História SnowMan - Fuyu

—Eu?—O arroxeado riu—Quem você acha que eu sou? Sou o mesmo que você, um Snowman feito de desejos das pessoas! Meu nome é Gakupo Snowman, e acho que você precisa de ajuda, colega.

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—Ahn... Snowman-kun...—Kaito caminhava pelo galpão—Posso saber como você conseguiu esse lugar para ficar todas as noites?

—Ah, isto? Cara, não vão brigar com você por estar em um resfriadouro gigante e no meio do inverno. Principalmente estando abandonado.

Kaito ainda pensou na possibilidade de encontrarem dos bonecos de neve no meio de um resfriadouro gigante jogando carteado.

—Sei...

O Boneco de Neve abriu a porta de metal, fazendo correr uma brisa extremamente fria para o galpão inteiro.

—Seja bem vindo a sua nova casa.

Era quase que um reino de gelo em um resfriadouro enorme. Tudo era neve e gelo, espalhados pelo chão e pelas paredes. Andaram um pouco até que Gakupo parou no que parcia ser uma mesa cercada por bancos de gelo.

—Hoje teremos gelo seco com estalactites de gelo, um pouco de neve com gelo e para finalizar, uma sobremesa de sorvete congelado!—Gakupo apresentou um prato—De seu chef particular!

—UUUUH QUE INCRÍVEL!—Kaito bateu palmas—Não. Espera aí, por que que eu tô animado?

—Coma e irá perceber.

Kaito comeu com a colherzinha de gelo. Sentiu um sabor extraordinário de...

—Neve. Pura neve gelada sem gosto.

—Pelo menos alimenta, não?—Gakupo riu

—Dá logo o sorvete!

E Kaito comeu o sorvete azul com um sorriso na cara.

—Ei, posso saber por que me ajudou?—Ele perguntou—Ninguém em sã consciência faria isso.

—Oras, eu não deixaria algo da mesma espécie que eu morrer no inverno—riu como se fosse óbvio—Principalmente por que eu não tenho consciência. Só neve mesmo. Mas e aí, de quem você nasceu?

—Acho que do desejo de um garotinho que queria salvar a mãe...—Ele se lembrou do desejo que o despertara

—Iiiih, essa foi pesado em?—Gakupo experimentava sorvete de tuti-fruti e uva ao mesmo tempo—Mas aí, resolveu o problema?

—Não, ele ainda continua mentindo e não sabe mais o que fazer com isso, e mesmo dando a minha ajuda, nada muda. E a situação da mãe dele parece piorar...—Kaito ficou com a cara de tristeza. Realmente não estava tendo mudança alguma.

—Cara, na sinceridade, você está bem ferrado—Gakupo foi alto e claro—Mas sabe, acho que não posso falar muita coisa...

—Posso saber por que?

—Pare de falar "posso saber por que". Fale logo, "Por que". Vai!

—Por que?—Disse com desgosto

—Minha situação também é meio ruim. Criancinhas normalmente tem o desejo: 'Quero que o inverno nunca acabe! Quero ser amigo de todos!' Ou algo assim. Mas a criança que me despertou foi uma garota falando que nunca teve um amigo na vida. Sabe, problemas pessoais são bem complicados... Não estou reclamando de nada, mas... Ás vezes é meio triste. Talvez seja pior que a sua situação...

—Pior?—Kaito arqueou a sobrancelha—A mãe do garoto tá morrendo, ele não tem ninguém para se apoiar e ainda conta mentiras na escola e não tem nenhum amigo verdadeiro. O que você estava dizendo mesmo?

—RETIRO O QUE DISSE, KAITO, VOCÊ ESTÁ EXTREMAMENTE FERRADO!—Gakupo rolou no chão, rindo—CARA, QUE AZAR FOI ESSE?

—Alguém me mata...

—Só ir lá fora... Se duvidar o sol já apareceu.—O arroxeado sentou-se—Mas cá entre nós, acho que essa garotinha que me criou consegue ser amiga do seu. Afinal, nenhum dos dois têm amizades verdadeiras. Então eu me salvei. Agora é realizar o seu.

—Estou à espera de um milagre...

—É o garoto que está à espera de um milagre. E somente você é capaz de salvá-lo.

—Você fala frases tocantes, amigo. Mesmo assim... O que eu faço? Eu tenho que acreditar nele, tenho que acreditar que ele mudará até o último dia do inverno, quando o prazo irá se cumprir. Mas ao mesmo tempo, não tem forma de salvar a mãe, então o que eu faço com ele?

—Já tentou fazer com que ele prove das próprias mentiras?

—Já, estou à espera de que ele faça algo errado e retorne logo.

—Esse garoto é difícil...—Gakupo bufou—Bom, então faça com que ele acredite em si mesmo. Faça com que todos acreditem que ele não tenha mentido. Inclusive a mãe dele.

Kaito fazia sua cova com uma pá de gelo. Antes era tentar fazer o contrário para salvar o garoto. Agora ele teria de fazer uma coisa totalmente diferente para salvar a mãe daquele moleque?

—Não dá... Eu vou morrer... Não poderei cumprir o meu destino... O garotinho se tornará um suicida no futuro por causa disso... Vai cortar os pulsos e se tornar satânico...—lamentava—Ah, poupe-me desse destino!

—Ei, ei! CALMA AÍ, JOVEM BONECO! VOCÊ VAI CONSEGUIR!

—Ah, assim acredito.—Kaito levantou-se

—É só fazer com que todos acreditem em suas mentiras. Inclusive a mãe dele, pelo menos ela terá chance de sorrir antes de...

—Cale a boca, sim? Isso.—Kaito tapou a boca do seu colega, respirando fundo—Shhhhh. Já sabemos o que vai ocorrer, não fale nada, ok? Obrigado por resolver o meu problema, Gakupo.—ironizou

—Opa! De nada, tio Kaito!—deu um riso nasal, não sofrendo nada após a ironia

Gakupo estalou os dedos, se lembrando de algo.

—Kaito-kun, não é?—sorriu—Então, só para passar o tempo, conhece joquenpô?

—Han?

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"Gakupo tinha sido muito gentil comigo. Apesar de que, toda noite, saía para visitar a garotinha que havia lhe dado a vida. Ele falou que com a presença do garoto que eu estou cuidando, logo logo a ajuda chegaria e sua garota teria muitos amigos, realizando o desejo. Mas ser excluído não é um fato fácil de lidar..."

"As coisas continuaram assim. Jogávamos joquenpô e conversávamos se um dia teria outro Snowman para conversar com a gente, até Gakupo mencionar algo:

—Vai ser ruim quando o desejo daquela garota se realizar... Me pergunto o que acontecerá na minha vida..."

"Ele me explicou que quando o desejo da pessoa é realizado, o próprio boneco de neve desaparece"

"Isso me deu um medo no coração"

"Mas me deu um objetivo maior do que antes. Eu decidi que iria cumprir aquele desejo fosse o que acontecesse. Não iria desistir daquele garoto"

~

Este é o último dia de inverno.

"O último dia que tenho para salvá-lo é esse"

Um sino tocou, libertando todos os garotos das suas aulas.

"Eu sabia que neste dia ele me chamaria. Era o último dia que ele tinha para me chamar"

Foi aí que viu um cachecol amarelo congelado seguido de uma figura pequena, sem sorrir, correndo em sua direção. Kaito estava prestes a chorar de tristeza.

—Eu vou morrer...

"Está forte, muito forte. Não pode mais ser quebrados com chutes e socos. As mentiras viraram bolas e bolas acumulando cada vez mais mentiras"

"Parece que estou no meio de uma avalanche"

"Gakupo, me desculpe... Tá muito grande, vou ser soterrado. Até a cabeça. Não vou conseguir levantar"

(Imaginem agora um boneco de neve com olhos e cabelos azuis de frente pararam montanha de gelo correndo atrás de si. Era pedir para ser morto, na opinião do SnowMan)

Mas Len só parou em frente à ele, ofegando, sem dizer nada. Kaito ajoelhou-se, ficando um pouco mais baixo que o loiro.

—Preciso dizer algo?—Perguntou, olhando fundo nas orbes azuis do loiro

—Aaa-

Len começou a chorar alto no peito do boneco.

—Ei ei, calma garoto! Opa, assim você vai me derreter! 

"Eu sou um idiota. Não consigo fazer nada. Não consegui salvar sua mãe... Não consegui te salvar. Eu simplesmente não consigo fazer nada. Então... Por que diabos fui criado?"

—M-Me ajudaaa...—Estava corado, mas possuía um sentimento de confiança tão forte que o azulado ficou surpreso.

"Ah... Mesmo não sabendo a resposta, eu prometi, não foi? Não posso quebrar uma promessa"

—Len...—Derrepente, o loiro parou de chorar—Eu não posso mais salvar você. Suas mentiras estão muito fortes e você já sabe o resultado delas... Então, me fale: O que você deseja?

—Só me diga o que fazer...

Uma ideia se acendeu na cabeça de Kaito.

—Vou te dizer uma coisa—Kaito fez com que ele o olhasse, sem desviar os olhos—Mude toda a escuridão de seu coração para a cor branca como a neve. Não precisa ser agora, mas quero que você mude.

—Kaito... Isso não tem sentido.

—Relaxa. Eu irei te mostrar como. Inclusive, não chore em alguém que não consegue aquecer e encorajar—Disse uma das últimas coisas que queria dizer—Sou alguém que só tem conselhos a dar.

Ele o encarou com uma cara estranha.

—Isso importa? Você tentou me ajudar. Só isso está bom—sorriu

"Santa inocência..."

—Ok, mas só vou te falar isso uma vez...

Essa foi a última esperança depositada naquele inverno.