1. Spirit Fanfics >
  2. Small Bump - Second Season. >
  3. Take responsibilities

História Small Bump - Second Season. - Take responsibilities


Escrita por: fuckincamren-yo

Notas do Autor


Esse foi o ultimo capitulo postado lá no social, postei essa semana.

Capítulo 31 - Take responsibilities




POV Lauren.

Desde que decidir ir embora e me separar de Camila eu tinha prometido a mim mesma que jamais me forçaria a estar em situações ou ambientes em que eu não quisesse estar, que não estivesse me fazendo bem ou drenando a minha energia. Eu queria manter aquilo em pratica quando voltei pra cá, mesmo que isso me custasse pessoas que eu gostava e lugares que eu precisava estar. Vê-la me tratar tão mal ontem, como se a culpa de todos os seus problemas fossem por minha causa fez com que eu quisesse deixar tudo aquilo para trás, me fez pensar que talvez toda aquela historia entre nós já tivesse acabado por mais que estivéssemos tentando diferente.

Talvez tudo que devêssemos fazer é retomar nossa boa relação por nossa filha e pela linda historia que um dia tivemos.

Mas eu não conseguia levar esse pensamento adiante dado o fato de que eu jamais em minha vida irei amar outra mulher como eu amo aquela latina. Eu não queria formar uma outra família, viver uma outra vida, trilhar outro caminho sem ela.

Eu sabia disso porque esquece-la e seguir em frente foi tudo o que eu tentei fazer desde o dia que fui embora, e mesmo magoada eu não consegui. Eu me permitir conhecer outras pessoas, outros corpos, outros sabores, mas tudo o que eu queria quando acordava era tê-la novamente ao meu lado com aquele sorriso radiante dizendo que me amava. Tudo o que eu esperava era ter alguém que pudesse mexer comigo da maneira que ela mexe, mas ninguém conseguiu, e olha que muitas tentaram.

Eu estava tentando o meu máximo entender que o motivo pelo qual ela estava me tratando daquela maneira era porque ela não tinha aprendido a lidar com a dor que eu a trouxe, independente dela também ter culpa em tudo aquilo. E entendia que para ela era difícil ver que ela tinha tanta culpa naquela historia quanto eu porque eu tinha perdido qualquer razão a partir do momento que tirei nossa filha do país.

Eu deveria sim ter agido de outra maneira, mas naquele dia eu não consegui pensar em nada além de levar minha filha para longe de todo aquele sofrimento que ela estava trazendo. De certa forma, ao meu ver, seria mais fácil explicar para Valentina o porque ela não poderia ver Camila se ela estivesse em outro país, do que explica-la porque a mãe não tinha tempo para estar com ela já que morávamos tão perto uma da outra. Porque por mais que ela tentasse dizer o contrario eu sabia que ela não iria conseguir administrar tudo aquilo mesmo se estivéssemos por perto já que tínhamos tentado daquela maneira e ela se mostrou incapaz. Morávamos na mesma casa e ela não tinha tempo para nossa filha, esquecia os compromissos que fazia conosco, esquecia nossas datas comemorativas...

Eu só quis proteger minha filha de toda aquela dor, por mais que aquilo acabasse com nós duas.

Eu entendia toda aquele rancor sim, mas não era justo comigo depois do tanto que eu passei para estar ao lado dela, deixar que ela anulasse todo o esforço que eu fiz para que aquilo não acontecesse. Em parte ela estar como vitima na situação era culpa minha, pois eu nunca procurei sentar com ela para contar o que eu estava passando ou o que eu tinha que aguentar ao lado dela. O tanto que eu tive que engolir para que não brigássemos. O tanto que eu tive que deixar para lá pra que ela não se sobrecarregasse ainda mais.

Contudo, aquilo não cabia mais em nossa historia. Ela também precisava se responsabilizar por seus atos. Precisava entender como as coisas que ela fez comigo e com nossa filha trouxe a mim a vontade de tomar aquela decisão, ou ela me culparia para sempre.

Como de costume cheguei cedo ao escritório, encontrando Anabel sentada em sua cadeira giratória toda sorridente para o seu celular enquanto provavelmente conversava com alguém por chamada de vídeo. Quando viu que eu estava me aproximando, confirmando o que eu achava, sussurrou "minha chefe chegou amor, até mais tarde. Amo você" antes de desligar a chamada.

- Bom dia Lauren! - Manteve o sorriso entusiasmado em seus lábios pintados de vermelho.

- Bom dia Ana, tudo bem contigo? - Perguntei parando de frente para sua mesa - Você parece feliz hoje.

- E você nem tanto - Observou me fazendo suspirar. Infelizmente eu não conseguia esconder quando as coisas não iam bem. - Mas eu estou bem sim.

- Uma de nós tem que estar para o trabalho fluir, não é mesmo? Equilíbrio é tudo. - Ri tentando não pesar o clima - Qualquer coisa tô lá dentro. Meu celular está desligado, então se tiver alguma ligação pessoal diz que eu estou ocupada e não posso atender, a não ser que seja da escola de minha filha.

- Okay. Mais alguma coisa? Um café?

- Não, obrigada. Estou evitando tomar café, já estava começando a sentir dores de cabeça quando passava um dia sem tomar.

- Eu bem sei como é isso.

Ela disse ainda sorrindo para mim enquanto eu me virava para entrar em minha sala. Eu gostava de trabalhar com a Ana, ela era muito centrada e sabia se impor em todas as situações. Estava sempre sorridente, solicita. Mesmo que muitas vezes desse para perceber que ela estava com problemas pessoais, ela nunca deixava de me receber bem e de sorrir para todos. Era fácil lidar com ela, fazia muito bem o seu trabalho e muitas vezes fazia muito bem até o trabalho que deveria ser meu.

Não sei por quanto tempo eu fiquei imersa naquelas papeladas, a empresa estava com alguns desfalques que eu tinha certeza que vinham do Tio Jason já que a mania que rouba era algo que todos nós sabíamos que ele tinha. Apenas percebi que faziam horas que eu estava ali quando Anabel bateu na porta perguntando o que eu queria almoçar, que ela traria pra mim já que iria sair para almoçar fora. Minha cabeça estava explodindo, eu queria relaxar para poder resolver aquele problema ou iria acabar lidando com aquilo de uma forma mais agressiva.

Sempre soube que aquele homem não era digno de uma diretoria, mas a empresa não era minha então não podia opinar. Talvez agora meu pai visse isso.

- Você pode trazer uma garrafa de vinho para mim também, por favor?

- Você tem certeza que está bem pra trabalhar hoje? - Questionou me examinando. Seu olhar era de pura preocupação - Que pergunta a minha né? Ninguém que está bem resolve beber uma garrafa de vinho uma hora dessa.

- Não precisa se preocupar comigo, eu estou bem. - Menti na maior cara de pau fazendo-a me olhar descrente - Serio Ana, só estou precisando de algo para relaxar um pouco e continuar o trabalho.

- Okay... Qual vinho você gosta de beber?

- Pede sugestão quando for ao restaurante, eu não sou boa em saber nomes nem marcas. Só quero algo bom, e que não seja muito fraco nem muito forte.

- Sim senhora. Algo que te embebede mas que seja num nível que dê para trabalhar - Brincou me fazendo revirar os olhos - Eu vou almoçar com meu namorado, mas prometo não demorar.

- Não se preocupe com isso. Almoce tranquila, não quero te atrapalhar.

- Ok chefe. Até daqui a pouco. - Dito isso ela saiu fazendo o som de seus saltos cor de salmão ecoar pelos corredores.

Voltei a me enterrar mais uma vez nas papeladas para esperar Ana voltar, o que aconteceu quarenta minutos depois. Ela me trouxe um risoto com frutos do mar que pela cara eu sabia que estava divino, e um vinho branco para acompanhar. Coloquei minha playlist preferida para tocar enquanto eu almoçava. Fiquei bastante tempo sem ouvir Coldplay porque me lembrava muito Camila, e eu não queria me lembrar dela no passado, mas ultimamente eu precisava desesperadamente sentir sua presença comigo. No meu descanso de tela do computador passava diversas fotos de Valentina, todas as suas fases, e entre elas estava uma foto dela com Camila, uma das primeiras fotos que tirei das duas. A pequena estava em seu primeiro dia de vida deitada no peito de minha ex esposa que cheirava seus cabelos escuros com um sorriso no rosto.

Fiquei encarando aquela foto deixando que minha mente voasse para aquele dia, o dia em que eu tinha a maior montanha russa de emoções em minha vida. Ver Camila quase morrer no nascimento de nossa filha foi a pior sensação que eu pude sentir, e ao mesmo tempo alívio que por outro lado nossa pequena tinha vindo com muita saúde. O dia que eu pude apresentar nossa pequena a ela, e que ela a amamentou pela primeira vez.

Aquele foi um dos dias mais cheios de emoção que tivemos.

(FLASHBACK ON)

- Oi vida. – Eu disse assim percebi que seus olhos estavam abertos, depois de dar um selinho rápido em seus lábios agora secos. Ela chorava ao olhar nossa pequenininha dormindo em meu colo, cheia de saúde.

- Oi meu amor... - Respondeu com um pouco de dificuldade.

- Eu queria apresenta-la a você quando as duas estivessem acordadas, mas você demorou um pouco de acordar e ela, como uma boa preguiçosa, dormiu novamente.

- Ela é linda... - Analisou o bebê meu meus braços, que era minha copia quando eu era mais nova. - Parece tanto com você...

- Pode até ser, mas ela tem a coisa que eu mais amo em você: os olhos. – Sorri toda boba, me inclinando para cheirar a cabeça da pequena. Aquele cheirinho havia se tornado o meu cheiro preferido de todo o mundo.

- São castanhos os olhos dela?

- São amor, iguaizinhos aos seus. - Ela sorriu com minha resposta sem tirar os olhos da pequena - Ela ta dormindo há bastante tempo, e eu preciso chamar a enfermeira para ajudar você a amamenta-la.

- Não... – Pediu em um murmuro, se mexendo devagar no colchão para ficar meio que sentada – Deixa eu curtir vocês duas sozinha, só um pouquinho...

Eu assenti e a ajudei a carregar aquela coisinha pequena e frágil em seus braços. Ela era tão pequenininha, branquela e gordinha. Não tinha como dizer que não era minha filha, era parecida demais comigo. Pude ver Camila sorrir como nunca tinha visto em todo o meu tempo com ela, os olhos brilhando com lagrimas que ameaçavam cair a qualquer momento. Ela acariciava a bochecha da nossa filha delicadamente sem tirar seus olhos dela, e eu sabia exatamente como ela estava se sentindo naquele momento, porque eu tinha me sentido da mesma maneira quando peguei minha neném no colo pela primeira vez, e era assim que eu estava me sentindo ao vê-la ali tendo a mesma sensação que eu tive.

- É bom ver seus olhos abertos novamente, Camz. Você me assustou pra caralho. – Eu disse deixando as lagrimas rolarem pelo meu rosto, feliz demais por ter a oportunidade de ter aquele momento.- Nunca mais me assuste desse jeito,ok? Você não sabe como eu fiquei desesperada, quase bati na porra do enfermeiro porque ele me tirou de perto de você.

- Esta tudo bem agora meu amor, eu não vou a lugar algum... Prometo ficar aqui para sempre, com vocês duas. – Ela disse acariciando o bracinho de nossa filha, se atentando a fitinha que tinha em seu pulso - É o nome dela?

- Como? – Arqueei minha sobrancelha

- Valentina. É o nome da nossa filha? - Perguntou passando os dedos finos pela fitinha no pulso da pequena.

- Ah, sim... Eu escolhi quando a vi pela primeira vez. Combina bastante com ela.

- Concordo.

Ela sorriu mostrando que estava satisfeita com aquele nome. Ficamos por minutos conversando enquanto a pequena dormia toda tranquila, o que não durou por muito tempo no entanto. Ela acordou abrindo o maior berreiro fungando e acariciando o seu rosto no seio de Camila, que estava coberto pela roupa do hospital. Saí para chamar a enfermeira as pressas e quando voltei acompanhada da mulher, Camz estava com uma carinha de dor enquanto nossa filha estava se alimentando em seu seio. Quando me viu ela sorriu toda feliz novamente, totalmente emocionada com aquele momento.

E eu não podia estar mais feliz em vê-las juntas. Tudo o que eu precisava para me fazer feliz estava ali naquele quarto de hospital.

( FLASHBACK OF)

Peguei o maço de marlboro red que estava dentro de minha bolsa junto com o isqueiro elétrico, ascendendo um cigarro me recostando na cadeira. Eu já estava chorando ao me lembrar daquele dia. O amor da minha vida quase se foi para dar a luz ao nosso bem mais precioso o fruto do nosso amor. Ela havia sido tão forte em toda aquela gravidez e ao dar a luz. Até um ano depois de nossa filha nascer ela se manteve tão dedicada a nossa pequena, não queria desgrudar dela nem por um segundo, mas infelizmente aquilo foi se perdendo depois de um tempo, com a chegada de novas responsabilidades que ela não conseguiu administrar.

Desde que nos separamos eu tentei evitar o máximo não me lembrar dos nossos momentos juntas fossem eles bons ou ruins, mas nossa mente infelizmente gosta de nos pregar peças e eu não consegui evitar quando ela me fez recordar de um dos dias mais dolorosos que passei com ela desde que estávamos juntas. Aquele foi o dia que eu sabia que não teríamos mais como continuar, e que eu só me manteria ali ao seu lado por causa da nossa filha por não querer que ela passasse por aquela situação de ter suas mães se divorciando enquanto ela estava tão nova.

Mas desde que ela nasceu, que eu vi os seus olhos, eu sabia que faria qualquer coisa para fazê-la feliz, mesmo que aquilo me destruísse todos os dias. Para mim só o bem-estar dela importava.

(FLASHBACK ON )

Eu havia bebido sozinha mais da metade da garrafa de Malibu quando ouvi a voz de Lana Del Rey diminuir de volume por meu apartamento. Quis me levantar e colocar o som no ultimo volume novamente, mas eu sabia que provavelmente não aguentaria chegar lá sem quebrar alguma coisa pelo caminho. Meu rosto estava quente, suado, e eu sabia que estava vermelho. Os olhos caídos e o sorriso débil nos lábios mesmo que já tivesse quase desidratada de tanto chorar. Independente da situação eu tinha que sorrir, aquela era uma data importante!

Eu estava olhando a vista da cidade sentada no sofá médio que tínhamos em nossa varanda, observando o tanto de gente circulando com pressa, atrasadas para seus compromissos. Eu sentia tanta falta de morar em um lugar mais calmo, com uma qualidade de vida melhor. Sentia falta de poder ver as estrelas e de ter o mar tão pertinho de nosso antigo apartamento em Miami. 

Me sentia tão perdida ali naquela cidade, e nem sabia o que eu estava fazendo ali ainda...

Tinha ido por causa de Camila, é claro, mas esse proposito já não fazia mais sentido partindo da ideia de que eu estava infeliz ali, e infeliz ao lado ela.

Meu casamento já estava acabado há algum tempo. Eu sabia daquilo, porem estava tentando aguentar firme por Valentina, e por mais que eu não quisesse admitir, tentava por Camila também. Sabia que as coisas estavam sendo difíceis para ela com tantas coisas para poder lidar, e eu tentava ajuda-la o máximo que eu podia em tudo, até comecei a trabalhar em casa para por ficar com Valentina em tempo integral quando seus estágios começaram já que não queríamos colocar a pequena em uma creche ou contratar uma babá.

A unica coisa que eu cobrava a ela era que em seu tempo livre desse mais atenção a sua família, coisa que ela não fazia o minimo de questão.

- Lauren? - Ouvi meu nome ser chamado por minha esposa, mas ignorei virando a garrafa para tomar mais um pouco daquele líquido.

Ela estava atrasada... de novo.

- Lolo? - Chamou de forma carinhosa quando não conseguiu me encontrar em lugar nenhum. Pude ouvir seus passos chegando mais perto da varanda. Continuei calada. - Lo!

Eu esperei o dia todo por uma ligação, uma mensagem, mas aquilo tinha me deixado frustrada e tudo o que eu queria naquele momento é que ela sumisse, que não tivesse voltado mais para casa.

- Achei você! - Disse sorrindo, mas quando viu a minha cara que com certeza não era das melhores, recolheu seu sorriso. - O que houve? Você está bêbada? Onde está Valentina?

- Aí Camila pelo amor de Deus, quanta pergunta. - Respondi massageando as têmporas - Você está estragando meu momento. Dá pra aumentar o som? Prefiro a voz da Lana do que a sua nesse momento.

- Valentina, Lauren. - Sibilou ficando irritada com meu deboche.

- Foi passear com Dinah e Mani. Elas quiseram mimar a afilhada um pouco.

Aquilo era uma meia verdade. As meninas tinham pego nossa filha para que Camila e eu pudêssemos comemorar juntas o dia de hoje, já que não passávamos quase tempo nenhum juntas.

- Será que agora dá pra você aumentar o som? - Pedi tomando mais um gole do rum ignorando totalmente a cara de descrença dela.

- Tá maluca, porra? Já são nove horas da noite, daqui a pouco recebemos reclamação.

- Tarde demais - Gargalhei sentindo minha raiva dela aumentar. Já eram nove, e ela deveria ter chegado as sete. - O síndico ligou algumas vezes, mas sinceramente não tô nem ai. Agora aumenta essa merda desse som.

- Nós temos que respeitar a vizinhança Lauren, ninguém tem que aturar som alto até tarde porque você está bêbada.

- Foda-se a vizinhança Camila.

- Cara, qual a porra do seu problema? - Vociferou perdendo a paciência.

- Você! - Disse no mesmo tom que ela, fazendo-a me olhar com os olhos arregalados. - Você é a porra do meu problema. Dá pra você aumentar o som e deixar que eu curta o restante do meu dia em paz, ou você vai mesmo estragar as poucas horas que restam?

Ela me olhava com o queixo quase no chão pela forma que eu estava a tratando, não era normal que eu falasse assim, mas hoje eu estava tão puta que não conseguia me controlar, ainda mais vendo que ela realmente não se lembrava do meu aniversario.

Eu sabia que ela tinha esquecido no momento em que eu acordei e ela já tinha saído sem deixar nenhum bilhete, nenhuma mensagem. Mas tive esperanças que ela se lembrasse quando estivesse na faculdade, quando abrisse seu instagram e visse que nossas amigas tinham postado fotos comigo, e eu aceitaria seus parabéns mesmo sabendo que ela só se lembrou porque viu nas redes sociais. Mas não. O dia inteiro ela não falou comigo, nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Nada.

- Você tá ficando maluca, só pode! - Gritou para mim, me fazendo gargalhar tão alto quanto.

- Onde é que você esteve? Tentei ligar mas seu celular só dava desligado.

- É por isso essa palhaçada toda? Porque cheguei agora? - Balançou a cabeça de forma negativa como se me repreendesse.

- Responda a pergunta, Camila.

- No pizzaria com as meninas da faculdade, mãe! - Respondeu com deboche, tirando a franja que estavam grudando em sua testa suada. - Eu esqueci meu celular aqui em casa.

- Você é uma idiota mesmo. - Tentei me levantar, o que consegui com um pouco de dificuldade. Peguei meu celular no bolso para pedir um uber, precisava sair daquela casa ou iriamos acabar tendo uma briga muito maior.

- Eu sou idiota por sair um pouco pra me divertir? Pelo amor de Deus né Lauren? Estávamos comemorando a nota do nosso trabalho.

- Aí Camila me poupe só hoje desse seu vitimismo. Não tô nem afim. Você sabe muito bem que eu não ligo para você sair.- O celular começo a tocar tirando minha atenção dela - Alô? - Era o motorista do uber querendo saber onde eu estava, pois estava mandando mensagem e eu não respondia e ele não podia ficar muito tempo estacionado ali. - Já estou descendo. - Disse desligando o celular, tentando passar por Camila que estava parada na frente da porta.

- Onde você vai?  - Cruzou os braços me olhando de maneira desafiadora. Podia ver que sua vontade era voar em meu pescoço. 

- Comemorar o restante do meu aniversario, já que eu não posso fazer isso aqui tendo que olhar para sua cara cínica.

Seu semblante imediatamente mudou ao ouvir minhas palavras, tentando assimilar exatamente o que estava acontecendo. Eu queria deixa-la se achando a certa como sempre até que ela ligasse seu celular e visse todas as publicações que nossas amigar fizeram para mim, mas eu não iria perder o gostinho de ver sua cara cair e ela ter que engolir aquela pose dela.

- Amor... - Murmurou tentando segurar meu braço

- Ah, agora tem amor né? - Ri de sua cara, me afastando - Dá licença que meu uber chegou.

- Não saia assim, por favor... Deixa eu explicar.

- Tudo que eu menos quero é ter que ouvir suas explicações e desculpas, Camila. Eu estou de saco cheio dessa merda.

Seus olhos começaram a encher de lagrimas, fazendo com que eu ficasse com ainda mais raiva dela. Se aquela fosse a primeira vez que coisas como essa acontecesse eu provavelmente deixaria passar, porque ela tinha coisas demais na cabeça, mas aquilo já estava ficando recorrente e conhecendo-a como conheço, se eu esquecesse o aniversario dela e ainda chegasse tarde por estar com meus amigos do trabalho, ela provavelmente me colocaria para dormir na rua.

- Não ouse chorar. - Rosnei irritada, tentando conter minhas próprias lagrimas. Ela sabia como me desarmar, sabia que independente de eu estar com raiva dela se ela chorasse eu a abraçaria. - Eu estou cansada de toda essa merda, cansada! Você não merece essa porra de esforço que eu tô fazendo pra estar aqui. Agradeça a nossa filha todos os dias por isso, se não fosse por ela, eu iria embora hoje mesmo.

- Lauren, pelo amor de Deus não me diz uma coisa dessa! - Pediu tentando segurar o meu braço, o qual eu puxei com uma certa grosseria. Tentei passar por ela, mas ela não deixava. - Eu prometo a você que isso não vai mais acontecer.

- Camila por favor, saia da minha frente. - Minha paciência estava esgotada.

- Não vai... Eu amo você, você sabe disso. Eu jamais faria algo pra te magoar propositalmente.

- Sim, mas também não faz nada para evitar me magoar. Você simplesmente não se esforça pra fazer nada por mim, e eu estou cansada de ser a unica aqui a tentar manter esse casamento em pé. Você não é obrigada a estar comigo, se não está mais interessada é só me deixar ir, mas me implorar pra ficar só pra ter com quem contar quando seu dia for difícil é foda. - Disse já cansada de lutar contra as lagrimas, deixando-as cair. - Me deixe passar por favor, eu realmente não quero mais olhar na sua cara hoje.

Engolindo as minhas palavras com um olhar doloroso no rosto ela se deu por vencida e saiu de minha frente, deixando a passagem livre para que eu pudesse ir. Eu sabia que a melhor opção seria me separar dela antes que nós estragássemos ainda mais o que havíamos construído em todos aqueles anos juntas, mas o meu amor por ela não me deixava desistir, eu ainda tinha fé e esperanças que tudo aquilo fosse mudar.

Bem, pelo menos era o que eu esperava.

(FLASHBACK OF)

Naquela época eu já sabia que iriamos nos separar, que não iria durar muito tempo por mais que quiséssemos. Eu sabia que nosso casamento estava esgotado, e depois do dia que ela esqueceu meu aniversario, logo em seguida chegando atrasada no aniversario de Valentina e por incrível que parecesse esquecido nosso aniversario de casamento no dia seguinte, eu já estava disposta a pedir o divorcio e ir embora. Poderia até parecer exagero da minha parte, mas dói quando alguém que você ama e se dedica tanto não faz nenhuma questão de fazer o mesmo por você. Eu nunca fui boa em gravar datas, mas sempre marcava os eventos em um calendário, pois sabia que se esquecesse seria motivo dela parar de falar comigo e ignorar minha presença por dias.

O meu plano inicial não era simplesmente ir embora para Londres, eu queria continuar em NY, já estava pesquisando lugares para morar, já tinha contatado meu advogado sobre o divorcio há um tempo, só estava esperando a poeira para ela abaixar pra fazer aquilo. Eu já tinha decidido que iria conversar com ela sobre Valentina morar comigo já que ela não tinha tempo para respirar, e o tempo que tinha ela não se mostrava interessada de estar conosco, mas que ela poderia ver e pegar nossa filha o dia que ela quisesse lá em casa.

Só que desde o dia que tomei essa decisão as coisas foram piorando gradativamente até o ponto de eu não conseguir mais não deixar que aquilo tudo afetasse Valentina. Chegou ao ponto dela começar a sofrer com a ausência da mãe todos os dias, o que me deixou desnorteada.

( FLASHBACK ON)

- Ei filha... - Tentei chamar a atenção da minha pequena que estava super concentrada em seu pedaço de papel. Ela estava sentada no tapete na sala segurando um lápis de cor vermelho enquanto pintava freneticamente alguma coisa na folha que estava em cima da mesa de centro. - O que você está fazendo aí?

- Nãaooooo mamãe - Resmungou tapando o desenho com suas mãozinhas - Não cabô ainda.

- É para mim? - Sorri toda apaixonada, com meu coração se enchendo de alegria.

- E pra mama também! - Sorriu empolgada.

- Okay não vou olhar - Me afastei um pouco para me sentar no sofá - Vamos ao parque daqui a pouco, sim?

Ela me olhou com os olhinhos brilhando ao lembrar-se que Camila e eu prometemos que a levaria ao parquinho para passarmos um tempo em família e ela tinha ficado super empolgada com aquilo. Era dia das mães, e já que tínhamos bastante tempo sem sair nós três, eu e minha esposa entramos em um acordo de sairmos e tentar ao máximo nos manter cordiais. Nós não nos falávamos muito pois toda vez que tentávamos qualquer aproximação acabávamos soltando farpas uma para outra e no final de tudo tínhamos umas discussões terríveis, então na maioria do tempo era ela lá e eu cá. Nenhuma desrespeitava o espaço da outra, e assim íamos vivendo da maneira mais infeliz do mundo só para não fazermos nossa filha passar por um divorcio.

Porém, aquilo não estava mais funcionando. Eu já estava saturada, não aguentava mais olhar para ela e muito menos ela para mim, e as duas estavam cientes disso. Nosso casamento já não existia mais, não nos tocávamos há meses. Nada de beijo, nada de abraço, nada de sexo.

Eramos apenas duas estranhas vivendo suas vidas na mesma casa por nosso bem mais precioso. E porra... aquilo doía demais.

Mas infelizmente a nossa filha já estava começando a entender o que estava acontecendo, ela já estava sentindo que tinha algo de errado por mais que tentasse de tudo para que aquilo não a afetasse.

Deixei Valentina na sala terminando seus desenhos e fui me arrumar para leva-la. Camila havia estagiado pela manhã, então chegaria em casa provavelmente depois das duas da tarde. Quando terminei tratei de deixar a minha pequena bonita e cheirosa para quando sua mãe chegasse, pois como ela mesma disse queria que Camila ficasse feliz em ver como ela tava bonita. Ela era completamente apaixonada por Camila, tudo que via/fazia ela tratava de incluir a mãe por mais que minha esposa não estivesse presente, e aquilo acabava comigo.

Depois de esperarmos por uma hora quando Valentina já estava pulando o apartamento inteiro gritando que queria ir pro parquinho eu resolvi ligar para Camila e ver onde ela estava, se iria demorar, mas como já havia se tornado normal dela seu celular estava dando fora de área. Pensei que poderia ter descarregado, então esperei por mais uma hora para ver se ela chegava, quando vi que não iria vir tive que dizer a nossa filha que, mais uma vez, seriamos apenas nós duas.

- Vamos indo amor - Chamei por ela tentando não demonstrar como eu estava chateada, iria tentar distrai-la o máximo possível para que ela não ficasse triste.

- E a mama? - Perguntou já formando um biquinho nos lábios. Ela já sabia que Camila não viria. 

A ausência dela já estava se tornando algo normal. 

- A Camila teve um problema no trabalho amor, então ela não vai poder ir conosco... - Menti. Não queria ter que fazer aquilo, mas eu tinha que tomar cuidado para não acabar fazendo alienação parental. Por mais que eu estivesse com raiva, eu não queria que ela odiasse a mãe dela. - Não fica triste princesa...

- Mas ela prometeu mamãe! - Os olhinhos se encheram de lagrimas, fazendo com que eu consequentemente quisesse chorar também, mas eu tinha que ser forte. - Ela prometeu...

- Eu sei filha, não fica assim - A peguei no colo para consola-la. Ela rodeou meu pescoço com os braços e deitou em meu ombro. Pude sentir suas lagrimas molharem minha pele - Nós vamos nos divertir assim mesmo, eu prometo a você.

- Mas eu queria as duas! - Fungou, me apertando com força. Porra. - Eu quero a mama!

- Valentina por favor... - Pedi com a voz embargada. Eu não queria chorar, mas vê-la sofrer daquela maneira estava acabando comigo. - Não fica assim amor, eu tenho certeza que a sua mama queria muito ir com a gente também.

- Mentira! - Gritou abafado por causa da pele do meu pescoço. Ela soluçava de tanto chorar, e nesse momento eu não sabia mais se conseguiria me manter firme. - A mama nunca está com a gente. Ela não quer estar com a gente!

- Eu sei que você esta magoada filha, mas isso não é verdade... Sua mama ama a gente. 

- Ela não ama não - Resmungou - Ela não mama não mamãe Lolo...

Comecei a chorar porque ouvir aquilo da minha pequena me doeu mais do que qualquer outra coisa cruel que eu tenha ouvido em toda minha vida. Eu sabia que Camila não queria estar comigo, provavelmente não me amava mais, mas ouvir aquelas palavras serem ditas por Valentina era ainda pior. Vê-la tão magoada  me fez ter vontade de largar tudo e ir embora, mas eu não podia fazer isso sem ao menos saber a explicação da minha esposa sobre aquilo. Talvez ela tivesse ficado presa no hospital por algum motivo grave, e por isso tinha se atrasado.

Eu torcia para que aquela teoria fosse verdade. Eu pedia a Deus que fosse, mesmo no fundo sabendo que não era aquilo. Dessa vez ela não podia dizer que esqueceu por estar com a cabeça cheia, como fez em outras datas. Um feriado tão comercial estava literalmente estampado por toda cidade, então a unica desculpa plausível era ela ter estado presa no trabalho, além disso tudo seria invenção. 

Sentei no sofá com a minha pequena, a deitando de lado em meu colo para poder ver o seu rostinho que estava todo vermelho e molhado. Ela tentava escondê-lo entre meus seios para que eu não pudesse vê-la chorar. Ver minha filha sofrer era uma dor tão forte que eu não sei nem explicar, é como se tivessem dilacerando meu coração com unhas e dentes. Uma dor insuportável, e eu me sentia completamente impotente porque não podia fazer absolutamente nada para mudar aquilo.

- Olha... - Chamei sua atenção, fazendo com que ela tirasse seu rosto de meus seios - Vamos para o parquinho? A gente vai se divertir muito lá, e quando voltarmos para casa a mama já vai estar aqui, então podemos sair para outro lugar juntas ok? Para tomar sorvete! O que acha?

- Mas eu queria ir com a mama...

- Eu sei amor, mas agora ela está ocupada no trabalho e não pode vim... - Limpei seu rosto com minhas mãos, trazendo-a para mais perto, beijando sua testa - Sua mama tem um trabalho muito importante, lembra que já conversei com você? Isso não tem nada a ver com ela não te amar.

- Salvando vidas? - Perguntou fungando.

- Sim, exatamente isso. E nesse momento alguém pode estar precisando mais da mamãe do que nós. Você pode tentar entender isso?

Ela assentiu coçando seus olhinhos vermelhos por causa do choro, era uma criança muito compreensível e empática, sempre entendia o que lhe era explicado mesmo que doesse, e eu agradecia muito a Deus todos os dias por estarmos conseguindo passar os valores que carregamos independente desse furacão que nossa vida se encontrava.

Nós fomos para o parquinho e eu consegui mudar seu humor e fazê-la esquecer aquela historia de que Camila não estava ali conosco, mas quando voltamos para casa e ela não encontrou a mãe lá, novamente ela chorou chateada pois já sabia que toda aquela historia de tomarmos sorvete não iria rolar. Deixei que ela passasse da hora de dormir para esperar Camila chegar, a pedido dela, que não queria deixar passar o dia das mães para entregar o presente a minha esposa. Ela havia feito dois desenhos iguais; nós três debaixo de uma arvore, ela entre Camila e eu, segurando nossas mãos, as três bonequinhas - que estavam muito engraçadas inclusive - tinham sorrisos em seus rostos, e um enorme coração vermelho ao lado. 

Quando vi Valentina correr chorando para seu quarto já sabia que minha esposa tinha chegado e estragado todos os meus esforços em manter a pequena bem aquele dia. Eu já não tinha mais escolhas...

(FLASHBACK OF)

Já estava tão fodida com todas aquelas lembranças que já nem bebia mais vinho, já tinha voltado ao Uísque, e quando fui percebi já estava bêbada mais uma vez, chorando de soluçar. Odiava me lembrar daquele dia, foi o dia mais doloroso de toda a minha vida, não conseguia nem expressar a maneira que me sentir depois de tantos esforços para contornar a situação para Camila, simplesmente para nossa filha não ter rancor daquelas atitudes, e ela ter chegado bêbada tarde da noite tratando a pequena mal.

Eu não queria ter ido embora para tão longe naquele dia, mas não consegui pensar em nada no momento. O ódio me cegou. Lembrar da minha filha chorando dizendo que a mãe não a amava, que não queria estar com ela, fez com que eu sentisse como se todos os meus esforços para estar ali tivessem sidos jogados no lixo. Eu já não tinha mais ninguém ali por mim, nossos amigos tinham se afastado de mim, e os que ainda estavam ao meu lado tinham suas próprias vidas para viver. Eu estava me sentindo extremamente sozinha, sem rumo.

 A unica pessoa que supostamente deveria estar ao meu lado me dando apoio esqueceu que eu também era uma pessoa com sentimentos, e que as vezes também precisava ser amparada. 

Enquanto tudo aquilo só afetava a mim tudo bem, eu podia aguentar como de fato estava aguentando, mas a partir do momento em que minha filha estava sofrendo não fazia mais sentido estarmos ali. Eu estava saturada de tentar arrumar desculpas para as merdas de Camila, sempre limpando sua barra e fazendo de tudo para que Valentina não crescesse com sentimento de rejeição o que faria a menina criar raiva dela, que é o que aconteceria se eu nos mantivesse ali.

Minha atitude foi precipitada, errada, e imprudente. Independente do que eu estava passando eu deveria ter tido pulso firme, mas eu também tenho direito de errar e tropeçar, e naquele momento foi a unica atitude que eu pude tomar. Eu estava desesperada, estava cega pelo ódio e pela dor que ela estava nos causando. Nossa filha estava sofrendo muito para uma criança na idade dela e eu não podia mais permitir aquilo. 

Não era justo comigo ser retaliada sozinha por tudo aquilo, Camila errou tanto quanto eu e ela precisava assumir aquela culpa também, assumir suas responsabilidades e parar de agir como se eu fosse a monstra de toda aquela historia.

Estou cansada de fazer papel de vilã por causa de 1 erro cometido, enquanto ela é vitimizada depois de errar tanto conosco.

Obstinada a mudar aquela situação mandei mensagem para Siope pedindo para que ele buscasse Valentina e Liss na escola porque eu teria que ir até a casa de Camila conversar com ela. Tentei ligar para ela depois, mas seu celular chamava, porém ela não atendia, e em seu whatsApp a mesma coisa, as mensagens chegavam mas ela não visualizava. Obvio que estava me ignorando. Decidi então esperar até o fim do meu expediente para ir ao seu apartamento.

Quando cheguei ao seu prédio por sorte ela já tinha deixado claro para o porteiro que eu poderia entrar, então não precisou que ele avisasse sobre minha chegada. Eu tenho certeza que se isso acontecesse ela iria me barrar. Apertei sua campainha e esperei por minha ex-mulher, que me atendeu com uma cara não muito boa.

Seu rosto estava um pouco inchado, assim como seus olhos, o que mostrava que ela esteve chorando. Os cabelos provavelmente molhados estavam enrolados em uma toalha vermelho vinho no topo de sua cabeça. Ela estava vestida com uma camisa preta que descia até a metade de suas coxas com a capa do disco The Division Bell de Pink Floyd.

- O que você quer? - Questionou secamente.

- Boa noite. Será que dá pra gente conversar? - Tentei manter a calma e a paciência para que não tivéssemos uma briga.

- Eu estou cansada Lauren. Acabei de chegar do trabalho, só quero comer alguma coisa e dormir um pouco.

- Nós precisamos conversar. - Insisti com firmeza, me aproximando. - Eu não quero ficar nessa situação, serio mesmo. O maior erro que tivemos em nosso relacionamento foi não conversar e deixar as coisas passarem, não quero cometê-lo novamente.

Ela respirou fundo e a assentiu com a cabeça, chegando para o lado para que eu pudesse entrar em seu apartamento. Lá dentro estava frio como sempre, iluminado apenas penas luzes da cidade que invadiam por sua enorme porta de vidro de correr que dava para a varanda. O designe do novo apartamento dela lembrava um pouco o nosso antigo, o que fazia com que eu tivesse um pouco de nostalgia. Eu gostava da nossa antiga casa, gostava da visão que tínhamos da nossa varanda, apesar da vista dela ser bem melhor por ser perto do Central Park.

Eu me sentei no sofá esperando que ela se sentasse perto de mim, mas não, ela foi para a poltrona há alguns metros de mim, o mais longe que ela conseguiu. Soltou os cabelos da toalha deixando-os cair em cascata por seu tronco, passando a mão algumas vezes para arruma-lo. Ela ficava tão sexy daquele jeito, tão simples e tão linda ao mesmo tempo. Eu queria poder abraça-la, sentir o seu cheiro de banho recém tomado... mas eu tinha que me controlar porque nesse momento, na postura que ela mantinha ali ela não estava nem um pouco apta a receber carinho meu.

- Eu queria começar essa conversa pedindo para você por favor parar de me tratar com grosseria e frieza. Eu realmente estou aqui para resolver as coisas da forma mais pacifica que nós possamos. Não quero te estressar, nem deixar você mais chateada do que já esta. Na verdade, eu só quero entender o motivo pelo qual do nada você mudou comigo.

- Do nada? - Arqueou as sobrancelhas dando um sorriso debochado.

- Nós estávamos bem, e de repente você se fechou para mim, começou a me tratar mal e a me distanciar de você.

- Tem certeza que não tem a ver com a postura que você tem adotado desde que voltou? Toda agressiva dizendo que Dinah mereceu apanhar de Siope. Ou por ter me desrespeitado dentro da minha casa me usando como pretexto para dizer na cara dos nossos amigos tudo o que você guardou por anos? 

- Naquele dia aqui eu tentei me defender Camila, e acredite que se eu não tivesse mantido calma apesar de não ter parecido as coisas teriam sido muito diferentes. Eu fui agredida e humilhada por uma pessoa que não tinha nenhuma moral para falar nada para mim.

- Sim, e eu não estou julgando você por isso. Estou falando pela falta de respeito que vocês duas trataram a mim, a minha casa, e a nossa filha. Vocês estão com o problemas de vocês e querem me usar para tentar resolver.

- Isso não tem nada a ver.

- Tem sim Lauren. Quem não tem nada a ver com os problemas de vocês sou eu. Você está magoada com nossos amigos porque eles não exerceram o papel de amigos para você quando você mais precisou, e eles estão magoados com você porque você foi embora sem dizer para ninguém, sem dar satisfação.

- Mas eles tinham se afastado de mim antes mesmo de nós nos separarmos, eles jamais procuraram saber o que estava acontecendo comigo. Nunca se importaram de ouvir o meu lado da historia!

- Sim Lauren, eu sei. Não estou tirando sua razão sobre isso, só estou dizendo que não foi só eu que me senti abandonada quando você foi embora, eles apenas não querem admitir isso e estão me usando como pretexto, e eu estou cansada de estar no meio disso. Estou cansada de vocês usando toda essa agressividade jogando as coisas na cara uns dos outros como se o erro de um, anulasse o erro do outro.

- Eu sei que não anula, mas eu também tenho direito de me defender de todos os ataques que venho sofrendo. Aceitei calada por muito tempo. Todos vocês agem como se só eu tivesse culpa por tudo que aconteceu em nosso casamento.

- Todos nós quem?

- Todos! E estou incluindo você porque você apesar de ter dito que estava tudo bem entre a gente começou a me tratar pior em nosso jantar quando Valentina começou a contar todas aquelas historias. Eu tenho senso de percepção Camila, não ache que não vejo as coisas. Eu vi que você levantou e foi chorar no banheiro, eu só não fui atras porque sabia que naquele momento você não aceitaria nada vindo de mim, então respeitei o seu espaço.

- O que você esperava? Que eu ficasse numa boa ouvindo minha filha contar historias pelas quais eu não pude participar porque você foi egoísta e a levou embora?

- Eu esperava ao menos que você fosse honesta comigo! E sinceramente, a egoísta antes de eu tomar a decisão de ir foi você. 

- Eu?! - Quase pulou da poltrona, me fazendo revirar os olhos com aquela postura. 

- Sim, você! E não me faça perder a paciência e acabar te atacando também. Eu poderia passar horas aqui sentada jogando coisas na sua cara, mostrando todos os motivos pelos quais estou te chamando de egoísta, mas isso não vai ajudar a gente em absolutamente nada. Então por favor pare de me atacar e vamos resolver isso como duas adultas!

Ela engoliu em seco, e eu respirei fundo. Não podia perder a paciência nem me deixar levar pelo calor do momento. Precisávamos nos manter calmas o máximo possível, eu principalmente, porque se me deixasse levar acabaria jogando todos os seus erros em sua cara e aquilo acabaria com ela. Eu tenho consciência de sua doença e em como algumas coisas a afetariam. 

 - Por que você agiu como se tudo estivesse bem se não estava? - Perguntei depois de alguns minutos de silencio. 

-Eu achei que conseguiria aceitar você de volta, reconstruir a nossa vida, o nosso casamento, mas eu já não tenho tanta certeza assim e isso está me deixando louca. - Respondeu com mais calma. -  Eu estou tão instável com tudo, tão conturbada com as lembranças, com as magoas que é difícil...

- Você poderia ter me dito isso antes... Poderia ter simplesmente dito que ainda não tinha superado e que era melhor irmos devagar. Eu entenderia.

- Eu não pensei em nada disso quando eu vi você pela primeira vez depois de você ter ido embora. Você estava tão frágil por causa do vovô que tudo que eu conseguia ver naquela cama era a Lauren que eu conheci quando morava em Miami. Eu não consegui pensar em nada porque tudo o que eu queria naquele momento era você em meus braços! Eu queria você! Eu sempre quis você, e te ter ali fez com que eu esquecesse tudo por um instante. Mas obviamente eu não consegui esquecer por muito tempo, e foi inconsequente da minha parte ter agido daquela forma eu sei disso. Eu deixei o coração falar mais alto, eu deixei que a saudade me cegasse.

Ela colocou as mãos no rosto tentando esconder o choro, e eu tentei segurar o meu. Ficamos caladas por alguns minutos novamente, o choro de Camila era a unica coisa que cortava nosso silencio. Aquela conversa era muito difícil, expor nossos sentimentos do passado e agora no presente era muito doloroso. Relembrar todas aquelas dores vividas acabava com nós duas, mas era necessário colocar as cartas na mesa, nós precisávamos daquele momento. 

- Você prometeu que cuidaria de mim, da nossa família - Disse em um sussurro doloroso. Me deixei naquele momento chorar também, porque era verdade - Você me disse naquele dia, se lembra? Quando eu cogitei fazer o aborto e você brigou comigo por causa daquilo. Eu te disse que eu era muito nova, que eu estava com medo, que não conseguiria ser mãe, esposa, e ainda ter que correr atrás do meu sonho...

Ela tirou as mãos do rosto e olhou para mim com um olhar suplicante, e eu apenas assenti mostrando que eu me lembrava daquilo. Eu me lembrava de cada palavra, de cada momento.

- Você prometeu que estaria ao meu lado para não me deixar sair dos trilhos, você disse que assumiria essa responsabilidade, e você me abandonou. Você foi embora levando a nossa filha para outro país. Você levou o meu bem mais precioso para longe de mim, você me privou de passar momentos ao lado dela que nunca mais voltarão.

- Eu... - Engasguei com o choro, passando a mão trêmula pelo cabelo tentando buscas palavras que pudessem fazer com que ela entendesse o meu lado também, sem parecer que eu estava a atacando ou tentando justificar meus erros em cima dos dela - Naquele momento Camila, eu nunca me senti tão perdida em toda minha vida. Eu estava muito magoada por todas as coisas que estávamos passando em nosso casamento, com suas atitudes em relação a nossa filha. Eu me senti sozinha, não tinha para onde ir ou com quem contar. Eu só queria me sentir em casa e segura, amada. Eu estava sobrecarregada demais naquele dia, você não tem noção de como foi para mim... eu não consegui pensar em nada a não ser em deixar nossa filha bem.

- Isso não é justificativa.

- Eu sei, e eu não estou tentando me justificar. Só estou dizendo a você o meu meu lado também. Foi muito difícil para mim aquela noite ver nossa filha tão magoada porque você não tinha aparecido, me perguntando o porque você não amava mais a gente. Eu estive ao seu lado por meses sem querer realmente estar, só por causa dela, porque eu tive esperanças que por ela você mudaria, mas quando vi que nada daquilo aconteceu, eu não aguentei mais. Não era só eu que estava sofrendo, eram nós duas.

- Eu estava sobrecarregada demais - Murmurou trazendo suas pernas para cima da poltrona, abraçando-as

- Mas eu não tinha bola de cristal para adivinhar isso. Você se mostrou bem o tempo inteiro, como se nada nem ninguém pudesse te abalar. Você nunca, nunca admitiu sua fraqueza mesmo quando eu sabia que algo estava errado e tentava ajudar. Você nunca aceitou minha ajuda, sempre se mostrou forte e capaz, o que você esperava que eu achasse? Você consegue se lembrar quantas vezes eu perguntei o que estava de errado com você? o que estava acontecendo?

- Lembro...

- E o que você sempre me dizia?

- Que não era nada. - Admitiu limpando seu rosto no tecido da sua calça de moletom, descansando o rosto nos joelhos novamente, ainda abraçando suas pernas - Eu não queria te desapontar nem parecer fraca para você, porque você teve tanta fé em mim desde o início. Eu queria me mostrar capaz.

- Mas você não pode me culpar por não ter ajudado numa coisa que você negou a minha ajuda, Camila. Nós duas erramos, nós duas destruímos o nosso casamento, eu apenas fui o bode expiatório porque eu tive uma atitude radical demais. Se eu tivesse ficado aqui ao invés de ir para Londres você não teria sido tão vitimizada, mas eu não estava nem aí para nada que ninguém fosse me falar, tudo o que eu queria era que minha filha fosse feliz.

- Longe de mim. - Murmurou magoada.

- Você estava magoando ela demais, Camz. Ela estava sofrendo muito com sua ausência, eu não podia deixar aquelas coisas acontecerem por mais tempo, eu tinha que intervir...

- Mas você não precisava ter levado-a para tão longe mim. Você teve outra escolha e mesmo assim escolheu ir para outro país!

- Esse foi o meu erro... - Me aproximei dela e me abaixei em sua frente, ficando de joelhos para poder estarmos praticamente na mesma altura - Em minha cabeça seria mais fácil explicar a ela porque você não podia visitá-la nem estar com ela se estivéssemos em Londres, a magoaria menos dizer que você não podia ir porque era muito longe, do que estar pertinho e dizer que você não ia porque não tinha tempo para ela. Eu nunca quis magoar você, eu juro que tudo o que eu fiz foi pensando no bem estar da nossa menina. Eu não me importava comigo ou com você, eu só me importava com ela, e o desespero para tirar aquela dor dela me fez ter uma atitude tão egoísta.

- Mas essa atitude não cabia a você tomar sozinha, você deveria ter conversado comigo sobre isso, ao menos explicado, e não ter ido como você foi.

- Se eu tivesse ido conversar com você, explicado que eu iria embora e levaria ela junto, ou que ficaria na cidade mas que a guarda dela seria minha, como você reagiria? 

- Eu tentaria convencer você a não fazer isso, tentaria fazer diferente. Tentaria ter mais tempo para ela, estar mais presente. 

- Você fez essas promessas para mim antes quando disse que iria embora e nada mudou! Naquele momento seria escolher entre estar mais presente para nossa filha ou largar de mão tudo o que você batalhou para ser hoje. Você faria isso?

- Não... - Assumiu a contragosto. 

- Nem eu colocaria você nessa posição de ter que escolher. Eu tinha condições de cria-la, de estar com ela por ter o privilegio de ter a minha própria empresa. Estar no papel de mãe vinte e quatro horas por dia era mais fácil para mim do que era para você na época...

- Eu não discordo de você Lauren, mas não aceito você ter levado-a. Você poderia ter ficado e exercido seu papel aqui, assim eu teria mais facilidade de vê-la ao ter que apenas conversar com ela por Skype. 

- Sejamos honestas Camz... Como você acha que seria sua relação com nossa filha se nós tivéssemos ficado em NY? Como você acha que seria se ela crescesse achando que você não queria estar com ela e não a amava? Porque foram essas palavras que ela usou no dia que fomos embora...

- Ela disse isso? - Sua voz saiu em um fio agonizante. - Eu não queria que ela achasse isso...

- Eu sei, mas era como ela estava se sentindo, como via a situação. Você não imagina quantas vezes eu menti para ela só para que ela não tivesse rancor de você. Quantas vezes eu limpei a sua barra... mas naquele dia depois de ver você a tratando mal eu vi que nada daquilo que eu estava batalhando para fazer estava adiantando... - Estendi minhas mãos para poder pegar as suas que estavam entrelaçadas uma na outra. Ela aceitou o gesto, abaixando suas pernas para que nós duas pudéssemos nos aproximar mais. - Eu jamais quis te trazer tanta dor, por favor acredite em mim. - Pedi encarando seus olhos para que ela visse a sinceridade - O que eu fiz não tem perdão, eu jamais deveria ter levado nossa filha para longe de você. Eu nunca deveria ter tomado uma atitude tão grotesca, mas eu queria pedir para você tentar entender o que eu passei também naquele momento. Foi muito difícil para mim também...  Eu estou de joelhos aqui agora implorando para você me perdoar por tudo o que eu fiz a você. Por não ter lhe dado escolha sobre ter ou não nossa filha, por não ter dito a você como nós estávamos nos sentindo com sua ausência, e por ter voltando e descarregado toda a minha raiva aqui, desrespeitado a sua casa, sua presença.

Ela assentiu provavelmente sem saber o que dizer, me puxando para um abraço apertando onde nós duas choramos por um tempo, colocando para fora toda nossa magoa, toda nossa dor presa por anos. Eu fui a primeira a separar nosso abraço, segurando seu rosto vermelho e inchado com minhas mãos.

- Eu amo você demais Camila, como eu nunca amei ninguém em toda minha vida. Eu não vou te fazer nenhuma promessa, nenhum juramento, mas eu quero que você saiba que eu irei tentar ao máximo fazer tudo diferente dessa vez, okay? Eu já estou tentando...

- Okay Lo. - Choramingou me puxando novamente para um abraço, enterrando seu rosto em meu pescoço - Me perdoe por tudo o que eu fiz também, eu jamais deveria ter deixado todos jogarem a responsabilidade de tudo o que nos aconteceu em você... eu não deveria ter feito isso. Eu sinto muito por tudo, eu jamais quis que vocês achassem que eu não as amava. Nem posso imaginar como foi para você ouvir isso ser dito por nossa filha.

- Foi duro - Admiti fungando. - Foi a pior coisa que eu ouvi em minha vida naquele momento, mas agora eu sei que não era verdade.

- Não era... Por quê você nunca me disse nada disso? Você não deveria ter passado por tudo isso sozinha...

- Se eu tivesse dito tudo isso a você antes, você não teria conseguido completar seus estudos pela culpa. Foi muito difícil para mim passar por tudo aquilo, para você hoje seria pior. Eu entendo o peso que essas lembranças trariam a você, o arrependimento seria bem pior e eu não quero que você foque nada disso. Quero que seu foco seja apenas recuperar seu tempo perdido com ela, por mais que seja difícil... 

- Obrigada por ter tentado segurar a barra por tanto tempo... por ter feito isso por mim mesmo eu magoando você. 

- Eu fiz o que eu consegui naquele momento, mas hoje posso ver que poderia ter feito mais se tivesse colocado a cabeça no lugar ou pedido ajuda de alguém.

  - Vamos tentar fazer tudo diferente dessa vez... aprender com os erros, sim? 

Assenti e abracei seu corpo mais uma vez, nos mantendo ali por um tempo apenas sentindo aquele abraço tão esperado. Nós iriamos ter uma jornada muito difícil de cura dali a frente e eu espero de coração que consigamos nos perdoar e seguir em frente sem deixar a magoa nos atrapalhar. Mas eu estava muito feliz por termos colocado em pratos limpos toda aquela situação, pelo menos o primeiro passo já havia sido tomado.

- Eu amo você demais mulher. - Sussurrei em seu ouvido, a apertando ainda mais forte em meus braços - Eu ainda vou te fazer muito feliz que você não vai mais se lembrar de toda essa dor que sentiu.

- Eu espero conseguir o mesmo - Disse separando nosso abraço para olhar em meus olhos - Eu também amo você Lo.

- Nós vamos conseguir, tudo bem? - Acariciei seu rosto antes de puxa-la para beijar seus lábios. - Nós vamos conseguir ter nossa família unida novamente.

- Eu acredito nisso - Sorriu encorajadora - Mas acho que nós deveríamos fazer terapia... você aceitaria?

- Claro que sim amor, isso realmente iria ser bom para nós. Vamos amadurecer essa ideia.

- Onde está Valentina? - Franziu a testa se lembrando de repente da nossa bolinha - Não me diga que você esqueceu ela na escola.

- Tá doida? - Ri a puxando para cima de mim, fazendo com que nós duas caíssemos no tapete felpudo que tinha em sua sala - Ela provavelmente deve estar se entupindo de besteira com a Liss. Eu pedi para Siope ir busca-la na escola hoje.

- O que você acha de nós irmos jantar só nós duas e depois busca-la? Podemos dormir juntas hoje... já dormi dias demais sem você ao meu lado.

- Eu apoio demais essa ideia.

Dito isso nós duas levantamos e fomos jantar numa churrascaria perto de seu prédio, depois fomos passeando pelas ruas conversando sobre como seria nossa vida de agora em diante. Ela me disse que pediria para a psicologa dela nos indicar um bom profissional para que pudêssemos fazer terapia para que todo aquele processo ficasse mais fácil para nós duas. Chegamos ao prédio onde eu estava morando pouco mais de quarenta minutos de caminhada deixando nossa filhinha extremamente feliz em ver as duas mães juntas e bem.

Não vou mentir e dizer que não estou com medo do que pode vim a acontecer, porque realmente eram muitas questões a se resolverem e muitas coisas a serem superadas, mas eu estava muito confiante. O mais importante era que nós estivéssemos dispostas a concertar nossos erros e seguirmos em frente, então o restante não seria tão difícil.

Assim espero.

 


Notas Finais


E ai gnt, td suave?

Então, primeiro de tudo eu queria esclarecer umas coisas aqui mesmo que eu ache que não deveria nem ser necessário né? Eu vi que algumas pessoas disseram que o capitulo anterior estava confuso pq a Camila tava putassa da vida se afastando da Lauren e eu vim explicar né? Pra não ficar nenhum mal entendido pq talvez eu tenha passado isso de uma maneira que vcs n entenderam.

Eu não sei se com todo mundo é assim, mas eu sou uma pessoa que tenho uma dificuldade absurda de perdoar, sabe? O que estou tentando mudar em mim, então as vezes mesmo querendo ter uma pessoa ao meu lado, aceitando essa pessoa depois dela ter me magoado e dizer que esta tudo de boa eu fico remoendo aquilo e acabo me afastando da pessoa. ( Isso é pela ansiedade e depressão, doenças que vcs sabem que a Camila na fic desenvolveu) As vezes eu não consigo afastar os pensamentos negativos de minha cabeça por mais que eu queira, então fico revivendo a dor que a pessoa me causou e ficando chateada mesmo depois de ter aceitado o perdão.

Outra coisa; Os personagens dessa fic são tudo uns vacilões paus no cu propositalmente, porque eu quero que vocês vejam que independente de amor, de consideração, as pessoas sempre são filhas da puta conosco querendo ou não querendo. E nós temos a capacidade de ser tão filhos da puta quanto, sabe pq? pq o ser humano é falho e egoista. Muitas vezes nós só pensamos em nós mesmos, na nossa dor. Meu intuito é mostrar que nem tudo são flores, e que muitas vezes quem a gnt menos espera vai cagar na nossa cabeça, e na maioria das vezes nós temos culpa no cartorio também.

Mostrar também que muitas vezes nós escolhemos um lado sem ter ouvido as duas partes da historia, e sabe uma coisa que eu aprendi? Se nós escutarmos só o lado da chapelzinho o lobo mau sempre vai ser o vilão.

É isso, espero que vocês estejam gostando. Talvez agora eu demore um pouco mais de postar pq to na correria, mas como disse antes dessa vez n abandono n.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...