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História Skinny Love (Sendo reescrita) - Recess


Escrita por: arabella70head

Notas do Autor


Hey, como vocês estão? 👻

Aqui está mais um capitulo, boa leitura ❤

Capítulo 31 - Recess


 

XXX

Um tremor tomou meu corpo ao ouvir as palavras de Mikael, mesmo inconscientemente já sabendo que seriam aquelas, não tiver sequer tempo de ser invadida pela culpa da noite passada. A preocupação havia me preenchido, não deixando espaço para mais nada dentro de mim, e minha mente se ocupava martelando a imagem de Thomas em minha vista. Mikael que agora voltou a andar pelo quarto com a cabeça e baixada, apertava as pálpebras com força como se sua cabeça latejasse em dor. Eu me levantei as pressas, me pondo em sua frente.

— Onde ele está? — perguntei não conseguindo controlar o nervosismo na voz.

— Eu não sei. — respondeu ele com o os lhos apertados fixos no chão. Sua voz baixa não expressava nada. A mais pura e sonora indiferença de sempre.

— ONDE ELE ESTÁ? — gritei e ele levantou os olhos bruscamente para mim.

— EU NÃO SEI! — gritou também. — Não consigo encontrá-lo. Eu tentei, ok?  Mas não funciona assim. — respondeu ele e eu levei minhas mãos ao rosto afundando meus olhos contra elas em angustia. — Eu não posso saber onde ele está. É parte das regras. Sou um ceifador, não posso interferir no que diabos quer que ele esteja fazendo. — disse ele mais brandamente, mas ainda sem emoção.

Eu olhei em minha volta, tudo parecia claro e sem vida. O edredom branco bagunçado sobre a cama, os móveis antigos e apáticos. O dia nublado lá fora parecia estar só começando, se passava das sete horas. O silêncio esmagador permaneceu entre nós enquanto eu vasculhava minha mente atrás de qualquer lugar onde Thomas poderia estar.

— Nós temos que achá-lo. — murmurei sem olhar para Mikael e o ouvi suspirar.

— Tem alguma ideia de onde ele possa estar? — perguntou tentando colocar um pouco de energia na voz, o que falhou distintamente.

— Tem um lugar. — disse subitamente. — Na costa, a oeste. — Mikael apenas assentiu com a cabeça e sem direcionar sua voz e seus olhos a um lugar especifico, ele adicionou.

— Eu te espero lá em baixo. — dizendo isso, e me fazendo perceber que ainda trajava minha velha camisola, ele se encaminhou para fora do quarto, o que só fez crescer a apreensão dentro de mim. Me dirigi logo para cômoda pegando o suéter mais próximo quando ouvi a voz de Mikael ainda de costas á porta.

— Ellizabeth. — disse ele sobre o ombro. — Nós vamos encontrá-lo. — sua voz não soou solidaria apesar de suas palavras demonstrarem isso. Eu assenti.

 

Assim que desci as escadas após me trocar o mais rápido que consegui. Mikael, que aguardava ao centro da sala, levantou seus gélidos olhos azuis para mim.

— Pronta? — perguntou ele quando parei a sua frente, soltando um suspiro pesado. A apreensão crescendo dentro mim, refletida em minhas mãos tremulas. Eu concordei com um aceno de cabeça e ele segurou em meu ombro. No mesmo instante, a sala se tornou um borrão, o chão escapou dos meus pés e todo o ambiente mal iluminado a minha volta girou e desapareceu e foi em poucos segundos substituído por uma claridade cinza repentina, o som do oceano e o vento forte da costa. Estávamos no mesmo ponto da estrada na noite anterior, mas Thomas não estava ali. Comecei a caminhar pela estrada completamente deserta a fim de encontrá-lo em algum ponto próximo, murmurando pra mim mesma “Ele tem que estar aqui, por favor, ele tem que estar aqui”. A ventania continuava forte e fazia todo meu interior tremer. Meu estômago se balançava tanto meus cabelos contra o vento a cada passo onde esperava avistar Thomas sentado na barragem de ferro à beira da estrada. Mikael seguia pouco atrás de mim, sem dizer sequer uma palavra, o rosto impassível e os pensamentos ilegíveis. Insensível até mesmo aos espasmos de frio. E a cada passo eu tentava ainda mais pensar em outro lugar onde ele poderia estar, até que a voz grave quebrou o silêncio e me fez parar.

— Se continuarmos vamos deixar a cidade. — anunciou Mikael e eu me virei para ele. — Ele não está aqui, Ellizabeth. — ele adicionou em um tom mais compassivo. Eu levei as mãos à cabeça em um gesto de angústia, mas assenti aceitando suas palavras. Respirei fundo olhando em volta tentando controlar minhas entranhas que giravam em ansiedade. As ondas quebravam contras as rochas sem cessar e uma neblina espessa que pairava sobre todo o horizonte azul acinzentado. Voltei meus olhos para Mikael que ainda era inexpressivo, ele apenas me fitava analisando cada gesto meu e esperando por uma resposta.

— Talvez ele tenha ido para casa. — arrisquei mesmo sabendo que era pouco provável.  Mikael apenas assentiu se aproximando de mim e tocando meus ombros e eu fechei os olhos antes sentiu tudo girar novamente. Senti o chão se estabilizar sob meus pés e vento cessar. Estávamos em frente a uma casa branca, em um bairro ao sul da cidade. Olhei em volta e as casas ao redor pareciam ter a mesma estrutura daquela a minha frente. Madeira branca envelhecida, telhado triangular, janelas pequenas e um baixo portão. A picape laranja antiga estacionada a frente da casa fez meu corpo se encher de uma esperança rarefeita. Passamos pelo portão e eu com as mãos tremendo toquei a campainha o lado da porta de madeira escura e em seguida ouvimos o som estridente ecoar pela casa. Eu olhei para Mikael que não retribuiu, ele apertou os olhos fixos na porta. Um momento de silêncio veio então.

— A casa está vazia. — constatou Mikael sem emoção. Eu senti a pontada de esperança de dissolver. Repremi minha angustia apertando meus lábios contra os dentes enquanto me virava para deixar a casa e Mikael passou o braço pelo meu ombro em cumplicidade.

Estávamos deixando a casa e foi ao avistar os fundos dela que notei uma garagem aberta na parte de trás da casa, um carro parado á sua frente bloqueava toda visão do interior. Eu parei ao ver aquilo e Mikael se voltou para mim com uma expressão duvidosa.

— O pai de Thomas é mecânico, certo? — lembrou ele. Eu voltei indo para a garagem em passos rápidos, Mikael me seguiu pouco atrás. Ao me aproximar, foi possível ouvir o tilintar das ferramentas o que fez meu peito vibrar de ansiedade. Passando pelo carro, ao adentrar o ambiente baixo, vi um senhor curvado sobre o capo aberto do carro, as mãos habilidosas cobertas pela graxa assim como suas roupas. O local era cercado por prateleiras e utensílios presos a paredes e uma mesa abarrotada de chaves mecânicas de diferentes tamanhos e formas e vários trapos sujos. O senhor que aparentava ter mais de quarenta anos levantou o rosto para mim ao notar minha presença, limpando as mãos no macacão azul. Seu rosto era expressivamente cansado o fazendo aparentar ser bem mais velho do que realmente era. Seus olhos eram de um verde escuro rodeado por olheiras profundas, e era possível claramente ver as semelhanças entre e Thomas em sua boca delineada, e o cabelo castanho ralo.

— Posso ajudar? — perguntou ele depois de um tempo, ao perceber que eu não iria dizer nada.

— Sr. Salvatore? — indaguei hesitante e ele me olhou desconfiado.

— Dave, por favor. E vocês, quem são?

— Sou Ellizabeth, e esse é Mikael. — adicionei o indicando com a cabeça. — Nós estamos procurando pelo seu filho. Você sabe onde ele pode estar? — perguntei cautelosamente. Dave nos encarou incerto e depois balançou a cabeça indo até a mesa de ferramenta e pegando uma das chaves e um trapo já sujo de graxa.

— Então você é a tal Ellizabeth que ele tanto fala? — murmurou ele se abaixando para o capô do carro novamente. Eu olhei para Mikael com apreensão, mas ele apenas mantinha seus olhos apertados em Dave analisando cada uma de suas ações, como se fosse encontrar uma falha ou a resposta para tudo a qualquer momento. — O que vocês querem com Thomas? — perguntou ele com uma preocupação encoberta pela aspereza na voz.

— Sou uma amiga dele, eu precisava falar com Thomas. — disse não conseguindo esconder minha angustia. — É muito importante.

 Dave suspirou relaxando os ombros em um ato cansado.

— Eu não vejo Thomas desde ontem à noite. — disse ele finalmente, virando a cabeça para mim. — Ele não disse muito, eu nunca tinha o visto naquele estado. Ele subiu para o seu quarto e disse que queria ficar sozinho. — contou ele com pesar. — Não o vi na manhã seguinte. — comecei a andar pelo local em uma ação que beirava o desespero, até que Dave se aproximou de mim, tirando um velho celular do bolso do macacão e o estendendo para mim, na tela eu pude ler a seguinte frase:

“Estou bem, pai. Não se preocupe. —Thomas.”

A frase ecoou dentro da minha cabeça por um tempo. Então Dave pegou o celular das minhas mãos tremulas o guardando no mesmo bolso.

— Ele me mandou essa mensagem ontem à noite. — ele contou passando o antebraço pelo rosto, pois suas mãos ainda estavam cobertas de preto. Agora visivelmente exausto era claro que ele estava tão preocupado com Thomas quanto eu estava. Meus olhos estavam prestes a se margearem de lagrimas quando a voz grave de Mikael interviu.

— O senhor tem alguma ideia de onde ele pode estar? — perguntou ele pacificamente porem sem afeição, enquanto se aproximava de mim.

— Ele... Ele deveria estar no colégio. — respondeu Dave incerto. — Era para ele estar no colégio. — Mikael assentiu me puxando pelo ombro.

— Vamos, Ellizabeth. Temos que ir. — murmurou ele com uma urgência velada.

— Thomas... — Dave se apressou em dizer. — Meu filho está com algum problema, não está? — perguntou ele, os olhos verdes profundos em desolação.

— Ele vai ficar bem. Tenho certeza. — disse com toda convicção que consegui reunir dentro de mim, o que não pareceu ser suficiente para aquele pai desamparado. Mikael ainda me puxava pelos ombros, enquanto a expressão de Dave se tornava cadê vez mais devastada. Eu me desvencilhei de Mikael, indo até o Sr. Salvatore e segurando suas mãos com firmeza, a ação o surpreendeu, mas ele não recuou. — Thomas vai ficar bem. — disse com segurança. Eu devia aquilo a ele. A vida de seu filho estava por um fio, e aquilo estava em minhas mãos. Dave deixou algumas lágrimas escaparem dos seus olhos, mas logo as deteve.

— Traga ele para casa. — pediu ele e eu assenti com veemência. Mikael apareceu do meu lado novamente.

— Nós temos que ir. Agora. — disse em voz baixa com impaciência, e eu apenas permiti que ele me puxasse instância para fora da garagem, tocando meu ombro assim que alcançamos o portão nos fazendo desaparecer, deixando a rua deserta novamente.

No instante seguinte estávamos em frente ao colégio, mas a multidão de alunos passando a nossa volta não pareceu notar nosso surgimento repentino. O sinal que indicava o início das aulas tinha acabado de soar o que tornou demasiadamente mais difícil a simples ação de entrar no colégio, pois outras centenas de pessoa tinham o mesmo objetivo. Eu me espremi entre as pessoas com avidez esbarrando na maioria delas, enquanto Mikael seguia ao meu lado em passos largos, desviando agilmente das pessoas a sua frente como se ele previsse cada movimento delas. E despertando alguns olhares tortos conseguimos alcançar o corredor principal, nos mover por ele checando cada sala de aula era ainda mais complicado. O fluxo de alunos passando entre nós era constante, e as risadas altas e a gritaria ecoavam no fundo da minha mente enquanto meu estômago se afundava ainda mais a cada vez em que percebia que Thomas não estava naquela sala, e então seguia para a próxima enquanto Mikael fazia um sinal negativo para mim sobre a sala do outro lado do corredor. Gradualmente a multidão diminuiu, com os alunos indo para suas devidas sala e pouco depois já podia ouvir meus passos ecoando no piso espelhado. Ao chegar ao fim do corredor, eu estava em uma intensa batalha interna para não permitir que as lágrimas de aflição desabassem pelo meu rosto. Mikael se pôs a minha frente, me segurando pelo os ombros.

— Ele está aqui. — afirmou ele, o que fez um o frio preencher um espaço no meu estômago. — Posso sentir.

— Vamos continuar procurando. — murmurei me desvencilhando dele, indo em direção as escadas do segundo andar, mas ele me impediu antes que pudesse alcançá-las.

— Não temos mais tempo para procurar, Ellizabeth. — disse ele com uma seriedade passiva na voz que me fez tremer. Eu sabia o que significava mesmo negando freneticamente com a cabeça. — Olhe pra mim. — ele pediu tomando meu rosto em suas mãos e o trazendo para frente ao seu. Seus olhos estavam nebulosos de uma urgência oprimida. — Pense. Podemos não ter outra chance. — sua voz soou me fazendo entorpecer. Então tudo se tornou claro e eu insultei a mim mesma por não ter pensado nisso á princípio. A tensão e ansiedade havia tomado total conta do meu corpo não me permitindo enxergar o óbvio.

— Como eu puder não pensar nisso... — murmurei encarando o vácuo entre os olhos apreensivos de Mikael e o corredor vazio. E me soltando dele novamente eu disparei subindo as escadas outra vez.

— Aonde você vai? — perguntou Mikael alto, fazendo sua voz ecoar pelo corredor.

— Eu sei onde ele está.

 


Notas Finais


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Obrigada por lerem, love you all ❤


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