História Smork - Lembranças de um tempo esquecido

Era manhã, ensolarada e bela, com uma brisa suave que corria pelas colinas, de forma a movimentar o denso manto de gramado que cobria os belíssimos vales de Hisona, de um verde escuro penetrante que fazia contraste com o belo azul das montanhas distantes ao fundo da paisagem. Os leves e delicados raios de sol nascente dão vida às lindas flores que desabrocham e reluzem ao colidirem-se com o orvalho nas folhas das plantas. Crianças correm pelas ruas pacatas do pequeno vilarejo, com alegria, descontraídas, soltando gargalhadas tão gostosas e inocentes que soavam por todo o vale, trazendo uma movimentação prazerosa no vasto silêncio do local. Famílias levando suas vidas, homens trabalham no campo com uma satisfação notável em suas expressões.

Um velho conversa com uma criança, embaixo de uma grande árvore viçosa de galhos bem grandes e folhagem densa:

- Veja, meu neto, esta é a terra na qual lhe falei em minhas histórias, linda não é?

O menino, que até então se encontra sentado no chão, observando, maravilhado com todo aquele cenário, ergue a cabeça, olha para seu velho avô, e fala com um tom bem animado passando uma energia radiante:

- Uau vovô! Mas isso é incrível, eu nunca pude imaginar Hisona assim. É maravilhoso!

O velho sorri satisfeito para seu neto e sorri, quando toda aquela luz, começa a dar espaço a uma escuridão amedrontadora, ambos olham para a frente e avistam gigantes feras quadrúpedes aterrorizantes, de quase dois metros de altura devastando tudo em seu caminho, tornando rapidamente o pacato e simpático vilarejo, em um capo sangrento de puro massacre.

- O que está acontecendo vovô?!

Exclama o menino, aterrorizado com o que vê em sua frente, ao virar-se, vê seu avô ao chão, uma fera desmembra-o vorazmente sem qualquer intensão de consumir sua carne, apenas para matá-lo, da forma mais cruel possível. Conjelado de puro pânico, o menino vê o velho ser totalmente dilacerado pelas afiadas e potentes garras da fera. Quando então, ela começa a andar em sua direção, fazendo o solo tremer levemente em cada patada firme contra o chão, e investe para cima do garoto.

- Nãooo!

Depois de um forte ​grito de dor e súplica, um homem senta-se rapidamente em sua cama, com uma expressão tenebrosa em sua face.

- O que houve Ramer?! Você me assustou!

Diz uma mulher que dormia do seu lado. Encantadora era ela, delicada e de cabelos lisos, tão macios quanto um pedaço de tecido da mais refinada seda. Ramer, o homem que acordara tão assustado segundos atrás, olha para sua esposa e rapidamente, diante do deslumbre da beleza de sua mulher, com aqueles belíssimos e brilhantes olhos fixados aos seus, muda suas expressões, e rapidamente retoma sua normalidade.

- Aquele sonho novamente.

Ela passa a delicada mão em seu rosto, e olhando fixamente para o seu marido fala com suavidade:

- Calma, Ramer, calma, foi apenas um sonho, tente voltar a dormir, este seu trabalho vai acabar te deixando louco, descanse um pouco de vez em quando. Amanhã será um dia cheio para você, vem, vamos dormir.

Puxa seu parceiro de volta, deitando sua cabeça novamente no travesseiro e delicadamente pondo a cabeça sobre seu peitoral, forte e malhado de um exímio guerreiro. Rapidamente voltam a dormir e tudo se acalma novamente em seu recinto.