História SLAVE TO LOVE - Por Amor

Por Amor 

 

 

MARIANE

 

Estou em choque com essa atitude de Christopher  !!!

As palavras reverberam em minha mente com a força de chicotadas, enquanto o encaro fixamente, sem conseguir esboçar uma reação. 

- Eu não quero que você se prive de fazer as suas coisas e entendi que nem sempre você queira minha companhia. Mas eu quero e mereço alguém que não se envergonhe de estar comigo, por conta de uma cadeira de rodas. – ele falava incisivamente – Pensei que você fosse diferente e que ia ser diferente também a nossa relação, dois iguais tentando serem felizes. 

- Chris, eu ...

- Porém, como sempre me enganei, mas o mais engraçado é que dessa vez está doendo muito. Eu acreditei em você ...

- Você está dizendo tudo isso, porque eu saí com o pessoal do escritório ?! – interrompi perplexa.

- Estou falando tudo isso, porque entendi que você tem vergonha de estar comigo. Demorei a perceber ...

- Você está totalmente errado !!!- disse aflita vendo a mágoa e a descrença no olhar dele – Se fosse assim, no nosso primeiro encontro quando descobri a sua deficiência, eu teria ido embora. Afinal, nos falamos durante três meses e você nunca me contou que é paraplégico. O que aconteceu hoje, foi um acaso !!! O pessoal acabou me convencendo, mas já era final do expediente ...

- E em nenhum momento, você pensou em me telefonar ?! – ele indagou irritado. 

- Mas eu liguei !!!

- Ligou, provavelmente quando já estava no caminho ou pior, já no local. 

- Claro que não, Chris !!! Confesso que pensei, que você não ia gostar de ...

- De te acompanhar como qualquer namorado normal faria ?! – revirou os olhos em sinal de deboche  -Ah, esqueci !!! Eu não sou normal, na opinião de vocês !!! 

- CHRISTOPHER, CHEGA !!! – aumentei a voz, completamente alterada, ele se assustou e silenciou – Agora você vai me ouvir !!! Eu te amo, do jeito que você é !!! Te amo por inteiro e em nenhum momento, quis te magoar. Mas parece que não estou sabendo demonstrar o suficiente, o quanto te quero bem. 

Meus olhos ficaram marejados e os dele também. 

- Mari, eu não vou suportar ... se você...

- Meu amor, me perdoe se falhei com você. – o abracei consternada, permitindo que as lágrimas escorresem  livremente. 

O abracei e quando ele me acolheu nos braços fortes, voltei à vida.

Eu precisava provar a ele, o quanto o amava e com urgência. 

 

 

Acabamos tendo uma noite agitada, em que ele teve febre e sofreu com dores intensas.

Não fui trabalhar para poder cuidar dele, que estava debilitado.

E lá no fundo, me sentia culpada, por ter provocado essa crise. Contudo, eu jamais iria imaginar, que ele pudesse ter uma reação dessa. Afinal, ele sempre me pareceu tão seguro e bem resolvido, quanto à própria deficiência. 

No final da tarde, ele acordou melhor e bem disposto. O ajudei com o banho e quando foi se trocar. 

Enquanto o ajudava a se secar, um desejo avassalador tomou conta de mim. Tentei me conter, ter aquele homem lindo à minha frente e não ama-lo, era impossível. 

Comecei secando os cabelos escuros, desci para os ombros e antes que ele pudesse entender o que estava acontecendo, eu já estava beijando o tórax definido e acariciando as coxas firmes. 

- Mari ...que gostoso ... -suspirou entre gemidos de prazer. 

Motivada pela reação positiva dele, peguei em seu membro com firmeza e o  abocanhei. Suguei devagar no início  aumentando o ritmo, conforme percebia a entrega dele. 

Cada toque estava revestido de carinho e desejo, eu o tocava demonstrando o quão precioso, ele é para mim. Ele já estava ofegante, eu sabia que em breve atingiria o ápice, sendo assim intensifiquei os meus movimentos. Poucos minutos depois, ele atingiu o prazer máximo. 

Ver a expressão dele de saciedade, era um poderoso estímulo e Chris não precisou de muito para me fazer gozar. Ainda trêmulo, me fez ir para a cama com ele, pediu que eu colocasse minhas pernas em seus ombros, fazendo que minha intimidade ficasse a centímetros da sua boca sensual. E então ele me sugou e penetrou com seus lábios e língua, poderosamente sensuais. 

Atingi o paraíso, era como se estivesse flutuando, longe de tudo e todos. Não havia limites, somente o prazer que percorria meu corpo. 

Mas eu queria mais e sabia que seria preciso estimula-lo, já que por conta da lesão na coluna, as ereções dele não duravam tanto quanto de um homem não lesionado. Porém, para mim isso não é um problema. 

Me sentei em suas pernas, enquanto ele me olhava incrédulo:

- Princesa, você quer mais ?!

- Quero você dentro de mim. – assenti, passando a beijar o peitoral delineado pela natação e musculação.  Os músculos firmes reagiram ao meu toque de imediato. Os olhos azuis, ficaram acinzentados e novamente a expressão de prazer tomou o rosto dele. 

Eu já havia pesquisado sobre a sexualidade dos cadeirantes e, sabia que o estímulo visual era mais importante do que o toque em si. E mesmo ele tendo recuperado a sensibilidade, em algumas partes dos membros, ainda assim se tornava indispensável esse tipo de incentivo. 

Percebi que tinha atingido meu objetivo, assim que senti o membro grande e rijo novamente.  Sem perder tempo, me sentei em seu colo e comecei me mover vagarosamente, extraindo todo prazer possível. 

- Meu amor ... meu gostoso ... – murmurei sentindo o clímax se aproximar. 

Ele gemia e apertava minha cintura, tornando as estocadas profundas e deliciosas. 

- Gostosa, goza pra mim !!! – disse com a voz rouca de desejo.

Atingimos o ápice juntos e pela primeira vez, ele ejaculou. Me surpreendi, pois em todas as vezes em que nós nos amamos, nunca havia acontecido. E no caso de lesionados como ele, era comum a falta de ejaculação, por isso a maioria era estéril. 

Depois que recuperei minhas forças e ainda abraçada à ele, falei baixinho :

- Bebê, você me perdoou ?

- Acho que precisamos nos perdoar mutuamente, princesa.- respondeu acariciando minhas costas com delicadeza.

- Eu te amo, Chris. Só quero poder cuidar de você ...

- Eu também te amo Mari, mas não quero que seja minha enfermeira, quero que seja minha mulher, minha companheira. 

- Mas eu sou completamente sua. É que me preocupo com você e isso é uma forma de demonstrar o quão importante, você é para mim. 

- Eu entendo, porém, o excesso de cuidados me incomoda. Me faz ter a sensação de ser um problema, um peso e não quero me sentir assim. 

- Prometo que vou tentar melhorar. Mas você também tem que me prometer uma coisa. – disse o encarando. 

- Prometo e vou cumprir o que você quiser. – falou sorrindo. 

- Quero que prometa nunca mais duvidar dos meus sentimentos, do meu amor por você. 

- Prometo, meu amor. 

O beijo que ele me deu selando essa promessa, me fez ir à Lua e voltar. Meu Deus, que homem maravilhoso !!!

E o fato de estar em uma cadeira de rodas, não o desqualificava em nada, ele permanecia lindo e viril.

Me aconcheguei junto à ele e suspirei, queria poder eternizar aquele momento. 

 

 

CHRISTOPHER 

 

Medo.

Eu estava me sentindo inferiorizado e apavorado com a possibilidade de Mari me deixar. Sendo assim, ataquei como forma de defesa.

Disse que a nossa relação havia chegado ao fim, torcendo para ela, insistir e dizer que não desistiria de mim. E graças a Deus, foi isso que aconteceu. 

Porque se ela tivesse concordado com o término, não sei o que faria. 

Quando ela argumentou tão veementemente e depois me amou, entregue, tão minha, senti meu coração ser curado.

Sei que para ela é uma experiência nova e cheia  de desafios, afinal está se ajustando a uma realidade completamente diversa da sua, que exige desprendimento e muita paciência.

Aliás, ela já começou a exercitar essa qualidade, paciência, porque passar a noite em claro cuidando de mim, com certeza não era o que ela tinha em mente para uma noite romântica. 

Quanto a mim, as dores foram tão intensas, que mal pude raciocinar. Só agora, sentindo uma dor suportável, consigo pensar  e reconhecer o cuidado e carinho que ela teve comigo. Portanto, se não me amasse de verdade, teria dado um jeito de sair da minha vida há muito tempo. 

E de acordo com meu médico essas dores neuropáticas não tinham causa específica, portanto, não tinham cura. Inclusive, por conta delas terem aumentado de intensidade, eu estava usando analgésicos como Tramadol e Tilex que são à base de morfina, mas estou consciente que em breve eles perderão o efeito, assim como os anteriores. 

Justamente por isso, tenho me dedicado com afinco a fisioterapia e, tenho conseguido bons resultados. 

E a forma como ela me olha, vendo o homem que sou e não a cadeira em primeiro lugar, me dá segurança em relação aos sentimentos dela. Agora, deitado com ela junto a mim, apesar das dores crônicas, me sinto realizado.

Disposto à alcançar toda melhora possível, com a fisioterapia e os remédios.

Mariane, merece o melhor de mim, mesmo que isso signifique esconder o meu sofrimento dela.  

 

 

AS MENINAS 

 

CARINA 

 

Eu preciso urgentemente falar com Maya e Izzy, sobre o que me aconteceu no apartamento de Douglas. Apesar de saber que ambas vão me comer viva, principalmente Maya, já que praticamente arruinei nosso plano. 

Mandei mensagem para as duas, as recrutando para um lanche em casa. Porém, Izzy nos convidou para ir à sua casa, alegando que teríamos mais privacidade. 

Aceitei e Maya também. Assim, estávamos à caminho da casa dela. Maya permanecia em silêncio dirigindo, parecia estar com o pensamento à léguas de distância e de vez em quando apertava o volante com tanta força, que dava a impressão de que ia arranca -lo.

- Maya, você está bem ?- questionei preocupada. 

- Estou ... quer dizer, não !!! – disse confusa.

- Quer conversar ?

Assentiu e me perguntou :

- Car será que é possível ter sentimentos por duas pessoas ao mesmo tempo? 

Sua expressão confusa, era comovente. 

- Eu acredito que sim, May. – falei sincera – Ao menos quando se trata de desejo, atração física. 

- E se não for só fisicamente ? – disse com certa hesitação. 

- Bem, nesse caso é mais complexo. Eu, como você sabe, já me senti atraída por outros homens, porém meu amor, meus sentimentos sempre foram do Willian. Mesmo em relação a Douglas, que foi um caso duradouro, era apenas atração física e talvez, um pouco de carinho. 

- Eu não sei o que está acontecendo comigo e detesto perder o controle sobre mim. – disse irritada, procurando uma vaga para estacionar.

Ela estacionou e nos dirigimos para a casa de Izzy, que nos  esperava sorrindo de orelha a orelha. Alguém tinha se dado muito bem.

 

 

IZZY 

 

Estou nas nuvens !!! 

Vivendo um sonho, do qual não quero acordar nunca mais !!!

Ryan era tudo o que desejei e muito mais. Depois que assumiu seus sentimentos por mim, se tornou mais espontâneo, mais leve.

E mesmo quando me recusei a voltar a trabalhar com ele, manteve uma atitude positiva, apesar de contrariado. 

Expliquei à ele que preferia manter nossa relação estritamente amorosa, além de estar gostando do meu novo trabalho, o qual me proporciona novos desafios diariamente. 

Quando Carina ligou, me convidando para um lanche na casa dela, aceitei de imediato. Porém, sugeri que fosse aqui em casa, assim poderemos falar de tudo sem restrições e sem pudor algum. 

Arrumei a casa para recebê -las, preparei algumas guloseimas e tentei conter minha ansiedade, eu não via a hora de contar para elas sobre Ryan e eu. 

 

 

Finalmente, elas chegaram e Car de imediato percebeu que eu estou diferente. 

- Hummm ... algo me diz, que teremos boas novidades !!! – Carina disse me abraçando. 

- Sim, tenho uma novidade. Contudo, antes quero saber o que de tão sério, você quer nos contar.- respondi correspondendo ao abraço e abraçando Maya, que permanecia silenciosa. 

Entramos e cada uma se acomodou, ficando confortáveis. 

- Então, dona Carina, vamos lá. Conte – nos tudo e não esconda nada.- falei, a encarando com um sorriso. 

- Bom, vocês vão querer me matar ... – Maya se empertigou na poltrona e sua expressão se tornou taciturna – Eu fui até o apartamento do Douglas e ...

 

 

- Carina !!! Pelo amor de Deus !!! – falei chocada depois de ouvir seu relato– Você enlouqueceu de vez !!!

- Porra, Carina !!! Nós tínhamos combinado outra coisa !!!- Maya irritada, levantou e começou a andar de um lado para o outro – Você é muito impulsiva !!!

- Eu sei que fiz besteira, mas não aguentei !!! Queria resolver essa situação de uma vez, por todas.

- Mas o que conseguiu foi deixa-lo alerta para qualquer movimento nosso.- Maya parou de andar e a encarou.

- O problema é que agora, não sei o que fazer ... contar a verdade à Will e, torcer para que ele compreenda e me perdoe ? Ou permitir que esse imbecil, continue me chantageando, até conseguir pegar o material que ele tem ?

Ela estava completamente desnorteada e prestes a chorar. 

- Eu sou a favor, de que conte a verdade para Will. – falei sem pestanejar – Antes que ele acabe descobrindo da pior maneira possível: por outra pessoa ou pior ainda, pelo Douglas. Que inclusive nesse momento, deve estar fulo da vida com você. 

- Eu concordo com a Izzy. Depois do que você fez, não vejo outra solução. 

- Vou pensar ... mas se o Will não me perdoar ?! O que vou fazer da minha vida ?! – falou com a voz embargada – Eu não posso perde- lo.

- Car é melhor que ele saiba por você. Ao menos, terão a chance de conversar e duvido que o Will, consiga viver sem você. – disse tentando anima- la.

- É, vocês tem razão. Vou reunir toda minha coragem e enfrentar a fera. – disse sorrindo fracamente – Mas mudando de assunto, o que aconteceu senhorita Isabelly, para te deixar tão feliz ?

Respirei fundo e com ar de suspense, demorei um pouco a responder, deixando -as impacientes. Por fim, falei quase explodiu de emoção :

- Eu e Ryan, nos entendemos e estamos namorando !!!

- Oba !!! Já era tempo daquele bobão, enfrentar os próprio sentimentos e vontade. -Maya disse com um sorriso, genuinamente feliz. 

- Uau !!! Vamos ter um casamento na família !!! – Carina riu feliz, me abraçando. 

- Ei !!! Muita calma nessa hora !!! – ri do entusiasmo de Carina – Mal comecei a namorar e você já quer que eu case ?!

- Claro !!! Para não perder mais tempo, oras !!!- disse risonha- E quero ser madrinha !!!

 

 

MAYA

 

Ver a felicidade de Izzy e a angústia de Carina, me fazia sentir um mix de emoções, como se já não bastasse a confusão reinante em meus sentimentos. 

Estou me sentindo perdida.

Sempre mantive o controle sobre minhas emoções nos meus relacionamentos anteriores, de tal forma, que quando os mesmos chegaram ao fim, eu estava bem. Porém, desde aquele fatídico incidente, não me reconheço. 

Me sinto vulnerável, exposta e isso me deixa furiosa. E o pior que só me sinto assim, quando estou perto daquele imbecil do Julian. 

Porque com Colin, me sinto segura e no controle de mim mesma.

- Terra chamando !!! Maya !!! – disse Izzy, me olhando atentamente. 

- Oi ... estava divagando.

- Isso deu para perceber. – Carina falou com um sorriso maroto – Queremos saber em quem a senhorita estava pensando. 

- Em quem ?! Por que não no quê, eu pensava? – retruquei para ganhar tempo de formular uma resposta convincente. 

- Em quem, com toda certeza. Esse ar sonhador, só pode se referir à uma pessoa ou mais, porém nunca a um objeto. – Car afirmou e Izzy reforçou assentindo veementemente.

- Ok !!! Estão certas ... estava pensando no meu relacionamento com Colin, tenho a sensação de que as coisas estão acontecendo rápido demais. 

Não sei a razão que me fez evitar falar sobre Julian e aquele maldito beijo. Talvez, eu quisesse entender melhor o que está acontecendo comigo ...

- Maya, você gosta dele ?- Izzy questionou.

- Gosto ... mas às vezes, sei lá. Não sei como explicar !!!

- Eu acho que você pensa demais, May !!! Viva intensamente essa experiência, se solte.- Carina falou – Não vejo qual o problema, afinal, ele é solteiro, lindo, gostoso e o melhor, apaixonado por você !!! Qual a dificuldade ?!

A dificuldade ?! É um tal de Julian que não sai dos meus pensamentos !!!

Pensei em responder, contudo me calei quanto a isso. 

- É, você tem razão. – respondi sem encara – las, pois veriam a verdade em meus olhos – Acho que fiquei tanto tempo sozinha, que agora estou demorando para me acostumar a ter uma pessoa de novo em minha vida. 

- E podemos planejar um casamento duplo !!! Você e Izzy, dividindo esse momento especial !!! Vai ser épico !!!

Olhei para Izzy que tentava segurar o riso e quando me encarou, perdeu a batalha. Explodimos em gargalhadas. 

- Não sei qual é a graça !!! – Carina falou fazendo um biquinho contrariado. 

- Ai Car, você é hilária !!! – consegui falar após recuperar o fôlego. – Sério.

- Só você para nos fazer rir, mesmo estando com um problema tão sério. – Izzy a abraçou com carinho. 

- Eu tenho duas opções na vida : me entregar ao desânimo e ficar chorando, reclamando ou rir e fazer o que posso para resolver. – disse séria – Sendo assim, escolho a segunda alternativa e vida que segue. 

- Por isso nós te amamos, sua linda !!! – falei emocionada. 

Continuamos conversando sobre os nossos relacionamentos e rindo a valer com as histórias malucas de Carina. 

E por aqueles momentos, consegui esquecer de Julian e aquele olhar faminto fixo em mim.

Eu só preciso me concentrar em outras coisas e retomar as rédeas do meu pensamento.