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História Sinergia - Limerância


Escrita por: anggieparra

Capítulo 10 - Limerância


“Limerância é o estado cognitivo e emocional involuntário, no qual uma pessoa sente um intenso desejo romântico para com outra pessoa”

§§§

26 de abril de 2017

Itziar

Lavapiés, Madrid

Andei pelo apartamento com minha bolsa nas costas e celular em mãos; tudo naquele cômodo me lembrava ele e a noite passada. O sofá era a maior lembrança da merda que tínhamos quase feito. Vi as duas taças em cima da mesa de centro, a sala relativamente ajeitada e a cozinha impecável, apenas com a louça do nosso jantar. “Joder, eu tenho que parar de pensar nisso!!!”.
Jesús já tinha avisado que hoje seria a finalização da cena do hangar; eu estava nervosa, não sabia como iria reagir ao encontrar ali na minha frente o homem que quase me fez gozar ontem. UM HOMEM CASADO! Apesar de ter o Roberto, meus pensamentos não iam até ele, minha preocupação maior era o Álvaro ter se envolvido comigo, sendo casado e tendo dois filhos.

Deixei o apartamento como estava; com provas de que aquilo tinha acontecido. Eu não tinha tempo para arrumar, estava atrasada e o meu carro já estava me esperando.

§§§

Álvaro

Estúdios, Madrid

- Não consegui pregar os olhos. - disse adentrando a copa onde deixaram alguns aperitivos para o café da manhã.

- Meu quarto de hóspedes é tão ruim assim? - Pedro perguntou e eu logo revirei os olhos.

- Sabes que não estou me referindo ao seu quarto e sim ao que aconteceu na noite anterior. - disparei.

- Se não me contares o que aconteceu, não vou saber hermanito.

- Pues sí, temos tempo para terminar hoje. - a voz rouca dela ecoando pela copa me fez ficar paralizado; eu não tinha ar.

- Buenos días Álvaro! - Jesús que estava com ela me cumprimentou.

- Buenos días, Jesús… Itziar. - minha voz quase parou quando disse o nome dela.

- Buenos días… - disse com um sorriso de canto.

- Agora acho que sei o motivo de não ter pregado o olho a noite. E a culpa não foi do meu quarto de hóspedes. - Pedro sussurrou e em seguida eu dei uma empurrada nele com meu braço.

- Queria poder tomar esse café da manhã com vocês, mas fui chamado para revisar um dos capítulos com o Alex. Álvaro e Itziar quero os dois no set em 1 hora. - Jesús se despediu e nos deixou sozinhos.

- Tenho cenas somente mais tarde, vou tentar tirar um cochilo no meu camarim. Deixem comida para mim. - Pedro sorriu e saiu, agora era apenas eu e ela.

O silêncio predominou na copa; ela pegou o que iria comer e sentou em uma das mesas, fiz o mesmo e antes que eu pudesse cogitar em sentar em outro lugar, ouvi a voz dela ecoando pela copa.

- Senta aqui. - continuou comendo.

Sentei em silêncio e comecei a comer alguns queijos que eu peguei; apesar de estar em silêncio ao lado dela, não estava constrangido - afinal ao lado dela nunca fico constrangido - mas naquele momento após a noite que tivemos, realmente havia um clima pesado entre nós dois.

Respirei um pouco mais fundo, sempre com a cabeça baixa, tentando evitar o contato nos olhos. Apesar da gente já ter tido alguns contatos diferentes, uma conexão, quase beijos, nada foi tão forte como na noite anterior.

- Não quero que nossa relação mude…  - vomitou o que estava engasgado na garganta - Nós temos uma amizade linda Álvaro, apesar de tudo que aconteceu, nós devemos manter no esquecimento.

- É isso que eu acredito. Podemos fazer isso, podemos continuar o que somos.

A olhava no fundo dos olhos; eu sentia uma corrente elétrica ao mirá-la. Itziar tinha uma força elétrica em todo meu corpo, por mais que eu tentasse controlar, ela mexia muito comigo.

- Vamos dar o máximo nessa cena do hangar, vamos sentir o que temos que sentir… Vamos dar lugar ao Sérgio e a Raquel. Podemos fazer coisas grandes com nossos personagens. Se ali podemos expressar o que aconteceu, nós faremos.

- Nossa única preocupação hoje é fazer essa cena ser uma das melhores, o público quer ver isso, então vamos dar tudo de nós. Vamos esquecer o que aconteceu e seguiremos como somos. - abri um sorriso e ela me seguiu.

- Passou a noite na casa do Pedro?

- Como sabe? - arregalei os olhos.

- Agora acho que sei o motivo de não ter pregado o olho a noite. E a culpa não foi do meu quarto de hóspedes. - imitou a frase que Pedro sussurrou. - E essa blusa não é sua. - deu um sorriso.

- Sí, fui direto para casa dele.

O silêncio voltou quando começaram a entrar o restante do elenco na copa, todos muito animados e brincando. Terminamos de comer e fomos direto para nossos respectivos camarins. Era muito próximo um do outro, então fomos juntos.

Sentia que realmente ela estava tranquila em relação ao que aconteceu na noite anterior, falhamos como pessoas mas poderíamos deixar isso de lado e seguir como os amigos que somos.

§§§

 

Estava nervoso esperando Itziar chegar, a produção já estava arrumando a iluminação da cena. Eu estava com um roupão, já que Sérgio estaria apenas de samba canção em cena. Itziar veio andando pelo corredor, estava utilizando um roupão e assim que ela ficou lado a lado comigo, a produção começou a verificar se as roupas estavam no mesmo ângulo em que estavam na gravação do dia anterior. Eu observava tudo atentamente; minhas mãos estavam ao lado do meu corpo.

- Não precisa ficar nervoso, vamos fazer o que temos vontade de fazer em cena, e aproveitar até o último segundo. - falou tão baixo que quase não consigo ouvir.

- A partir daqui vamos deixar tudo para trás, e dar lugar ao sentimento dos dois.

Virei minha cabeça e procurei o seu olhar, ela estava tão pequena - provavelmente pela falta dos saltos da cena anterior - abri um sorriso e passei uma das minhas mãos em suas costas como um apoio.

- Vamos nos entregar aqui. - completei e ela acenou positivamente com a cabeça.

- Álvaro e Itziar podem se aproximar, vamos começar as gravações. - Jesus nos tirou daquele momento tão nosso e nos explicou como ele gostaria que fosse feito a cena. - Quero pegar os dois de cima, - apontou para a câmera que estava acima do sofá - Vocês precisam seguir os textos, e um beijo curto no final para depois Raquel se sentar. - assentimos com a cabeça - Vamos passar uma vez para ver como vai ficar a iluminação e o ângulo.

Logo tirei o roupão e deitei no sofá, me ajeitando no ângulo solicitado por Jesus. Itziar sentou ao meu lado ainda de roupão e respirou profundamente.

- Estás nervosa? - sussurrei apenas para ela ouvir.

- Um pouco. - as mãos estavam posicionadas nas pernas, tentando buscar um controle emocional.

- Estás bem, Itzi? - Jesus se aproximou e perguntou diretamente a ela, com um tom baixo.

- Um pouco nervosa. - sorriu de canto.

- Todos que estão aqui foram escolhidos a dedo, sim? Nessas cenas são normais o nervosismo e a vergonha de ter tantas pessoas lhe observando. Mas toda a equipe quer que te sintas confortável. Estamos aqui no seu tempo e quando estiveres pronta. - ela estava olhando fixamente para o Jesus, o corpo mal se movia.

- Jesus podemos ficar a sós um pouco? - sabia que Jesus não iria resolver muita coisa, apesar de estar tranquilizando-a, seria mais fácil ela tirar o roupão apenas comigo, do que com uma equipe inteira.

- Vamos dar alguns minutos para ela? Chamem a Sara e a Keila por favor. - Jesus se levantou pedindo para o pouco da produção sair um instante e logo voltou a atenção a Itziar - Leve o tempo que for preciso, começamos as gravações cedo, temos o dia todo. - e saiu, nos deixando sozinhos.

Esperei todos estarem fora do estúdio e me sentei ao lado dela, segurei a sua mão que estava gelada.

- Itzi, podes confiar em mim. Somos amigos de cena, quero que se sinta confortável com as cenas, principalmente essas mais sensíveis. Quer conversar sobre? - disse calmamente a mirando enquanto seu olhar estava distante.

- Acho que agora não… - ela respirou fundo e mirou-me no fundo dos olhos - Há muitos anos tive uma cena muito explícita, passei por alguns traumas e normalmente tento evitar gravar essas cenas. Sei que é uma cena extremamente importante para a série, estou buscando passar por cima de todos os meus medos e angústias, acredite. - ela abriu um sorriso tão triste, juntamente com os olhos marejados.

- Itzi… - ela continuava mirando-me no fundo dos olhos - A primeira coisa antes de tudo, sinto muito pelo que passou, nenhuma mulher deve passar por essas situações, ainda mais 

no próprio trabalho. Então eu sinto muito, de verdade. Se precisar de mim para conversar e para contar, fico à disposição para te ouvir e te ajudar. - acariciei sua mão - Quero que confies em mim, sou seu companheiro de cena, vou te respeitar até o último minuto contigo. Quero que se sinta confortável, se caso não se sentir com a equipe, esqueçam que eles estão aqui, apenas viva o momento e faça o que o seu corpo queira fazer. Estarei ali te segurando e te protegendo de qualquer coisa que possa passar. Prometo que nada, nem ninguém irá te desrespeitar nessas gravações, somos uma equipe, estamos juntos. Mas além disso tudo, és minha dupla, então estarei mais ainda contigo.

Vi as lágrimas prontas para descerem pelo seu rosto e logo as limpei no canto dos olhos.

- Sei que prometemos esquecer o que aconteceu na noite anterior - a vi sorrir de canto e a quase revirar os olhos - Mas podemos fazer aquilo em cena, confie em mim. Estarei aqui te segurando, estaremos deitados. Podemos nos posicionar até antes da produção entrar.

- Gracias Álvaro. - sussurrou quase não conseguindo falar.

Assim que a ouvi, a tomei para um abraço forte e duradouro. Tentei passar as palavras naquele abraço, que estaria ali.

- Vamos esquecer que tem pessoas nos vendo, vamos deixar com que nosso sentimento faça essa cena. Vamos nos permitir. Acredito que isso possa nos ajudar. Confie em mim, vale? - sorri e coloquei a coberta que iria nos cobrir na frente dela.

Itziar teria que ficar apenas de calcinha em cena, então ela retirou o sutiã e colocou em cima da mesa de centro que estava perto do sofá. Me deitei e ela me acompanhou; buscamos o encaixe perfeito dos nossos corpos; o que não era tão difícil.

Meu corpo se arrepiou com o toque do bico de seu peito em minha pele - por mais que eu buscasse me controlar, o toque dela me tirava o foco de qualquer coisa.

- Esse sofá está tão pequeno. - ela sussurrou em meu ouvido rindo.

- Vem um pouco mais para o meu lado, tem espaço. - coloquei minha mão na sua cintura e a puxei para mais perto, assim que a puxei ela gemeu um pouco baixo. - Perdona.

- Estou achando que a gente vai cair. - ela disse sorrindo, com aquela voz rouca.

Itziar estava tão perto, que eu pude sentir a sua respiração contra a minha pele. Queria que ela se sentisse confortável comigo ali, sabia que a única maneira de fazer isso, era conversando e a deixando dar boas gargalhadas.

- O pior é se eu cair em cima de ti. - ela começou a rir e afundou a sua cabeça no meu pescoço.

- Além de tudo, o sofá está gritando a cada movimento que fazemos.

Ela tentou se ajeitar um pouco mais e acabou escorregando do sofá e caindo direto no chão, até que tentei segurá-la e fui ao chão junto com ela; Itziar começou a gargalhar e eu segui aquele momento engraçado.

Deixei o cobertor fino em cima dela e me levantei para ajudá-la a levantar, assim que nós dois estávamos de pé, nos deitamos novamente no sofá assim como estávamos. Juntos, colados.

- Espero que a cena seja rápida. - ela soltou sem medo algum.

- Uff, está tão ruim aqui comigo? - brinquei.

- Não, eu não disse isso. - a sua voz estava rouca e provocadora - É que se demorar muito, vamos acabar caindo de novo.

- Estamos entrando. - Jesus anunciou na porta do estúdio.

Assim que ele adentrou, uma equipe estava o seguindo. Como ele solicitou, Sara e Keila adentraram o estúdio de gravação. Itziar já estava muito mais relaxada, o que ela estava precisando era de uma segurança de que iria dar tudo certo, e de uma confiança em mim - afinal eu era o seu colega de cena naquele momento.

- Os dois estão lindos assim, acredito que será uma das cenas mais lindas da Inspetora e do Professor. - Jesus falou e logo se posicionou para poder iniciarmos o primeiro ensaio.

- Quero que confies em mim, vale? - sussurrei apenas para ela escutar.

- Acredite, confio mais do que gostaria.

Jesus começou a passar como ele gostaria aquela cena, cada detalhe, cada movimentação que poderia ser feita e antes mesmo de terminarmos o primeiro ensaio, ambos quase caíram do sofá novamente. Itziar tentou se apoiar em uma mesinha que estava próximo ao sofá e acabou derrubando quase todas as peças que estavam postas e todos começaram a rir e aquele clima do começo já não estava mais presente.

Tentamos arrumar um jeito para não escorregar mais, Itziar prendeu suas pernas nas minhas, assim ficando mais apoiada e sem chances de cair como estava acontecendo.

As cenas foram passadas algumas vezes e logo começamos a gravar; foi tudo muito tranquilo. Estar com ela ali em meus braços me deixava mais tranquilo, saber que ela estava confortável em cena, me deixava mais tranquilo.

- Qué?

- Nada.

- Qué? Me estabas mirando. - Sérgio olhou para Raquel.

- Es que no sé, así… Sin las gafas… Parece otra persona. Como Superman y Clark Kent. - ambos sorriem e sem aviso Raquel deixa um beijo curto nos lábios do Professor, algo inesperado, totalmente fora do roteiro.

Naquele momento em que Raquel deveria acariciar o Sérgio com o rosto, eu tive a total certeza de que aquela mulher mexia comigo. Tentei me manter firme, olhei para cima e continuei sentindo a sua respiração tocar em meu pescoço.

- Vamos, que te gusto más con gafas.

- No. Yo no he dicho eso.

- Me las pongo ahora mismo.

Assim que olhei para o óculos ela afundou novamente a cabeça no meu pescoço e sorriu. A voz rouca no meu ouvido me fez ficar todo arrepiado.

- Es un poco raro dormir con gafas, no pasa nada. Normalmente me las quito, pero hoy… Hoy es un día especial - Raquel e Sérgio se miraram no fundo dos olhos - Mejor?

Em nosso roteiro estava claramente um beijo curto entre Raquel e Sérgio, e foi o que tentamos fazer. Quando nossos lábios tocaram, senti uma energia diferente por todo meu corpo. Quando éramos para nos desgrudar, eu acompanhei um pouco a cabeça dela, mostrando que queria intensificar aquele beijo. A mão dela subiu um pouco para meu cabelo, me deixando ainda mais próximo dela; minha mão que estava na sua cintura, a puxou um pouco mais para perto do meu corpo.

Ali não foi Sérgio e Raquel, ali foi Itziar e Álvaro.

Senti a carícia da mão dela em meu rosto enquanto eu tentava processar o que tínhamos feito naquele momento, na frente de todos.

- Lo que pasa es que… no me puedo quedar a dormir, lo siento.

Ela levantou colocando o sutiã e eu sentei no sofá, fiquei observando-a enquanto ela falava seu roteiro. Tentei disfarçar e não olhar tanto para aquele corpo que estava na minha frente; eu só conseguia pensar: aquele pedaço de mundo estava em cima de mim na noite anterior.

Me concentrei em falar meu roteiro e quando estava finalizando, acariciei o braço dela suavemente, mesmo que aquilo não fosse em cena, eu precisava tocá-la. Ela olhou no fundo dos meus olhos e levou seus lábios até os meus, me deixando totalmente vulnerável a ela; nos beijamos.

Finalizamos a cena e recebemos o aplausos de toda produção. A cena demorou para ser gravada, tivemos algumas tomadas, erros, mas depois de muito esforço saiu até melhor do que Jesus esperava.

- Quero dar uma pausa para todos comerem, e em 1 hora voltamos com a finalização da cena do piano, o que acham? - todos acenaram.

Itziar e eu colocamos o roupão e saímos para nossos respectivos camarins. Antes dela entrar no camarim, a peguei pelo braço.

- Vamos almoçar juntos? - perguntei.

- Claro, nem vou colocar roupa. Vou pegar uma comida no refeitório e já volto, queres que eu vá ao teu ou vens ao meu camarim? - ela estava tão serena, a expressão totalmente tranquila, e aquilo me deu um conforto tão grande.

- Eu vou ao teu, posso buscar tua comida também. Podes ficar me esperando, que eu já vou.

Sorrimos para nos despedir e eu fui até meu camarim colocar uma roupa para buscar a minha comida e a dela. Eu realmente estava tranquilo dela estar mais confortável com toda a produção, e eu gostaria de conversar naquele momento sobre isso.

 

§§§

 

Dei dois toques na porta e abri; ela estava sentada no sofá com os pés apoiados no centro perto do sofá.

- Posso passar? - estava encostado na porta.

- Pues claro! - ela sentou-se ereta e colocou o celular longe dela.

- Dia de sorte. Hoje a comida está muito boa! 

Sorri e coloquei os nossos potes em cima da mesa; tirei o celular do bolso e sentei ao lado dela - não tinha o que fazer, o sofá tinha apenas dois lugares. Itziar ainda estava de roupão, ficamos em silêncio até arrumarmos a nossa comida.

- Gracias. - a voz dela saiu rouca.

- Pelo que? - perguntei.

- Pela conversa, pela confiança. - ela olhou diretamente para mim - Nunca tinha me acontecido isso, não sei como travei. Mas contigo não tive medo, tive confiança.

- Nós somos companheiros de cena, eu não tinha outra forma de lidar com aquilo. Preciso que confies em mim, e preciso confiar em ti. Essa confiança nós já temos há muito tempo, só precisei reforçar antes da cena. - acariciei o braço dela assim como fiz em cena - Por isso é importante a gente conversar sobre essas cenas antes; de como vamos fazer cada toque, cada beijo. Essa é a nossa sintonia.

- Acredito que essa cena tenha sido uma das mais especiais que gravamos; pelo menos para mim sim, entreguei todo meu sentimento ali. - ela colocou a mão apoiada em minha perna e acariciou por alguns segundos.

- Se precisar conversar, estoy aqui. - ambos sorriram.

Terminamos de almoçar e conversamos sobre coisas mais leves; eu não queria tocar no assunto dela ter travado antes de cena, tampouco saber o motivo. Ela teria que me contar quando quisesse, sem precisar forçar.

Itziar sempre mostrou ser uma mulher muito forte, - e definitivamente era - a cada dia tinha mais orgulho daquela mulher. Itziar era luz em qualquer caminho, ela conseguia fazer com que tudo fosse mais leve, com que tudo fosse mais fácil. Ela tinha o poder de me fazer rir, ela tinha o poder de me fazer sentir bem - mesmo sem silêncio.

 

§§§

 

Itziar

Estúdios, Madrid

 

Álvaro me deixou alguns minutos sozinha no camarim, disse que precisava se concentrar e “se arrumar” - na verdade tirar a roupa - para a continuação da cena do hangar. Eu já estava com o roupão, escovei os dentes e segui para o estúdio, precisava começar a me familiarizar novamente.

Estava totalmente grata por Jesus me entender antes da gravação e por tentar de qualquer forma me deixar tranquila e confortável naquele momento tão íntimo. Álvaro se mostrou ser um homem mais incrível do que eu já conhecia. A importância de todas nossas conversas antes das gravações, e digamos que aquela nossa intimidade - por mais que tenha sido algo terrível - nos ajudou em cena, como se a gente já conhecesse cada espaço um do outro.

- Só faltava a ti, Álvaro. - Jesus disse e logo começou a explicar como gostaria daquela cena - Vamos começar com o Professor sentado no piano tocando, e Raquel sentada no sofá, logo ela se levanta e senta-se ao lado dele, e terminam quando o Professor toca a última nota, vale?

- A iluminação já está pronta, vamos fazer um ensaio antes de gravar a primeira tomada. - ouvi um dos meninos da produção falando.

Tirei o roupão e fiquei com a blusa e calcinha, Álvaro estava com o samba canção e com a blusa meio aberta. Eu já estava mais confortável e muito mais tranquila em ficar daquele jeito na frente da produção, a confiança que tínhamos - Álvaro e eu - era mais forte do que qualquer situação, esqueci que haveria produção e estava apenas em cena com  ele.

Começamos a gravação e fizemos tudo que o roteiro pedia, sentei-me ao lado dele e o observei tocar, por mais que eu gostaria que aquele olhar fosse da Raquel ele era meu, da Itziar.

Ensaiamos algumas vezes, e o final ficou incrível. Jesús disse que tinha a gravação final, mas que gostaria de repetir uma última vez - que tínhamos tempo.

- Podemos fazer uma última vez, mas quero que deixem o sentimento reprimido falarem, Raquel e Sérgio precisam dessa entrega. Sei que ambos têm capacidade de mais volúpia no olhar.

Fizemos  tudo que estava no roteiro novamente, e naquele momento eu busquei deixar com que todos meus sentimentos estivessem sobressaindo em todas minhas ações. Sorri quando meus lábios quiseram, o olhei e observei quando meus olhos quiseram; com todo sentimento que eu tinha dentro de mim. Por mais que eu quisesse dar lugar a Raquel nos meus pensamento o mirando, quem estava agindo daquela maneira era a Itziar.
Quando ele deu a última nota da música, nos olhamos profundamente; por mais que eu soubesse que não estava no roteiro e que o final seria ali, meu olhar estava preso em cada detalhe do seu rosto - Jesus provavelmente não pediu para cortar, pois, sabia que poderia sair algo daquela cena.

Percebendo que eu estava o mirando fixamente, Álvaro virou-se e me olhou com a mesma intensidade que eu o olhava - eu sabia que era nós dois naquele momento, não tinha nada a ver com Sérgio e Raquel. Eu gostaria de tocá-lo novamente. O vi engolir seco e sabia que o nervosismo dele era tanto quanto o meu, e sem pensar duas vezes fui de encontro ao seus lábios e o puxei para perto de mim; estávamos totalmente entregues um ao outro.

Senti cada toque daquele homem e o toquei como se ele fosse o centro do meu mundo, eu precisava aproveitar aqueles lábios, e precisava tocá-lo. Uma das minhas mãos que estava segurando o seu pescoço para ficar mais próximo a mim, desceu pelo seu corpo e eu pude senti-lo todo arrepiado - foi naquele momento que eu percebi que não era apenas meu desejo.

Continuamos por alguns minutos aquele beijo totalmente intenso, totalmente entregue.

- Corta!!!!!!!!! - Ouvi a voz de Jesus e logo nos afastamos; ofegantes. - JODER!! COJONESSSS!!!!! Essa cena ficou espetacular!

Todos começaram a bater  palmas e nós rimos, Álvaro estava totalmente ereto e concentrado no piano e eu comecei a rir, talvez tenha sido nesse momento em que a Keila bateu uma hermosa foto de nós dois.

- Vamos Álvaro, já pode sair da pele do Professor. - Sara comentou e todos começaram a rir.

Após muitos elogios sobre aquela cena e uma tomada final perfeita, nós fomos dispensados. Estava com meu corpo em chamas de desejo, se eu pudesse o tomaria ali mesmo; sem qualquer pudor. Álvaro conseguiu despertar em mim algo que eu mesma não sabia que ainda existia.

Me direcionei rapidamente para meu camarim, eu precisava estar sozinha para colocar meus pensamentos no lugar. Eu precisava estar sozinha para não cometer mais errores com o Álvaro. Fechei a porta e respirei fundo milhões de vezes; eu precisava controlar meus sentimentos e controlar meus pensamentos - que é o que estava me matando. Talvez fosse melhor se eu não tivesse conhecido o sabor daquele beijo, nem a sensação daquele toque… talvez eu tivesse que estar longe daquela tentação.

Ainda de roupão comecei a colocar minhas coisas dentro da bolsa e a porta foi aberta; era ele.

- Que fazes aqui? - perguntei tentando manter a voz tranquila. - Algum problema?

- Se quiser que eu saia, me avise. Mas eu não posso e não vou permitir que me deixe como acabou de me deixar naquele set. - ele trancou a porta e eu comecei a ficar sem ar no mesmo instante.

- P… Perdona? - meu corpo estava cada vez mais gélido mas ao mesmo tempo queimando em chamas; eu precisava de ar.

- Itzi… Pode ser que eu me arrependa do que possa fazer, mas eu não aguento… Meu corpo não aguenta. - ele se aproximou um pouco mais de mim.

- Álvaro vete, por favor. - eu não conseguia tirar o olhar dos dele, estavam cheios de desejo, cheios de volúpia.

- Queres que eu me vá? - fiquei em silêncio por alguns segundos, eu o queria tanto quanto ele me queria.

- Sim… - sussurrei quase não deixando que aquelas palavras saíssem da minha boca.

- Vou perguntar novamente e uma última vez, queres que eu me vá? - suas mãos seguraram meus fios de cabelo desde a raiz, prendendo forte e me colocando encostada na parede.

Senti a sua respiração tão próxima e tão quente; não poderia e nem teria forças para pedi-lo que saísse daquele lugar que estávamos. Sua outra mão livre foi direcionada até minha cintura, colando nossos corpos e eu pude sentir a sua ereção entre o roupão. Ele queria tanto quanto eu.

- Me queres tanto quanto eu te quero. - sussurrou em meu ouvido e mordeu o lóbulo da minha orelha, deixando meu corpo inteiramente arrepiado.

-Te desejo Álvaro. - minha voz estava falha, engasgada na minha garganta de tanto tesão naquele momento.

Álvaro tomou minha boca sem nenhum aviso prévio, senti a densidade daquele beijo como se tivesse guardado há muito tempo, retribuí sem qualquer hesitação; eu queria aquela boca novamente colada na minha.

O encaixe das nossas bocas era tão perfeito, como se fossem desenhadas com esse propósito. As mãos grandes do Álvaro envolviam o meu corpo, a minha coxa, os meus cabelos. A respiração pesada e descompensada, a língua que já conhecia o caminho quase que frequente nas últimas horas; como era bom o sabor do beijo dele, a sua boca que tomava com desejo e impaciência a minha boca.

Pude sentir minha intimidade totalmente úmida com o primeiro toque, naquele momento já estava latejando de tanto desejo, eu o queria, eu precisava senti-lo. A mão dele que estava segurando meu cabelo, continuava firme ali, com os dedos enlaçados nos meus fios. A sua outra mão foi até meu seio esquerdo e começou a acariciar com a mesma densidade daquele beijo, como eu o queria… Como eu o desejava cada vez mais, eu queria senti-lo entrar dentro de mim e me tirar os gritos mais fervorosos, eu queria gemer gritando pelo seu nome. 

Deixei uma das minhas mãos agarrada em seu cabelo, e com a outra abri um pouco seu roupão e acariciei o seu volume por cima do samba canção; ele estava totalmente ereto para mim. Isso estava me deixando cada vez mais excitada nele.

Nossas línguas dançavam em um ritmo único, como se eu conhecesse cada ponto dele, como se eu tivesse domínio sobre seus desejos e suas necessidades.

Nossas bocas dançavam no mesmo compasso: intensamente. Ali era puro fogo, desesperadamente ardente e excitante. Nossos lábios se encaixavam a cada segundo, e eu queria me encaixar mais; aquele era o momento de mais e eu sentia que viria.



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