História Snowflake - Acabou

A neve caía devagar; era quatro da tarde quando Lu Han entrou no cemitério. Era Natal, a população daquela pequena cidade no interior da China estava concentrada; havia calor, amor e união. Isso dava a liberdade a Lu Han desfrutar da solidão e da tristeza que aquela data trazia para si.

O túmulo que encarava a pouco mais de cinco minutos era de seu irmão, por parte de pai, Kim Minseok. O menino morrera atropelado a oito anos. Luhan era o único que saia da aconchegante e quente cada da família no Natal para lhe trazer flores, acender algumas velas e queimar um pouco de incenso para o falecido esquilinho.

Todavia, Lu Han também fazia aquilo por culpa.

O carro que matou Kim Min Seok estava sendo dirigido por Lu Han. Ele havia bebido demais com os amigos no feriado e não viu o próprio irmão atravessando a rua com uma sacola em mãos, indicando que havia acabado de sair do mercadinho. A pancada do carro em alta velocidade o jogou para longe, fazendo bater com a cabeça no asfalto.

O que fazia Lu Han se sentir ainda mais culpado era o conteúdo da sacola. Min Seok havia saído para comprar remédios para ressaca e um pote de sorvete de chocolate que ele adorava tomar, principalmente depois de uma noitada.

Lu Han não podia chorar pela morte do menino; não tinha esse direito. As últimas palavras dele para si ainda eram vividas diariamente por Luhan...

“Lu-ge, eu te amo. E eu te desculpo por ter me atropelado, eu sei que foi sem querer."

Por que raios alguém a beira da morte diria isso!? Lu Han se perdoou, mesmo com as últimas palavras de seu irmão terem sido essas. 

A mãe de Min Seok infelizmente não mantivera mais contato com a família paterna desde o enterro de seu filho. Voltara para a Coreia a fim de recomeçar, deixando o corpo de seu filho no cemitério da cidade onde ele nasceu.

Recomeçar.

Recomeço.

Lu Han não sabia o que era recomeço.

Não mais.

Ele dizia a todos que havia superado a morte de Min Seok. Porém, recordou-se que, numa conversa com o irmão, ele lhe dissera que a superação é apenas um termo para deixar pessoas próximas a ti menos aflitas. Que ninguém nunca, de fato, superava nada, apenas se conformava e aprendia a lidar com a situação.

Era verdade. Lu Han não havia superado a morte que havia causado; apenas se acostumado com sua ausência permanente. O Natal não era mais uma data comemorativa, para Lu Han, havia se tornado uma data em que ele se dedicava ao máximo no ato de se odiar ao extremo.

Aos poucos, as velas eram acendidas, as rosas — de cores brancas e vermelhas — eram postas ao redor do túmulo de Min Seok aos poucos. Por último, queimara o incenso.

Depois de algumas orações, Lu Han sentou-se à frente do túmulo e se pôs a conversar com seu irmão. Não era uma conversa onde Lu Han esperava uma conversa, ele chamava aquela ação de sua sessão de terapia anual. Contava tudo que acontecera para seu irmão; era uma maneira de desabafar com a pessoa que mais confiou em vida. Embora muitos os chamassem de louco, os mais velhos o consideravam um rapaz muito amável por estar fazendo aquilo

Embora gargalhasse a maior parte do tempo, ele sempre ficava triste quando perguntava a última coisa antes de se despedir.

“Baozi, você realmente me perdoou? ”