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História SLAVE TO LOVE - Relações x Confiança


Escrita por: Sasciofa

Notas do Autor


Oi pessoas do meu ❤ e que ainda não me odeiam por fazê - Los esperar tanto, peço mil desculpas !!!
Trouxe um capítulo cheio de emoções para tentar me redimir 😍
PS : Especialmente dedicado às minhas amoras Eliane, Ana ,Gabi e Pri , que nunca me abandonam ou deixam de acreditar em mim. Amigas do ❤

Capítulo 54 - Relações x Confiança


Fanfic / Fanfiction SLAVE TO LOVE - Relações x Confiança

 

Relações x Confiança 

 

 

JULIAN 

 

 

Ao entrarmos no consultório, Mari e eu nos acomodados frente à sua mesa e Maya em uma poltrona ao lado. Meu coração pulsava desordenadamente, mas procurei me manter impassível e pronto para receber mais um golpe. 

Afinal, a culpa por Chris estar naquela situação era minha.

Se eu não fosse ...

- Bem, como eu já havia dito a vocês, Christopher sofreu uma lesão no joelho direito devido ao esforço e o uso indevido das muletas. – Dra. Arizona começou a falar interrompendo meus pensamentos caústicos- Agora o que me preocupa sobremaneira, é esse transtorno de somatização ...

- Desculpe, mas o que é exatamente isso ?! – Mari questionou interrompendo a médica que sorriu antes de começar responder.

- A somatização é um transtorno psiquiátrico em que a pessoa apresenta múltiplas queixas físicas, localizadas em diversos órgãos do corpo, como dor, diarréia, tremores e falta de ar,  é comum em pessoas ansiosas e depressivas, por isso, para o adequado tratamento é fundamental a realização de psicoterapia. 

- Ok. Mas por que, ocorre isso, qual a causa ?! O gatilho ?! – Mari parecia uma metralhadora de perguntas. 

- Porque essas pessoas normalmente, passaram por traumas na infância, adolescência e até mesmo na vida adulta e, não sabem como lidar com suas emoções. E no caso de Christopher, também com as sequelas do trauma. 

- Como podemos ajudá-lo doutora ? – questionei angustiado, reconhecendo que mais uma vez eu tinha falhado. 

- Além de todo o apoio emocional que é óbvio que ele já tem, incentiva- lo a realizar sessões de terapia com um psiquiatra e se for necessário tomar a medicação prescrita.- fez uma pausa, encarando -nos um a um antes de continuar – Ele realmente tem dores comuns ao tipo de lesão que possui e, enquanto estudava o prontuário dele e as últimas vindas dele ao nosso hospital, percebi que os avanços que obteve foram colocados em risco, pelas novas lesões que sofreu. 

- Porém, ele não ... – Mari não conseguiu concluir a frase e a médica a completou.

- Não, Marianne. – disse suavemente – Não houve retrocesso, porém, para um paciente que pretende se candidatar para ir à Boston e ser o primeiro paciente de traumas, do Centro de Noah Montgomery, ele não pode expor a saúde dele dessa forma. 

- Desculpe. Mas como a senhora sabe sobre isso ?!- perguntei atônito e preocupado. 

- Essa informação está no prontuário, junto aos exames realizados senhor Julian. – me olhou de maneira inquisitiva – Por que era confidencial ?!

- Não. Mas achei que o senhor Montgomery, tivesse levado todos os dados com ele, apenas isso.- resolvi saber qual era a opinião dela.- E a senhora, o que acha dessa tentativa de irmos para Boston? 

- Posso ser franca com vocês ?! – disse mais uma vez nos encarando séria e me senti arrepiar.

- Sim. – respondemos em uníssono. 

- Aliás, franqueza é o que esperamos dos profissionais aos quais entregamos nossas vidas. – Maya que até então tinha permanecido em silêncio, se pronunciou. 

- Pois muito bem, eu acho uma perda de tempo e de dinheiro. Além do fato, de criarem mais uma expectativa irreal, fadada a frustração para o Christopher. – ligou o monitor e logo imagens começaram a ser projetadas na parede, enquanto ela nos explicava detalhadamente o quadro do meu irmão – Vocês conseguem ver essa parte mais clara na medula ?

Assentimos e ela voltou a sua explicação:

- Essa foi a área atingida pelo projétil, foi totalmente desligada da outra e infelizmente na primeira cirurgia, o médico não religou as duas partes de maneira correta. Tornando a paraplegia de Christopher, irreversível. – mostrou outra cicatriz por assim dizer – Essa segunda marca, foi a segunda cirurgia realizada para tentar corrigir a primeira e também não foi bem sucedida. E por último, temos essa marca na vertical e o implante dos eletrodos, que já estão ultrapassados, mas que devolveram a ele a sensibilidade da perna e pé direito. E também a capacidade de usar por algumas horas as muletas russas.

- Mas no Centro em Boston, há tanta tecnologia ... – Mari tentou argumentar. 

- Sim, há Marianne. Mas para portadores de doenças degenerativas autoimunes. E o caso do Christopher, não se enquadra em nenhum deles. Vocês podem tentar, ele vai sofrer duplamente, tanto física quanto emocionalmente. Será que isso vale à pena ?

- Será que não há, a possibilidade de nenhum ganho, avanço ?! – Maya questionou, vendo que Mari não disfarçava as lágrimas e eu não tinha condições de falar ou agir.

- Se tiver, são ínfimas, diante do sofrimento ao qual ele irá se expor. Eu não quero que pensem que sou contra o avanço da Medicina, muito ao contrário. Entretanto, prezo primordialmente pelo bem estar dos meus pacientes e o caso do Christopher, me motivou a procurar todos os meios possíveis e reais para ajudá-lo. 

- Bem, Dra. Kally muito obrigada por tudo. – consegui por fim dizer com a voz rouca, minha garganta estava pegando fogo pelo choro contido a tanto custo.

- Não precisa me agradecer. Eu assumi o consultório do Dr . Dunhil e seus pacientes. E a não que Christopher não se sinta confortável comigo, quero continuar a atendê -lo. – deu um sorriso na tentativa de nos reconfortar – Daqui a pouco, as visitas estarão liberadas. Até mais. 

Sem mais, saímos do consultório. 

Maya amparando Mari que chorava, em um abraço e eu querendo só sair correndo, sem destino. 

- Vida ... Julian ? – A voz de Maya me trouxe de volta e me voltei lentamente para ela.

- Sim ?

- Você pode ir ao apartamento pegar algumas coisas das quais o Chris vai precisar ? Mari, você se importa ?

- Não, de maneira alguma. – respondeu sorrindo do jeitinho meigo – E você, melhor do que ninguém sabe do que ele precisa. 

Tirou o chaveiro da bolsa e me entregou delicadamente. Apenas assenti em silêncio e saí rapidamente, sentindo que ia explodir a qualquer momento. 

 

 

Agradeci aos céus por Maya em tão pouco tempo, me conhecer tão bem !!!

Algumas lágrimas teimosas ainda escorriam pelo meu rosto, enquanto eu finalmente, me dirigia à casa do meu irmão e de Mari, depois de uma crise de choro e de bons socos no volante do carro. 

Agora eu tinha a dor na mão, além de todas as outras para me perturbar. Muito esperto, Dalgliesh !!!

Cheguei ao apartamento e só não morri do coração, porque não era minha hora !!!

Dei de cara com a mãe de Mary que ansiosa me olhou e foi logo me cravando de perguntas :

- Então, como ele está ?! Quebrou alguma coisa ?! Nós causamos algum outro problema ?! Olha foi sem querer !!! Ele caiu feito um saco de batata !!! Não deu tempo de segurar, quando vimos ele já estava no chão. Eu falei pra Marianne, que essa história não ia dar certo e ...

- A senhora pode por favor,  calar a boca ?! – perguntei incisivo, a encarando firmemente. 

Ela recuou alguns passos, mas empinou o queixo voluntariosa. 

- Como disse, meu rapaz ?!

- Eu disse para a senhora calar essa maldita boca.

- Mas que insolência !!! Como se atreve a falar dessa maneira comigo ?! – ela estava rubra de ódio – Enquanto um é um doce mas aleijado, o outro é perfeito mas um grosseirão !!!

- Eu realmente tentei evitar de falar o que a senhora merece ouvir ... Porém, a senhora não conseguiu manter essa boca cheia de veneno fechada, pois agora vai ouvir : para começar quem tem um aleijão aqui é a senhora e na alma, que é mesquinha, desprezível !!! Eu não sei como um ventre tão pútrido pôde  ter gerado um ser humano tão amoroso e iluminado quanto a Marianne, mas isso só reforça a teoria que do lodo podem nascer os mais lindos lírios. E para encerrar, porque a senhora não merece que eu perca meu tempo, cada um tem de mim o que merece. No seu caso, nem mesmo o meu desprezo ... talvez, a minha indiferença. Agora, coloque -se daqui para fora.

Ela estava indignada e em um estado de raiva, que por um instante, me preocupei se não passaria mal. Mas logo chutei essa preocupação para longe dos meus pensamentos, cada um que arque com as consequências de seus atos.

Tranquei a porta às costas dela e me recostei a mesma, uma mistura de alívio e tristeza me consumindo. Contudo, eu não tinha tempo para lidar com isso agora, precisava voltar ao hospital. 

Chris precisa de mim. 

 

 

Terminei de arrumar a pequena mala para ele e coloquei algumas coisas para Mari, suspeito que ela não vá querer sair do lado dele. O que faltar, ela anota e eu compro na loja do hospital. 

Estava já fechando tudo, quando meu celular tocou.

- Dalgliesh. – atendi seco o número privado. 

- Dalgliesh meu querido, quero você aqui em uma hora.

Desligou.

Filho da Puta !!!

Quintero desgraçado !!!

Ele estava me testando, ligando de número privado e em um horário, que em tese eu poderia estar dormindo. O som de música, vozes, indica que ele está em mais de uma de suas orgias, portanto, não é a trabalho que está me chamando. 

Contudo, não tenho escolha. Não posso jogar para o alto uma operação de anos, o trabalho de milhares de pessoas, por uma questão pessoal. Por mais, que ela nesse exato momento, esteja me doendo como ferida feita com ferro em brasa.

Dirigi até o hospital acima de todos os limites e encontrei Maya a minha espera na recepção. 

- Vida, como você está ?- perguntou acariciando meu rosto com carinho. 

- Bem. Obrigado por hoje à tarde. – falei beijando levemente seus lábios – Preciso ir.

Caminhei rapidamente, já que minha vontade era de agarra-la e nunca mais soltar.

- Cuidado. Julian, eu te amo.

Me virei e vi em seu olhar um brilho quente, mas também algo diferente. 

- Eu também e muito.

- Volta pra mim. 

- Sempre. 

O que será que estava acontecendo com Maya ? Normalmente, o romântico da nossa relação sou eu.

Senti mais uma vez, um calafrio estranho mas normal isso acontecer, afinal estou indo para uma das sucursais do inferno e vou encontrar com um dos assessores diretos do próprio diabo.

Sorri da minha péssima analogia, enquanto colocava o cinto e mandava a mensagem padrão para a minha equipe se colocar de prontidão, nunca se sabe o que pode acontecer. 

 

 

CHRISTOPHER 

 

 

Acordar com dor já era comum, mas com essa intensidade já fazia algum tempo e, confesso que não estava sentindo nenhuma falta. Olhei ao redor e reconheci o quarto do hospital com sua decoração clean e entediante. Me dei conta de que Mari dormia de um lado, sentada em uma poltrona e Maya fazia o mesmo encolhida no sofá. 

Deduzi que Julian deve estar trabalhando, do contrário estaria aqui também, todo torto.

Eu querendo ou não, mesmo me esforçando ao máximo, acabo sendo um peso para as pessoas. Mari acabou por brigar com a mãe, Julian e Maya perderam o evento de Izzy, isso só para citar os mais recentes problemas que causei.                                     Me sinto perdido, já não sei se sou bom o suficiente para Mari ou se causo mais problemas do que satisfação. 

- Ei bebê, como está se sentindo ?- a voz dela é um bálsamo, fecho os meus olhos por um momento antes de encarar aqueles pedaços do céu. 

- Bem. – minto sem pestanejar, não posso perde-la – Só estou com muita sede.

Ela vai em busca da água e eu me ajeito como posso, disfarçando a dor o máximo possível. 

Ela me entrega o copo, que bebo de uma vez.

- Quer mais ?

- Não, obrigado. 

- Certo. 

Ficamos em um silêncio desconfortável. 

Sei que ela tem algo a me dizer ... provavelmente, a mãe finalmente, tenha conseguido convencê -la de que sou um peso morto na vida dela.

- Mari ...

- Chris ...

Nós nos olhamos, os olhos dela estavam marejados. 

Meu estômago revirou. 

- Pode falar, Marianne. – disse baixinho. 

- Eu ... Hum ... quero te pedir desculpas ... quer dizer, perdão pelo comportamento lamentável da minha mãe. – as lágrimas escorriam pelo rosto dela – E também por ter falhado com você, não ter sido uma boa namorada, ter deixado tudo isso acontecer ...

- Você foi a melhor namorada que tive ... quer dizer, que tenho ... ?- ela prosseguiu como se eu não houvesse dito nada e meu desespero aumentou exponencialmente. 

- Sei que talvez, se eu tivesse contido minha mãe logo no início, quando ela demonstrou aquelas atitudes preconceituosas talvez não tivéssemos chegado a esse ponto. Mas acredite, foi uma surpresa desagradável para mim também. – seu olhar demonstrava toda a dor que sentia – Eu sei que como um cavalheiro, deve estar procurando um jeito delicado de terminar comigo e entendo. Afinal, você suportou muita coisa e ...

- Terminar com você Marianne ?! De onde, tirou essa ideia ?! – perguntei perplexo. 

Ela me olhou hesitante, antes de responder :

- Eu andei pensando e é, o que qualquer cara sensato faria depois de ouvir tantas barbaridades, principalmente da sogra que tanto ajuda !!!

A puxei para perto de mim com a força que me restava, sem conter um gemido de dor pelo esforço e afundei meu rosto em seu pescoço, sentindo todo medo e a angústia se esvaírem.

Ficamos abraçados não sei por quanto tempo, até que as nossas emoções serenaram o suficiente para conseguirmos conversar.

- Eu jamais pensei em terminar com você, meu amor !!! – disse veemente – Estava achando que sua mãe, tinha te convencido de que eu era um fardo na sua vida e por fim, você tinha desistido disso aqui.

Apontei para minhas pernas inúteis e vi seu semblante se fechar por um instante. 

- Christopher nós já falamos sobre isso e, eu sempre deixei bem claro desde o início, que não me importo com suas limitações. Porém, essa postura de coitadinho que você assumiu, isso sim, me incomoda e muito !!! – falou de forma incisiva – Não combina em nada com o homem pelo qual eu me apaixonei, decidido, independente e pronto para enfrentar qualquer revés. 

- Mari, eu ainda sou esse homem, mas confesso que os últimos acontecimentos me fragilizaram e dói, assim como é  exaustivo ter que ser forte o tempo todo. – a encarei demonstrando todo meu sentimento – Entretanto, agora com as possibilidades que existem em Boston para mim, me sinto cheio de esperança !!! E qualquer que seja o avanço, que eu vier a conquistar, mesmo que não volte a caminhar normalmente será uma vitória. O que também poderá nos aproximar da sua mãe, afinal, eu não serei o genro dos sonhos, mas não serei mais a total decepção. Concorda ?

- Amor, eu entendo e imagino o quão sofrido, doloroso tem sido tudo isso. Só quero que saiba, que estou e sempre estarei ao seu lado, independentemente do que acontecer em Boston ou do que minha mãe, ou qualquer outra pessoa acharem !!! Você é minha vida, meu amor, nunca duvide disso. 

Antes que eu pudesse, dizer qualquer outra coisa, ela selou nossos lábios com amor, mas com um outro sentimento que a mim pareceu beirar o desespero. Procurei afastar essa impressão e me entreguei ao beijo, com todo coração e alma.

 

 

- Ei, pombinhos quanto tempo dormi ? – Maya questionou sorrindo. 

- Dormiu, May ?! – Mari riu antes de responder, enquanto ela se ajeitava envergonhada – Desencarnou e voltou a vida, graças a Deus !!!

- Não foi tanto assim, Maya. – me senti na obrigação de responder – Você estava cansada e imagino que agora esteja dolorida. 

- Imagine, estou bem. – ela se aproximou dos pés da cama e se apoiou – E você, como está se sentindo? 

- Bem, dadas as circunstâncias. – tentei ser o mais simpático possível, sorrindo – E o Julian ?

- Foi chamado de emergência, mas assim que sair, virá para cá. – tanto quanto eu, ela parecia pouco à vontade – Vocês estão precisando de algo mais? O Julian trouxe algumas coisas ontem, mas se precisarem é só me dizer ...

- Não, May. O Julian foi um anjo !!! – Mari disse – Nós demos muita sorte com esses irmãos Dalgliesh. 

- Concordo com você !!!

Rimos e ela se despediu de Mari com um abraço, quando se aproximou de mim senti seu desconforto e a abracei.

- Obrigado Maya, por todo o apoio.- disse sincero – E principalmente, por cuidar do meu irmão. 

Ela sorriu e por uma momento, senti um carinho, seguido de uma mágoa inexplicável e a imagem dela sumiu, sendo substituída pela de uma mulher ruiva muito bonita. Pisquei, assustado e lembrei da joia que havia desenhado.

- Tchau. Se cuidem e não hesitem em ligar. Eu voltarei com Julian.

Apenas assentimos em silêncio, enquanto uma sensação de angústia apertava o meu peito.

- O que foi, Chris ? Está com dor ? – Mari questionou preocupada me olhando fixamente como se quisesse ler meus pensamentos. 

- Não meu amor, está tudo bem. – respondi, batendo na cama para que ela se deitasse ao meu lado – Só estou com muita saudade de você. 

- E o senhor sabe que eu não posso me deitar aí e, se entrar alguma enfermeira, médico? 

- Você levanta, oras !!! – disse simplesmente.

Ela riu e sem mais enrolação, deitou e começamos a nós beijar. 

 

 

 

Fomos realmente interrompidos pela entrada da Dra. Kalli, que pigarreou discretamente e sorria enquanto se apresentava.

- Christopher, depois desse exame, eu pretendo mantê – lo internado por apenas mais dois dias. Apenas para a realização de alguns últimos exames de imagem do joelho lesionado, assim como do pé que estava imobilizado. No mais seus exames estão bons, apesar  de todos esses altos e baixos. Vou aumentar a dose das vitaminas, principalmente, D e B. 

- E depois posso retomar o plano de fisioterapia normalmente ? Assim, como os meus planos de ir para Boston? – questionei e percebi a troca de olhares entre Mari e a médica. – Pretendo antecipa – los, para assim que for liberado pela senhora e realizar o procedimento que me for indicado. 

- Amor, você não acha melhor descansar e depois conversaremos com mais calma com a médica. Nem sabemos ainda, quanto tempo terá que ficar de repouso e ...

Mari disparou a falar angustiada e a médica, ficou olhando dela para mim sem entender o que estava acontecendo. 

- Marianne, Dra. Kalil, o que está acontecendo aqui ?! – questionei friamente – O que vocês estão me escondendo, o que há de errado comigo ?!

Marianne pálida evitava me encarar e a médica, a questionou, confirmando que de fato existe algo de  errado.

- Vocês não conversaram com ele, sobre Boston e suas implicações ?!

Boston e implicações, na mesma frase ?!

Que brincadeira do destino é essa ?!

 

 

DOUGLAS 

 

 

Mesmo tendo me afastado de Carina, eu continuava acompanhando os acontecimentos de sua vida bem de perto. Já que Willian, aparentemente tinha me elegido como um dos seus melhores amigos. 

Portanto, assim que soube da gravidez, senti como se tivessem me empurrado de um precipício. Afinal, aquele bebê poderia ter sido meu.

E realmente me senti arrependido por aquela ideia estapafúrdia de me vingar do meu pai por meio de Will. Além de perdido, sem saber o que fazer, não havia a menor possibilidade de eu voltar para a Austrália sem conhecer meu sobrinho ou sobrinha.

Eu me sinto um pária !!!

E o pior, é que não agi tão diferente do nosso pai.

 

 

Passava os meus dias entre o trabalho, academia e quando não arrumava nenhuma desculpa, saía com Will ou íamos ao apartamento de Colin, assistir jogo e tomar cerveja. 

E eram nesses momentos, que me atualizava sobre o estado de Car, como a gestação estava seguindo, seus desejos e manhas. E também desejava ardentemente, ser eu o alvo do seu mau humor ou das suas crises de carência, porque estava se sentindo gorda. Porém, tudo que me restava era rir com Will e aconselha -lo a manter a calma. 

Quando ele mostrava as fotos que tinha no celular, a tortura chegava ao auge. Ela está tão linda !!!

E só de pensar que poderia estar carregando meu filho ... mas mais uma vez, a vida me roubou a chance de ser feliz. Aparentemente, eu não fui feito para desfrutar desse sentimento. 

Entretanto, eles parecem tão felizes. 

Willian nunca mais reclamou de ter se   desentendido com ela, portanto, a harmonia passou a reinar naquele lar. E  não serei eu, o infeliz, para acabar com tal sossego. 

 

 

Infelizmente, a felicidade de Will se tornou o meu martírio. 

E a mente doente, é capaz de adoecer o corpo. Sendo assim, minha mente que já tinha sido infectada por anos seguidos pela ideia de vingança, já era frágil e, quando se viu atormentada pela culpa e pelo amor frustrado adoeceu de vez, refletindo no corpo.

Primeiro, apareceram dores intensas nas costas e eu acreditei que estivesse exagerando na quantidade de exercícios e na carga dos mesmos na academia e, decidi maneirar. 

Em seguida, veio a falta de apetite e a perda de peso, além dos sangramentos nasais. Porém, não tive tempo de me preocupar com isso, havia sido promovido no trabalho e assumido mais responsabilidades. 

Só me dei conta de que havia algo de terrivelmente errado, em um dia em que amanheci febril e tossindo muito. Em um desses espasmos, saíram gotículas de sangue, então me senti com medo. 

Liguei para Will e com dificuldade, pedi sua ajuda. 

Cerca de quinze minutos depois, ele chegou ao meu apartamento pálido e nervoso, mas pronto para me socorrer. Eu mal conseguia me sustentar em pé, meu corpo todo doía, como se houvessem me atropelado e dado ré, para se certificar do estrago. 

- Desde quando você tem se sentido mal, Doug ? – questionou me olhando atentamente. 

- Eu acordei assim, Will ... – sabia ao que ele se referia, mas preferia não prolongar o assunto. 

-  Perdeu peso, está abatido e só faz uma semana que não te vejo. – entramos no elevador com ele me apoiando – Você foi ao médico ?!

Permaneci em silêncio, enquanto os andares passavam. 

Ele bufou, antes de dizer :

- Não sei  porquê perguntei isso para um cabeça -dura como você !!!

 Tentei sorrir, mas a pontada de dor que senti quase me fez ir ao chão e se não fosse ele me segurar, teria me esborrachado.

- Vamos Doug, vai ficar tudo bem cara.- disse  tentando parecer no controle da situação. 

 

 

No percurso até o hospital, a dor aumentou exponencialmente a ponto de me fazer vomitar e, vi o pânico reluzir nos olhos de Will.

Demos entrada na emergência, enquanto ele explicava o que sabia, enfermeiros me conduziram para a triagem. E em meio, aferição de pressão, entre outros exames iniciais fui tomado por um sono avassalador. 

Me vi em um castelo conversando com Julian, que trajava roupas antigas e elegantes, enquanto eu me vestia mais humildemente e não o encarava, mantendo uma posição servil.

“ Douglas, preste atenção  nesse momento da sua vida. “ – uma voz conhecida  comandou, enquanto as cenas continuavam a se desenrolar como em um filme.

“ Mas senhor,  se soltamos uma serpente o cavalo vai se assustar e pode derrubar  o  senhor Colin... “

“ Douglas é uma brincadeira, eu jamais iria querer colocar meu irmão em risco  !!! Só faça o que estou pedindo,  certo ?! Você será muito bem recompensado. “

“Sim, senhor Julian. Irei providenciar as cobras para a sua brincadeira. “

“ Você  se lembra  qual foi a consequência  dessa brincadeira, Douglas? “ – a mesma  voz questionou. 

“ Sim, infelizmente o senhor Colin perdeu o movimento das pernas e faleceu pouco depois. O senhor Julian teve que assumir a família do irmão e eu tive que fugir e deixar minha esposa e meu filho Will, quando me apontaram como o culpado por ter soltado a cobra.”

“ E hoje  como você se sente em relação aos dois ? Ao Will e ao abandono do seu pai? “

“ Eu já fui pai do Will ?! – repeti abismado – Fui forçado a abandona- lo, do contrário ele teria morrido como o filho do traidor !!! Mas eu sempre o amei e tentei ajudá-lo ... “

“ Sim, Douglas. Contudo, ele nunca soube a razão do seu desaparecimento e mesmo sua esposa Carina, mantendo a lealdade à você e defendendo com unhas e dentes a sua honra, Will se encheu de rancor por ser abandonado. Apontado como o filho do traidor. “

“ Se ele soubesse que eu estive por perto, vigiando ...”

“ Mas ele não soube e essa revolta, transformou-se em ódio, que precisou de muito estudo e aprendizado, além de encarnações para ser transformada em entendimento e perdão. E na atual vivência, nós esperamos que vocês consigam construir laços verdadeiros de amor, apesar dos erros já cometidos Douglas.”

“ Eu me envergonho profundamente do que fiz. Sei que me deixei dominar pelos meus instintos mais primitivos, mas me senti usurpado !!! Ele sempre teve tudo e eu ... “

“ Você, o quê Douglas ?! Realmente, pode afirmar que em todas as vezes em que estiveram juntos, Will foi o privilegiado? “

Nesse momento, cenas diversas de diferentes épocas e situações passaram por minha mente e, na maioria delas eu me sobressaía de forma positiva.

“ Não, posso dizer que há nenhum tipo de injustiça. “

“ Sendo assim, aproveite mais essa chance que a espiritualidade lhe oferece. No início, vai parecer confuso, mas não duvide que estamos ao seu lado e que é muito amado. “

“ Eu tenho medo... “

“ Natural. Mas, acredite você é capaz de vencer essa tormenta. E risque em definitivo da sua vida essa ideia de vingança. Agora, você precisa voltar. Nós te amamos.”

 

 

Acordei, já acomodado em um quarto com Will em pé, olhando pela janela e de costas para mim.

Eu tinha a sensação de ter dormido horas e, só pensava no sonho e na vontade de ligar para minha mãe, relatando cada detalhe. Porém, agora eu precisava saber o que estava deixando Will tão tenso:

- Ei, o que há de tão especial nesta vista ?- disse tentando soar calmo e não me contaminar com o clima apreensivo dele.

- Que bom que você acordou, cara !!! – caminhou até a cama e me abraçou. – Vai ficar tudo bem, ok ?

- Ok ... Mas se você me falar o que está acontecendo Will, eu tenho certeza que pode ficar melhor ainda.- encarei os olhos azuis que imediatamente fugiram dos meus me provocando um arrepio. 

- Os médicos vão falar com você. – passou as mãos pelo cabelo e se postou ao lado da cama – Só quero que tenha em mente, que  não está sozinho.

- Will, você está me assustando ...

Porém, antes que eu pudesse continuar, fomos interrompidos pela entrada de dois médicos. 

- Senhor Douglas? Sou o Dr. Andrew Donalds e essa é minha colega Dra. Barbra Diamond. Já conversamos previamente com seu irmão e pedimos a ele que não lhe falasse nada, para que nós pudéssemos explicar detalhadamente seu diagnóstico e a conduta que acreditamos que deve seguir. 

Me senti enregelar e as palavras do sonho, reverberaram em minha mente com uma clareza espantosa. 

- Muito bem, sou todo ouvidos. 

 

 

COLIN

 

 

Um dia após o outro, como uma máquina, era assim que eu estava vivendo. Se não fossem as malditas dores, para me lembrar que sou um ser humano, literalmente quebrado e remendado.

E para piorar, os últimos encontros que tive com Maya em que por um momento nos olhos dela pareceu brilhar algum interesse ou arrependimento, fez despertar em mim um fio de esperança. E isso dói mais do que qualquer dor física. 

O que tem evitado que eu cometa uma loucura, foi uma casa espírita que conheci, que faz um belíssimo trabalho e distribui alimentação à noite em bairros distantes. Obviamente, tomei o cuidado de me certificar de que não era o mesmo local que Maya e as meninas vão e, passei a frequenta- lo com assiduidade. 

Assisto as palestras, participo do trabalho voluntário e nesses momentos consigo me sentir bem. Entretanto, quando o tema é perdão entre inimigos de outras vidas, estranhamente passei mal por duas vezes, tendo dores horríveis. E imediatamente, me veio a mente a imagem de Julian.

Procurei deixar pra lá,  porque sei que estou impressionado com o início dos estudos da doutrina e também porque meu rancor, ciúme, está sendo dirigido totalmente a ele.

E provavelmente, à volta iminente ao trabalho, também esteja contribuindo para toda essa tensão. 

Ainda bem que tenho bons amigos, como Will e Doug que se mostrou um parceiro e tanto. 

Empurrei as reflexões para o fundo da mente e voltei a me trocar. Eu tinha que ir ao hospital e conseguir junto à Jenny, uma enfermeira que havia se interessado por mim na época  em que estive internado, fentanila um analgésico que  funciona como uma bomba de morfina na dose que tenho tomado. Já que o mesmo, é considerado cem vezes mais potente que a morfina, porém, os efeitos colaterais também são mais potentes.

Infelizmente, esse tem sido o único modo de sobreviver a dor que tenho sentido e de me manter ativo, do contrário não tenho condições nem mesmo de levantar da cama.

Realizei novos exames e estou aguardando os resultados para descobrir a razão dessas novas dores na coluna, como se fosse uma pressão, algo me esmagando. Além da minha perna e pé, que já eram de se esperar, afinal foram triturados por Quintero.

Entretanto, está cada vez mais difícil convencê – la a me fornecer a droga e, na última vez estivemos juntos ela fez um sermão, me obrigando a beija -la  para fazer  com que me entregasse o remédio. 

Agora, tenho dois problemas: conseguir que ela me dê o remédio ou uma receita e, faze-la entender que não tenho nenhum interesse amoroso nela, sem perder minha fornecedora. 

 

 

Estacione no local previamente combinado e não precisei aguardar por muito tempo, logo a vi caminhando em direção ao carro.

Puta que pariu !!!

Ela estava com um microvestido e um salto altíssimo, sorria, toda maquiada. E eu estava completamente, fodido !!!

Abri a porta e aguardei que ela entrasse no carro, o que fez já esperando por um beijo. 

- Oi, Jenny. Tudo bem ? – resolvi ignorar a superprodução para quem sabe desanima-la. 

- Oi, melhor agora que estou com aqui. – sorriu me encarando – E você, como está ?

- Enquanto o remédio não acabar, bem. – respondi sério – Depois, já não sei ...

- Uau !!! Quanto mal – humor !!! – disse com o sorriso sumindo do rosto e me olhando intensamente – Aconteceu, alguma coisa ? Quer conversar ?

- Desculpe, Jenny.-Me desculpei pela minha agressividade – Não é nada com você. Mas não quero falar sobre o assunto. Então, trouxe o que combinamos? 

Era melhor ir direto ao ponto e evitar que a situação ficasse mais constrangedora.

Surpreendentemente, ela se debruçou sobre mim e com a voz rouca, a mão apertando minha coxa, disse :

- Trouxe. Mas a entrega, tem que ser em um local  mais reservado não acha ?

Porra !!!

O que vou fazer agora ?!


Notas Finais


Não esqueçam que essa autora vos ama 💓💓💓
Beijocas de Luz 💋💋💋


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