História Sinner [jikook] - Sinner (epilogue)

Bem, talvez Hoseok estivesse certo sobre a casa estar cheia de crianças e a situação se resolver depois de algum tempo.

Mas como, na situação em que estavam há quase um ano atrás, alguém naquela casa poderia saber? Era como se estivessem em uma guerra diária e constante, onde jamais havia um vencedor e todos acabavam perdendo para os próprios remorsos. As coisas nunca estavam bem e jamais havia uma solução fixa para os problemas estabelecidos.

JungKook não se sentia capaz de se desprender das memórias e experiências do passado, não tinha coragem o suficiente para viver um novo amor e nem para se recriar, acordar o antigo JungKook que se fora com Hyerin e Heesol. E por conta disso, quase perdeu Jimin para seu irmão mais velho.

Aquela casa havia sido palco para desavenças, mas também para a reconstrução de amores, relacionamentos e confiança.

E, realmente, Hoseok estava certo.

Depois de voltarem do hospital, assim que pisou os pés no chão de seu quarto, Jimin pôde olhar pra trás e ver o quanto a situação havia mudado. Seu casamento com JungKook, seu relacionamento com Yoongi, sua proximidade com os próprios irmãos, Hyunseok que era a primeira criança, e Seulgi e Jihyun que agora eram ansiosamente esperados por todos ali.

Seokjin agradeceu Baekhyun de maneira que os dois começaram a chorar e isso levou todos à chorarem também. Baekhyun e JungKook choraram juntos, se abraçaram forte e os dois não pararam de trocar palavras doces e repletas de saudade. Seokjin e Namjoon não saíram de perto de Hyunseok. Yoongi e Hoseok ficaram juntos o tempo inteiro. Jimin e JungKook… Bem, não é preciso dizer no que quase duas semanas separados resultou.

Chanyeol levou Baekhyun consigo pra casa depois de algumas horas com os Jeon, e já não havia mais com o que se preocupar.

Mas, bem aquele era só o presente. Jimin se pegou pensando no futuro em um certo momento, acolhido nos braços de JungKook depois de algumas horas muito bem usadas pelos dois.

O que seria deles no futuro?

Ah, Jimin tinha algumas suposições.

Talvez Jeon Jihyun fosse uma menina, uma ômega loirinha e fosse loira como seu Appa, mas tivesse olhos escuros como os de seu Aboji. Talvez ela fosse baixinha como Jimin, mas o amasse tanto quanto JungKook. Talvez Jihyun tivesse de disputar a atenção de seu oppa Hyunseok com seu dongsaeng Seulgi.

Talvez Seulgi fosse um ômega também, mas um menino. Quem sabe ele fosse um pequeno raio de sol assim como seu Aboji, mas tivesse todos os traços de seu Appa. Talvez ele fosse um ótimo pianista e musicista. Seulgi talvez amaria Hyunseok ao ponto de ter de disputar sua atenção com sua prima – ou noona, como era forçado por ela a chamá-la por pura implicância – Jihyun.

Talvez Hyunseok crescesse e fosse um alfa bonito, alto, inteligente e educado, basicamente um príncipe. Talvez ele fosse o orgulho de Namjoon e o eterno bebê de Seokjin, e talvez ele fosse paciente o suficiente para dar atenção o suficiente para Jihyun e Seulgi ao mesmo tempo.

Quem sabe Jimin e JungKook tivessem outros dois alfas quando Jihyun tivesse quatro anos, dois meninos de uma vez. Dois gêmeos, Jeon Migguk e Jeon Jeongsan respectivamente. Talvez os dois fossem loiros, tivessem os mesmos olhos de Jimin, fossem dois opostos e fossem crianças extremamente inteligentes. Quem sabe os dois passassem mais tempo com seu tio TaeTae do que com os próprios pais e aprendessem com ele técnicas para persuadir seu Appa e Aboji a deixar-lhes dormir tarde. Talvez Migguk e Jeongsan fossem grudados e fossem as pessoas que Jihyun mais amava nessa vida.

Talvez Sojin, a segunda filha de Namjoon e Seokjin fosse uma ômega de cabelo rosa. Inteligente e bonita assim como seus pais e seu irmão, mas diferentemente dos três, não fosse tão alta assim. Quem sabe Sojin fosse a sombra de seu Appa, não saindo de perto nele por nada. Quem sabe Sojin risse de Jihyun e Seulgi porque afinal a atenção do Hyunseok oppa fosse, na maioria do tempo, somente sua. E também, talvez, Jimin babasse pelos cabelos rosados da menina e ela suspirasse por conta da beleza de seu tio.

Talvez Hoseok e Yoongi tivessem um menino alfa para suprir os desejos do coração do ômega, de dar um alfa ao seu marido. Seulgi o amaria muito e o protegeria dos olhares alheios por ser, de maneira inacreditável, incrivelmente bonito e gentil. Ele seria ruivo mas teria a mesma pele pálida de seu Appa. Seria extrovertido, falante, bastante diferente de seu hyung tímido e calado. Seria o orgulho de Hoseok assim como o bebê de Seulgi e Yoongi.

Talvez, quando Chanyeol e Baekhyun se casassem na Inglaterra, alguns anos depois eles teriam uma menina chamada Nameul. Ela seria metade alfa e metade ômega, mas apesar de seu tom de voz e sua aparência serem de ômega, seu comportamento seria de alfa e seria uma versão baixinha de Chanyeol, com os mesmos olhos redondos, as orelhas grandinhas e cabelos lisos, escorridos e escuros. Baekhyun a amaria mais do que a própria vida porque há alguns anos atrás ele não tinha nada, mas agora tinha um alfa a quem amava intensamente e sua filhinha, seu coração que batia fora do peito.

Taehyung cresceria e iria para o Japão ficar com seu pai Hansol, mas voltaria para a Coréia com inúmeros presentes para seus sobrinhos que eram quase como seus irmãos. Eventualmente se casaria também, e assim como havia dito, com um inglês que por coincidência passeava pelo Japão de igual maneira. Hoseok teria ciúmes do alfa de Taehyung, mas ele continuaria sendo seu eterno dongsaeng.

Namjoon e Seokjin ficariam juntos pelo resto da vida e veriam juntos seus dois orgulhos crescerem e se tornarem homem e mulher ao invés de dois bebês que eram diariamente mimados por seus tios e pais. Sojin, Jihyun e Nameul se tornariam mulheres lindas, uma morena, uma loira e uma rosada, assim como os três irmãos Chanyeol, Jimin e Seokjin. Hyunseok, Daeseok, Seulgi, Migguk e Jeongsan seriam homens igualmente bonitos, arrancando suspiros das pessoas pelas ruas. A família daquelas oito crianças não poderia estar mais orgulhosa.

Yoongi e Hoseok continuariam sendo perfeitos opostos complementares e envelheceriam juntos, contemplando a vida que construíram juntos apesar de todos os desafios no começo.

Jimin e JungKook continuariam apaixonados, bobos um pelo outro, e ficariam ainda mais fogosos ao longo dos anos. E aliás, na faixa dos trinta, Jimin e JungKook causariam problemas por conta da quantidade móveis quebrados na casa. Ninguém ali precisava pensar muito para deduzir a razão pela qual o dossel, a penteadeira e a poltrona estivessem um pouco tortos depois de uma noite que os dois passaram sozinhos na casa. O amor dos dois cresceria a cada dia, como se ainda fossem recém casados.

A família seria uma grande família, então Namjoon e JungKook teriam de se mudar para outras casas em Seoul já que a casa principal era por lei de Hoseok, mas as novas casas eram tão luxuosas quanto. Mas de qualquer maneira, qualquer evento inventado por eles era realizado na casa onde aquelas crianças nasceram.

Hyekyo choraria todas as vezes que visse suas crianças reunidas na casa de BonHwa. E como se fosse uma regra imposta pelo coração, Park BonHwa seria um completo babão por seus netos. Seokjin, Jimin e Chanyeol se aproximariam ainda mais do pai e tudo estaria bem daquele lado da família.

Yoongi e Jimin… Bem, eles se tornariam melhores amigos. Sim, melhores amigos. Daeseok, Migguk e Jeongsan nasceriam na mesma semana e já que se tornaram pais juntos, ficariam ainda mais unidos do que antes. O passado seria perdoado e visto como aprendizado.

Ninguém se lembraria mais de Zitao, Scarlet Lace e Heesol. O terceiro andar seria transformado em um lugar para os filhos dos Jeon brincarem, mas assim que crescessem, seria como um museu de memórias, repleto de fotos, pinturas e cartinha feitas por eles mesmos. As más situações viriam, mas eles se tornariam maduros e nada seria ruim ao ponto de lhes desestabilizar novamente.

Só que isso seria no futuro.

Agora, naquele momento, Jimin ainda era um jovem de 18 anos e grávido de 2 meses e JungKook ainda tinha 19 anos. Ainda era somente Hyunseok e Taehyung ainda era um pequeno garoto de 12 anos. Yoongi e Jimin ainda eram somente dois jovens que interagiam amigavelmente.

Nada havia mudado.

Jimin ainda estava abraçado com JungKook na grande cama de casal, e seus olhos se encontraram novamente quando o alfa riu de si.

- Por que você parece perdido? - Acariciou o rosto do loiro, que em resposta beijou seus lábios calmamente e com um fraco sorriso no rosto.

- Estou pensando no futuro.

- É? Sobre o que no futuro? - Jimin descansou a cabeça no peito nu do marido, sentindo seus braços o envolverem com carinho. Antes de responder, passou os dedos curtos pela marca que agora estava na parte próxima da clavícula direita do alfa. Aquela marca contava uma história, era como uma página recém escrita de um romance que, por ser a exceção da regra, havia sobrevivido inúmeros obstáculos.

- Nossa família. Jihyun vai chegar, Seulgi vem logo depois, e logo logo mais crianças virão porque ninguém nessa casa tem sossego. - O moreno riu, sendo acompanhado por Jimin que se deleitava com o riso do maior. - É sério! Hoseok estava certo, essa casa vai estar cheia de crianças e nós vamos crescer juntos, criar nossos filhos juntos e vamos ser felizes juntos.

- Eu sei que vamos. - Beijou a testa do loiro. Ficaram mais um tempo em silêncio, encarando pontos aleatórios no teto e no dossel de madeira.

No passado, Jimin foi um ômega doce enquanto JungKook era um alfa amargo e nenhum dos dois nunca pensou que pudessem ser pecadores frios e voláteis às mais variadas situações.

Apaixonar-se pelo irmão de seu alfa, negar sua posição de esposo, ter outro em mente a todo o momento; aquele casamento forjado estava cheio, repleto de pecado. Era impossível consertá-lo no início, não havia como ajudar por ninguém ali queria ser ajudado. Mas quando o amor cresceu verdadeiramente, tudo pareceu ficar mais claro e bem aceito. Queriam estar juntos, queriam ser felizes juntos, e JungKook abriria mão de qualquer coisa por isso.

Mas a madrugada antes do nascer do sol é a mais escura. Momentos ruins não faltavam, Jimin era a prova viva daquilo. Olhar para trás de onde estava, era nítido e quase palpável o quanto todos naquela casa, de alguma maneira, mudaram.

Seokjin e Namjoon aprenderam o real significado do que era proteção. Yoongi e Hoseok aprenderam a confiar. Taehyung amadureceu.

E Jimin e JungKook aprenderam a amar. Aprenderam a lidar com as situações ruins, aprenderam que não importava o quão ruim fosse a situação, sempre haveria uma pequena luz para os guiar para o caminho certo. E eles eram gratos por isso.

Tudo havia sido perdoado, assim como Hoseok dissera. Agora tudo, verdadeiramente, estava bem. Agora havia amor, perdão, paz.

No meio de um campo de guerra e pecado, um sentimento puro e bonito crescera nos corações de dois jovens forçados a se casarem. E esse sentimento se estenderia até o dia em que seu último descendente desse seu último suspiro.

Porque Jimin e JungKook se amavam e nada, nenhum pecado, nenhum erro, ninguém mudaria isso.

Se fossem pecadores, seriam pecadores por amar demais.

Então JungKook fechou os olhos para dormir enquanto sentia o cheiro de lavanda que vinha do ômega e o cheiro leve, quase imperceptível, do serzinho que ali crescia. Da criança que selaria o amor de duas pessoas que tinham tudo para dar errado.

Mas almas gêmeas eram destinadas a estarem juntas. E ficariam. Ficariam juntas até que não houvesse mais tempo.

Ora, um final feliz, enfim?

Que final romântico, viver por amor.

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