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História Sinergia - Éris


Escrita por: anggieparra

Notas do Autor


Éris: Deusa grega que simboliza o caos; O caos mental que se sente, o desespero, os mil e um sentimentos ao mesmo tempo.

Capítulo 14 - Éris


Casa da Itziar

Lavapiés, Madrid

Itziar subiu até seu apartamento um pouco nércia, abriu a porta e lá estava ele, de braços cruzados esperando a loira ultrapassar a porta de entrada. Seu corpo estava pronto para começar uma pelea.

- Hola Roberto. - colocou a bolsa em cima do sofá e se direcionou a ele para lhe receber com um beijo; que foi retribuído de forma gélida.

- A estas horas, com um amigo de cena e bêbada? - ele não estava com um tom de voz alterado, mas era perceptível o seu incômodo e desconforto com aquilo.

- Não estás aqui para pelear, sim? Acredito que veio porque queres estar comigo. - ela não estava para briga naquele momento, tinha passado a noite bem e a única coisa que queria era paz.

- Sim, estou porque quero verte, mas chego aqui e não estás. - deu de ombros e se afastou dela.

- Perdona, sim? Mas sabes que a culpa não é minha, não avisas que vens e queres que eu esteja pronta para receber-te? Já estás pedindo muito, não cres? - ela tampouco estava para cenas de ciúme.

- Com quem estavas? Mário? Fernando? - perguntou passando o braço em torno nos ombros da atriz, sua voz estava tranquila. 

- Não! Estava com Álvaro e Pedro. - falou com tranquilidade, não tinha nada que esconder; até onde lembrava.

- E quem te deixou em casa? - a sua pergunta a fez hesitar.

- Não estou entendendo o questionário, mas para matar a sua curiosidade quem trouxe-me foi o Álvaro. - sua voz estava baixa, logo sentou-se no sofá.

Roberto nada disse. Não tinha discernimento no que estava acontecendo na vida da sua parceira, tampouco sabia que ela estava vivenciando sentimentos e sensações que ele jamais pudera dar a ela em todos os anos de convivência.

O relacionamento dos dois estava conturbado antes dela ingressar nas gravações de La casa de papel. As coisas estavam ficando feias, mas Roberto acreditava que após tantos anos juntos, as memórias poderiam ser a base do resto da relação. O caos estava apenas começando.

- O que vai interpretar o professor? - perguntou enquanto ia em direção a cozinha buscar cerveja.

- Sim. - ela sentia um desconforto e não conseguia entender o porquê.

Itziar estava com as sensações afloradas; após aquele momento tão íntimo com Álvaro enquanto dançava e a sua volta para casa a tinha deixado totalmente cachonda. Pensava nas mãos dele pelo seu corpo; era tão fácil recordar e desejar o seu toque. Era diferente. Era excitante. Era fascinante. Ela já tinha experimentado. Esse tinha sido o ponto débil do seu psicológico.

- Estás calada. - bebeu um gole da cerveja

- Estava com saudade. - ela o queria, precisava aliviar o que a sua mente imaginara a noite toda e tirar Álvaro dos seus pensamentos.

§§§

Casa do Álvaro

A casa estava toda escura, talvez fosse uma das poucas vezes que via a casa tão vaga. Após o nascimento dos gêmeos, aquela casa estava sempre com as luzes acesas e crianças correndo pelos cômodos. Colocou a mão no interruptor e ligou as luzes da sala, iluminando todo o ambiente. Fechou a porta principal e seguiu até o sofá que tanto reconhecia as suas confusões e carregava as suas culpas e segredos mais lúgubres.

Já era tarde. A tinha deixado em casa e sabia que ele estava lá com ela, a sua cabeça estava cheia; não queria pensar nela, mas não tinha domínio da própria mente. As recordações daquela noite estavam mais vívidas quando fechou os olhos e suspirou fundo. A tinha em suas mãos, movimentando aquele corpo que ele já conhecia ligeiramente.

Sua privação de respiração no carro, suas mãos geladas, o corpo estremecido; ele estava totalmente entregue à ela. Tentava a todo custo esvaziar a sua mente, mas ela se fazia presente involuntariamente.

- Estava esperando-te. - Blanca desceu as escadas coberta com um roupão branco.

- Mi amor. - a sua voz estava tranquila.

Blanca aproximou-se dele e deixou um beijo em seus lábios. Doce. Calmo. Intenso.

- Que recepção. - falou tentando recuperar o ar.

- Os gêmeos estão na minha mãe… Podemos aproveitar a noite. - Blanca sentou-se em seu colo, colocou as pernas entre o corpo do ator.

Álvaro levantou-se do sofá com Blanca no colo, e os direcionaram até o quarto. Precisava daquela noite com a sua mulher, precisava passar aquele momento com ela.

Blanca tirava suas peças de roupa enquanto distribuía beijos por todo corpo do ator. Ele respirava pesadamente, como se quisesse estar nela o mais rápido possível. Álvaro a puxou pelo braço, deixando-a deitada por cima dele e a beijou intensamente.

As mãos dela brincavam com seu membro por cima da calça, o deixando cada vez mais excitado. Ela conhecia aquele corpo como se fosse o dela, afinal, eram anos de cumplicidade e intimidade.

§§§

Itziar estava deixando beijos por todo o corpo do parceiro, enquanto fazia caminhos entre beijos e lambidas até o cós da sua calça. Roberto permanecia deitado, apenas segurando os fios do cabelo da atriz. Ambos respiravam pesadamente, Itziar estava disposta a provocá-lo até ficar como ela estava; sedenta por aquilo. Mas a diferença era que todo desejo acumulado queria apenas um corpo para satisfazê-la e não era o que estava deitado à sua frente.

A atriz, sem pudor algum, abriu a calça do companheiro e tirou a peça íntima, o deixando totalmente despido.

§§§

A estilista rebolava na sintonia em que as mãos do ator em sua cintura ajudavam nos movimentos. Ele queria chegar ao ápice naquela noite e queria que Blanca chegasse também. Em um movimento deitou a esposa e ficou por cima, movimentando precisamente e na velocidade que seu corpo implorava.

O suor em seu rosto era evidente, Blanca o mirava como se ele estivesse de volta; pupilas dilatadas e cheias de luxúria. Para ela, ele estava de volta. 

 §§§

Itziar não perdeu a oportunidade de saciar todo desejo que estava em seu corpo, precisava chegar ao ápice ali e naquele momento. Apoiou as mãos no peito do parceiro e deu as últimas reboladas, com muita dedicação e muito empenho. O suor descia em sua testa e um fio de cabelo grudou em seu rosto. Sentia que por mais que rebolava freneticamente, ainda faltava um pormenor para chegar ao clímax.

§§§

As mãos estavam enlaçadas acima da cabeça da estilista, o ator a preenchia com rapidez e desejo. Estava quase pronto para atingir seu máximo de desejo, mas sabia que não conseguiria. Álvaro precisava de um estímulo e por mais que soubesse que era errado, sabia em quem pensar para ajudá-lo. Não queria decepcionar a sua esposa.

§§§

Ela levou os pensamentos a ele, e por alguns segundos o viu no rosto do parceiro. Olhos negros, cabelos bagunçados, aquela barba que roçava em seu rosto e aquela boca que ela já experimentara o sabor. Não conseguia aceitar que até naquele momento, ele teria espaço em seus pensamentos. Algo estava errôneo, sabia que pensara nele, mas não tinha a justificativa para aquele sentimento que estava em seu coração, aquele sentimento que a estremecia apenas ao lembrar que ele existia.

§§§

Ele mirou para o lado da esposa e viu os cabelos dourados que em poucos dias estavam tão perto do rosto dele. Respirou fundo e fechou os olhos; não era possível que ela teria que estar em seus pensamentos para conseguir chegar à plenitude. Sabia que as sensações que ela originava em seu corpo estavam o deixando cada vez mais angustiado. Por um segundo, o seu corpo quis estar ao lado dela; sabia que era errado, mas não conseguia deixar de imaginá-la ali.

§§§

Casa da Itziar

Itziar o deixou dormindo e seguiu para a sacada, tinha necessidade de fumar após aquele devaneio que tivera há pouco. Apesar de não entender o que estava passando com seus sentimentos, com seu corpo ao lembrar dele, compreendia que não a reconhecia.

Nunca passara parte do tempo pensando em um companheiro de cena, jamais imaginara seus colegas de trabalho enquanto tinha relações com Roberto.

Respirou fundo e colocou uma cadeira ali na varanda, sabia que não iria conseguir dormir naquela noite. O vento gélido bateu em seu rosto e percebeu que seria uma noite fria e de solitude. Precisava de um tempo sozinha, para tentar compreender o que estava passando em sua vida.

Pegou o telefone móvel e foi até seu WhatsApp; infelizmente seus dedos desceram e foram até o nome dele. Álvaro Morte seguia ali, visto por último há quase duas horas. Talvez estivesse dormindo, enquanto ela pensava incansavelmente nele.

O admirou pela tela do telefone, e analisou as últimas mensagens que haviam trocado. “Itziar que haces?” Ela não estava pronta para descobrir esse sentimento, mas algo mais forte do que ela estava disposto a mostrar-lhe os sentimentos mais intensos que alguém pudera sentir.

Itziar tinha incerteza do que era tudo aquilo, queria a todo custo deixar de pensar nele. Mirou a Lua e a viu deslumbrante, estava na fase nova; era uma ótima noite para poder admirar aquele fenômeno natural. Mal sabia que aquela Lua a induziria para o resto da vida, que a deixaria renovada para conhecer novos sentimentos e novos ciclos que jamais inteirou-se em toda vida. 

Transladou o seu olhar da Lua para a tela do telefone. O viu online. Seu coração pulsou intensamente, poderia sentir o arrepio por toda sua pele, poderia sentir suas mãos tocando-a e os sussurros daquele dia no camarim. Um segredo que ambos deveriam guardar pelo resto da vida.

Sem pensar, fez uma tentativa falha de capturar a Lua, mas deixou a foto abstrata na sua galeria, queria lembrar-se que aquela foi a primeira noite na qual fez amor pensando nele. Ficou por mais alguns segundos ali e esperou com que o seu corpo diminuísse toda tensão. Seria uma noite longa.


§§§

01 de maio de 2017

Estúdios, Madrid

Álvaro chegou deixando os seus objetos pessoais no camarim e colocando o figurino da primeira gravação do dia. Precisava de um café forte e amargo para o início da semana; resolveu passar na copa.Tudo ia bem em casa, ou pelo menos acreditava que sim.

A semana seria de estreia e de muitas entrevistas, acreditava que eles não iriam estar tão juntos como nas últimas semanas. Se sentia aliviado por isso. Mas ao mesmo tempo estava inquieto.

Jesus entrou na copa o chamando e disparando tudo que tinham na semana. A produção estava ansiosa, mas Jesus estava eufórico. Ele corria contra o tempo. Álvaro o olhava e tentava acalmá-lo.

- Álvaro, e Itziar? Sabes onde está? - o coração dele parou; por qual motivo ele teria que saber dela?

- Não. - estava monótono, ela ocasionava isso nele.

- Necessito dos dois, precisam fazer uma gravação para a Antena 3. Por favor, pode chamá-la? Vou esperá-los no estúdio 9.

Ele olhou para Pedro e logo o amigo se aproximou.

- Jesus acordou atacado. É melhor ir atrás da musa. - piscou para o irmão e voltou a tomar o seu café.

Álvaro como ainda não tinha tomado café, tratou de pegar o dele e um copo para Itziar. Assim como o dele; forte e amargo. Se despediu de alguns colegas que estavam na sala - inclusive de Pedro - e seguiu para o corredor dos camarins.

- Itzi? - a chamou mas não obteve resposta.

Como estava com os dois cafés em mãos, empurrou a porta do camarim dela com o pé lentamente. Adentrou e naquele momento a viu despida, estava apenas com peças íntimas. Seu coração saltou de imediato, os olhos se cruzaram e seu olhar involuntariamente percorreu por aquele corpo que parecia mais um monumento.

- Perdona. - foi a única coisa que conseguiu falar antes de sair novamente com os cafés em mãos e suspirar atrás da porta.

Sua cabeça lhe mostrava todos os detalhes do corpo que acabara de ver; cada curva, cada centímetro que por muito leal que fosse, tinha vontade de distribuir beijos e conhecer cada sensibilidade que ela gostava.

- Álvaro. - a sua voz ainda mais rouca pela manhã o tirou dos seus devaneios.

- Perdona pelo de antes. Estava com os dois cafés em mãos, não consegui bater na porta, mas te chamei. - ele estava engasgando, sua voz estava trêmula.

- Não passa nada. - ela estava ofegante e buscava voz para falar com ele.

O olhar dele estava atraído pelos dela. Pupilas dilatadas, mal conseguiam ver os olhos castanhos dele, tampouco os cristais dela. Uma bolha se fechou naquele momento, e apenas eles faziam parte disso.

“Álvaro e Itziar nos estúdios 09 em dez minutos” - a voz de Jesus ecoou pelo corredor.

- Estúdios? Tu y yo? - apontou para ela e para Álvaro. - Não sabia que tínhamos cenas.

- E não temos. - ele estava sereno, a olhava por inteira. Os detalhes do seu rosto, a doçura do seu sorriso e os cabelos soltos o levou para longe.

- E então… - ela arqueou as sobrancelhas esperando uma resposta. - Vais ficar pra fora, ou preferes entrar? E esses cafés?

Ela tentava acabar com aquele silêncio que predominava, ela tinha que falar sobre outras coisas, precisava tirar a sua mente de querer beijá-lo e experimentá-lo novamente ali no seu camarim.

- É… Este café és para ti - estendeu a mão com um dos cafés e deu para ela, as mãos se tocaram trocando aquela energia que era unicamente deles.

- Gracias. - sorriu envergonhada, sentia o seu rosto quente.

- Vamos gravar aquele cara a cara agora.

- Ainda não coloquei as botas e estou esperando virem trazer. - deu um gole no café e sentiu que estava quente demais para descer de uma vez.

- Está quente. - ele sorriu - Coloque seus sapatos, quando voltar colocas as botas e vai para as gravações.

Ela deu o café para ele, em uma ação natural, como se acontecesse sempre e como se eles tivessem essa total intimidade. Colocou os sapatos e estava apenas com a blusa e um terninho da inspetora.

- Coloque um casaco mais quente, o estúdio 09 é um pouco frio. - ele que estava segurando os dois cafés a observava colocar o casaco.

- Vamonos. - pegou o café da mão dele e seguiram pelos corredores, deixando a única testemunha de que eles já haviam se amado… fechada.

“Acabou de vê-la apenas de peças íntimas, transou com ela dentro do camarim, esteve o tempo todo excitado ao estar com ela, a admirava como se fosse o seu mundo, como se tudo girasse em torno dela. Tu la quieres, ela te quiere.” a voz ecoava em sua cabeça a todo momento, não poderia negar que ela estava mudando totalmente a sua vida.

Ela estava totalmente rendida a ele, Álvaro tinha mostrado a ela detalhes que jamais pensara que pudera encontrar na sua vida. Aflorou sentimentos que nem sabia que poderiam existir dentro de si.

- Já sabem o que fazer, sim? - Jesus perguntou e os dois assentiram com a cabeça.

Apoiaram os cafés em uma das mesas que estava ali e antes de entrarem ao estúdio, Álvaro a olhou profundamente  e seguiram para a posição inicial da gravação. Ouviram Jesus gritar “ACCIÓN!” e por mais que tentassem, estavam passando toda tensão que existia entre os dois. Toda produção percebia o nervosismo, toda produção estava incrédula, mas todos estavam dissimulados; não tinham nada que ver.

Andaram até sentarem-se nas cadeiras que estavam posicionadas, Álvaro cruzou a perna e Itziar por um ato inconsciente repetiu o gesto. Ela estava confortável em tê-lo ali, apesar de todo sentimento que nutria quando o mirava.

Itziar comentou que ainda não conhecia o ambiente e logo Álvaro apresentou. A loira prestava atenção em sua volta, mas logo prendeu o olhar nos dele, ela começou a falar para dar início às perguntas que tinha no roteiro. Álvaro a olhava com devoção, sorria como se visse a pessoa mais sublime do mundo. Eles emanavam nervosismo e tensão sexual pelos poros.

"A ti… Álvaro a ti te toca bastante…”, o olhar do ator estava pura luxúria, o sorriso em seu rosto entregava que aquela relação poderia surgir muito mais do que todos imaginavam. Itziar ficou um pouco nervosa com o olhar que poderia observar a sua alma de tão profundo que a mirava, mas continuou com sua fala: "Grabar solo. ¿Qué tal lo llevas?” e logo que finalizou, por um momento involuntário piscou para ele. Álvaro de imediato abaixou a cabeça e buscou se concentrar no que tinha que fazer e falar. Estar na presença dela o afetava mais do que gostaria.

Disparou sem parar a sua resposta e sempre evitava o olhar da atriz sentada à sua frente, por mais difícil que fosse. “Es un poco complicado. Cuando estás solo, ¿no? Imagino que a ti te pasa lo mismo, cuando tienes que hacer conversaciones conmigo”, Itziar inclinou o corpo para frente e respondeu “Claro”. Continuou falando sobre a dificuldade em gravar sozinha e ter que se isolar do mundo para falar apenas com o professor. “Pero sí, que es difícil hacerlo sin escuchar al otro lado”, o ator a mirava como se pudesse despi-la naquela cadeira, as pupilas dilatadas e a forma na qual o Álvaro a olhava era de desejo e se dependesse dele a faria sentir orgasmos ali mesmo.

A loira contou sobre a sua quadrilha e como se divertiam juntos, o olhar dele estava fixo aos dela. Ouvi-la falar era músicas aos seus ouvidos, talvez uma das melhores músicas que já escutara em toda a sua vida. Itziar complementou que toda a equipe ri muito nas gravações e mexia no cabelo enquanto o via olhando-a fixamente. Ele adorava contemplá-la, era uma das obras de arte que ele estava aprendendo a observar e interessado em desvendar seus mistérios.

Ela finalizou e em seguida ele abaixou a cabeça, queria retomar aos pensamentos do profissional que era, passou a sua língua em seu lábio inferior e desviou o olhar dela, fixando em suas mãos que brincavam com o óculos do professor em um gesto inquieto.

“Si en un momento supieras que no puedes hacer el personaje de Raquel por lo que sea, cuál otro hubieras hecho o te hubiera gustado hacer?”, seu olhar a penetrou o mais profundo que conseguiu. Mudou o ângulo do seu olhar e estabilizou toda sua atenção nela.

Enquanto ela respondia os personagens que gostaria de fazer, ele a fitava com os mesmos olhares de desejo do camarim, daquele dia em que ultrapassaram todas as regras que poderiam ultrapassar. Itziar percebia aquele olhar lascivo e o desejava tanto quando seus olhos estavam em chamas, que poderia acabar com toda a gravação e abocanhá-lo - como o desejava em sua boca. Tentou voltar a sua concentração na resposta enquanto se sentia nua ao olhar de Álvaro.

Terminou de respondê-lo e devolveu a mesma pergunta, ele sem pensar duas vezes disse que gostaria de fazer o Denver e sua explicação estremeceu o corpo da atriz: “Denver me gusta porque tienes saco, tira para adelante y a ver que pasa. Ya veremos las consecuencias de lo que sea”, complementou que Denver também tem o maior coração de todos da banda.

Enquanto Itziar fazia mais uma das perguntas para Álvaro, o desejo em seu olhar transparecia cada vez mais, não podia conter, tampouco pensava que estava tão notório. Admirá-la falar, gesticular estava sendo a melhor parte do seu dia. Ela era a sua obra de arte particular e ninguém precisava saber disso.

Ele suspirou fundo e tentou voltar seu pensamento a pergunta feita pela companheira, calculou toda resposta que poderia dar e explicou detalhadamente tentando manter a voz firme, não queria transparecer o nervosismo que estava naquele momento.

Tiveram alguns segundos perdidos no olhar um do outro e por incrível que pareça o mundo em volta parou, a hora não contabilizava mais e o único desejo de ambos era ficarem presos naquela sintonia e naquela sinergia que vinha do universo. Álvaro tentou disfarçar e complementou antes de encerrar a entrevista: “Que buena pregunta.”. Se perderam novamente um no olhar do outro enquanto todos finalizavam a gravação.

§§§

Gestos espelhados, retratos de interesse, sincronia, empatia, sentimento de bem estar, gestos que falam mais do que mil palavras.

Foi um ambiente confortável mas ao mesmo tempo desconfortável, era desejo, luxúria mas ao mesmo tempo contenção, era como se quisessem se tocar e sentir um ao outro mas tivessem uma barreira ou uma amarra. Os corpos inclinavam-se na busca de um toque, de um sentir, mas era em vão, como se não lhes fosse permitido esse desejo.

Na cabeça deles era quase visível que tudo estava um caos, o caos de não saber o que está acontecendo, o porquê de sentir, o porquê de ser quase uma limpeza de sentimentos do corpo e a abertura de portas para outros, era como viver uma vida nova, mas era confuso, era estranho e diferente.

Os olhos são o espelho da alma, essa frase nunca fez tanto sentido como neste momento. Parem, respirem e sintam como um olhar é capaz de nos dizer o que o ser humano quer dizer e não pode, como um sussurrar no nosso ouvido; como o famoso diabinho no ombro dizendo: Diga o quanto o (a) deseja.

Não é preciso saber muito de leitura corporal para analisar a atmosfera daquele lugar, era quase poético, quase palpável, era bonito mas ao mesmo tempo sensual.

O olhar de despir até a alma do Álvaro sobre ela, o constante mexer no cabelo da Itziar, era tão belo que podia sufocar, não só a quem vê mas principalmente para quem sente. Eles sentiam que podiam ver o interior um do outro, era intimidade e conforto, era fascínio e necessidade, era ter a capacidade de ver e sentir  mais do que era suposto.

E dentro de nós ecoa que ele é capaz de seguir com aquilo e ver no que pode dar - como Denver - sem medo, sem preocupação imediata. Mas na cabeça dela o medo era mais forte que a paixão, isso sim pode ser o verdadeiro problema desta história, o medo faz o nosso corpo recuar, sempre foi assim e sempre será. 

Chega a ser caótico pensar que neste momento, você que lê isto se sinta desconfortável de saber que o que está imaginando é errado mas mesmo assim sente. Que poderia ficar lendo isto para sempre, preso nessas linhas que tanto falam de amor e de desejo. Mas tudo nos faz duvidar se o problema é nosso por crer que algo que não era provável acontecer, aconteça. Eles tem a capacidade de nos mostrar que o ser humano pode sentir tudo, até mesmo o que nunca imaginou sentir, e vejam bem nós somos meros observadores, eles vivem.


Notas Finais




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