História Sing to me sleep - II

Sábado, 08:46a.m

Novamente abri os olhos e vi a imagem do quarto. Cocei os olhos conferindo a hora e me levantando da cama. eu tinha pouco mais que dez minutos para comer o café da manhã, não que eu estivesse com fome ou alguma vontade de comer, mas sabia que se eu fizesse tudo certinho eu poderia ter mais tempo para visitas.

Fui até o banheiro e fiz minha higiene, peguei meus óculos e coloquei no meu rosto, finalmente podendo ver tudo quase perfeitamente, e sai do quarto logo depois. Olhei pelo corredor monótono e segui o caminho que eu lembrava ser para o refeitório, confirmando pelo papel que indicava onde ficavam algumas coisas. No refeitório já não tinha muita gente, então só peguei uma torrada e algumas frutinhas pequenas e me sentei numa das mesas.

Eu não tinha muito o que fazer, então fui até a recepção e perguntei quais atividades teriam perto daquele horário. A primeira atividade seria música, algo que me agradava muito, eu adorava cantar e tocar instrumentos.

Fui até a sala de músicas, olhando para a sala que parecia ser a mesma desde a última vez que tinha estado aqui. Peguei um ukulele que estava em seu suporte, junto a mais alguns instrumentos de corda, e comecei a tocar alguma música, fazia algum tempo que não tocava ukulele. Pouco depois entrou um garoto olhando para baixo, ele tinha o cabelo raspado aos lados e no meio eram fios até que longos, e alguns caiam em seu rosto. Ele parecia tímido, mas eu tentei falar algo.

-Hey. - disse tentando parecer simpática e não nervosa.

-Hã, oi. Você tava tocando Heroes, Bowie? - disse tentando sorrir mas seu nervosismo era visível.

-Hum, parece que alguém aqui gosta das mesmas músicas que eu. - disse rindo, já me sentindo mais à vontade, por algum motivo eu me sentia muito melhor com pessoas que gostavam das mesmas músicas que eu.

-Pois é. - ele riu comigo

-Então, você toca alguma coisa também, ou canta, ou ta aqui só pra vantagens?

-Bem, eu toco vários instrumentos, mas meu preferido é guitarra, mas também gosto de violão, e eu tento cantar mas não é algo que sei fazer muito bem. Quando eu morava em Nova Jérsei eu participava de uma banda, era guitarrista e segunda voz.

-Nossa, você tem uma vida deveras interessante. Ah, meu nome é Katherine Price, mas me chame de Kath por favor.

-Prazer Kath, eu sou Frank Iero, pode chamar só por Frank.

-Iero… sobrenome legal Lord Iero, pera, isso soa como... Lero... Frank Lero, Lord Lero! Eu vou te chamar assim, é mais engraçado!

-Oh gosh, sério isso? - ele fingiu irritado mas riu comigo - Que seja,mas e você, só sabe tocar ukulele ou outras coisas?

-Bem, eu tento tocar vários instrumentos, não que eu seja boa em algum deles, e eu tento cantar, mas eu odeio minha voz, e quando canto sinto como se todos estivessem rindo de mim, mesmo se eu estiver sozinha, então é, eu tento, até queria tentar fazer uma faculdade de música, sonho em ter uma banda ou sozinha mesmo, só para fazer com que as pessoas sinto o que eu sinto quando ouço músicas, mas é algo longe demais pra mim.

-Não fale assim, eu acredito em você! Já sei, cantar alguma música, eu vou te avaliar com a maior sinceridade possível. Juro de dedo mindinho. - ele disse estendendo seu mindinho, que apertei com meu mindinho, fazendo a tal promessa.

-Hm, não sei o que cantar…

-Qualquer coisa, alguma música que goste ou que já escreveu ou sei lá.

-Bem, tem uma que fiz um tempo atrás… ok, vou cantar essa…

“Please, see my eyes

take care of me

I'm just a hurt bird

Flying in this sky

I'm looking for a reason

to stay alive

but i just look at night

at the stars in the dark

My heart is broken

and the door is closing

and this is hurting

I don't want to wait anymore

I was thinking

but now my medicine

is working again

and they'll leave me

I'm waiting

you

please don't be late

to love...”

-Olha só, isso foi bom, de verdade, pode ficar melhor mas ta muito bom, você tem futuro, de verdade.

-Eu nunca vou ser boa o bastante pra ser alguém.

-Claro que vai, você vai conseguir, eu acredito em você!

-Obrigada.

Com tudo isso fomos conversando sobre vários assuntos, ele era um garoto realmente legal, apreciava seu modo de pensar sobre as coisas, ele era certamente diferente de alguma maioria.

Logo a atividade musical começou e algumas pessoas se encontravam ali, era algo meio divertido até. No meio da atividade, quando eu tocava a música que tinha sido escolhida em meu ukulele, fui chamada por uma enfermeira, que disse que eu precisaria ir até a sala do meu psiquiatra e a mesma me levou até o lugar citado, mesmo eu sabendo o trajeto.

-Com licença… - disse batendo de leve na porta entre aberta, entrando dentro da sala de clima caseiro e relaxante.

-Kath, sente-se por favor. - ele sorriu e disse simpático, referindo ao sofá à sua frente ao que me disse para sentar, e assim fiz.

-Antes de tudo, Patrick, agradeço que tenha deixado eu ter minhas exceções.

-Pequena Kath, eu só quero o seu bem, e sei que às vezes tudo o que você precisa é da companhia do menino Tyler. Mas me diga, como está indo?

-Hum, acho que o de sempre, eu fiquei mal na hora que Tyler teve que ir, então eu voltei a dormir. Mas eu falei com um garoto aqui na atividade de hoje, pelo que me lembro o nome dele é Frank Iero.

-Ele é um ótimo garoto, é uma pena que esteja aqui, ele é tão talentoso quanto você em questão musical, creio que tenha visto isso na atividade.

-Sim, ele realmente é bom nisso, mas não acho que eu chegue perto do que ele é.

-Katherine, você continua pensando desse jeito?

-Eu só não acho que seja justo eu mentir para mim mesma, eu não consigo pensar como seria ir para uma faculdade, e eu iria fazer no final do semestre que vem as provas, eu nem sei o que eu realmente quero.

-Kath, você sabe o que quer, mas você não acredita que possa ser capaz de conseguir isso.

-Hum… - disse suspirando, eu sabia que o que o Patrick falou era verdade, mas eu tentava evitar isso.

-Bom, eu tenho que ver outro paciente agora, mas espero que você pense no que eu disse, ok? - disse simpático novamente.

Sorri e confirmei o que ele tinha dito, olhei no relógio que tinha em cima de sua mesa rapidamente, confirmando que já era horário de visita. Me despedi do Patrick e sai da sala.