História Skydive - Prologo

19 de junho, 2020.

Jungkook está andando de cabeça baixa e o corpo encolhido na rua da casa do melhor amigo que conhece melhor do que a própria rua onde mora, o frio está insuportável para a leve quantidade de roupa que está vestindo.

O adolescente ergue a cabeça para checar o lugar, não está num bairro tranquilo, os assaltos são constantes e o mesmo tem amor pelo seu celular, por sorte nunca foi assaltado naquele bairro.

Ao chegar na casa do amigo toca a campainha e é recepcionado pela mãe/pai.

-Entra Kookkie, o TaeHyung foi comprar umas coisas pro almoço.

-Oi Tio Baekhyun – Jungkook abraça apertado no pequeno homem.

-Você já é de casa – Baekhyun larga o garoto na sala e vai para a cozinha começando a cantarolar – hey, como está a escola? Ninguém perturba vocês dois? O Tae sempre me fala que não, as vezes acho que é mentira.

Baekhyun começa tagarelar, uma coisa de família, Jungkook adora ficar com o mais velho tem ótimas qualidades de uma mãe, o garoto chega a sentir inveja do melhor amigo.

Jungkook responde às perguntas do mais velho como “ta tudo bem”. O adolescente tira a jaqueta verde musgo jogando no sofá junto com a mochila e liga a TV.

-Deixa nesse programa que eu gosto – Baekhyun grita da cozinha e começa a falar do programa que o adolescente nunca havia ouvido falar, mas não contraditou o homem.

Jungkook jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, o clima da casa de TaeHyung é ótimo ele estando ou não nela.

-Hey viado!!!! – a voz meio grossa do melhor amigo é estridente pela casa – Kook faz tempo que você chegou?

-Não – responde simplório e abre os olhos seguindo com o olhar o caminho tomado do amigo cheio de sacola até a cozinha.

-Ta doido? Falei pra você comprar tempero e não o mercadinho inteiro – Baekhyun começa a brigar o filho – o que tu comprou moleque?

Jungkook dá um sorriso, acha uma graça os dois parece mais irmãos do que mãe e filho.

A TV começa perde o sinal chamando atenção do mesmo que com muita preguiça vai até o aparelho verificar os cabos. Sentando na frente do racker e começando a mexer no aparelho da tv acabo verificando se melhora algo. Ao levantar o aparelho ver uma foto suja de poeira.

Pega a foto esquecendo da tv. Há um beber e um homem jovem bem parecido com o TaeHyung sorrindo no banco de uma praça, vira a mesma e ler “Primeira vez do bebe Taetae na Praça com o pai Daehyun – 5/02/2006”.

-Pai? – Jungkook sussurra – ele nunca falou do pai.

-Ta falando sozinho? – TaeHyung aparece com um pirulito na boca surpreendendo-o – que cara é essa?

Jungkook fez um sinal para o melhor amigo ir até ele que rápido sentou do lado pegando a foto da mão do mesmo e lendo o verso.

TaeHyung não soube o que falar, reconhece que é ele como criança e a semelhança do homem consigo, mas pai? A sua mãe nunca falou do seu pai, apenas que ele os abandonou e que não é para procurar por ele.

-Tem outra – Jungkook fala esticando a mão no fim do racker mais duas fotos.

A segunda foto é do TaeHyung cerca de 3 anos no capo de um carro importado sorrindo segurando um carrinho na mão e do lado está o homem da foto anterior passando o braço pelo pescoço de sua mãe, Baekhyun, que está sorrindo com o rosto deitado no ombro do homem, ambos com roupa simples, jeans claro e camisa de manga curta vermelha e branca, respectivamente.

Na terceira foto é sua dormindo recém-nascido de macacão verde segurando a mão enorme do DaeHyun que está sorrindo com uma lagrima descendo pela bochecha.

-Você nunca falou do seu pai – Jungkook falou baixo.

-Vamos pro meu quarto – TaeHyung dá um pulo do chão e corre pelas escadas ouvindo uma reclamação da mãe da cozinha, Jungkook fez seguir na mesma velocidade deixando a tv ligada.

A última porta do corredor é o quarto do garoto, Jungkook entra no quarto ignorando a bagunça e o novo pôster na parede do filme da Marvel e encontra o melhor amigo deitado na cama grande de solteiro com foto que aparece os 3 juntos na mão com o braço erguido.

-Vou te contar um segredo – Taehyung falou baixo sem olhar para o mais novo que fecha a porta tira os sapatos e deita junto com o outro de barriga para cima o olhando de canto de olho.

-Pode confiar em mim – Jungkook passa confiança para o outro, entende que o assunto de não lembrar do pai é delicado, tem como referência a sua própria família apenas está estudando numa escola cara por ter ganhado uma bolsa integral, pois se depender de um alcoólatra e da mãe que passa mais tempo fora de casa do que dentro não saberia que rumo tomaria.

-Eu confio – TaeHyung passa o dedo no casal e deixa escapar uma lagrima – lembro da sua voz, ele sempre cantava para mim antes de dormi... – ouve uma pausa para - eu acho que quando tinha 4 anos eu teve uma briga em casa e escutei um barulhos parecido com fogos, a mamãe entrando no meu quarto me pondo no colo chorando dizendo “está tudo bem”.

-Seu pai morreu? – Jungkook interrompeu curioso.

-Não, a mamãe encolheu no quarto entre uma caixa de brinquedos e o armário me apertando no peito – Taehyung encara o melhor amigo que nem pisca – tava escuro e a única luz que conseguia ver era da fresta da janela, lembro que a mamãe tava com um revolve do lado.

-Uma arma? – Jungkook pergunta arregalando os olhos.

-Depois lembro que um cara entrou no quarto correndo todo ensanguentado sorrindo, fiquei com muito medo e comecei a chorar – lagrimas caíram do olho do garoto – fui deixado de lado quando minha mãe levantou pra lutar levando a arma, por sorte a mamãe tem uma boa mira. Mas o barulho do tiro fez meus ouvidos doerem muito e eu comecei a gritar, o zumbido foi horrível. A mamãe me balançando e falando que vai ficar tudo bem não me acalmaram e eu gritava pelo meu pai.

-Tae... – JungKook não queria mais ouvir, por ser muito sentimental em relação aos amigos sente a dor do outro e mais ainda fazer uma dor voltar achando aquelas fotos – não precisa contar.

-Eu preciso, ninguém sabe, nem minha mãe – ele falou baixando a foto colocando em cima do peito protegendo com as mãos.

-Então continua – Jungkook fala ficando de lado segurando a mão do melhor amigo.

TaeHyung respira fundo e continua:

-Não sei dizer quanto tempo durou, mas aquele zumbido no meu ouvido me deixou surdo por um tempo, um homem morto no meu quarto e minha mãe lá com uma arma na mão se tornaram cenas traumatizantes – o garoto fechou os olhos e lembrou da cena – da porta do quarto surgiu um outro homem cambaleado com duas armas na mão chamando o meu nome. Aquela cena foi... foi... – TaeHyung não segurou as lagrimas – foi estranhamente linda. Meu pai tava vivo, todo machucado e sangrando, mas com vida.

“Minha mãe levantou e correu para o lado dele o sustentando com um braço e eu do outro. Ele teve que imprensar o pai na parede para aguentar o peso. DaeHyun tava chorando e sorrindo com a mão na minha costa e a outro por cima do ombro da mamãe, as armas jogadas no chão.”

“Eu toquei no seu rosto sentindo a textura do sangue na sua pele e falei inocentemente ‘vai ficar tudo bem, mamãe vai nos proteger’” – uma coisa idiota que me arrependo de ter falado – “Daehyun sorriu concordando e beijou minha testa bem demorado e quando se afastou o sorriso havia ido embora e naquela hora ele se despediu ‘mamãe vai cuidar de você e só pode fazer isso quando eu parar de trazer perigo, vou ficar cuidando de você de longe pode acreditar’”

-É a única memoria que tenho dele que é longa – TaeHyung falou tentando engolir o choro – tenho tanta saudade dele, não sei quem ele é ou o que faz, mas ele não devia ter nos deixado, lembro de tanta pouca coisa.

-Entendo você – Jungkook rápido aconchega o mais velho nos seus braços ignorando se a foto está sendo amaçada – mas pelo o que você contou, ele partiu para deixar você em segurança.

Taehyung apenas concordou e deixou o choro rolar.

-Obrigado por ter escutado.

-Sempre vou.

Jungkook tentou ser o mais forte possível, porem quando lembrou da própria situação deixou algumas lagrimas fugirem. Enquanto o seu amigo foi abandonado pelo pai por motivo desconhecido de segurança, ele tem que aturar a mãe partindo todos os dias sem dizer pra onde vai e quando vai voltar deixando-o com um pai alcoólatra instável.

Os dois melhores amigos dormiram abraçados.