História Revo-Z, a True Damage Chronicle - 2. Falta de sono.

As luzes de L.A refletiam nos cantos das janelas.

Era tudo o que iluminava o quarto. Quando Qiyana adormeceu um pouco depois meia noite, Ekko ficou acordado estudando seu perfil na penumbra. As cobertas estavam em volta da cintura da imperatriz, e ele observou os seios subindo e descendo lentamente acompanhando a respiração. Ele estava relaxado, e o nó ansioso em seu estômago havia desaparecido depois de um dia de gravações. Musica tinha esse efeito no rapaz. Ela sempre teve. E ele sabia que a pessoa ao seu lado começava a fazer o mesmo efeito.

Cinco meses, ele pensou. Foi quanto tempo tinha passado. Para ele, eles poderiam continuar dormindo juntos por mais cinco meses, ou mais além. Eles nunca haviam tentado esconder seriamente seu relacionamento, mesmo quando isso causava constrangimento nas relações com outras pessoas, às vezes até com os próprios membros da TRUE DAMAGE.

Eles se conheceram em uma festa quando estavam na segunda semana de negociações da TRUE DAMAGE. Akali os procurou em momentos distintos e em algum momento, citou um para o outro. Ekko não sabia quem dos dois se procurou primeiro, mas em um evento de outono, o rapaz se viu diante de uma oportunidade.

Teria um show em um país da América central. Território da musica latina, onde Qiyana era soberana. Uma vez lá, a produção da imperatriz tratou de localiza-lo e ela o convidou formalmente para sua festa de seu aniversário. Ekko foi, embora relutante. Qiyana era a anfitriã e não poderia se demorar com ele. Antes de se despedirem, haviam trocado números de telefone. Os dois sabiam que acabariam trabalhando juntos em breve e, em menos de uma semana, perceberam essa convicção sem contar aos respectivos parceiros.

Ekko tinha certeza de que não era o tipo de amor antiquado que leva a um lar compartilhado, uma hipoteca compartilhada, árvores de Natal e crianças. Na primeira vez que dividiram uma cama, Qiqi e o rapaz haviam conversado sobre morar juntos. Ele queria, mas Qiyana sempre recuava no último minuto. Não daria certo, ela disse deitada no peito do rapaz, eles mudavam de assunto. Ekko muitas vezes se perguntava se era possível estar mais enfeitiçado por alguém do que estava pela imperatriz. O fato é que eles funcionavam bem juntos e tinham uma conexão tão viciante quanto uma droga.

Às vezes, eles estavam juntos com tanta frequência que parecia que realmente eram um casal; às vezes semanas se passavam antes que se vissem. Mas, mesmo quando os alcoólatras são atraídos para a loja de bebidas do bairro depois de um período no vagão, eles sempre voltam um para o outro. E aquela relação já se provava não funcionar em longo prazo. Esse tipo de relacionamento estava quase fadado a causar dor. Primeiro, pelo fato de não poderem se expor ao publico. Os abutres da mídia esperavam qualquer movimento para disparar seus comentários sobre o quinteto. Seria egoísta, embora Senna, Yasuo e Akali dizerem que não se importavam e que eles deviam agir como quisessem.

 Ambos haviam deixado promessas quebradas e relacionamentos infelizes para trás - seu próprio relacionamento com uma garota de seu bairro desmoronou porque ele não podia tirar a imperatriz de seus pensamentos. Ele nunca mentiu sobre seus sentimentos por ela para sua companheira na época, mas ela pensou que terminaria de uma maneira diferente. O próprio rapaz também pensou que isso terminaria e, nos primeiros meses de trabalho com a True Damage, ele e Qiyana só se viram profissionalmente. Então eles começaram o processo de composição de giants e dentro de algumas semanas todas as suas boas intenções haviam se dissolvido em uma noite quando fizeram sexo furioso no quarto de Qiyana.

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Ekko não conseguiu dormir e, às 04h00min, desistiu. Ele foi à cozinha e leu a entrevista que concebera semanas antes mais uma vez do começo ao fim. A entrevista quase não abordava Qiyana.

Qiqi era a melhor companheira que Ekko poderia imaginar. Em geral, a True Damage trabalhava de uma maneira acolhedora. Akali era uma organizadora capaz de lidar com os colegas com carinho e confiança, mas que ao mesmo tempo não tinha medo de confrontos e poderia ser muito dura quando necessário. Nunca, entretando, para o lado pessoal. E sim para que eles atingissem o patamar que ela sabia que eles eram capazes. Acima de tudo, ela tinha uma sensação gelada quando se tratava de tomar decisões sobre o conteúdo da próxima faixa. Ela e Yasuo costumavam ter opiniões diferentes e podiam ter discussões saudáveis, mas ambos também tinham a confiança inabalável um no outro e juntos formaram uma equipe imbatível. Cabia a ele, Senna e qiqi fazer o trabalho de campo, enquanto Yasuo lapidava, embalava e dava vida.

Dessa forma, True Damage era sua criação mútua, mas nunca se tornaria realidade sem o talento deles para desenterrar a musica do cemitério da indústria. Ekko era o cara da classe trabalhadora e Qiqi a garota da classe alta. Qiyana veio de dinheiro antigo. Ela investiu o dinheiro inicial e depois conversou com o pai e vários conhecidos sobre o investimento de quantias consideráveis ​​nos seus projetos.

Ekko sempre se perguntava por que Qiyana estava interessada na True Damage. Ao contrário do rapaz, ela usava sua imagem em campanhas de moda e outros seguimentos além do musical. Ela era forte, parecia fantástica diante das câmeras e podia se defender da concorrência com um verso de rap que fazia Ekko sorrir. Ela também teve bons contatos na burocracia. Se ela mantivesse o mesmo entusiasmo e foco, sem dúvida teria uma carreira meteórica com canais de TV implorando por alguns minutos de sua presença e recebendo um salário exageradamente alto.

Qiqi também conversara com Senna sobre sua situação. Ela era uma celebridade e uma cantora talentosíssima. A primeira vez que Ekko soube sobre Senna fora em um artigo de uma revista listando os maiores talentos da musica atual. O interesse por ele começou quando ela declarou abertamente suas critica a Tresh records que havia semana antes, feito declarações terríveis sobre seu noivado. Lucian e Senna se tornaram um item de mídia. Até hoje, Senna era conhecida por seu estilo franco e confiável e uma voz que transcende os gêneros. Ekko precisou de uma musica para se tornar um fã. Suspirou fundo e voltou para cama. Ficou recostado na lateral da porta vendo Qiyana dormir e voltou para o lado dela.

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Evelynn passou a noite no hotel tentado ficar o mais longe possível do tumulto que ¾ dA K/DA CAUSAVA. Trouxera consigo dois itens: uma garrafa de água de toalete da Dior e uma torta alemã. Ela tomou um gole e observou Leipzig. A estadia na Alemanha fora tranquila na medida do possível, porém mal podia esperar pelo calor de L.A. Por razões profissionais, a K/DA se reuniria em L.A para um show agendado no começo do ano anterior. Algumas semanas de ensaio seriam necessárias. Quase meio ano fora de atividades que envolvam palco. E claro, a gravadora foi sutil ao dizer que as meninas deveriam ser gentis com os membros da TRUE DAMAGE. Uma negociação estava a caminho.

Dessa forma, Evelynn passou a manhã de seus últimos dias na Alemanha escutando a controversa mixtape de estreia do rapper Ekko REVO-Z. A capa tinha um design moderno exibindo uma imagem espelhada próxima do rosto do rapper e um pouco da tinta branca que era característica visual que ele havia adotado nos dias antes da True Damage. Foi uma escolha inteligente.

Evelynn não demorou a notar o que Akali vira no rapaz. Ele era absurdo. O projeto fora elaborado de maneira direta e envolvente, e mesmo pessoas sem conhecimento de rap poderiam aprender algo escutando e reconheceriam a habilidade nata do mc. O tom era agudo e sarcástico, mas acima de tudo era persuasivo.

O primeiro faixa foi uma espécie de declaração de guerra na qual Ekko não mediu palavras. Nos últimos vinte anos, os artistas haviam se transformado em um grupo de lacaios incompetentes que estavam cheios de importância pessoal e que não tinham registro de pensar criticamente sobre a cena musical e sobre a indústria. Ele chegou a essa conclusão porque, vez após vez, sem a menor objeção, muitos artistas pareciam satisfeitos em regurgitar as declarações de seus CEOs e especuladores do mercado da musica e lançavam canções sem alma - mesmo quando essas eram claramente enganosas ou erradas, al qual rappers que não escreviam seus próprios versos. Evelynn lembrou-se de Akali dizer algo parecido anos antes-. Esses artistas eram, portanto, tão ingênuos que deveriam ser levados para outras tarefas, ou eram pessoas que traíam conscientemente sua arte. Pessoas essas, que Ekko abominava. O rapaz afirmou que muitas vezes tinha vergonha de ser chamado de rapper, desde então, arriscaria ser agredido por pessoas que não considerava artistas.

O restante do projeto consistia em uma cadeia de versos para apoiar seu protesto. Uma longa faixa examinando a cena e se encerrando. A conclusão da mixtape ecoava a introdução:

“Se um artista fizer por onde, assumindo seu posto e pegando em uma lança em apoio a todas as decisões adotadas, não importando quão absurdo, esse artista seria demitido ou menos transferido para um departamento onde ele ou ela não poderia causar tanto dano. No mundo da musica, no entanto, no mundo da musica, quem manda é a rua. Quem nos colocou ali foi o povo. Poder para o povo”

Evelynn não teve dificuldade em entender o agitado debate que se seguiu na publicação comercial da mixtape em alguns jornais, nas primeiras páginas e nas seções de musica. Embora apenas algumas gravadoras tenham sido mencionadas pelo nome no projeto, Evelynn imaginou que o campo era pequeno o suficiente para que todos soubessem exatamente a que indivíduos estavam sendo referidos. Ekko havia se tornado um inimigo amargo, o que também se refletia nos comentários da mídia.

Ela tirou os headphones e olhou para a fotografia na capa. O cabelo branco caiu um pouco descuidadamente, como se estivesse preso por uma rajada de vento. Ele estava de olhos fechados, como se prestes a fuzilar seus inimigos quando o mesmo os abrisse. Um rapaz muito bonito. Que segurava o microfone como uma espada.

"Olá, Ekko", disse ela para si mesma. "Será um prazer conhece-lo".