História Sleep Window - Diário no Orfanato

Capítulo I

Como toda história de orfanato, essa começa em uma noite chuvosa. Ou talvez você possa considerar que estava nevando. De qualquer modo, era algo perigoso para um bebê em uma cesta.

A bebê de frente com a porta não possuia um único bilhete, não havia nome e muito menos roupas. Ela estava enrolada em um endredom curto.

A mulher que abriu a porta achou rude da parte dos pais, deixar um bebê nu ao cesto dormindo profundamente. Mas fez como a dona do orfanato de filmes clássicos, sorrindo para a criança e pegando-a consigo. Em seguida fechou a porta, e talvez você possa imaginar a câmera se afastando da cena, como se estivesse voando em direção ao céu e o orfanato ficava cada vez mais pequeno.

Capítulo II

–Madotsuki! – Gritava uma mulher em tom de censura. - Você está fora do tom.

As outras garotas se remexeram inquietas ao lado dela. Enquanto Madotsuki olhava pra baixo, e depois para srta.Bridget. Madotsuki pensava que simplesmente não havia bondade nos olhos daquela mulher.

Srta.Bridget suspirou e se aproximou da criança que cantava mal.

–Você está dispensada.

Madotsuki olhou pros outros colegas, todos viravam o rosto pro lado. Com lágrimas surgindo, a garotinha correu pra fora da sala de música, com as duas tranças lado a lado sacudindo no ar. Na sala, uma garota de cabelos loiros acompanhou com os olhos Madotsuki correndo.

O piano ao lado do coral soou duas teclas, tocado por um garotinho, e a srta.Bridget voltou a maestrar a turma.

Madotsuki era uma garota complicada, quem sabe a palavra mais adequada seja teimosa. Não falava quando necessário, possuía o dom de não ser talentosa em nada e estava sempre em locais imprevisíveis. Não tinha amigos, e obviamente não havia família, mesmo que você considere que talvez o orfanato fosse a família de alguns orfãos.

Desta vez, a garotinha correu pelos corredores e parou no final de um deles. Tirou os sapatos apertados, deixando as meias brancas aquecendo os pés, e sentou-se na janela. Não se chamava Madotsuki sem razão. Suas colegas de boliche a apelidaram assim, por estar sempre sentando em janelas e observando o lado de fora. Srta.Bridget odiava vê-la sentada na janela, com medo que ela pudesse cair, mas passou a chama-la assim também.

A orfã passou a tarde na janela, observando o céu azulado escurecendo bem devagar. Sabia que perderia o jantar novamente, e que caso fosse, não haveria lugares legais para sentar.

Por mais que ela fosse criada naquele lugar, sentia uma tristesa profunda, grande demais para uma criançinha. Como se não houvesse razão em especial para estar ali.

–Garota. – Sussurrou alguém atrás dela, cortando sua linha de pensamentos. – Vai cair daí.

De súbito, mãos pequenas a tocaram nas costas, e Madotsuki soltou um grito finhinho se jogando pra trás.

A garotinha atrás dela se assustou, pensando realmente que ela fosse cair. Ela agarrou Madotsuki e a puxou pra trás, fazendo as duas caírem no chão.

–Eu estava só brincando. – Disse a garotinha com a voz medrosa. -É verdade que você é muda, menina?

Madotsuki engatinhou pro lado e olhou a garota loira como se ela fosse doida.

–Não! – Gritou ela.

–Você fala! – Gritou a loira de volta.

Madotsuki recusou-se a responder com outro grito.

–É verdade que você já caiu da janela uma vez? – perguntou a garota outra vez, com os olhos azuis brilhando de curiosidade.

–Não. – Sussurrou Madotsuki, nunca caíra da janela. Observou melhor a loira, ela não usava as roupas marrons das outras orfãs, e seus cabelos loiros eram bem penteados em um longo rabo de cavalo.

–Você é engraçada Madoka! – Anunciou a loira rindo de um jeito forçado. – Sou Poniko.

–É Madotsuki. – Corrigiu irritada.

–É Poniko. Po-ni-ko. – Disse a Poniko devagar. Madotsuki olhou confusa pra ela, sua feição fez Poniko rir outra vez.

A garotinha Poniko tinha olhos azuis peculiares, algo neles tocava Madotsuki de um jeito que não sabia explicar. As duas deram as mãos, ou talvez Poniko tenha pegado as mãos da sua nova amiga a força, enquanto sorria exibindo todos os dentes.

–Você tem que vir conhecer meu quarto Madoka. – Disse Poniko apertando as mãos de Madoka, quer dizer, Madotsuki.

Então as duas caminharam no corredor de mãos dadas como verdadeiras amigas.

Capítulo III

Em tamanha solidão, um garotinho de cabelos pretos tocava o piano. Seus olhos eram ligeiramente vesgos, e sua pele era pálida como a neve. A roupa que usava era o uniforme do orfanato, naturalmente uma roupa preta que todos os garotos deveriam usar. Chamava-se Masada, não me pergunte se esse é o nome ou sobrenome dele.

Srta.Bridget era uma mulher assustadora, pensava o garoto. Ela tinha olhos rápidos, e qualquer erro na música que tocava, a mulher o encarava com um sorriso maléfico. Pra ele era o diabo em pessoa, mesmo usando um sueter listrado e aquela saia engraçada que ia até os pés.

Com sorte, Srta.Bridget já tinha saído da sala, provavelmente estaria procurando pela menina de tranças, a que mal abria os olhos. Masada desconfiava que ela também era muda, nunca ouvia sua voz no coral, mas mesmo assim Srta.Bridget insistia que era ela que saía do tom durante os treinos.

–Aposto que quem saí do tom é sua filha. – Disse Masada pensando alto. Era um frequenta hábito dele.

Capítulo IV

Srta.Bridget era uma mulher ocupada. Com tais ocupações, ela afogava seus sentimentos desprezando qualquer coisa negativa que sentisse, ao não ser raiva. A rigidez vinha junto com a raiva, uma mulher rígida e intolerante a qualquer tipo de má disciplina. Por um bom orfanato, pensava ela.

A mulher de suéter e saia longa passou aquela tarde mantendo ordem no refeitório do orfanato. As mulheres que trabalhavam na cozinha, choravam se levassem bronca dela. As crianças que brincassem com a comida perdiam o jantar naquela noite, sem direitos a sobremesa também.

Enquanto Srta.Bridget caminhava pelo refeitório, sentiu um alarme apitar em sua cabeça, e jurasse que se pudesse mostrar o quanto irritada ficou naquele instante, seus olhos ficariam da cor rosa. Onde está a Poniko? Pensou ela agitando a saia em direção a saída do refeitório.

Capítulo V

–Você vai adorar meu quarto! – Disse Poniko arrastando uma pobre garota pra dentro de um lugar malígno.

Madotsuki não conseguia resistir a força dela. Sua mão pequenininha afundava na mão de Poniko, que devia ser só uns dois anos mais velha que ela. Quando Poniko ligou a luz, Madotsuki ficou boquiaberta, mas não foi por você jogador, que encontrou o primeiro ser humano desse jogo no centro do quarto. Madotsuki ficou boquiaberta por que era tudo diferente, diferente de sua beliche cinza e o chão de madeira velha, e da janela que não fechava direito.

Esse quarto era lindo. O chão era da cor rosa, havia uma janela com uma boa vista, uma escrivaninha era tudo que Madotsuki sonhava em ter, um lugar pra sentar e brincar de desenhar e escrever. Também havia um desenho estranho, que assustava Madotsuki, a garota rapidamente deduziu que Poniko havia feito.

Havia até um puff.

–Nossa, não achava que você fosse abrir os olhos algum dia. – Disse Poniko dando uma cotovelada de leve no braço da Madotsuki.

–Que legal! – Sussurrou madotsuki animada, como se aquele fosse o maior segredo do orfanato, aquele pequeno e rosa cômodo.

–Você vai adorar as coisas que tenho. – Disse Poniko chamando a garota pro tapete e sentando nele.

Madotsuki juntou-se a ela, animada, a pobre garota não tinha idéia das maldades que estavam pra acontecer.

Capítulo VI

Srta.Bridget andava pelo corredor do segundo andar, o quarto de poniko era no terceiro e último andar. A saia remexia-se pra frente e para trás, enquanto ela andava em passos altos pelo piso de madeira, só conseguia pensar em que tipo de coisa podia ter acontecido com Poniko.

Deduziu depois de tantas vezes que isso acontecera, que a garota loira só estava negando o jantar outra vez, como parte de sua birra cotidiana. Poniko era mimada com hábitos nada aceitáveis, seu pai havia mimado.

‘’Ele mimou ela e foi embora’’ pensou Srta.Bridget com raiva. Seus olhos estavam presos a escada, que começou a subir com apressada. ‘’Ela vai ver, vai tomar uma surra.’’

Segundos depois o salto do sapato preto que Srta.Bridget usava torceu-se. Oh, você pode supor que foi o simples destino pregando uma peça, ou você pode supor que foi sorte de Poniko não levar aquela surra, por que a mulher de saia caiu escada abaixo.

No momento em que Srta.Bridget, as teclas do piano pararam de soar, Madotsuki gritou, e Poniko riu alto.

Capítulo VII

Alguns minutos antes de Srta.Bridget cair, Madotsuki se divertia no tapete, os sapatos dela e da Poniko estava jogado ao lado do tapete, juntinhos, como uma cena de filmes. Poniko brincava de ligar e desligar a luz da luminária da escrivaninha, com a mão no queixo e olhando a garota na sua frente.

Madotsuki parou de vestir a boneca e olhou pra loira, seus olhos penetrantes azulavam e escureciam de acordo com quando ela ligava e desligava a luz. Por mais que a luz do quarto estivesse ligada, o rosto de Poniko escurecia.

Toda sem jeito, Madotsuki olhou os cantos do quarto, depois voltou a olhar pra Poniko. Sentiu que precisava falar alguma coisa.

–Então, sua mãe é a Srta.Bridget? – Perguntou ela sem jeito.

–Aham. Meu pai disse que ia comprar um relógio novo por que o nosso quebrou, e nunca mais voltou. – Disse Poniko com os olhos opacos. Sua amiga ficou mais sem jeito ainda, com vergonha por ter perguntado.

A loira olhou pra Madotsuki durante um instante, e começou a rir da cara dela, obviamente estava tirando onda.

–Estou brincando Madoka. – Disse ela sorrindo maleficamente.

–Claro! – Respondeu Madotsuki rindo com ela, e depois ficando séria de novo. A pobre garota não sabia como reagir as coisas que Poniko falava.

–Você quer brincar de algum coisa? Menos boneca!

–Eu brinco do que você quiser. – Disse Madotsuki, tentando se divertir.

–OK. – Poniko apoiou a cabeça palma da mão, e voltou a ligar e desligar a luz enquanto pensava.

–Já sei! – Disse a loira. – Madotsuki, pode desligar a luz do quarto pra mim?

Capítulo VIII

Masada parou de tocar piano no momento em que Srta.Bridget caiu da escada, mas foi pura coincidência. Seus olhos estavam cansados, e ele decidiu que iria para o dormitório dos meninos.

Ele ficava no segundo andar, mesmo andar que a sala de música, quase do lado aliás. Enquanto andava cabisbaixo, não notou a pobre Srta.Bridget caída no chão escada abaixo. Até que notou que algo estava diferente, parou na frente da escada, e observou as paredes, olhou atentamente, e depois olhou o teto, notando que as lâmpadas ficavam com a luz forte e depois fraca.

Segundos depois, Madotsuki soltou gritinhos, e saiu correndo, descendo a escada com pressa e com lágrimas nos olhos. Passou por Masada derrubando-o no chão, e desceu mais um andar, passando pela Srta.Bridget desmaiada. A garotinha assustada correu para o dormitório feminino e se escondeu lá.

Masada olhou pros lados confuso, e percebeu que Poniko estava no final da escada de cima, usando uma mascára que cobria toda sua cabeça, tinha a cor branca e olhos tortos e pretos. A máscara sorria, e Masada arrepiou-se todo, correndo pra longe também.

Poniko tirou a máscara, e começou a chorar também. Não queria que Madoka fosse embora.

Capítulo IX

Se você tem um pouco de consideração com Srta.Bridget, sabendo que ela cria todos esses pestinhas, está preocupado se no mínimo ela quebrou umas costelas. Saiba que ela está bem, e que não quebrou nada, só estava cansada demais pra levantar. A mulher memorizava que devia castigar tanto Poniko, quanto Madotsuki. E tinha quase certeza que o Masada estava metido nisso.

Depois de um tempo no chão, encontraram Srta.Bridget, um bando de garotinhos, que pensaram que ela estava morta e fizeram o maior escândalo. As moças que cuidavam do orfanato junto com a Srta.Bridget tentaram não rir, com sucesso, por que se rissem estariam chorando segundos depois dela notar.

Masada resolveu que era seguro sair do dormitório masculino, andou até as escadas, e viu que Poniko ainda estava emburrada no final dos degraus do terceiro andar, o garoto subiu com cuidado os degrais, e ficou parado na sua frente.

Poniko notou, e levantou a cabeça aos poucos para encara-lo. Notou que ele era levemente vesgo, e começou a fingiu ser vesga também.

Masada era pálido, mas naquele momento ficou todo avermelhado de raiva.

–Isso não tem graça! – Gritou ele rouco.

Ela gargalhou da cara dele, e apontou pra sorrindo.

–Você devia ir pedir desculpas pra aquela garota. – Disse ele cruzando os braços.

Poniko franziu o cenho, e seus olhos azuis encararam o chão.

–Vou com você. – Sussurrou ele corando levemente.

Capítulo X

Quando encontram Madotsuki, ela estava dormindo dentro do guarda roupa. Uma de suas tranças passava por seu pescoço, e a garotinha babava.

Poniko sorriu e cutucou a bochecha dela. Fazendo Masada sussurrar para que ela parasse, e tentasse afasta-la de Madotsuki. A garota dorminhoca deu um sorriso bobo, fazendo os dois retribuirem o sorriso.

Você já pode imaginar no que deu. Srta.Bridget deu a maior bronca da vida dela naqueles três pestinhas, até Poniko, filha da dona do orfanato, foi obrigada a limpar o chão por semanas. Os três passaram a conviver juntos.

Um dia Madotsuki foi adotada, triste, despediu-se dos amigos. Mas, voltou a reencontra-los no futuro, mantendo as amizades. Ela passou por muitas dificuldades, e também por muitos momentos divertidos na vida.