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História Snowflake - Floco de Neve - III


Escrita por: hwallstars

Notas do Autor


— Essa história explora o universo de soulmates, ou melhor, já traduzindo, das “almas gêmeas”.
— Você descobre quem é seu soulmate através de uma marca (semelhante a uma tatuagem) que surge em alguma parte do seu corpo, idêntica a da sua alma gêmea. Existem infinitos tipos de marca, mas o seu soulmate não precisa necessariamente ter a marca na mesma região que você. Nenhuma marca pode se repetir, ou seja, a marca de vocês é única.
— Uma marca pode surgir com a simples possibilidade de que vocês sejam compatíveis.
— Quando as ligações ficam fracas (quando as pessoas param de se amar ou alguma coisa acontece/interfere) a marca some e isso pode ser doloroso ou não.
— Se vocês continuarem se amando, mas for impossível continuarem juntos, a marca permanece, mas só causa dor e tristeza aos dois.
— Nessa sociedade é inconcebível a ideia de viver sem um soulmate.
— Se a marca for tirada a força (independente de por quem) você nunca mais poderá achar outro soulmate e também não poderá renascer.
— Quando a pessoa certa é encontrada a marca se tornar eterna (o que significa que ela vai além da sua vida atual, ligando vocês até mesmo nas próximas vidas). Quando isso acontece a marca vira tipo uma cicatriz, na tonalidade da pele, porém com a mesma forma.
— As marcas começam a aparecer no colegial e são raríssimos os casos em que ela não aparecem nessa época.
— Outro caso raro, é quando você e seu soulmate se amam e mesmo assim outra marca substitui a de vocês. Isso significa que a compatibilidade, com a pessoa da marca nova, é maior do que a anterior.
— Quando uma marca surge e você não encontra a outra pessoa com a marca idêntica, ela desaparece. O tempo para que isso ocorra é indeterminado.

— A marca dos Markhyuck é um Sol; a do Hyuck fica no lado esquerdo do peito, uma palma acima do coração e a do Mark fica no topo das costas, entre as omoplatas (escápulas).
— A marca dos Taeten é uma bússola com flecha como ponteiro; a do Ten fica no dorso da mão e a do Ty no pulso esquerdo.
— A marca do Winko e do Xuxi é o traçado de um círculo; a do Sicheng fica no tornozelo e a do Yukhei na clavícula.

Eu sempre vou deixar essa explicaçãozinha no começo dos capítulos e as vezes serão adicionadas algumas novas, então por favor, sempre deem uma olhadinha.

Capítulo 3 - Floco de Neve - III


Empurrei a porta vermelha, senti o vento gelado novamente naquela noite e mais uma vez, antes de deixar meu olhar cair sobre você, encarei a lua escondida entre as nuvens.

Sinceramente não esperava vê-lo ali, apesar de ter sido eu quem combinou de nos encontrarmos.

Me aproximei em silêncio, pensando no que posso dizer agora que estamos só nós dois. Sei que já me decidi,  a melhor escolha para nós é nos afastarmos e deixar você com Sicheng, afinal o amor de vocês poderia sobreviver mesmo sem uma marca, não é?

— Hyung. — Deixo você ser o primeiro a falar, mesmo que nem seja necessário alguma explicação sobre a medida de nos afastarmos. Entendo de verdade que não é culpa sua o floco de neve ter aparecido e que você já tem alguém. — Sei que mantemos sempre uma distância segura e somos gentis um com o outro mas, eu não quero mentir, não quero te enganar. Hyung, eu realmente não esperava que isso fosse acontecer… — Seu gesto de jogar seu cabelo para trás demonstra o quão frustrado está. — Porém, Jungwoo… hyung, eu…

— Está tudo bem, Yukhei — digo com um leve sorriso. Apesar dele ter acabado de dizer que deveríamos ser honestos e deixar esse lado gentil de lado, eu não posso evitar agir como se estivesse bem para não preocupá-lo. — Nada precisa mudar. Nós dois podemos ignorar essa marca idiota.

Sua expressão surpresa me diz que ele não esperava ouvir isso. Mas era verdade, estava tudo bem, já havia aceitado que talvez eu não tivesse nascido para ser o soulmate de ninguém.

Acho que não há mais nada a dizer, então olho a lua uma última vez naquela noite e entro, deixando para trás todo o frio e a neve indesejada.

...

Quando não era Taeyong, era Ten, me encarando como se soubesse de todas as merdas que vinham acontecendo. Me lançando um olhar tão crítico que chegava a fazer com que eu quisesse me esconder.

Hyuck estava sorrindo com Yuta e Mark e, não é que eles também não percebessem, mas, quando estavam juntos, ao menos Hyuck e Mark, era impossível não ficarem felizes enquanto conversavam de mãos dadas.

Os mais novos podiam ser travessos, principalmente com a cabeça de pirralho de Donghyuck, mas ninguém poderia duvidar do amor que sentiam só por conta de suas idades.

— Jungwoo, você chegou a fechar os olhos na noite passada? — A fala de Ten atrai o olhar dos outros.

— É mesmo. Aconteceu alguma coisa? — Yuta cruza os braços e joga, com um balançar leve de cabeça, seu cabelo castanho para o lado.

— Na verdade não dormi muito bem mesmo. — Nem assim deixo de mentir, a verdade é que não consegui dormir nem por um minuto, mas eles não precisam se preocupar mais ainda com isso.

— Você não tinha um remédio para insônia, hyung? — Até mesmo o Lee mais novo fica sério com o assunto.

Assenti lentamente e cerrei os olhos. Não queria mais atenção do que estava recebendo naquele momento, então precisava pensar em alguma coisa que os distraísse do assunto.

— Você deveria tirar um dia de folga para descansar, hyung. — Mark aperta meu ombro e dá um sorriso preocupado que me faz perceber que estou sendo ingrato. Eles estão todos preocupados comigo e eu continuo escondendo coisas deles…

— Você tem razão, Mark. Humm… acabei de perceber que esqueci meu livro na sala, acho que estou mesmo precisando descansar afinal. — Sorrio ao mesmo tempo que dou alguns passos para trás, prestes a voltar para a sala.

— Vou com você, Jungwoo. Acabei de notar que também esqueci algo lá! — O japonês passa o braço ao redor do meu ombro e seguimos juntos até a sala de aula da universidade. Provavelmente Ten e os outros estão rindo de nós por sermos esquecidos, mas a verdade é que nenhum de nós esqueceu algo de verdade. Mesmo assim nós insistimos em fingir que estamos procurando e quando não encontramos nada, nos damos por vencidos e nos sentamos em duas carteiras vazias, lado a lado.

— O que foi, hyung? — pergunto depois de ouvi-lo suspirar.

— Estou me sentindo um tolo ultimamente. Nunca me apaixonei por ninguém, mas agora eu me pergunto porque estou sempre cuidando de um certo alguém, mesmo quando essa pessoa já tem outra que pode fazer isso por ela.

— Você gosta de alguém, hyung? — Eu entendo o que ele diz, mas não posso evitar a pergunta óbvia. — E essa pessoa já tem um soulmate…

— Aí é que tá! — Um estalo audível chega aos nossos ouvidos quando sua mão atinge sua perna como se ele acabasse de gritar "bingo!".

— Essa pessoa é o Jaehyun? — chuto às cegas. — O garoto que também trabalha de entregador no mercado… — Só descobri isso depois de me desculpar por Doyoung hyung ser tão mal-agradecido com ele, afinal as caixas só caíram porque ele tentou salvar o Kim. 

— O quê?! C-como… Não! Não é ele, não. De onde você tirou isso, Jungwoo?

— É porque vocês dois têm andado juntos, então eu assumi que esse poderia ser o motivo — confessei.

— Estamos fazendo um trabalho juntos, é por isso. Espera. O Jaehyun tem soulmate? — Ok. Com certeza não era de Jaehyun que ele estava falando, afinal a pessoa na história claramente tinha um soulmate e se ele nem sabia se o Jung tinha um… então, com certeza, não estávamos falando dele.

— Não sei também. Mas se não é do Jaehyun que estamos falando, então quem? — pergunto diretamente.

Yuta parece prestes a me responder quando ouvimos a porta abrir. Ele parece aliviado por não precisar falar, seus olhos chegam até a brilhar para a pessoa que acabou de entrar.

— Sicheng! — ele se exalta.

— Ten me disse que vocês estavam aqui. O que fazem na sala?

— Sinceramente? Cansei de ver Hyuck e Mark juntos, eles eram fofinhos no começo, mas já estão muito melosos. — Sicheng ri da confissão do Nakamoto.

— E você, hyung? Por que veio nos procurar? — indago. Mesmo sem querer, sei que lá no fundo sua presença me incomoda um pouquinho, porque ele me faz lembrar de Yukhei e o Wong me lembrar da marca, o que me lembra dessa vez, de todos os meus problemas.

— Na verdade, vim procurar Yuta hyung. Será que nós dois poderíamos conversar a sós? — Assenti, já que tecnicamente ele não estava falando de roubar o Yuta de nossa conversa e sim de eu me retirar, para ele poder falar com o Nakamoto.

— Sinto muito, hyung — deixo escapar um pensamento quando passo por ele.

— Pelo quê, Jungwoo? — É Yuta quem pergunta, mas os dois me encaram.

— Soube que a sua maquete foi destruída, então… Sinto muito. — Aquela notícia já era velha, todo mundo soube que houve um acidente enquanto o trabalho deles estava nas mãos de Yukhei. Porém, como já sabem, não é sobre isso que me desculpo, apesar de achar que também tenho culpa nesse acidente.

— Yukhei já começou a consertar. Nós não precisamos de uma maquete nova no final, a antiga aguentou um pouco e agora só precisa de um tempo pra estar completamente pronta novamente.

— Certo. Até mais, hyung. — Acenei para Yuta. — Vejo vocês amanhã. — Olho brevemente para eles com um sorriso antes de me virar e sair.

...

Como Mark disse, uma folga faria bem e calhou de ser o momento perfeito para isso já que, minha mãe queria me ver. 

Então eu estava indo para casa ao invés da loja de conveniência e só por precaução evitei o caminho de sempre pra não ter que explicar isso a Ten ou mesmo acabar encontrando com o chinês, vulgo, Wong Yukhei.

Querendo ou não eu ficava ansioso em pensar que estava indo ver ela. 

Passei em casa, vesti uma roupa bonita e separei um pouco de dinheiro para comprar um pequeno buquê na esquina, onde uma pequena floricultura lutava contra o tempo frio e tentava se manter funcionando.

Enquanto eu dava uma última olhada no meu visual, pela vitrine da loja de flores — pelo lado de dentro, enquanto o vendedor separava o troco — notei que minha aparência estava mesmo diferente. Eu sempre fui bem alto, mas não era isso que estava me incomodando, acontece que eu estava magro e com olheiras horríveis e do jeito que eu estava — um pouco curvado — parecia que eu estava vivendo o apocalipse e não tinha tempo de me cuidar. Minha mãe com certeza criticaria isso.

— Jungwoo? Hyung! — Oh, não…

Yukhei estava passando por ali, provavelmente indo para o seu apartamento. Como eu disse, nós moramos no mesmo prediozinho velho a alguns metros de distância da floricultura.

— Aqui está, senhor. — O floricultor me devolveu o troco e eu peguei o buquê de flores azuis, que não eram as favoritas da minha mãe e sim as minhas. Sem nenhum nome específico, apenas flores azuis.

— O que você faz aqui, hyung? — Yukhei olhava minha roupa e o buquê, provavelmente estranhando aquele meu visual.

Ao contrário do que meu pai e minha avó paterna — quem pagava minha faculdade achando que aquilo compensava a sua ausência — insistiam em dizer, eu amava minha mãe e a entendia mais do que qualquer pessoa no mundo poderia entender, por isso saí sem dizer nada e continuei sem dizer nada mesmo quando ele me seguiu. Eu não queria falar sobre ela de novo e ter mais uma pessoa contra a mulher que me teve e que sempre demonstrou ter muito afeto por mim.

— Hyung você me ouviu? Eu disse que não pude ir atrás de você para terminar aquela conversa porque tive que refazer meu trabalho…

— Achei que a conversa já tinha acabado. — Ponderei o que tínhamos falado e cheguei a conclusão de que, sim, a conversa tinha tido um ponto final.

— Será que você poderia me ouvir também, hyung… Eu percebo que está ocupado agora, mas…

O interrompo:

— Pois é, estou indo visitar alguém, Yukhei.

— É que...  — ele hesita depois que fui “grosso”, puxando seus lábios para cima mas sem nenhum humor. — O que eu tenho pra dizer é muito importante.

— Você não pode esperar eu voltar? — digo mais gentilmente, meio arrependido de ter falado com ele daquele jeito. Observo seu pomo de adão subir e descer quando ele engole e assenti, mas ao contrário do seu gesto sua resposta é apenas um “tudo bem” claramente decepcionado e, até talvez, magoado. — Ei... —  Coço minha pálpebra pensando nas palavras. — Ahm… sei lá, talvez eu possa mudar meus planos para o sábado, então tudo bem se quiser conversar agora. Quer dizer, você disse que era importante, não é?

Ele assentiu.

— Você está com fome? — pergunta, me fazendo franzir a testa. — Vamos comer alguma coisa antes. — Yukhei coloca as mãos em meus ombros e me guia pela rua.

 

Não pensei que ele escolheria um restaurante de sushis no meio da tarde, mas não me arrependi de ter vindo, vendo que a comida era muito boa.

Fazia uns quarenta minutos que eu havia avisado minha mãe sobre a mudança de planos. A minha única preocupação eram as flores na cadeira ao meu lado, que se transformaram em um lembrete de onde eu deveria estar e de que talvez tivesse que comprar novas no sábado.

— Você nunca vai aos jogos — o Wong afirma. — Por quê?

— Não é muito a minha praia — digo sem pensar, mas em seguida me lembro que estou de frente para um dos jogadores do time. — Desculpa! — Abro um sorriso sem graça e coço minha nuca, percebendo que eu só pioro as coisas.

A risada dele me surpreende.

Ele está rindo de mim?

— Tudo bem, hyung. Pra dizer a verdade, nem eu sou muito fã, quer dizer, assistir é mais a minha área.

— Mas você é um dos jogadores principais, não é? Soube que até ficou com o troféu do ano passado! — Não pude deixar de me exaltar.

— Ah sim… Eu sou bom na quadra.

— E você gosta? — Já estava ficando sem assunto. — Que bobagem, foi uma pergunta idiota, se você joga deve ser porque gosta.

Yukhei mordeu o lábio inferior e olhou nos meus olhos antes de desviar para o seu prato quase vazio.

— Hyung, eu gosto da sua companhia. — Ele me encara depois de colocar um hot roll inteiro na boca.

— hum…

Depois de mastigar ele retorna o assunto sobre o time da universidade e aos poucos vamos deixando o tempo passar, enrolando uma história na outra até que um de nós sugira irmos embora.

Um restaurante de sushis não é nada barato e depois de comprar um buquê de flores bem cheio, creio que seja melhor sugerir ir para o terraço ou não sobrará dinheiro no final do mês.

Yukhei não recusa a minha sugestão, mas para na loja de conveniência onde eu trabalho para comprar duas latinhas de cerveja. A loja fica algumas ruas antes de onde moramos, então era inevitável passar por ali.

— Aproveitando seu dia de folga? — Doyoung sorri mostrando os dentes branquinhos e com as bochechas levemente avermelhadas por causa do frio.

— Sim, hyung. — Sorrio de volta e lanço um olhar de soslaio para o Wong em busca de sua reação para o comentário do Kim, porém ele somente paga e sorri para ele de volta.

Apesar de ainda estar muito frio, não neva e, curiosamente, eu não sinto frio ou qualquer sinal da minha marca, ou melhor, nossa.

Com a noite chegando e nós dois já sobre o local mais alto do prédio, em silêncio, é inevitável que a gente perceba que o momento para discutir o assunto sério finalmente chegou.

— Então… — ele inicia o assunto, mas é incapaz de evitar um sorrisinho nervoso.

— O que era tão importante? — Tomo um gole da cerveja que ele me entregou antes de nos encostarmos na grade, logo atrás dela havia uma grande distância até a rua e os carros que passavam.

Respirando fundo ele diz:

— Eu preciso de você.



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