foi culpa da maldita - ou bendita - bebida.

- Não acredito que ficamos a festa toda juntos e não convidou-me para dançar. - disse com um largo sorriso nos lábios; balançou a cabeça negativamente.

- Já disse que como bailarino sou ótimo ator. - nossas banquetas estavam mais próximas, já conseguia sentir o calor do seu corpo. Em alguns movimentos suas mãos tocaram em mim, mas não incomodou-me, muito pelo contrário: ansiava por qualquer toque.

 

Loving can hurt"

"Amar pode doer"

"Loving can hurt sometimes

"Amar pode doer às vezes"

 

- Pues, já que não vais dançar, preciso aproveitar essa música. - deixou o copo em minhas mãos e caminhou até a pista de dança.

- Não vais deixá-la sozinha, vais? - Pedro sentou no lugar que estava sendo ocupado por ela e olhou-me como se eu tivesse cometendo o ato mais absurdo do universo.

- Por Deus, que susto!!! - olhei para ele e de pronto voltei a atenção toda para ela - Não sei dançar, sabes disso. - não tirei os olhos de sua silhueta delicada e atrativa em movimento. Seu corpo balançava de um lado para o outro lentamente no ritmo da música.

- Joder!! Esta música não dança-se sozinha! - levantou e seguiu em direção a ela, enquanto os observava com um sorriso acanhado e carinhoso nos lábios - sei que Pedro nutria um carinho fraternal por ela.

"Se pelo menos eu tivesse a coragem de dançar com ela…"

Observei os dois dançando, ela apoiou a cabeça no peito dele e movimentou o corpo em sintonia ao dele.

 

Loving can heal"

"Amar pode curar"

"Loving can mend your soul"

"Amar pode remendar sua alma"

"And is the only thing that I know, know"

"E é a única coisa que eu sei"

"I swear it will get easier

"Eu juro que fica mais fácil"

 

A música estava sendo demasiada forte para permitir-me dançar com ela. Como eu a adorava; Itziar era uma mulher forte, destemida, autêntica, aprazível… eu poderia ficar horas e horas elogiando-a. Ela era uma das pessoas que certamente gostaria de ter contato quando tudo isso acabasse, assim como Pedro.

Os observei e perdi-me no tempo admirando aquela linda canção que certamente entraria em minha playlist…

 

And if you hurt me"

"E se você me machucar"

"Well, that's okay, baby"

"Mas está tudo bem, querida"

"Only words bleed"

"Apenas as palavras sangram"

"Inside these pages you just hold me"

"Dentro destas páginas, apenas me abrace"

"And I won't ever let you go

"E eu nunca te deixarei ir"

 

When I'm away"

"Quando eu estiver longe"

"I will remember how you kissed me"

"Me lembrarei de como você me beijava"

"Under the lamppost back on 6th Street"

"Embaixo do poste de luz da 6ª rua"

"Hearing you whisper through the phone"

"Ouvindo você sussurrar pelo telefone"

"Wait for me to come home

"Espere por minha volta para casa"



 

Pedro Alonso

 

O último verso da música acabou e minhas mãos ainda estavam em sua cintura, enquanto as dela seguiam em meu pescoço. Sorri amigavelmente, inclinei meu corpo para meus lábios chegarem em seu ouvido.

- Só estou no lugar dele porque o bundão não consegue dançar bêbado. Caso contrário, ele estaria aqui, guapa. - deixei um beijo em sua testa e ela cerrou os olhos lentamente envolvendo-me em um abraço.

- Também situo-me bêbada e estou certa disso. - nós dois rimos.

Voltamos para o bar e fomos recebidos com algumas palmas silenciosas do Álvaro.

- Sabia que dançava bem, Itziar. - disse olhando diretamente para ela.

- Que isso! Pedro que és um verdadeiro pé de valsa. - passou o braço por minha cintura e abraçou-me.

- Gentileza sua! - deixei um beijo em sua testa e voltei mirar Álvaro.

 

§§§

 

A festa estava quase vazia, a maioria dos convidados já tinham partido. Olhei em torno da sala e os vi sentados no sofá; Álvaro com o braço apoiado no encosto do mesmo e Itziar ao lado dele. Sabia que os dois tinha um carinho um com o outro, mas algo me dizia que não era só isso.

Agradecei a presença de um dos meus amigos da figuração e aproximei-me dos dois.

- Querem que eu os deixe em casa? - sentei no braço do sofá e os observei fixamente.

- Eu agradeço, estou sem meu carro. - ela disse.

- Não hermanito, tranquilo. Se me permites, Itziar, posso deixar-te em casa. Estou com meu carro. - ele auto convidou-se.

"Pelo menos uma", anotei em meu subconsciente para parabeniza-lo.

- Tu tens condições? - perguntei olhando bem no fundo dos seus olhos com uma feição risonha - Bebestes whisky quase a noite inteira. - comentei.

- Parei de beber há um tempo. Tu sabes que não conduzo bêbado. - ele estava certo, nesses meses que estávamos convivendo um com o outro, Álvaro jamais foi imprudente.

- Pedro, perdoe, mas tu já estás em casa, não quero dar-te trabalho. Se puderes levar-me, Álvaro, serei imensamente grata - sorri amigavelmente para os dois.

- Pues claro que nunca vais dar-me trabalho. Mas como já tens uma carona… - coloquei minha mão no ombro do Álvaro - Estás em boas mãos! 

 

Ela levantou-se, deixou um beijo em minha bochecha e abraçou-me.

- Gracias por essa festa. Diverti-me muito.

- Gracias hermanito. Depois nos falamos. - Álvaro abraçou-me com um tapa nas costas e ambos saíram; rindo e abraçando-se amigavelmente.

Os olhares, os sorrisos, os toques, as brincadeiras, a pureza, o carinho, a amizade, o cuidado… Eles ainda não sabiam, mas estavam longe de ser o casal clichê; sei que eles vão além do que eu possa imaginar no momento, também sei que será erro mais certo da vida deles - e eu vou estar aqui para apoiar seja qual for o desfecho.


Notas Finais


Aurora: "as primeiras manifestações de qualquer coisa; princípio."

Foto do Pedro e do Álvaro com a Jessica e as meninas: https://www.instagram.com/p/BTLNI-PgojP/?igshid=gzluqerd7lwz


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...