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História Skyfall - Cap. II - O dia posterior


Escrita por: Somnumr

Notas do Autor


Atrasou algumas horas, mas saiu.
Esse capítulo é meio parado por ser uma introdução, aqui a gente conhece melhor nossa protagonista, Peridot. Espero que gostem dela e estejam prontos para acompanhar a evolução dela no decorrer da nossa história. ;)
Foi um pouco difícil fazer esse, reescrevi e editei várias e várias vezes, tentando colocar o máximo de informação, mas evitando deixar cansativo e também não queria entregar todas as cartas de uma vez.
Ainda tenho muito para contar.
Boa leitura!

Capítulo 3 - Cap. II - O dia posterior


– Peridot –

Chegue um pouco mais perto, então você verá

As coisas nem sempre são o que parecem ser”

(Come a Little Closer – Cage The Elephant)

A vida de Peridot já era complicada o suficiente antes mesmo daquela noite incomum e cansativa. A loira mantinha-se estável por meio de artigos e livros que escrevia e, claro, com a ajuda de Greg e Rose. Ainda assim, era difícil manter uma situação financeira boa quando a maioria das pessoas não tinham interesse em ler, principalmente se fosse de autoria feminina, mas claro tudo tinha que piorar ainda mais.

Agora, estava na biblioteca em que Rose e Greg trabalhavam, incrédula ao ouvir a mulher contar a história dos famosos “herdeiros dos elementos”. Para ela, aquilo era apenas histórias da cultura local, uma forma complicada de explicar as chuvas, o fogo, as ventanias e as plantações.

Até a noite passada.

— Você pode encontrar livros e documentos sobre os herdeiros no segundo andar. — Greg disse assim que Rose terminara o resumo. — Basicamente, tudo relacionado à cultura está lá em cima. — Apontou para a escada empoeirada que levava ao andar superior.

Aquela escada não parecia confiável.

— Está trabalhando em um artigo novo? — Rose perguntou e Peridot levou alguns segundos para entender que a pergunta era direcionada a ela.

— Sim. Um sobre a nossa cultura. E um pouco de conhecimento nunca é demais. — Respondeu com a maior cara de tranquilidade que podia fingir.

A loira sorriu em agradecimento pela ajuda e levantou-se da cadeira em que estava sentada ouvindo a história e seguiu para a escada de madeira. Ela podia ouvir a escada dizendo “Ei, pise em mim e vamos ver se vou romper e quebrar suas costelas!” de tão velha, parecia que ninguém subia ali há anos, entretanto confiou no olhar encorajador de Greg e subiu para o segundo piso.

Apesar da escada ser velha, as estantes daquele local pareciam ser limpadas diariamente, assim como os livros e as mesas. Peridot percorreu algumas seções até finalmente encontrar um livro de capa dura, bege (quase amarelado pelo tempo) e bem antigo, “O Legado dos Deuses Para a Humanidade”. Ela não acreditava em Deus, deuses ou qualquer deus, mas sentia que esse livro poderia ajudá-la a responder certas dúvidas.

Sentou-se à mesa mais próxima de si e procurou pelo capítulo que introduziria os herdeiros, mesmo que já tivesse escutado a história milhares de vezes, só conseguiria fixar por meio da leitura.

Capítulo III – Herdeiros dos Elementos: Os Protetores da Humanidade

Como dito anteriormente, os deuses, ao abandonar a Terra, deixaram os humanos miseráveis à mercê das criaturas malignas que eram responsáveis pelo caos que era a superfície terrestre, vivendo sem nenhum limite. Para as criaturas, apenas os mais fortes tinham direito à sobrevivência.

Os deuses, em sua grande misericórdia e bondade para com a humanidade, apiedaram-se vendo o caos avassalador e enviaram à Terra seres semelhantes aos humanos no quesito aparência, todavia sua essência era composta pelo DNA e sangue divino, muitos deles tinham a capacidade de controlar algum elemento da natureza ou até mesmo algo dos próprios deuses. Estes foram chamados de Herdeiros dos Elementos, coroados como os salvadores da humanidade.”

Peridot sentiu seu corpo se arrepiar ao ler os dois primeiros parágrafos, tudo em si gritava “Perigo! Perigo! Não continue lendo se não estará traindo a si mesma e revelando seu passado!”, mas continuou passeando os dedos pelas folhas, em busca de mais clareza.

Avançou algumas páginas e capítulos:

“[…] Entretanto, a balança do universo começava a desequilibrar-se, pois cada vez que os renascidos sumiam em cinzas e trevas, voltavam mais fortes, reproduzindo-se em larga escala. Os herdeiros, em contrapartida, eram espécies raríssimas, impossíveis de serem procriadas de tão puras. Porém, ainda assim, houveram tentativas falhas de replicarem o DNA poderoso dos herdeiros; a maioria das soluções eram feitas por alquimistas, bruxas e físicos, injetadas em humanos normais.

Com a situação desesperadora, a raça humana ergueu-se da sombra do medo e resolveu por fim revidar os ataques. Formou-se os primeiros Caçadores de Renascidos, famosos por suas habilidades de esgrima, combate corpo-a-corpo e raramente, mas não tão distante, magia […]”

Peridot ouviu uma tábua ranger atrás de si, dispersando sua concentração. Olhou para os lados, mas não avistou ninguém, pensou ser apenas sua imaginação, porém no seu interior temeu ser mais uma daquelas criaturas bizarras da noite anterior e achou melhor ir embora logo.

Levantou-se da cadeira, carregando nos seus braços alguns livros sobre o tema, mas estava começando a achar que a melhor opção e maneira de entender o que aconteceu — e estava acontecendo — era ir direto à fonte, ou seja, falar com a garota que deixara no celeiro.

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Talvez, somente talvez, nocautear aquela estranha e deixar ela amarrada na cama não fora uma ideia boa, pensou Peridot, enquanto fazia o caminho de volta para casa, levando em uma bolsa alguns livros grossos e velhos. Andando, pôde observar alguns poucos homens reconstruindo suas casas e mulheres com seus filhos em seus afazeres. Algumas pessoas choravam a morte de entes queridos, enquanto outras rezavam para alguma divindade inalcançável.

Observando a situação lamentável do vilarejo, sentiu culpa, logo substituída pela raiva. Tudo aquilo realmente tinha acontecido, mas por quê? Eram apenas pessoas normais com vidas normais. Ninguém deveria passar por aquilo e, ainda assim, todos agiam como se nada tivesse acontecido e não questionavam ou buscavam respostas.

Era como se todos achassem normal, exceto ela.

Na noite anterior, Peridot foi visitada por aquela que os salvara, porém mesmo assim, não conseguiu confiar no ser totalmente. Em questões de segundos, avaliou a melhor forma de escapar; nocauteou-a e fugiu para a casa de Rose, que felizmente sobrevivera ao ataque com o seu marido.

A loira sentia vergonha por ter fugido daquele jeito, mas ao ouvir o seu nome verdadeiro, sentiu primeiramente que deveria confiar porque, afinal, ninguém sabia o seu nome. Se soubessem, pensou, iram surtar.

Mas de qualquer jeito, ao relembrar aquele aperto no peito que não sentia desde que enterrara o seu antigo eu em um local distante, agiu por instinto e fugiu. Peridot odiava sentir que não tinha controle sobre a sua vida.

Desde que fugira do orfanato aos 10 anos, atendia apenas pelo pseudônimo Peridot, nem mesmo Greg e Rose sabiam seu verdadeiro passado. Algumas crianças e até a própria cuidadora costumavam chamá-la de “bastarda amaldiçoada” e ela odiava isso; outras apenas tinham medo de estar perto dela.

Consequentemente, Peridot odiava seu nome e sobrenome.

Finalmente chegando no seu lar, respirou fundo algumas vezes, preparando-se psicologicamente e desejando que não houvesse ninguém, que a noite de ontem fosse apenas um delírio seu, daqueles que não tinha desde seus 18 anos. Mas é claro, não aconteceria isso, teria que encarar sem fugir dessa vez.

Peridot finalmente abriu as portas e com certeza não estava pronta pra ver sua casa uma bagunça completa; bem, já era bagunçada naturalmente, mas agora parecia que uma guerra acontecera ali dentro, havia poças d'água e móveis no chão e, logo no segundo andar, avistou sua hóspede. Sentada elegantemente sobre a sua cama, lendo um dos livros que Peridot escrevera.

Como se planejasse a cena, lentamente ergueu seus olhos do livro e fixou-os em Peridot, a íris azul cintilando como se a julgasse — ou admirasse? — por ter a ousadia de acertá-la desprevenida com um taco.

— Estava esperando por você. — Disse, finalmente, sua voz era tão cautelosa que fazia Peridot acreditar que pisava em um campo minado. — Perdoe-me pela bagunça. Um renascido me seguiu e precisei acabar com ele. — Explicou-se, mas não demonstrava um traço de arrependimento.

— Tudo bem… Imaginei que estava me esperando. Tenho perguntas. — Respondeu, ainda parada na entrada, devolvendo e resistindo o olhar leviano da mulher em sua cama. — Muitas.

— Claro que tem. — Duas asas formaram-se nas costas do ser, eram as mesmas que vislumbrou durante o ataque noturno, translúcidas como água.

Peridot prendeu a respiração enquanto acompanhava aquela mulher quase divina aterrissar a poucos metros de si.

— Diga-me, Petra, o que deseja saber sobre mim? Ou até mesmo… Sobre você.


Notas Finais


Todo bom romance começa com uma tacada na cabeça.
Espero que tenham gostado! Talvez o próximo demore um pouco mais, mas não desistam de mim e eu não desistirei de vocês e dessa história. 💖
Até lá, um beijo e um abraço, não deixem de comentar suas opiniões (se quiserem óbvio)!


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